Carnaval e rebelião social: nada a ver ou tudo a ver?

temer vampirão

Nunca fui um aficionado pelo Carnaval e há várias décadas uso o período das “Festas de Momo” para descansar.  E deixei de lado até a posição de telespectador dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, pois todas elas passaram a fazer shows tão parecidos que não vi mais sentido em passar a madrugada acordado para ficar numa espécie de lapso temporal.

Mas minhas opções pessoais não impedem que eu reflita sobre o fato básico de que historicamente o Carnaval é um momento em que muitos expressam suas visões de mundo e colocam para fora suas críticas sociais e políticas.  Assim, não chega a ser surpreendente que neste ano, o tom das críticas tenha subido muito em relação a anos anteriores. Afinal, o Brasil vive uma crise econômica e social bastante profunda e a maioria dos brasileiros passa por grandes dificuldades em função do desemprego e das condições regressivas que foram impostas pelo governo “de facto” de Michel Temer.

Nessa conjuntura é que se deu o processo catártico de júbilo em torno do desfile da escola de samba “Paraíso do Tuiuti”  no Rio de Janeiro. Ali foram expostos os elementos básicos do golpe parlamentar incluindo os “Manifestoches” e o presidente vampirão.

Apesar do enredo da escola e até as principais fantasias e alegorias terem sido previamente comunicados pela Paraíso Tuiuti, a reação dos principais veículos da mídia corporativa ao desfile da escola foi de surpresa, com a consequente reação tentativa de ocultar até o conteúdo. Se isso já diz alguma coisa sobre a qualidade do jornalismo que se pratica todos os dias nas principais redações do Brasil,  mais revelador ainda foi a negação de sequer se mencionar a reação avassaladora que o desfile da Tuiuti teve nas redes sociais, a começar pela rede social Twitter onde atingiu os chamados “trending topics” em nível mundial.

xico sá

A pergunta que muitos devem estar se fazendo se refere ao real significado não do desfile, mas da reação a ele. Se toda a energia liberada pelo desfile da escola de samba de São Cristovão se transformar em cinzas na 4a. feira ou se o estado de semi catarse que o mesmo provocou é apenas sintoma de uma revolta social pronta para emergir.

Pelo ataque cerrado que a mídia corporativa passou a realizar nos últimos dias não apenas sobre a Paraíso do Tuiuti, mas também sobre a Beija Flor, eu arrisco a dizer que ao menos nos porta-vozes das elites (é isso que a mídia corporativa brasileira é), há um temor claro de que as cinzas fiquem quentes o tempo suficiente para começar um grande incêndio.

Resta saber agora o que farão partidos de esquerda, sindicatos e movimentos sociais: se colocarão mais lenha no fogo ou se atuarão como bombeiras e jogarão água nas cinzas da rebelião.

3 comentários sobre “Carnaval e rebelião social: nada a ver ou tudo a ver?

  1. Se os bois soubesse a força que têm juntos quando estão na boiada jamais iriam parar no matadouro, Acordo manada, o grito de guerra foi dado. A arma é o voto, não reelegendo ninguém Um mandato já está de bom tamanho para fazer um bom pé de meia e nem precisar se preocupar com aposentadoria.

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  2. Professor Marcos também não assisto ao carnaval há muitos anos e pelo que vi neste ano me arrependi de não ter assistido ao Paraíso do Tuiuti e a Beija Flor. Realmente estas escolas de samba estão de parabéns… só uma coisa que não entendo: estas escolas de samba esporam parte das mazelas de nossa sociedade, como a violência, mas sabemos que todas são financiadas pelo crime (tráfico de drogas, jogo do bicho e milícias), ou a maior parte de seus recursos provém do crime. Para mim ficou meio estranho… parecendo que cospem no prato que comem. E ninguém fala disso também na grande mídia. VIVA A REVOLUÇÃO POPULAR!!!!!!

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