Abandono e destruição do Museu Olavo Cardoso coloque em xeque discurso pró-conservação do governo Wladimir Garotinho

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Desde meados de 2022 temos sido premiados pela mídia corporativa campista com cenas de um imbróglio interminável envolvendo o governo Wladimir Garotinho e a reitoria da Universidade Estadual do Norte Fluminense em torno do uso de uma verba de R$ 20 milhões que foi cedida pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para a realização da reforma do Solar do Colégio, edíficio histórico que abriga o Arquivo Público Municipal.

As últimas chuvas que ocorreram no município de Campos dos Goytacazes obviamente tiveram um efeito altamente negativo sobre muitas edifícios históricos, incluindo o já citado Solar do Colégio. Isso motivou uma nova rodada de recriminações contra a Uenf, vista como sendo a culpada pelo processo de reforma ainda não ter sido iniciado. Em função disso, até a normalmente comedida Auxiliadora Freitas, atualmente presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), veio a público para lamentar o atraso das obras, afirmando que “Angustiante termos o projeto, o recurso e nossa história se perdendo. A cada chuva, parte de nossa história se perde. Estamos com o coração muito triste. Pedimos neste momento, já que é uma obra que precisa começar em caráter de urgência, urgentíssima, que a Uenf, seus gestores, equipe técnica, docentes e pesquisadores entrem nesta caminhada burocrática para a obra sair do papel e acontecer.

Tudo estaria certo se outro próprio municipal, o prédio que abriga o Museu Olavo Cardoso não estivesse hoje vivendo uma situação tão ou mais catástrófica que aquela aflige o Solar do Colégio, sem que a própria presidente da FCJOL, a quem cabe cuidar deste importância objeto arquitetônico da cidade de Campos dos Goytacazes tenha feita qualquer manifestação pública no sentido de indicar que o socorro está a caminho (ver imagens abaixo tiradas na manhã desta 6a. feira).

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O curioso é que em julho de 2022, a mídia campista noticiou que enquanto um processo de restauração do prédio que abriga o Museu Olavo Cardoso não fosse feito,  a Prefeitura de Campos estaria realizando “uma pequena reforma para que o equipamento cultural abrigue setores da Fundação Cultural Jornalista Osvaldo Lima (FCJOL), que estaria orçada em módicos R$ 32.665,20. A questão evidente é que essa pequena obra não só não foi realizada, como não houve qualquer início das ações para proteger e conservar um próprio municipal de importância histórica.

É interessante notar que  o Museu Olavo Cardoso foi criado para cumprir a última vontade de seu patrono, o usineiro  campista Olavo Cardoso, que registrou em testamento que sua residência deveria ser destinada à conservação e divulgação da memória de Campos após a morte de seu último herdeiro. 

E antes que me esqueça, penso que não custa perguntar por onde andam os membros do Conselho de Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal – Campos dos Goytacazes (COPPAM) nessa situação lamentável em que se encontram vários edifícios históricos pertencentes à Prefeitura Municipal? Aparentemente, tomou Doril e sumiu!

Devolve a verba, reitor!

Em face dessa postura para lá de dual da Prefeitura de Campos que age para jogar sobre as costas da Uenf uma culpa que é sua, renovo aqui o meu convite ao reitor Raúl Palácio para que devolva imediatamente a verba de R$ 20 milhões para a Alerj.  O problema é que ao ficar com a pecha de incompetente, ele acaba coletivizando uma decisão pessoal sua de transformar a Uenf em barriga de aluguel de uma gestão municipal que objetivamente possui preocupação com o patrimônio histórico apenas de fachada.

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