Além de ultraneoliberal, Paulo Guedes agora se revela ser anti-ciência

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Reprodução/TV Globo. Paulo Guedes, ministro da Saúde, sendo vacinado com a CoronaVac

O dublê de banqueiro e ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, vinha mantendo uma fachada de não ser anti-ciência como o presidente Jair Bolsonaro.  Em diferentes ocasiões, Guedes destoou de Bolsonaro ao ligar a realização de uma campanha de vacinação em massa à retomada da economia. Com isso, o banqueiro/ministro se manteve em uma posição que o mantinha relativamente a salvo das críticas dirigidas contra as posturas anti-científicas do presidente da república, enquanto seguia aplicando seu receituário ultraneoliberal que está reconduzindo à miséria extrema milhões de famílias brasileiras (ver vídeo abaixo).

 Mas sabe-se lá por quê, Paulo Guedes decidiu tirar a máscara, e em uma reunião do Conselho de Saúde Complementar, que estava sendo gravada,  decidiu afirmar que o “chinês inventou o vírus”, mas que a “vacina chinesa” é menos efetiva que a dos americanos.  Com isso, Guedes se alinhou completamente ao negacionismo e ao discurso anti-ciência de Jair Bolsonaro. 

É preciso lembrar que uma delegação organizada pela Organização Mundial da Saúde, que inspecionou inclusive o mercado onde o Sars-Cov-2 primeiro apareceu em Wuhan, e não concluiu que fosse possível ligar o surgimento da pandemia a algum tipo de manipulação realizada em laboratório. Além disso, a maioria da comunidade científica tem rejeitado a tese da produção artificial do novo coronavírus, na medida em que esta família de vírus está presente em populações de animais, especialmente de morcegos (estes sendo considerados como os mais prováveis hospedeiros originais do Sars-Cov-2) e pangolins. 

Além disso, já é sabido que a instalação de megafazendas industriais na China tem possibilitado o ambiente ideal para que haja o surgimento de novas variantes de coronavírus que têm logrado desenvolver a capacidade de infectar sres humanos.  São essas fazendas e a destruição dos habitats naturais de morcegos e pangolins que estão mais provavelmente por detrás da atual pandemia.

Nesse sentido,  as razões para Paulo Guedes aderir à tese do “vírus chinês” podem estar mais ligadas às suas necessidades pragmáticas para se manter à frente do Ministério da Economia, para continuar aplicando sua receita ultraneoliberal, do que uma crença propriamente dita de que isto seja verdade e não apenas mais uma teoria da conspiração dos negacionistas com quem convive no governo Bolsonaro.

Entretanto, com essa adesão Paulo Guedes também mostra que, além de ser ultraneoliberal, ele também é anti-ciência, o que, aliás, não tem nada de incoerente. Aliás, muito pelo contrário.