As reinações de Cláudio Castro são expostas em nova reportagem do UOL

Em uma corrida eleitoral apertada, as novas evidências expostas pelo UOL devem azedar a 6a. feira do governador acidental Cláudio Castro

mochila

Uma nova matéria assinada pela dupla Ruben Berta e Igor Mello que foi publicada pelo site UOL é a segunda péssima notícia que o governador acidental do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, está recebendo na manhã desta 6a. feira (a primeira foi o resultado da pesquisa do Datafolha que o colocou em empate técnico com Marcelo Freixa na corrida para o Palácio Guanabara).  É que nesta reportagem são apresentadas informações nada abonadoras sobre o suposto pagamento de propinas a Castro, tanto na condição de vereador como de vice-governador.

O pior, é que as informações de natureza detalhada foram fornecidas por um ex-assessor do próprio Cláudio Castro, o empresário Marcus Vinicius Azevedo da Silva. Um dos fatos descritos na matéria se refere a um caso em que o governador acidental foi filmado portando uma vistosa mochila, a qual seria o veículo de transporte de R$ 120 mil que teriam sido entregues a ele em troca da facilitação de um contrato com o governo do Rio de Janeiro.

A matéria traz ainda detalhes de uma viagem que Cláudio Castro realizou para os EUA com parte de sua família, a qual teria sido também bancada com dinheiro de propina entregue pela mesma empresa envolvida no episódio da mochila.

A verdade é que Cláudio Castro já vem acumulando contra si uma série de denúncias por causa de supostos envolvimentos com o recebimento de propinas, mas até aqui permaneceu relativamente ileso tanto criminal como eleitoralmente.  Mas essas novas evidências aparecem não apenas em um momento sensível da campanha eleitoral, mas podem ser apenas a ponta de um longo iceberg que talvez esteja prestes a atingir a proa do navio de Cláudio Castro.

Não custa nada lembrar que Cláudio Castro ainda não chegou nem perto de explicar o desembolso milionário que ocorreu tanto na Fundação Ceperj como na Uerj para bancar o pagamento de prestadores de serviços que depois se descobriu eram do tipo “Gasparzinho’.  Aliás, se postas juntas, as diversas reportagens escritas por Ruben Berta e Igor Mello servem como uma espécie de mapa para a longa lista de rolos que pairam perigosamente sobre a cabeça de Castro.

O resultado disso tudo é que o estado do Rio de Janeiro pode acabar elegendo um candidato que imediatamente após a sua posse poderá ter o mesmo destino de seus antecessores, inclusive daquele de quem Claúdio Castro herdou o cargo que foi o ex-juiz Wilson Witzel. Essa situação do Rio de Janeiro seria muito cômica se não fosse tão trágica. 

O medo real de Jair Bolsonaro não é perder as eleições, mas sair preso do Palácio do Planalto

bolsonaro cabeça quente

As recentes revelações acerca do “presságio” do presidente Jair Bolsonaro de que o ex-ministro da Educação, o pastor presbiteriano e ex-reitor da Universidade Mackenzie, Milton Ribeiro seria alvo de uma ação da Policia Federal causaram um desespero evidente não apenas do chefe do executivo federal, mas em seus assessores mais graduados. O motivo para isso é simples: ao aparentemente antecipar uma operação policial, o presidente da república cometeu o que se denomina de obstrução de justiça“.

Aliás, como as evidências dessa eventual obstrução de justiça estão bem documentadas a partir da intercepção telefônica entre Milton Ribeiro e sua filha, alguém já disse que o caso não se trata de “um batom na cueca, mas de uma cueca no batom”, tão graves são as implicações que a interferência de Jair Bolsonaro e provavelmente também do ministro da Justiça Anderson Torres que é quem tem o comando final sobre a Polícia Federal.

Como os escândalos de corrupção dentro do Ministério da Educação e Cultura (MEC) estão aparecendo aos borbotões e com indicações de que o presidente da república tem envolvimento direto na indicação de seus autores, no caso explicito dos dois pastores da Igreja Assembleia de Deus que foram presos junto com Milton Ribeiro, não é de surpreender que seu comportamento em relação aos resultados das eleições presidenciais esteja se tornando ameaçador. É que certamente cresce em Jair Bolsonaro a preocupação do que o futuro pode lhe reservar, mesmo porque seu governo afundou o país em uma profunda crise econômica, política e social. 

Em suma, o maior medo de Jair Bolsonaro não é mais perder as eleições até no primeiro turno, mas ter que sentir o peso da lei após ser removido pelo voto do cargo que ocupa. Aliás, não estivessem os ricos brasileiros tão felizes com os frutos do governo impopular e antinacional de Jair Bolsonaro, o mais provável é que ele estivesse sentindo repercussões das revelações que se seguiram à prisão do ex-ministro Milton Ribeiro.

Prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e de dois pastores da IAD por caso do FNDE prega selo de corrupto no governo de Jair Bolsonaro

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O presidente Jair Bolsonaro ao lado do ex-ministro Milton Ribeiro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura

Apesar de todas as evidências do contrário, o presidente Jair Bolsonaro vinha tergiversando acerca dos múltiplos sinais de que seu governo estava impregnado por práticas de corrupção. Essa aura de pureza foi brutalmente dilacerada na manhã desta 4a. feira (22/06) com a prisão pela Polícia Federal do dublê de pastor e ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e de dois pastores importantes da  Igreja Assembleia de Deus (IAD), Gilmar Santos e Arilton Moura, por comandarem um esquema de apropriação ilegal de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

O grande problema para Jair Bolsonaro é que não apenas ele indicou Milton Ribeiro para ser mais um dos seus medíocres ministros da Educação, mas como também aparentemente o instou a estabelecer Santos e Moura como seus prepostos no processo de apropriação ilegal de verbas do FNDE. 

Como a lista de crimes atribuída Milton Ribeiro e os dois pastores da IAD é ampla, incluindo corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência, é bem possível que eles resolvam fazer o que mais sabem fazer, qual seja, recitar versículos para se livrarem das penas que a legislação brasileira imputa a esse tipo de caso.

Mas de antemão já se sabe que, em pelo menos uma gravação, o ex-ministro Milton Ribeiro diz atender a uma solicitação de Jair Bolsonaro, mencionando ainda  pedidos de apoio que seriam supostamente
direcionados para construção de igrejas (da IAD, se supõe).

O fato é que se apenas “bolsonaristas” raiz ainda caiam na ladainha de que inexistiam casos de corrupção dentro do governo comandado por Jair Bolsonaro, as prisões de hoje e as revelações que as acompanham deverão representar um profundo abalo na base política que o presidente da república ainda possui, principalmente no chamado eleitorado protestante, especialmente entre os membros da IAD.

Em carta à OCDE, organizações da sociedade civil alertam sobre retrocessos recentes no Brasil

As ONGs destacam que o processo de entrada no bloco deve ser visto como uma oportunidade de correção de rumos e pedem maior participação

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13 de abril — Em carta enviada, ontem, ao secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Mathias Cormann, Anistia Internacional Brasil, Human Rights Watch, Transparência Internacional – Brasil e WWF-Brasil alertaram sobre retrocessos recentes para os direitos humanos, o meio ambiente, a transparência, o combate à corrupção e o fortalecimento da democracia, agravados no governo do presidente Jair Bolsonaro.

O documento destaca a preocupação das organizações de que o convite para que o Brasil inicie discussões formais para a entrada no bloco, recebido em janeiro, transmita a mensagem equivocada de que a OCDE não está atenta ao desmonte em políticas e órgãos ambientais e de combate à corrupção no Brasil, e a ataques sistemáticos praticados contra os direitos humanos.

Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil afirma que “diante do desmonte ambiental no Brasil – retrocesso legislativo, paralisação de fiscalização e redução de orçamento – todas as iniciativas que visem parar a escalada de destruição são válidas. Esta carta é mais um esforço de colocar o país num rumo coerente com a ciência e com os países que se preocupam com um futuro sustentável e climaticamente justo”.

Para Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, “a população está tendo seus direitos violados dia após dia. O processo de entrada do Brasil na OCDE pode contribuir para que Estados nacionais através de seus representantes contribuam para que o país possa retomar seus compromissos e deveres em relação aos direitos humanos”.

A carta reconhece que a inclusão do Brasil em órgãos multilaterais pode ser positiva para o país, pois incentiva a adoção de boas práticas em diversas áreas de políticas públicas e o fortalecimento do Estado de Direito. Ressalta, no entanto, a necessidade de uma ampla e efetiva participação da sociedade civil na construção do roteiro (o roadmap), que guia o processo de adesão de um país ao bloco, na avaliação independente do cumprimento das políticas recomendadas pela OCDE e na formulação de planos de ação para uma eventual adesão.

“É fundamental garantir máxima transparência e participação social no processo de adesão do Brasil à OCDE, para que situações graves no país sejam avaliadas com independência, garantindo que o interesse público predomine sobre o interesse do governo por um troféu político.” alerta Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional – Brasil. 

Para discutir medidas de transparência e alternativas para uma participação mais aprofundada da sociedade civil nesse processo, em direção a um desenvolvimento sustentável e socialmente justo, na carta, as organizações solicitam uma reunião com o secretário-geral da OCDE.

Estudo mostra que percepção de corrupção e falta de transparência diminuem disposição popular de custear adaptação à elevação do nível do mar

slr rio de janeiroO nível do mar na costa brasileira tende a aumentar nas próximas décadas. No Brasil – onde mais de 60% da população vive em cidades costeiras –,  inexistem análises integradas acerca da vulnerabilidade dos municípios litorâneos a este e a outros impactos decorrentes das mudanças climáticas, incluindo o aumento da frequência e da intensidade de chuvas

Começo este 2022 com a informação de que um artigo científico em que participo foi publicado pela revista “Ocean and Costal Management”.  O artigo intitulado “Preferences for sea level rise adaptation: A contingent valuation study in Rio de Janeiro State, Brazil‘ (ou em português “Preferências para adaptação ao aumento do nível do mar: Um estudo de avaliação contingente no Estado do Rio de Janeiro, Brasil“) é produto de uma parceria entre docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e duas universidades sediadas nos EUA (a Fairfield University e a Bryant University).

Artigo 1 2022

O artigo parte do fato de que a elevação do nível do mar tem o potencial de causar graves impactos nos estados costeiros do Brasil. Essa elevação deverá atingir de forma específica o estado do Rio de Janeiro que possui um alto percentual de sua população exposta às consequências do aumento do nível do mar. Neste estudo,  foi um método de avaliação contingente para explorar a disposição dos habitantes do Rio de Janeiro em pagar por políticas de mitigação do aumento do nível do mar . Dado o alto nível de corrupção percebida na máquina pública estadual, o trabalho também avaliou se os habitantes prefeririam que os esforços de mitigação fossem administrados pelo governo estadual ou por uma coalizão mais diversificada de partes interessadas da comunidade. Nossos resultados indicam que os residentes não estão dispostos a pagar impostos de propriedade adicionais para financiar políticas de mitigação do aumento do nível do mar, a menos que os formuladores de políticas sejam transparentes com o uso desses fundos.

Uma consequência prática deste estudo seria aumentar o nível de conscientização sobre os riscos potenciais da elevação do nível do mar  entre os habitantes do Rio de Janeiro. É que apesar de cerca da metade dos participantes do nosso estudo terem mostrado algum nível de preocupação sobre os efeitos da elevação do mar no estado do Rio de Janeiro, fato que é consistente com a porcentagem de entrevistados que acreditam ser provável ou muito provável observar os efeitos da elevação do mar no curto prazo (5-10 anos) . No entanto, mais de 20% de nossa amostra considera que a elevação do nível do mar será um problema no longo prazo (25 anos ou mais), mas não imediatamente. Essa crença pode levar a uma inação míope que deixaria o estado do Rio de Janeiro despreparado para lidar com a elevação do nível do mar e seus efeitos no futuro.

Quem desejar uma cópia do artigo, basta requisitar via o e-mail do Blog do Pedlowski.

Cláudio Castro age rápido para tentar se livrar de escândalo que eclodiu na Secretaria de Administração Penitenciária

claudio castro 2

O dublê de cantor e governador (por acaso) do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), agiu de forma rápida e exonerou os policiais Wellington Nunes da Silva e Sandra Faria Gimenes dos cargos que ocupavam na Secretaria de Administração Penitenciária (ver imagem abaixo) após os dois serem pegos, junto com a agora também ex-secretário Raphael Montenegro, em relações para lá peculiares com líderes do Comando Vermelho.

exonerações

Essa velocidade toda não deverá impedir que Cláudio Castro tenha que fazer algo que ele tem feito pouco desde que assumiu de surpresa o governo do Rio de Janeiro, após o impeachment relâmpago do ex-juiz Wilson Witzel, qual seja, dar explicações e não cantorias.

Antonio Carlos Jobim dizia que o Brasil não era para principiantes. Imagine-se o que Jobim diria se ainda estivesse vivendo e frequentando a orla de Ipanema. É que se o Brasil não é para principiantes, o Rio de Janeiro é para quem?

Mas há que se dizer que dificilmente Cláudio Castro vai sair tranquilo para dar tais explicações, e muito menos irá de bike….

Jair Bolsonaro é eleito “personalidade corrupta de 2020”, prêmio atribuído a líderes internacionais que apoiam o crime organizado e a corrupção

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O presidente Jair Bolsonaro foi  eleito como Personalidade do Ano do Projeto de Relatórios de Crime Organizado e Corrupção em 2020 por seu papel na “promoção do crime organizado e da corrupção”. Eleito após o escândalo Lava Jato (Lava Jato) como candidato anticorrupção, Bolsonaro se cercou de figuras corruptas, usou propaganda para promover sua agenda populista, minou o sistema de justiça e travou uma guerra destrutiva contra a Amazônia região que enriqueceu alguns dos piores proprietários de terras do país.

Bolsonaro venceu por pouco dois outros líderes populistas, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o presidente turco Recep Erdogan, pelo duvidoso prêmio. Ambos os finalistas também lucraram com a propaganda, minaram as instituições democráticas em seus países, politizaram seus sistemas de justiça, rejeitaram acordos multilaterais, recompensaram círculos internos corruptos e moveram seus países da lei e da ordem democráticas para a autocracia. O oligarca ucraniano Ihor Kolomoisky completou a lista dos finalistas.

“Esse é o tema central do ano”, disse Louise Shelley, diretora do Centro Transnacional de Crime e Corrupção (TraCCC) da George Mason University, que participou do painel do prêmio. “Todos são populistas causando grandes danos aos seus países, regiões e ao mundo. Infelizmente, eles são apoiados por muitos, que é a chave do populismo. ”

Bolsonaro foi acusado de coletar salários para funcionários fantasmas – uma prática conhecida como repartição de salários. Mas os juízes o escolheram por causa de sua hipocrisia – ele assumiu o poder com a promessa de combater a corrupção, mas não apenas se cercou de pessoas corruptas, como também acusou erroneamente outros de corrupção.

“A família de Bolsonaro e seu círculo íntimo parecem estar envolvidos em uma conspiração criminosa em andamento e têm sido regularmente acusados ​​de roubar as pessoas.” disse Drew Sullivan, editor do OCCRP e juiz do painel. “Essa é a definição de livro de uma gangue do crime organizado.”

Essas conexões incluem :

 

As ações do Bolsonaro não afetam apenas o Brasil. Bolsonaro abriu grandes extensões da Amazônia à exploração por aqueles que já haviam se beneficiado da destruição da região crítica e ameaçada.

“A destruição contínua da Amazônia está ocorrendo por causa de escolhas políticas corruptas feitas por Bolsonaro. Ele encorajou e alimentou os incêndios devastadores ”, disse o jurado Rawan Damen, diretor do Arab Reporters for Investigative Journalism. “O Bolsonaro fez campanha com o compromisso explícito de explorar – ou seja, destruir – a Amazônia, que é vital para o meio ambiente global.”

No final das contas, os juízes levaram várias cédulas para escolher um vencedor. Um corpo internacional de jornalistas investigativos, acadêmicos e ativistas seleciona o vencedor a cada ano.

“É difícil escolher. São tantos candidatos dignos ”, disse o cofundador da OCCRP, Paul Radu. “A corrupção é uma indústria em crescimento.”

Donald Trump foi considerado apesar do fato de ainda não ter sido indiciado por nenhum crime em particular. Os juízes acreditam que sob a liderança de Trump, os EUA deixaram de ser um líder global em esforços anticorrupção e, em vez disso, recuaram para dentro. Trump tem cortejado e elogiado bajulando os líderes mais corruptos do mundo. Seu círculo íntimo está igualmente preenchido com uma série de oportunistas acusados, investigados e completamente corruptos com ligações com o crime organizado, bilionários antidemocráticos e atores estatais estrangeiros que influenciaram o presidente enquanto eram recompensados ​​com perdões.

Erdogan foi considerado porque seu governo autocrático de uma década na Turquia transformou cada vez mais o poder regional em um ator criminoso intrometido. Aprendendo com seu vizinho Vladimir Putin, Erdogan minou as instituições democráticas, atacou o sistema de justiça, esmagou a sociedade civil, recompensou seus amigos e transformou o sistema político da Turquia em um culto de um homem só. Sob seu governo, o Halkbank, estatal, ajudou o Irã a evitar sanções, lavando suas vendas de petróleo para a Turquia. Quando pessoas próximas a ele foram investigadas por corrupção, incluindo suborno para facilitar a lavagem de dinheiro, promotores, juízes, jornalistas e políticos da oposição foram presos e encarcerados.

Além disso, o oligarca ucraniano Ihor Kolomoisky completou os finalistas. O oligarca politicamente envolvido emprestou mais de US $ 5 bilhões de um banco que ele controlava para si mesmo sem garantias. O dinheiro desapareceu em uma série de offshores. As perdas representaram 40% de todos os depósitos privados do país. Mas Kolomoisky não foi preso e agora está fazendo lobby para recuperar o controle do banco depois que ele foi socorrido pelo Estado. Kolomoisky, que supostamente financiou a corrida do atual presidente ao cargo, deixou um histórico de invasões corporativas, fraude, roubo de ativos do Estado e intriga política e representa os muitos bilionários ideológicos e corruptos dos irmãos Koch a Aaron Banks que o fizeram minou a democracia para ganho pessoal.

Os vencedores anteriores do prêmio de pessoa do ano incluíram Vladimir Putin, o presidente do Azerbaijão Ilham Aliyev e o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte.

OCCRP é uma plataforma de reportagem investigativa para uma rede mundial de centros de mídia independentes e jornalistas e uma das maiores organizações de reportagem investigativa do mundo, publicando mais de 150 histórias investigativas por ano. OCCRP acredita que é preciso uma rede para lutar contra uma rede. Desenvolvemos e equipamos uma rede global de jornalistas investigativos e publicamos suas histórias para que o público possa responsabilizar-se.

Os juízes

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Drew Sullivan

Jornalista investigativo e especialista em desenvolvimento de mídia. Ele é o fundador do Center for Investigative Reporting na Bósnia e Herzegovina, e o co-fundador e editor do OCCRP.

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Paul Radu

Repórter investigativo premiado, cofundador e diretor do OCCRP. Ele também é co-fundador do Projeto RISE, uma plataforma para repórteres investigativos na Romênia.

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Saska Cvetkovska

Editor-chefe do Investigative Reporting Lab na Macedônia e membro do conselho de diretores do OCCRP.

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Louise Shelley

Autor e professor titular da Escola Schar de Política e Assuntos Internacionais da George Mason University. Ela é a fundadora e diretora executiva do Centro de Terrorismo, Crime Transnacional e Corrupção da universidade.

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Sarah Chayes

Reconhecida por seu pensamento inovador sobre a corrupção, Chayes é autora de “Thieves of State: Why Corruption Threatens Global Security” e “On Corruption in America”. Chayes serviu como conselheira especial para as forças internacionais no Afeganistão e levou suas descobertas sobre corrupção global no Carnegie Endowment for International Peace.

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Ying Chan

Escritor, professor e diretor fundador do Centro de Jornalismo e Estudos de Mídia da Universidade de Hong Kong. Ela é uma ex-vencedora do Prêmio Nieman Fellow e George Polk. Ela editou seis livros na mídia chinesa.

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Maria Teresa Ronderos

Jornalista investigativo da Colômbia e membro do conselho do Comitê para a Proteção de Jornalistas. Ela é ex-diretora do programa de jornalismo independente da Open Society Foundation e fundadora do Centro Latino-Americano de Jornalismo Investigativo (CLIP, na sigla em espanhol), um centro de reportagem investigativa internacional.

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Rawan Damen

Jornalista, cineasta e consultor de mídia. Ela é a diretora executiva do Arab Reporters for Investigative Journalism e ex-comissária sênior da Al Jazeera Media Network.

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Rafael Marques

Rafael Marques de Morais é um jornalista angolano e ativista anticorrupção que recebeu vários prémios internacionais pelas suas reportagens sobre diamantes de conflito e corrupção governamental em Angola. Atualmente, ele chefia o órgão de fiscalização anticorrupção Maka Angola.

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Este texto foi escrito originalmente em inglês e publicado no site da OCCRP [Aqui!].

The Guardian noticia caso de aliado de Bolsonaro preso com dinheiro nas nádegas

Polícia encontra dinheiro escondido entre as nádegas do aliado Bolsonaro

O senador  Chico Rodrigues foi pego com notas durante uma busca em sua casa

chico rodriguesChico Rodrigues teria 30.000 reais (mais de £ 4.000) em suas cuecas. Fotografia: Adriano Machado / Reuters

Por Tom Phillips no Rio de Janeiro para o “The Guardian”

Os esforços de Jair Bolsonaro para se retratar como um cruzado anticorrupção sofreram outro golpe depois que a polícia supostamente apreendeu um maço de notas de banco entre as nádegas cerradas de um de seus aliados.

Chico Rodrigues, o vice-líder do presidente brasileiro no Senado, teria sido pego com a trouxa escondida na quarta-feira, durante uma busca policial em sua casa. A operação fez parte de uma operação contra a suspeita de apropriação indébita de fundos públicos para combater a COVID-19.

O jornal Estado de São Paulo disse que duas fontes disseram que 30.000 reais (mais de £ 4.100) foram guardados nas cuecas de Rodrigues, um senador pelo estado de Roraima, no Amazonas.

 Para dar uma ideia de como a situação era absurda, algumas das notas recuperadas estavam manchadas de fezes”, relatou a Revista Crusoé , a revista conservadora que divulgou a história.

“Foi um cenário de considerável constrangimento”, disse a Crusoé sobre o momento em que a polícia fez a descoberta enquanto vasculhava a casa do senador na capital de Roraima, Boa Vista.

Os brasileiros compartilharam a notícia com a hashtag viral #PropinaNaBunda (Bribe up the Bum). Muitos sugeriram que o achado seria lembrado “nos anais da história”.

Rodrigues não deu nenhuma explicação imediata para o conteúdo de sua cueca, mas negou qualquer irregularidade, dando a entender que rivais estavam tentando manchar seu nome. “Tenho um passado limpo e uma vida respeitável. Nunca me envolvi em nenhum tipo de escândalo ”, insistiu o homem de 69 anos.

O presidente de extrema direita do Brasil conquistou o poder em 2018 prometendo erradicar o roubo político depois do que alguns chamaram de a maior investigação de corrupção da história .

“Não acredito que haja [corrupção] em meu governo”, disse Bolsonaro na quarta-feira, ameaçando desferir um “chute no pescoço” de qualquer político fraudador.

Seu governo tem sido afetado por escândalos, incluindo suspeitas de que um de seus filhos políticos, Flávio,  chefiou uma rede de corrupção. Flávio Bolsonaro negou essas afirmações.

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Este artigo foi inicialmente escrito em inglês e publicado pelo jornal “The Guardian” [Aqui!].

Os ventiladores que nunca vieram: como a corrupção prejudicou a resposta brasileira à COVID-19

hcO hospital da campanha do Maracanã é visto próximo ao estádio do Maracanã em meio ao surto da doença coronavírus (COVID-19) no Rio de Janeiro, Brasil, em 16 de setembro de 2020. REUTERS / Pilar Olivares

As pessoas que lutavam para respirar precisavam de ventiladores, disse ele, mas não havia o suficiente para todos; aqueles com uma pequena chance de recuperação foram preteridos.

“A cada turno era assim”, disse Archer, cirurgião de um hospital municipal do Rio de Janeiro, metrópole de 6,7 milhões de habitantes no estado de mesmo nome. “Às vezes, eu dava sedativos para eles só para não sofrerem. Eventualmente, eles morreriam. ”

paO Dr. Pedro Archer do lado de fora de um hospital de campanha

Algumas dessas mortes, dizem agora os promotores estaduais e federais, podem ter sido evitáveis. Eles alegam que as principais autoridades locais buscaram embolsar até 400 milhões de reais (US $ 72,2 milhões) por meio de esquemas de corrupção que conduziram a contratos estaduais inflacionados com aliados durante a pandemia. Os negócios, disseram eles, incluíam três contratos para 1.000 ventiladores, a maioria dos quais nunca chegou.

O secretário de Saúde do Rio, Edmar Santos, foi preso em 10 de julho e acusado de corrupção em relação a esses contratos. Um advogado de Santos não respondeu a um pedido de comentário. Santos admitiu ter participado de vários esquemas ilícitos envolvendo licitações públicas fraudadas, de acordo com documentos judiciais confidenciais preparados por investigadores federais que descrevem as supostas fraudes, que foram revisados ​​pela Reuters. Ele agora é uma testemunha cooperante na investigação, afirmam os documentos.

Separadamente, um juiz federal suspendeu o governador do estado do Rio Wilson Witzel do cargo em 28 de agosto com a preocupação de que ele pudesse interferir nas investigações. Witzel também está enfrentando um processo de impeachment por suspeitas de corrupção.

O governador Witzel negou qualquer irregularidade em um comunicado à Reuters. O vice-governador Claudio Castro, que assumiu a posição de Witzel em agosto, não respondeu ao pedido de comentários. 

A América Latina foi duramente atingida pela pandemia, com mais de 8,9 milhões de casos confirmados de coronavírus em 24 de setembro, de acordo com uma contagem da Reuters. Só o Brasil registrou mais de 139.000 mortes por COVID-19, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Se a cidade do Rio fosse um país, sua taxa de mortalidade per capita por coronavírus seria a pior do mundo, segundo cálculo da Reuters com base em dados da Universidade John Hopkins. Mais de 10.000 pessoas morreram de COVID-19 nesta cidade cartão-postal de mar e areia, e mais de 18.000 em todo o estado.

A resposta da região à pandemia foi prejudicada por vários fatores, dizem os especialistas, incluindo pobreza e condições de vida urbanas superlotadas. Alguns líderes, incluindo o presidente de direita Jair Bolsonaro, minimizaram a gravidade da pandemia.

Mas o vírus também foi ajudado pela ganância. 

Semelhante ao Brasil, investigadores na Bolívia, Equador, Colômbia e Peru também alegaram que as autoridades locais encheram seus bolsos por meio de esquemas de enxerto relacionados à pandemia.

Em documentos judiciais detalhando as supostas fraudes no Rio, os promotores brasileiros descrevem uma série de empreendimentos criminosos inter-relacionados, nos quais contratos de emergência para máscaras, testes de coronavírus – até mesmo gel de mão – foram supostamente fraudados.

A Reuters analisou centenas de páginas de alegações de promotores, muitas delas confidenciais e não relatadas anteriormente; e entrevistou mais de uma dúzia de profissionais médicos e especialistas do bom governo que condenaram o oportunismo que eles dizem ter agravado a miséria do coronavírus no Rio.

“A pandemia permitiu que os governos gastassem recursos significativos muito rapidamente enquanto os controles internos eram relaxados devido à emergência”, disse Guilherme France, diretor de pesquisas da Transparência Internacional no Brasil. “Isso acabou criando uma tempestade perfeita para a corrupção.”

Um representante de Witzel disse que o governador suspenso aumentou os controles internos no governo do estado do Rio, acrescentando que ele havia demitido muitos servidores públicos acusados ​​de “irregularidades” durante seu mandato.

Hospitais fantasmas

A resposta à pandemia do estado do Rio exigiu que sete hospitais de campanha tratassem pacientes com COVID-19. Funcionários da secretaria estadual de Saúde, conhecida como SES, concederam contratos no valor de 836 milhões de reais (US $ 151 milhões) a uma organização de saúde sem fins lucrativos chamada IABAS para construir as estruturas, que deveriam ser inauguradas em 30 de abril. Apenas duas deles foram inauguradas até agora, uma em meados de maio, o outro no final de junho, bem após o pico inicial de COVID-19 no Rio de Janeiro.

No final de julho, com a redução da pandemia no Rio, uma das estruturas localizadas na cidade operária de São Gonçalo foi desmontada em meio à falta de pacientes. Tudo o que resta é um grande campo, sem grama e cheio de entulho.

Os contratos da IABAS fazem parte de um suposto esquema de propina encabeçado por Mario Peixoto, empresário local preso em maio por supostamente fraudar o sistema de saúde do estado do Rio de Janeiro. Documentos judiciais federais apresentados por promotores descrevem um esquema complexo no qual associados de Peixoto supostamente organizaram subornos a funcionários do governo para garantir uma variedade de contratos de saúde pública, incluindo hospitais de campanha.

Os advogados de Peixoto disseram que ele é inocente e não participou do negócio do hospital de campanha e seu julgamento está pendente.

O Ministério Público Federal não acusou a IABAS. Mas em documentos judiciais confidenciais que eles protocolaram pedindo a um juiz que autorizasse a prisão de outros suspeitos, eles disseram que não havia “espaço para dúvidas” de que a oferta vencedora da IABAS foi contaminada por corrupção. Entre as várias irregularidades citadas pelos promotores: A IABAS redigiu sua proposta vencedora antes que a SES solicitasse ofertas.

A IABAS disse à Reuters que ganhou os contratos do hospital oferecendo o preço mais baixo. Ele disse que a SES fez mudanças frequentes no acordo, o que atrasou a construção. A IABAS disse que seis das sete estruturas foram concluídas ou quase concluídas no início de junho, quando o estado do Rio cancelou seu contrato e assumiu o controle de todos os locais do projeto.

Em declaração à Reuters, a SES contestou a caracterização da IABAS sobre o progresso que havia feito. Ele disse que quatro dos sete hospitais de campanha estavam longe de estar concluídos quando o estado assumiu.

A SES não quis comentar sobre a alegação da IABAS de que o ministério da saúde fez alterações frequentes no contrato de construção. A SES disse que economizou mais de 500 milhões de reais (US $ 90,3 milhões) ao suspender os pagamentos à IABAS após as alegações de corrupção feitas pelos promotores. O ministério disse que está cooperando com a investigação.

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Este texto foi escrito originalmente em inglês e publicado pela agência Reuters-Reino Unido [Aqui!].

As nuvens negras que circundam Bolsonaro mostradas no The New York Times: leia artigo na íntegra

‘Uma empresa familiar:’ investigação sobre corrupção ameaça Jair Bolsonaro

Os brasileiros estão fazendo uma pergunta que pode ameaçar o futuro político do presidente Jair Bolsonaro: por que sua esposa e filho receberam pagamentos de um homem sob investigação por corrupção?

mj 1O presidente Jair Bolsonaro do Brasil e sua esposa, Michelle. Entre 2015 e 2019, um confidente de família e ex-assessor canalizou fundos para a Sra. Bolsonaro e o filho do Sr. Bolsonaro, Flávio, em transações que eles não conseguem explicar. Adriano Machado / Reuters

De Ernesto Londoño, Manuela Andreoni e Letícia Casado

RIO DE JANEIRO – O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, estava visitando uma catedral na capital nos últimos dias quando um repórter fez uma pergunta: Presidente, por que sua esposa recebeu US $ 16.000 de um ex-assessor sob investigação por corrupção?

A resposta foi agressiva, mesmo para um presidente conhecido por expressar sua raiva a jornalistas e críticos.

“O que eu gostaria de fazer”, disse Bolsonaro ao repórter, “é quebrar sua boca”.

Em seus dois anos de mandato, quando Bolsonaro e seu círculo íntimo , incluindo seus filhos, foram envolvidos em um número crescente de investigações criminais e legislativas, ele atacou repórteres, investigadores e até mesmo membros de seu próprio gabinete que ousaram ir contra ele.

Mas o caso envolvendo o ex-assessor e confidente da família – que gira em torno do potencial roubo de salários do setor público – abalou os nervos de Bolsonaro ao colocar sua esposa e seu filho mais velho no centro de uma investigação de corrupção que se transformou em uma das suas maiores responsabilidades pessoais e políticas.

mj 2Fabrício Queiroz, centro, assessor de um dos filhos de Bolsonaro, foi preso. Ele está enfrentando acusações de desvio de fundos públicos para a família do presidente. Sebastião Moreira / EPA, via Shutterstock

O conjunto crescente de investigações sobre o presidente e sua família está testando a independência e a força do sistema de justiça em uma das maiores democracias do mundo, com a maior economia do hemisfério sul. Há poucos anos, o judiciário brasileiro ganhou elogios globais por derrubar funcionários poderosos e titãs empresariais em uma cruzada anticorrupção que derrubou o establishment político.

Agora Bolsonarocuja surpreendente ascensão da periferia da política de extrema direita à presidência foi em grande parte impulsionada por uma promessa de erradicar a corrupção e o crime, é acusado de minar o estado de direito, à medida que os escândalos se aproximam cada vez mais da presidência Palácio.

Especialistas afirmam que as evidências que surgiram até agora no caso do ex-assessor Fabrício Queiroz sugerem que a família Bolsonaro participava de um esquema conhecido como rachadinha , comum nos escalões inferiores da política brasileira. Envolve desviar o dinheiro do contribuinte mantendo empregados fantasmas na folha de pagamento ou contratando pessoas que concordam em devolver uma parte de seu salário ao patrão.

“A suspeita é que se tratava de uma empresa familiar que durou muitos anos e movimentou muito dinheiro”, disse Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional no Brasil, sobre o esquema de suborno envolvendo o ex-assessor. “Essas suposições são muito sérias, corroboradas por evidências sólidas, em uma investigação que se baseia em transações financeiras altamente irregulares.”

Em ações judiciais e vazamentos para a imprensa, as autoridades exprimiram a suspeita de que, a partir de 2007, Queiroz ajudou o filho mais velho do presidente, Flávio Bolsonaro, a roubar fundos públicos embolsando parte dos salários de pessoas de sua folha de pagamento quando ele era um representante do estado. Flávio Bolsonaro foi eleito Senado em 2018.

mj 3Flávio Bolsonaro, filho do presidente, está no centro de um crescente escândalo que envolve também a esposa do presidente. Eraldo Peres / Associated Press

Entre 2011 e 2016, Queiroz canalizou milhares de dólares para a esposa do presidente, Michelle Bolsonaro, em transações que nenhum deles consegue explicar. Os promotores também acreditam que os depósitos feitos ao filho do presidente podem estar ligados ao esquema.

Com base em um vasto dossiê de registros financeiros, os investigadores estão tentando determinar se o fluxo de caixa irregular em uma loja de chocolates que Flávio Bolsonaro comprou em 2015, e uma série de compras de imóveis que ele fez em dinheiro, equivalem à lavagem de dinheiro.

Separadamente, um jornal brasileiro descobriu que uma das filhas de Queiroz, Nathália Queiroz, estava na folha de pagamento do ex-gabinete do presidente no Congresso em Brasília entre 2016 e 2018, embora trabalhasse como personal trainer no Rio de Janeiro na época .

Registros bancários obtidos por promotores mostram que a Sra. Queiroz fez pagamentos mensais a seu pai que totalizaram dezenas de milhares de dólares entre 2017 e 2018.

O gabinete do presidente se recusou a comentar o caso em nome de Bolsonaro e sua esposa. Michelle Bolsonaro conheceu o marido em 2006, enquanto trabalhava como secretária no Congresso. Depois que os dois começaram a namorar, ela se juntou à equipe legislativa dele, uma mudança que triplicou seu salário.

Paulo Emílio Catta Preta, advogado que representa o Sr. Queiroz, disse que as transações envolvendo a família Bolsonaro “não têm absolutamente nada a ver com suposta apropriação indébita de fundos”. O advogado de Flávio Bolsonaro não respondeu a um pedido de entrevistas.

Em uma entrevista recente, o vice-presidente Hamilton Mourão defendeu o histórico do governo sobre corrupção, observando que ele não se envolveu nos esquemas de propina multimilionários descobertos durante governos anteriores. Ele lamentou o vazamento para a imprensa de tantas informações sobre a investigação de Queiroz, argumentando que há um esforço em curso para “fabricar uma narrativa para a opinião pública”.

mj 4Bolsonaro e seu círculo íntimo estão envolvidos em um número crescente de investigações criminais e legislativas. Adriano Machado / Reuters

A investigação começou a tomar forma logo após a vitória eleitoral decisiva de Bolsonaro em outubro de 2018. Ele derrotou um partido de esquerda cuja enorme popularidade desmoronou quando seus líderes foram acusados ​​de esquemas de propina envolvendo grandes contratos governamentais e negócios transnacionais.

Logo após a eleição, promotores do Rio de Janeiro notaram que a atividade bancária do Sr. Queiroz em 2016 e 2017, enquanto ele estava na folha de pagamento de Flávio Bolsonaro, era incompatível com seus rendimentos declarados.

Desde então, outras investigações legislativas e criminais colocaram a família Bolsonaro na defensiva.

Outro dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro, está sendo investigado por acusações semelhantes de desvio de fundos públicos durante seu período como vereador no Rio de Janeiro e em conexão com um caso sobre campanhas de desinformação travadas online. Um terceiro filho, Eduardo Bolsonaro , também está envolvido no caso de desinformação.

Como as investigações criminais e legislativas envolveram pessoas próximas ao presidente, seu governo liderou ou apoiou esforços que enfraqueceram os promotores anticorrupção. Eles incluíram tornar mais difícil para os investigadores obterem registros bancários para construir processos criminais. Uma nova lei sujeita os promotores a punições, incluindo multas e acusações criminais por má conduta.

Essas ações contribuíram para a saída dramática do membro mais popular do gabinete de Bolsonaro, Sergio Moro , que em abril acusou o presidente de tentar substituir o chefe da Polícia Federal para proteger amigos e parentes de investigações criminais.

A Suprema Corte está investigando se a conduta do presidente constituiu obstrução da justiça.

Os acontecimentos em torno da saída do Sr. Moro, um ex-juiz federal que se tornou a figura mais emblemática na cruzada anticorrupção que começou em 2014, são amplamente vistos como um abandono de fato da promessa do presidente de combater a corrupção. Um projeto de lei com amplas reformas anticorrupção defendidas por Moro foi abandonado.

mj 5O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, renunciou em abril, acusando o presidente de tentar proteger amigos e parentes do escrutínio. Eraldo Peres/ Associated Press

“Nossa percepção é de que os criminosos de colarinho branco estão comemorando”, disse Melina Flores, procuradora federal que trabalhou em casos de corrupção de alto nível em Brasília, a capital.

Os investigadores estão lutando para progredir. A luta contra a corrupção, que antes gerou protestos em massa, perdeu ressonância à medida que o Brasil enfrenta o segundo maior número de mortes por coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e o colapso econômico que se seguiu.

A mudança no enfoque nacional permitiu a restauração de um sistema tácito em que juízes e políticos poderosos protegem os interesses uns dos outros, disse Carlos Fernando dos Santos Lima, ex-promotor que trabalhou em investigações politicamente explosivas.

“É um retorno à velha prática política de ser protegido por manobras judiciais”, disse ele. “No Brasil temos uma república dos intocáveis ​​e uma república para o resto da população.”

Contra esse pano de fundo, os promotores do caso encontraram maneiras de manter a investigação sob os olhos do público – mesmo quando Queiroz procurou permanecer fora de vista e a família Bolsonaro minimizou sua importância.

Em junho, investigadores munidos de um mandado de prisão contra Queiroz o encontraram em uma residência em São Paulo que pertence a um dos advogados de Bolsonaro, Frederick Wassef.

A prisão, que dominou as primeiras páginas e noticiários por dias, foi seguida por vazamentos para a imprensa de que Queiroz havia enviado a Michelle Bolsonaro muito mais dinheiro do que os investigadores haviam divulgado inicialmente. Isso questionou o relato do presidente de que um único pagamento divulgado em 2018 foi feito para quitar uma dívida.

Depois que Bolsonaro atacou o repórter do jornal O Globo no domingo, milhares de brasileiros que criticam o presidente recorreram às redes sociais para fazer eco à sua pergunta: “Presidente, por que sua esposa recebeu US $ 16.000 de Fabrício Queiroz?”

As apostas são altas para a primeira-dama. Ao contrário do marido e de Flávio Bolsonaro, ela não é uma autoridade eleita, o que a priva das proteções judiciais de que desfrutam.

O quão politicamente prejudicial o caso será para Bolsonaro no longo prazo não está claro, dizem os analistas. Apesar de sua abordagem descuidada da pandemia do coronavírus, que contribuiu para a morte de mais de 118.000 brasileiros, o presidente ampliou ligeiramente sua base de apoio ao dar ajuda emergencial a milhões de brasileiros.

“A maioria dos brasileiros está pensando muito mais em sobrevivência do que em questões políticas”, disse Mauro Paulino, diretor da empresa de pesquisas Datafolha. “Quando a sobrevivência é sua principal preocupação, a corrupção se torna uma questão secundária.”

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Este artigo foi escrito originalmente em inglês e publicado pelo “The New York Times [Aqui!].