Se já não bastasse a informação de que o ministro Paulo Guedes planeja desindexar da inflação os reajustes do salário-mínimo, aposentadorias e pensões, o jornal “O Estado de São Paulo” traz hoje uma reportagem assinada pela jornalista Adriana Fernandes dando conta que ele também planeja acabar com as deduções no Imposto de Renda (IR) com gastos de saúde e educação.
Assim, além de manter congelada a tabela do Imposto de Renda, o que Paulo Guedes pretende fazer é retirar do bolso dos trabalhadores cerca de R$ 30 bilhões com os quais ele abasteceria a continuidade do pagamento do chamado “Auxílio Brasil”. Em outras palavras, ele tiraria dos pobres para entregar para os mais pobres, enquanto os ultrarricos continuarão usufruindo uma forma de taxação regressiva que os deixa cada vez mais ricos, mesmo em face do empobrecimento geral do resto da população.
Um detalhe que viria com essa retirada da dedução dos gastos com saúde e educação é que se perderia o mínimo de controle que existe, por exemplo, sobre a renda auferida por médicos e dentistas, o que incorreria em uma perda de arrecadação que ultrapassaria os ganhos com o fim das deducões.
O fato é que qualquer um que precisa fazer uma consulta médica ou ir a um dentista hoje primeiro responde a uma pergunta básica: com recibo ou sem recibo? E invariavelmente os que querem recibo para deduzir no pagamento do IR acabam arcando com o pagamento que o profissional contratado terá de fazer sobre o que aquilo que será obrigado a declarar por causa do recibo emitido.
Desta forma, essa é mais uma ideia que me parece saída de algum manual para iniciantes em estudos de economia neoliberal, mas nunca de um ministério da Fazenda que hoje está defrontado com uma grave crise econômica, e que só tenderá a piorar em 2023. É que para se abocanhar R$ 30 bilhões dos bolsos dos trabalhadores há um risco de se perder mais por causa da sonegação fiscal.
Mas ainda bem que estamos ficando sabendo dessas novidades salgadas. É que, pelo menos, teremos como enfrentar a sangria que será desatada sobre nós caso Jair Bolsonaro venha a vencer esta eleição.