Palestinos convocam greve geral

No Oriente Médio, os ataques de Israel e do Hamas continuam. Os palestinos estão expandindo o conflito. Os EUA continuam a rejeitar um papel ativo de mediador.

crianças gaza

As crianças estão sendo levadas para um local seguro na Cidade de Gaza. © Anas Baba / AFP / Getty Images

No conflito entre Israel e o radical islâmico Hamas, os palestinos convocaram uma greve geral nacional na terça-feira. A mídia local informou que a intenção era protestar contra os ataques israelenses a Gaza, o deslocamento forçado de palestinos de Jerusalém e a violência dos colonos israelenses. Marchas de protesto são esperadas em todas as grandes cidades e nos postos de controle entre Israel e a Cisjordânia.

Enquanto isso, militantes israelenses e palestinos continuam seus ataques com severidade inalterada. Os caças israelenses voltaram a atacar alvos na Faixa de Gaza. Segundo os militares, as casas de nove comandantes de alto escalão da militante organização palestina Hamas e túneis de extremistas com extensão total de 15 quilômetros foram destruídos. Hasam Abu Harbid, líder do grupo militante Jihad Islâmica, também foi morto nos ataques.

Mais feridos em Ashdod – situação precária na Faixa de Gaza

Testemunhas falaram sobre os piores ataques desde o início da guerra, há uma semana. O prefeito de Gaza, Jahja Sarradsch, disse à estação de televisão Al-Jazeera que os ataques aéreos haviam causado estragos em estradas e outras infraestruturas. Combustível e peças sobressalentes se tornariam escassos na Faixa de Gaza. Um porta-voz da empresa local disse que o combustível para a usina que alimenta Gaza duraria dois ou três dias. As linhas destruídas não podem ser reparadas no momento por causa dos ataques israelenses.

Por outro lado, os ataques com foguetes de Gaza também continuaram. As milícias da Jihad Islâmica também relataram que novamente dispararam foguetes na direção de Tel Aviv. Em Israel, o alarme disparou, principalmente perto da Faixa de Gaza. Dez feridos tiveram que receber atendimento médico em Ashdod. Três deles ficaram feridos por vidros quebrados, disse o serviço de ambulância Magen David Adom.

De acordo com o exército israelense, um total de cerca de 3.200 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza em direção a Israel desde a última segunda-feira, mais de um terço dos quais foram interceptados pelo sistema de defesa Iron Dome. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou em um discurso na televisão que a “campanha contra organizações terroristas” continuaria com força total.

EUA ainda apenas em um papel passivo

Os apelos internacionais para o fim da violência desapareceram até agora. Acima de tudo, o Egito está tentando intermediar um cessar-fogo. Um diplomata no Cairo disse que há duas questões principais: encerrar os ataques de ambos os lados e interromper as operações israelenses em Jerusalém, que contribuíram para o conflito. O governo dos Estados Unidos deve pressionar Israel para encerrar sua ofensiva.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, deixou claro que os EUA não se juntariam a essas iniciativas. Os EUA lutaram por si próprios no quadro da “diplomacia intensiva”. No entanto, “em última análise, cabe às próprias partes deixar claro que estão lutando por um cessar-fogo”, disse Blinken. Pela terceira vez, o governo dos Estados Unidos está bloqueando uma declaração conjunta do Conselho de Segurança da ONU sobre a escalada da violência.

O líder do Hamas, Ismail Haniya, que vive no exterior, disse ao jornal libanês Al-Akhbar que sua organização foi contatada pelas Nações Unidas, Rússia, Egito e Qatar como parte dos esforços para garantir um cessar-fogo. Mas nenhuma “solução será aceita que não corresponda às vítimas do povo palestino”.

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Este texto foi escrito originalmente em alemão e publicado pela revista Zeit [Aqui!].

Flávio Bolsonaro e a suprema irresponsabilidade de um neófito

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Movimento Hamas emitiu comunicado de imprensa que irritou o senador Flávio Bolsonaro.

O agora (ou seria ainda?) senador Flávio Bolsonaro mostrou o característico pavio curto que parece caracterizar a sua família e respondeu a uma crítica do movimento “Hamas” dizendo (ou desejando) que queria que o movimento palestino explodisse (ver imagem abaixo)

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A mídia corporativa informa que provavelmente orientado por pessoas mais racionais que o acompanham na viagem que ainda realiza a Israel, Flávio Bolsonaro apagou o tweet em que informava ao Hamas seu desejo de que se explodisse.

O primeiro problema aqui é que o Hamas possui notório conhecimento em mídias digitais e certamente não só de um “print” no tweet com o desejo do filho mais velho de Jair Bolsonaro, como já o está circulando em suas mídias.

O segundo problema, que decorre diretamente do primeiro, é que faltou a um senador da república o mínimo de sensibilidade ao se dirigir a um movimento que já demonstrou forte capacidade de ação militar e de usar com grande êxito táticas heterodoxas típicas da guerra de guerrilha.

Juntados os dois erros, o que temos é um agravamento do risco político causado pela visita e dos compromissos firmados pelo presidente Jair Bolsonaro com o líder israelense Benjamin Netanyahu.

Outro aspecto que gostaria de ressaltar é a impossibilidade de concretização de desejos de boa parte da mídia corporativa de que o alto número de militares no governo Bolsonaro serviria como uma espécie de contrapeso racional às manifestações intempestivas que brotam do presidente e de seus três filhos.  O que está provocação ao Hamas demonstra é que eles são incontroláveis e impulsionados por sua condição de neófitos em ação política internacional estão a nos causar danos irreparáveis nas relações comerciais, e ainda nos expondo a uma possível fúria do Hamas. Simples, mas ainda assim totalmente trágico.