UOL mostra que a UERJ indicou a raposa para inspecionar irregularidades cometidas em seu galinheiro

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Em mais uma reportagem assinada pela dupla Igor Mello e Ruben Berta, o portal UOL mostra que, sob pressão da sequência de revelações sobre situações “esquisitas” cercando o uso de dinheiro público em um conjunto de “projetos especiais”, a reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) indicou dois de seus procuradores para compor duas comissões de sindicância para apurar as denúncias feitas na série de reportagens do UOL sobre as folhas de pagamento secretas da universidade.

O problema é que, como revela essa nova reportagem, dois dos membros dessas comissões constam nas folhas de pagamento secretas dos projetos suspeitos dos quais deverão apurar eventuais irregularidades. Em outras palavras, a reitoria da UERJ cometeu o erro grave de colocar potenciais investigados para investigar. Em outras palavras, a reitoria da UERJ colocou a raposa (no caso duas) para tentar encontrar o que está de errado em seu galinheiro.

Um dos problemas cruciais desta situação vexaminosa não é nem mais o fato de que milhões de reais foram entregues a cabos eleitorais em pleno período eleitoral sob o véu de projetos executados por uma instituição pública de ensino superior. É que esta parte não cabe mais negação após o primoroso trabalho jornalístico realziado pela dupla Mello e Berto.  O maior vexame, ao menos neste momento, é ver que a reitoria da UERJ ainda não entendeu a péssima repercussão dos fatos junto à população. 

Só isso explica esse comportamento bizarro de não verificar se os membros de comissões de sindicância teriam sido beneficiários dos esquemas que deverão investigar.  Esse comportamento não apenas compromete a credibilidade das comissões de sindicância, mas também aprofunda a percepção de que a reitoria da UERJ está tentando impedir que sejam feitas as devidas apurações dos fatos. Aliás, ao anunciar que vai retirar as “raposas” da investigação do que ocorreu de errado em seu galinheiro, a reitoria da UERJ só fez aumentar o tamanho já colossal do vexame.

Há que se lembrar que, enquanto o dinheiro jorrava fácil nos tais “projetos especiais”, as estruturas formais da UERJ continuavam sobrecarregadas e subfinanciadas, o que só aumenta o tamanho do escândalo em torno dos pagamentos feitos dentro das folhas secretas de pagamento.

Enquanto isso, os membros beneficiários do esquema revelado por Igor Mello e Ruben Berta, que são o governador Claúdio Castro e deputados (estaduais e federais) continuam literalmente incólumes, enquanto a imagem da UERJ chafurda na lama.

As reinações de Cláudio Castro são expostas em nova reportagem do UOL

Em uma corrida eleitoral apertada, as novas evidências expostas pelo UOL devem azedar a 6a. feira do governador acidental Cláudio Castro

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Uma nova matéria assinada pela dupla Ruben Berta e Igor Mello que foi publicada pelo site UOL é a segunda péssima notícia que o governador acidental do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, está recebendo na manhã desta 6a. feira (a primeira foi o resultado da pesquisa do Datafolha que o colocou em empate técnico com Marcelo Freixa na corrida para o Palácio Guanabara).  É que nesta reportagem são apresentadas informações nada abonadoras sobre o suposto pagamento de propinas a Castro, tanto na condição de vereador como de vice-governador.

O pior, é que as informações de natureza detalhada foram fornecidas por um ex-assessor do próprio Cláudio Castro, o empresário Marcus Vinicius Azevedo da Silva. Um dos fatos descritos na matéria se refere a um caso em que o governador acidental foi filmado portando uma vistosa mochila, a qual seria o veículo de transporte de R$ 120 mil que teriam sido entregues a ele em troca da facilitação de um contrato com o governo do Rio de Janeiro.

A matéria traz ainda detalhes de uma viagem que Cláudio Castro realizou para os EUA com parte de sua família, a qual teria sido também bancada com dinheiro de propina entregue pela mesma empresa envolvida no episódio da mochila.

A verdade é que Cláudio Castro já vem acumulando contra si uma série de denúncias por causa de supostos envolvimentos com o recebimento de propinas, mas até aqui permaneceu relativamente ileso tanto criminal como eleitoralmente.  Mas essas novas evidências aparecem não apenas em um momento sensível da campanha eleitoral, mas podem ser apenas a ponta de um longo iceberg que talvez esteja prestes a atingir a proa do navio de Cláudio Castro.

Não custa nada lembrar que Cláudio Castro ainda não chegou nem perto de explicar o desembolso milionário que ocorreu tanto na Fundação Ceperj como na Uerj para bancar o pagamento de prestadores de serviços que depois se descobriu eram do tipo “Gasparzinho’.  Aliás, se postas juntas, as diversas reportagens escritas por Ruben Berta e Igor Mello servem como uma espécie de mapa para a longa lista de rolos que pairam perigosamente sobre a cabeça de Castro.

O resultado disso tudo é que o estado do Rio de Janeiro pode acabar elegendo um candidato que imediatamente após a sua posse poderá ter o mesmo destino de seus antecessores, inclusive daquele de quem Claúdio Castro herdou o cargo que foi o ex-juiz Wilson Witzel. Essa situação do Rio de Janeiro seria muito cômica se não fosse tão trágica. 

UOL revela que enquanto asfixia a Uenf, Cláudio Castro usa fundação para bancar gastos milionários com “folha secreta” de 18 mil cargos

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O governador acidental do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, asfixia as universidades estaduais, para manter uma folha secreta com 18 mil cargos

Em uma reportagem assinada pelo jornalista Igor Mello, o portal UOL revela que o governador acidental do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, vem realizando um dispêndio expressivo em “cargos secretos” por meio da  Fundação Ceperj (Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro) cujo orçamento em relação ao ano passado aumentou quase R$ 300 milhões. Segundo os dados levantados por Igor Mello, os pagamentos já efetivados só no primeiro semestre são 89% maiores do que os realizados em todo o ano de 2021. 

Mello também analisou os dados de empenho (reserva de valores para pagamentos de despesas já contratadas) e execução de despesas (pagamentos já efetivados) da Ceperj divulgados pela Secretaria Estadual de Fazenda. Como resultado dessa análise ficou demonstrado que Cláudio Castro já empenhou R$ 414,9 milhões na Ceperj —sendo que este valor supera em muito os R$ 127,4 milhões reservados em todo o ano de 2021.  Além disso,  após assumir o cargo vacado pelo impeachment de Wilson Witzel, Cláudio Castro aumentou em 25 vezes o orçamento da Ceperj em relação ao patamar de 2019.

Para efeito de comparação com os anos anteriores, a reportagem assinada por Igro Mello considerou valores reservados para o pagamento de despesas porque o orçamento relativo aos primeiros seis meses deste ano ainda não foi integralmente pago, o que é realizado ao longo do ano conforme os serviços são prestados (ver figura abaixo).

gastos CEPERJ

Um gráfico elaborado a partir de dados obtidos na Secretaria Estadual de Fazenda do Rio de Janeiro (Sefaz) mostra que os valores empenhados nos anos anteriores foram quase integralmente pagos. O orçamento do órgão pode ainda aumentar ao longo do ano. A reportagem do UOL mostrou, por exemplo, que Cláudio Castro remanejou R$ 58 milhões da Educação para a Ceperj no dia 30 de junho — sendo que estes recursos não estavam incluídos no orçamento de R$ 414,9 milhões (valor atualizado no final do mês passado pela Secretaria de Fazenda).

Desta forma, os gastos previstos com a Ceperj superam neste ano o de órgãos importantes  do governo do estado.  A Empresa de Obras Públicas teve empenhos de R$ 386,8 milhões; na Companhia Estadual de Habitação foram empenhados R$ 339,7 milhões, e no Inea (Instituto Estadual do Ambiente), órgão responsável pela fiscalização e licenciamento ambiental no estado, R$ 246,6 milhões.

 Para se ver como toca a banda de Castro, os gastos também são bastante superiores aos da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que tem aproximadamente 7.600 alunos de graduação e pós-graduação. No primeiro semestre, a universidade empenhou R$ 249 milhões. E o pior é que ainda tem gente dentro da Uenf que tenta apontar o governador acidental como alguém que se importa com as universidades estaduais. Como se vê agora, a preferência mesmo é por manter um exército de servidores extra-quadro que ninguém conhece, ninguém viu.