Uma grande rebordosa paira inquieta no horizonte do Brasil

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Não sei quantos já leram o texto postado pelo professor Roberto Moraes, do Instituto Federal Fluminense, em seu blog pessoal sob o título de “Independência do BC é o abre alas da avalanche neoliberal que sustenta o capitão cloroquina: Faria Lima desconfia que não terá dois anos pela frente!“. Mas quem ainda não leu, sugiro fortemente que leia. Acredito que dentre as centenas de análises feitas pela atual conjuntura política brasileira, a análise feita por Roberto Moraes vai no ponto fundamental que são os prognósticos de que o prazo de “validade” do presidente Jair Bolsonaro pode estar com os dias contados e, por causa disso, os verdadeiros “players” da economia política brasileira, i.e., o setor financeiro rentista e especulativo, está tentando atravessar o rio com a boiada inteira.
Eu não tenho retoque a fazer na postagem do Prof. Roberto Moraes, apenas um pequeno acréscimo no sentido de que provavelmente a rebordosa está mais próxima no horizonte do que a mídia corporativa brasileira nos permite ver, muito em parte por causa da concordância com seus proprietários com o desmanche dos direitos sociais e trabalhistas que lhes permite continuar mantendo seus navios acima da linha d´água.
Quem olha as principais manchetes e matérias secundárias vai imaginar que vivemos um momento de completa paralisia política em que inexiste sequer a latência de conflitos originados pela aplicação das medidas ultraneoliberais impostas pelo dublê de banqueiro e ministro da Fazenda, o Sr. Paulo Guedes. Como observo outras fontes de informação, seja a mídia alternativa ou as redes sociais, sei que isto não é verdade, e que focos de intensos conflitos estão espalhados pelo Brasil em função do inevitável confronto que ocorre no chão entre os segmentos que se favorecem do atual governo com aqueles que estão perdendo tudo. A situação ainda não está evidente porque vivemos em meio a uma pandemia letal que objetivamente dificulta movimentos de massa.
Mas apesar de todas as sabotagens realizadas pelos ocupantes dos diferentes níveis de governo (do federal aos municipais), a pandemia eventualmente vai arrefecer e aí as situações de conflito tenderão a se avolumar, se tornando mais difíceis de serem ocultadas. Em seu livro “Minha Vida“, o revolucionário russo Leon Trotsky disse que não houve quem ficasse mais surpreso do que os líderes bolcheviques com a vitória da revolução de 1917. Segundo Trotsky, isso teria se dado porque não a própria direção revolucionária não teria avaliado corretamente o grau de maturidade da classe trabalhadora russa para pôr fim à tirania do Czarismo.
E aqui que ninguém se confunda e pense que estou prevendo o início de uma revolução no Brasil. Eu sou muito simplório para fazer previsões tão robustas. De fato, estou apenas dizendo que uma grande rebordosa já está armada no horizonte Brasil, e só ainda não estamos vendo por causa das estratégias de distração impostas não apenas pela máquina bolsonarista de propaganda, mas também pela mídia corporativa.
Não me surpreenderei se, tal como os líderes bolcheviques, os dirigentes dos partidos da esquerda institucional se declararem se subitamente a rebordosa estourar. Entretanto, o que me preocupa mesmo é quantos deles se colocaram às ordens do “exército branco” que irá se colocar em ação para sufocar as demandas por justiça social e emprego pleno.