Invento permite estudos precisos, em abelhas eussociais primitivas e solitárias, sobre agentes tóxicos e comportamento

Dispositivo, desenvolvido por cientistas da UFSCar, é reutilizável e evita estresse em indivíduos, além de diminuir problemas metodológicos de pesquisa

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Espécime da abelha Bombus, estudada pelos cientistas (Foto: Arquivo)

Abelhas briguentas ou, no mínimo, não muito sociáveis. Foi esta a dificuldade que levou cientistas do Laboratório de Biologia Estrutural e Funcional (LABEF) do Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) a desenvolver um equipamento para estudar os efeitos de agentes tóxicos sobre abelhas eussociais primitivas e solitárias, que representam 85% das espécies de abelhas existentes no mundo.

Abelhas eussociais primitivas vivem em colônias menores, se comparadas às sociais, e as solitárias que, como o nome indica, não vivem em colmeias, com outras abelhas, mas constroem seus próprios ninhos. “Muito se fala sobre a importância das abelhas sociais, de colônia, mas as abelhas eussociais primitivas e as solitárias desempenham um papel fundamental no ecossistema, pois são polinizadoras de plantas nativas brasileiras, além de ajudarem no produção de frutos maiores e mais saudáveis, fornecendo alimentos a outros animais”, explica Guilherme Boeing, que realiza mestrado sobre o tema no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Monitoramento Ambiental (PPGBMA-So) da UFSCar, sob orientação de Fábio Abdalla, docente no Departamento de Biologia (DBio-So) do Campus Sorocaba.

Boeing destaca, assim, que o estudo e a conservação dessas abelhas são essenciais para a biodiversidade, e situa, neste contexto, a importância da invenção resultante da sua investigação. “Em nossas pesquisas, realizamos testes ecotoxicológicos, que consistem em avaliar os efeitos de agentes tóxicos nestas abelhas, além de análises de comportamentos. Porém, não existia um recipiente padrão adequado para estudos destes tipos de abelhas”, conta.

A partir desta demanda, os cientistas criaram o objeto com foco no bem-estar das abelhas e, ao mesmo tempo, na possibilidade de maiores padronização e controle de dados nas pesquisas. A invenção resultou em solicitação de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), com o apoio da Agência de Inovação (AIn) da Universidade, e tem, como diferencial, justamente o fato de ser utilizada especificamente para estudos de abelhas eussociais primitivas e solitárias, uma vez que, para abelhas sociais, já existem objetos adequados.

A caixa é feita de material bastante comum, com aberturas cobertas por acetato em cor. É reutilizável, e seu alimentador pode ser introduzido de maneira segura e prática, sem a necessidade de abrir e fechar a caixa a todo instante. Como essas abelhas costumam ser territorialistas, é preciso inserir um indivíduo por caixa – seguindo, inclusive, o padrão internacional recomendado para testes.

“As características das abelhas eussociais e solitárias são muito diferentes das sociais. O acetato em cor, por exemplo, deixa o ambiente escuro e causa menos estresse – por serem encontrados em ambientes subterrâneos, esses indivíduos preferem regiões mais escuras. E, com o alimentador na lateral, é possível retirá-lo, limpá-lo e inseri-lo novamente, sem invadir o espaço”, detalha Boeing.

Todas essas peculiaridades possibilitam estudos mais detalhados e menos invasivos, diminuindo, também, a probabilidade de erros em dados e de problemas metodológicos de pesquisa.

“Testamos o invento em minha pesquisa de iniciação científica e em dissertações de mestrado do LABEF e não detectamos óbitos na caixa, um diferencial perante outros objetos utilizados anteriormente, onde comumente havia mortes por estresse ambiental. Além disso, nossos ensaios conseguiram ser mais efetivos, com dados consistentes. Com o objeto dosador, conseguimos medir, por exemplo, a quantidade exata de alimento e de água consumidos por dia. Antes, não havia esse controle. Assim, foi possível estabelecer padrões mais claros de pesquisa, enriquecendo-a”, registra o pesquisador da UFSCar.

Por meio de ensaios toxicológicos, que expõem o indivíduo a algum tipo de substância química natural ou artificial, também foi possível analisar os efeitos em seu organismo de forma mais detalhada. “Avaliamos desgaste de asa e mudanças de comportamentos (se a abelha está muito parada, agitada etc.), além de realizarmos análises histológicas de tecidos, que trazem informações importantes sobre as células que os compõem e o seu nível de degradação. Com base em todas essas informações, dá para saber se, de fato, o agente faz mal para o indivíduo, e em quais proporções”, compartilha.

Após testes em escalas laboratoriais, os pesquisadores chegaram em um modelo de caixa leve, de fácil transporte e baixo custo (entre R$ 25 e R$ 30 a unidade). Agora, a ideia é que a invenção chegue a outros cientistas interessados em melhorar suas avaliações de pesquisas com estes tipos de abelhas. Também pode ser útil para empresas que queiram fazer testes precisos de seus próprios agrotóxicos.

Pessoas e empresas interessadas em adquirir a caixa podem entrar em contato com a AIn, pelo e-mail inovacao@ufscar.br ou pelo telefone (16) 3351-9040.

Pintura spray é fonte negligenciada de microplásticos no solo

Pesquisa com participação de cientista da UFSCar detectou maior concentração já encontrada, junto a grafites no Muro de Berlim

unnamed (15)Microscopia mostra microplásticos coloridos e, ao centro, fragmento com camadas de grafites (W. Waldman)

Que micro e nanoplásticos são uma fonte de poluição dos oceanos extremamente preocupante não é mais novidade. Agora, uma pesquisa realizada em Berlim, na Alemanha, com a participação de cientista brasileiro, mostrou que as tintas usadas para pintura spray – amplamente utilizada em processos industriais nos setores automotivo, naval e de mobiliário, por exemplo – são uma fonte negligenciada de microplásticos no solo.

A pesquisa foi realizada por um time liderado pelo biólogo Matthias C. Rillig, na Freie Universität Berlin, com participação de Walter Waldman, docente no Departamento de Física, Química e Matemática da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Campus Sorocaba. O grupo coletou amostras de solo ao redor de paredes preservadas do Muro de Berlim, no Mauerpark, em que a prática do grafite é legalizada. A escolha se deu pela hipótese de alta presença de microplásticos originados na tinta no local, já que, tradicionalmente, grafites mais antigos são recobertos por novas pinturas no parque urbano, há décadas.

“Entendemos a atividade de grafite como um proxy, ou seja, uma variável que podíamos medir e que seria indicativa dos impactos da pintura por spray amplamente usada na indústria naval, automobilística e de construção civil, que tem uma emissão muito grande de aerossóis durante seu uso em ambientes abertos e que, invariavelmente, forma microplásticos quando se evapora o solvente”, explica o pesquisador da UFSCar.

A grande contribuição do estudo foi o desenvolvimento de um novo protocolo para separação dos microplásticos. “Os microplásticos presentes nas tintas são mais densos que outras partículas plásticas e, por isso, imaginamos que não estariam sendo detectados nas análises tradicionais, baseadas justamente na baixa densidade desses microplásticos de outras fontes e, consequentemente, na sua flutuação em solução de brometo de sódio, NaBr”, explica Waldman. Assim, os pesquisadores, após coletarem amostras de solo em diferentes locais nas cercanias das paredes grafitadas e em profundidades diversas, realizaram a separação em duas etapas: primeiro, na solução de NaBr e, depois, em uma mistura de solução de NaBr com solução de cloreto de zinco, mais densa que o líquido geralmente utilizado.

“Por estar ao lado de um meio sólido, o solo, imaginamos que a emissão e a deposição constante dos aerossóis no Muro, e a sua baixa taxa de transporte em solos, gerariam um hotspot de microplásticos, ou seja, uma área de altíssima concentração dessas partículas”, compartilha Waldman. “Dito e feito: coletamos as amostras de solo em seis pontos próximos ao Muro, processamos no laboratório e nos defrontamos com as imagens mais coloridas e abundantes de microplásticos que eu eu vi na vida”, conta o pesquisador. E não só ele: as concentrações encontradas, da ordem de centenas de milhares de partículas por quilo de solo seco, são as mais altas já registradas na literatura científica.

Diante desses resultados, os pesquisadores alertam para a urgência de mais estudos sobre os efeitos ecológicos de microplásticos no solo. Defendem também a realização de novos levantamentos para a alimentação de bancos de dados sobre essa poluição, bem como a inclusão desse tipo de microplásticos em levantamentos futuros, especialmente em áreas urbanas.

O estudo está publicado no periódico de acesso aberto Environmental Chemistry Letters. A participação de Waldman seu deu durante seu estágio de pós-doutorado na Alemanha, com bolsa Capes-Humboldt (gerenciada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes – em parceria com a Fundação Alexander von Humboldt).

Projeto internacional liderado pela UFSCar analisa impacto das mudanças climáticas sobre a biodiversidade aquática

Iniciativa, apoiada por Fapesp e National Science Foundation, prevê colaboração com universidades dos EUA e Nova Zelândia

unnamed (14)(Foto: Victor Saito)

Comparando comunidades de insetos em riachos no Brasil e nos Estados Unidos, pesquisa liderada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem como objetivo compreender impactos das mudanças climáticas sobre a organização da biodiversidade aquática, algo ainda pouco conhecido. A iniciativa prevê colaboração com três instituições dos EUA (Universidade da Califórnia, Universidade Estadual da Virgínia e Universidade de Maryland) e uma neozelandesa (Universidade de Canterbury). 

O projeto foi aprovado recentemente para receber apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da National Science Foundation (NSF), em chamada colaborativa com a temática “Biodiversity on a Changing Planet (BoCP) 2022” (Biodiversidade em um Planeta em Transformação). A liderança é de Victor Satoru Saito, docente no Departamento de Ciências Ambientais (DCAm) da UFSCar.

Com duração de três anos, o projeto prevê estudos – com bolsas de graduação, treinamento técnico e pós-doutorado para as universidades envolvidas – em comunidades biológicas de riachos, principalmente insetos que possuem fase de larva na água e, de adultos, terrestres com asas, como as libélulas. 

O intuito é entender se a organização dessas comunidades, ao longo do tempo, é diferente em locais tropicais e temperados. 

“As espécies são sempre as mesmas ou mudam de mês a mês? Qual a magnitude dessas variações? Há a troca de todas as espécies do verão para o inverno, ou mantêm-se as mesmas?”, exemplifica o pesquisador. 

Para responder a esses questionamentos, os cientistas produzirão amostragens mensais dessas comunidades em riachos nos dois países, de uma forma coordenada e uniforme. Com isso, pretendem estudar todo o ciclo de vida desses insetos – ou seja, da vida aquática à saída da água, como adultos alados, até a reprodução e a inserção de ovos novamente nos riachos. Também estarão no foco as suas demografias (dinâmica da população, com informações como quantidade de indivíduos, natalidade e mortalidade). 

O desconhecimento ainda existente sobre como a biodiversidade de insetos responde diretamente às mudanças climáticas é devido, sobretudo, à falta de estudos coordenados em diferentes latitudes, que permitam uma comparação direta do efeito da temperatura nos organismos. 

“Com os dados coletados, vamos buscar construir modelos que permitam prever como cada comunidade pode responder a futuras mudanças climáticas”, detalha o docente da UFSCar. 

Os locais de análise ainda estão em definição, mas Saito adianta que, aqui no Brasil, serão potencialmente os riachos dentro do Parque Estadual de Intervales, localizado no Sul do estado de São Paulo. “Esta Unidade de Conservação abriga uma Mata Atlântica muito bem preservada e uma bacia hidrográfica bem inserida e conhecida”, justifica. 

Saito conta que os insetos aquáticos costumam ser utilizados como indicadores ambientais. Assim, o estudo também é uma forma de tentar prever como os ecossistemas vão responder a mudanças, para pensar em precauções diante de alterações ecossistêmicas indesejadas, como a perda de espécies de interesse pesqueiro ou a diminuição da qualidade da água. 

O pesquisador explica que, hoje, é muito utilizada a Teoria Metabólica – que indica que o metabolismo dos organismos determina fortemente o que se encontra na Natureza – para elucidar a biodiversidade, mas sabe-se da importância de sua união com outras explicações possíveisconforme já abordado em pesquisas anteriores do próprio Saito.  

“As populações das espécies também sofrem variações em suas abundâncias de forma estocástica (ou seja, imprevisível, de causa desconhecida) -, e é justamente esse ponto que buscamos entender melhor, investigando as relações dessas variações com a temperatura. A ideia é avançar nesses estudos e entender mais sobre o ciclo de vida das espécies, para começarmos a tapar essas lacunas no conhecimento da nossa fauna”, complementa o pesquisador. 

Mais informações sobre o projeto aprovado – intitulado “Entendendo o papel da estocasticidade na montagem de metacomunidades sob efeitos de mudanças globais” – estão disponíveis no site da Fapesp.

Esta matéria aborda contribuição da comunidade da UFSCar à concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – Agenda 2030 (ODS14-Vida na Água)

Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas: Dificuldades na assistência e desnutrição afetam territórios há anos

Cientista da UFSCar analisa as causas da situação como sendo o antagonismo entre modos de vida de grupos sociais distintos e a complexidade política e socioambiental do País

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(Imagem: Daiany B. Zago)

Hoje, dia 7 de fevereiro, é celebrado o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas. Embora a data tenha sido estabelecida há 15 anos, em 2008, pela Lei nº 11.696, o Brasil enfrenta situações de dificuldades na assistência e desnutrição desta população em pleno 2023 – e não só na terra indígena Yanomami.

Mônica da Silva Nunes, docente no Departamento de Medicina (DMed) da UFSCar, conta que os problemas enfrentados pelos povos indígenas afetam os territórios há muito tempo. Ela atuou como médica extensionista em áreas indígenas, rurais e ribeirinhas na Amazônia brasileira.

“Meu primeiro contato com a Amazônia foi em 2003, no escopo da minha pesquisa de doutorado, vencedora no Prêmio Capes de Tese. Analisei como ações antrópicas nas florestas geraram proliferação de mosquitos e, por sua vez, crescimento dos casos de malária. A partir de então, passei a estudar como as mudanças ambientais podem impactar na saúde e no bem-estar das populações”, situa a pesquisadora.

Em 2009, começaram suas vivências diretamente com a população indígena no Acre e Amazonas. Além de prestar atendimento médico, ela participou de estudos relacionados à nutrição de pessoas de várias etnias, com medidas de peso, altura e testes rápidos de anemia. Já naquele contexto, da Silva Nunes detectou precariedade na assistência em Saúde para essas comunidades, além de desnutrição, principalmente de mulheres e crianças.

“As aldeias estão situadas ao longo dos rios, e cada uma tem a sua particularidade. Muitas são de difícil acesso; é preciso se locomover de barco e o percurso pode durar mais de dois dias. Eram cinco dias viajando para um dia de atendimento, por isso existia, naquela época, uma dificuldade de encontrar profissionais médicos no serviço de assistência indígena”, relata.

Além das limitações de deslocamento, ela também relembra uma situação que se escancarou aos seus olhos durante uma pesquisa de campo.

“Em contato com uma família indígena, estávamos nos transportando de barco e havia duas crianças bem quietas – não interagiam e nem brincavam. Imaginei que fosse um comportamento natural, talvez devido à língua, pois não falavam Português. Após o almoço, preparado ali mesmo e que foi compartilhado pela equipe com os indígenas, a mudança de atitude foi nítida: elas passaram a brincar, sorrir e se comunicar. Era fome”, relata, emocionada, a pesquisadora.

Em suas análises ao longo dos últimos 14 anos, ela detecta uma relação direta entre a destruição das florestas e a fome. “A realidade dos povos indígenas brasileiros é muito distinta de outras sociedades. Em várias aldeias da Amazônia, eles vivem da caça e da pesca, e é preciso respeitar a sua cultura. Nas regiões de matas preservadas, víamos indígenas bem nutridos e com abundância de alimentos. Em áreas tomadas por mudanças ambientais, sem qualquer responsabilidade, a realidade é outra. Os rios, ao terem contato com o mercúrio do garimpo, se contaminam, causando diminuição e morte de peixes. As florestas, ao serem tomadas por áreas de pastagem, têm perda da biodiversidade e diminuição de alimentos, antes encontrados abundantemente”, exemplifica.

“O antagonismo entre modos de vida de grupos sociais distintos, junto à complexidade da situação política e socioambiental do País, gerou o cenário atual dessa população.”

Papel dos cientistas e das universidades

Para da Silva Nunes, uma mudança de cenário é complexa e envolve diversos atores da sociedade. “Cada etnia, em cada região geográfica, tem a sua especificidade e que requer intervenções diferenciadas, ao invés de uma solução única.”

No que tange às universidades, é importante uma atuação proativa em questões humanitárias, que envolvem Educação, Saúde e Ambiente.

Ações como o Vestibular Indígena da UFSCar, unificado em 2023 com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), são um exemplo de inclusão. Na UFSCar, há hoje mais de 400 estudantes de 51 diferentes povos indígenas matriculados nos cursos de graduação. Frequentemente, as pró-reitorias de Graduação (ProGrad) e de Assuntos Comunitários e Estudantis (ProACE) e a Secretaria Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (SAADE), em parceria com o Centro de Culturas Indígenas (CCI), realizam atividades de acolhimento a esses estudantes. Aliadas ao ensino, ações de pesquisa e extensão também são essenciais.

A docente segue com estudos na área, com estudante de graduação indígena recém-contemplado com bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica (Pibic). O projeto analisará justamente a desnutrição dos povos indígenas. Está previsto, para este ano de 2023, também projeto de extensão com o intuito de trazer, para diálogo, questões dos povos indígenas.

Ela também dá continuidade aos estudos sobre a relação entre ambiente e doenças na Amazônia. Em 2 de fevereiro, cientistas do Centro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (SinBiose), vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do qual da Silva Nunes faz parte, divulgou a criação da base de dados Trajetórias. Ela reúne indicadores ambientais, socioeconômicos e epidemiológicos referentes ao período de 2000 e 2017 para todos os 772 municípios de nove estados da região amazonense, conforme publicado em artigo na Nature Scientific Data.

“Nós, cientistas, temos como papel trazer o conhecimento às pessoas e ampliar as suas visões, além de produzir dados e análises que possam auxiliar na formulação de políticas públicas. Só assim será possível encontrar um equilíbrio entre grupos sociais tão antagônicos, para que esses grupos possam coexistir sem conflitos”, finaliza a professora.

Estudo da UFSCar investiga como transição de florestas para monocultura interfere no funcionamento de riachos tropicais

Artigo premiado indica que as teias tróficas são simplificadas nos locais mais impactados, potencialmente gerando instabilidade no fluxo de energia

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Estudo investigou impactos no funcionamento de riachos (Foto: Victor Saito/UFSCar)

Que impactos a transição de florestas para plantações de monoculturas causa no funcionamento de riachos tropicais? Essa foi a questão central de uma pesquisa de mestrado na área de Ciências Ambientais desenvolvida na UFSCar. O estudo verificou que as mudanças no uso do solo alteram a estrutura das comunidades biológicas, os organismos presentes, suas redes de interações, consequentemente, fragilizando o funcionamento dos fluxos de energia, que considera o potencial energético que todo organismo possui para ser usado por outro organismo.

A pesquisa foi desenvolvida por Giovanna Collyer, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCAm), sob orientação de Victor Satoru Saito, professor do Departamento de Ciências Ambientais (DCAm) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Collyer recebeu o prêmio Harald Sioli de melhor artigo do biênio 2021-2022 no Congresso Brasileiro de Limnologia (CBLimno), promovido pela Associação Brasileira de Limnologia (ABLimno) entre 21 e 25 de novembro de 2022. O prêmio Harald Sioli presta uma homenagem ao pesquisador alemão Harald Sioli, que atuou no Brasil e se tornou referência em estudos de Ecologia Aquática. 

A pesquisa de mestrado teve como objetivo estudar as comunidades de invertebrados aquáticos em riachos no estado de São Paulo, com o foco no gradiente de mudança de uso do solo, indo de florestas bem preservadas até riachos dentro de plantações de cana-de-açúcar. “Especificamente, analisamos o tamanho corpóreo dos organismos, considerando que em teias tróficas [cadeias alimentares], os organismos maiores se alimentam dos organismos menores; então, compreender quantos e quais os tamanhos dos organismos nos possibilita entender o funcionamento dessas teias tróficas”, explica o professor da UFSCar. “Muitos desses organismos atuam no fluxo de energia e matéria, dentro e entre ecossistemas, processando a matéria orgânica que adentra os riachos e exportando energia para ecossistemas terrestres também (por exemplo, insetos que emergem dos riachos e servem de alimento para aves)”, complementa o docente.

A partir dessa análise, o artigo mostra dois principais resultados interligados. O primeiro é que existe uma perda de diversidade nos riachos de monocultura, ou seja, menos espécies são encontradas. O segundo mostra que essas comunidades simplificadas (menos diversas) são compostas por uma teia trófica com menor quantidade de organismos grandes, predadores de topo. “Esses resultados sugerem que as teias tróficas são simplificadas nos locais mais impactados, potencialmente gerando instabilidade no fluxo de energia. Imagine que uma rede trófica é uma malha de blusa. Em uma malha complexa, a retirada de um fio da blusa não impacta a estrutura da roupa, mas em uma blusa feita por poucas linhas interligadas, a retirada de uma só linha pode colapsar a roupa toda! É dessa forma que vemos fragilizada a rede trófica em locais impactados. Por serem menos diversas, o fluxo de energia deve ser mais instável, o que pode ocasionar em menos predadores de topo, que dependem do fluxo de toda a rede para receberem energia”, elucida Saito.

Para o docente da UFSCar, são muitos os estudos sobre impactos da intensificação do uso do solo, porém não houve investigações à luz da estrutura de tamanho dos organismos das comunidades, o que elucida processos importantes de transferência de energia nesses sistemas. Para ele, o aspecto que mais chamou a atenção dos pesquisadores “foi o fato de que o padrão de mudança na estrutura de tamanho é bastante claro ao longo do gradiente, fortalecendo bastante a ideia de utilizar a estrutura de tamanho como uma fonte interessante de informação sobre o funcionamento energético do sistema”.

O trabalho de mestrado foi desenvolvido em São Paulo, onde a monocultura prevalente é a cana-de-açucar. “O artigo foi desenvolvido no Brasil, porém as implicações não se restringem ao Brasil em especifico. Acreditamos que as generalidades encontradas sejam abrangentes para sistemas aquáticos sob a influência da intensificação do uso do solo”, conta o orientador do estudo.

 Mestrado e artigo

O artigo intitulado “Land-use intensification systematically alters the size structure of aquatic communities in the neotropics” (“A intensificação do uso do solo altera sistematicamente a estrutura de tamanho das comunidades aquáticas nos Neotrópicos”) tem autoria de Giovanna Collyer, Daniel M. Perkins, Danielle K. Petsch, Tadeu Siqueira e Victor Saito. O prêmio Harald Sioli é dado ao artigo submetido ou publicado em 2022; o artigo premiado foi submetido e está na segunda rodada de revisões.

O mestrado de Giovanna Collyer foi desenvolvido entre abril de 2021 e abril de 2022. Nesse período, a aluna foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), mas conquistou também uma bolsa do Ministério da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia (MEXT), do Japão, motivando a aluna a completar o seu mestrado em menos tempo. “Foi a defesa mais rápida do Programa e imagino que uma das mais rápidas da UFSCar”, ressalta o orientador. 

O material biológico utilizado no trabalho foi coletado dentro de um projeto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), coordenado pelo professor Tadeu Siqueira – na época docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), atualmente na Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia. “Como a pesquisa foi desenvolvida durante a pandemia, tivemos um grande desafio de fazer um trabalho de ecologia, sem chances de ir para campo. No fim, decidimos por utilizar um material já coletado, reaproveitando o investimento feito no projeto original. Entendo que foi uma forma criativa e produtiva de desenvolver um mestrado durante o pico da pandemia”, explica Saito.

Mais informações podem ser solicitadas com o professor e orientador da pesquisa, Victor Saito, pelo e-mail victor.saito@gmail.com.

Pesquisa desenvolve métodos estatísticos para descrever tendências a partir de dados genéticos

Cientista da UFSCar recebeu Prêmio L’Óreal Para Mulheres na Ciência

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(Imagem: Divulgação)

Daiane Zuanetti, docente no Departamento de Estatística (DEs) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é uma das sete pesquisadoras contempladas com a premiação “Para Mulheres na Ciência”, iniciativa da L’Óreal Brasil em parceria com a Unesco e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Premiada na categoria Matemática, Zuanetti desenvolve projeto que propõe métodos estatísticos para descrever tendências e para fazer previsões a partir de dados genéticos.

“Por quais motivos células doentes são diferentes das saudáveis? Qual o padrão de comportamento de cada uma delas? São essas respostas que buscamos para, assim, identificar fatores genéticos que determinam o aparecimento ou fatores de risco para uma doença, possibilitando prevenção”, exemplifica.

O projeto se diferencia por desenvolver análises de sequências de RNA encontradas em células únicas – ou seja, investigadas individualmente, e não em massa, como é comum em modelos estatísticos já existentes. “Isso torna a pesquisa mais precisa. Além disso, os métodos estão sendo desenvolvidos em softwares modernos e, assim, mais eficientes”, reforça.

Esses métodos estatísticos poderão colaborar em pesquisas em saúde humana e animal, bem como em melhoramento genético de plantas.

Após a elaboração e a validação dos métodos, a ideia é torná-los públicos para que cientistas de várias áreas consigam acessá-los e aplicá-los à sua realidade, identificando, portanto, padrões e tendências.

Em sua 17ª edição, o Prêmio “Para Mulheres na Ciência” visa apoiar pesquisas acadêmicas feitas por mulheres, incentivando a participação feminina e o equilíbrio de gêneros no cenário científico brasileiro.

As cientistas premiadas em “Para Mulheres na Ciência” recebem R$ 50 mil para serem investidos em seus projetos. No caso de Zuanetti, a verba será essencial para o andamento das pesquisas em seu laboratório. “O intuito é adquirir computadores com alta capacidade de processamento, para conseguirmos, enfim, realizar simulações com grande quantidade de dados”, finaliza.

Confira todas as mulheres contempladas em https://twitter.com/mulhernaciencia.

Pesquisadores da UFSCar e da UFMT desenvolvem composto que inibe bactérias causadoras de doenças de pele

Tecnologia patenteada pode ter aplicação em gotas, spray, pó, pomada ou cápsulas

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Uma invenção desenvolvida por pesquisadores das universidades federais de São Carlos (UFSCar) e do Mato Grosso (UFMT) reúne elementos químicos que, combinados, se mostram eficazes para combater bactérias como as da espécie Staphylococcus aureus, causadoras de doenças de pele e com cepas cada vez mais resistentes. Também foi observada eficácia no combate à Escherichia coli, potencialmente ocasionadora de doenças gastrointestinais, e Candida albicans, fungo leveduriforme, causador de candidíase.

O método foi registrado como patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com o apoio da Agência de Inovação (AIn) da UFSCar, e é inédito para este tipo de uso.

A inovação foi desenvolvida por Cristina Paiva de Sousa, docente no Departamento de Morfologia e Patologia (DMP) da UFSCar e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Universidade; Bianca Soriano, doutora pelo PPGBiotec; Genoveva Flores Luna, doutora em Biotecnologia, também pela UFSCar; e Thiago Andrade de Toledo, pesquisador de pós-doutorado na UFMT.

O diferencial e a inovação no trabalho dizem respeito à realização de um processo químico envolvendo bases de Schiff e íons metálicos de cobre ou cobalto. As bases de Schiff são compostos orgânicos cujo uso na indústria farmacêutica é interessante pelo baixo grau de toxicidade para as células humanas. “Estudos apontam que as bases de Schiff, ao interagirem com metais, têm potencial antimicrobiano, com interessantes propriedades físicas, químicas e biológicas. Isto possibilita uma vasta gama de aplicações biotecnológicas e industriais, inclusive para potencializar a inibição de doenças”, explica Sousa.

Assim, os pesquisadores resolveram “juntá-la” com cobre ou cobalto, por meio de uma reação de síntese. A reação envolve diversas etapas, como testes de microbiologia, definição de temperatura adequada, quantidade específica de cada elemento, bem como testes de citotoxicidade.

“Nós estudamos as propriedades de cada substância, caracterizando-as e em seguida realizando o processo de síntese. Com isso, chegamos no produto antimicrobiano, útil para tratar doenças de pele causadas por bactérias que estão cada vez mais resistentes, ao mesmo tempo em que não causa danos às células humanas”, relata a docente da UFSCar.

A tecnologia tem potencial aplicação de diversas formas: gotas, spray, pó, pomada ou cápsulas, o que facilita o seu uso na indústria farmacêutica.

Os testes foram feitos em escala laboratorial e a tecnologia está disponível para comercialização. Empresas interessadas podem entrar em contato com a Agência de Inovação da UFSCar, pelo e-mail inovacao@ufscar.br.

Projeto da UFSCar publica e-book que reúne reflexão e arte a partir de festivais culturais durante a pandemia

Publicação é gratuita e tem acesso livre a todo o público na internet

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“Arte porque é pandemia: cultivando cuidados criativos por meio de festivais remotos”: esse é o título de obra lançada recentemente que reúne as reflexões e as obras de arte produzidas por diversas pessoas e apresentadas nos Festivais Culturais remotos CutlivAR-TE e Uni-Diversa, realizados durante a pandemia por um grupo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com apoio do InformaSUS-UFSCar. 

Os festivais foram realizados em 2021 e tiveram como objetivo mostrar a importância da arte em um momento de mudanças na vida cotidiana, assim como vem ocorrendo na pandemia da Covid-19. Os eventos também abriram espaço para a reflexão sobre o papel da arte em momentos de crise para repensar quem somos, que presente estamos oferecendo e como podemos construir futuros possíveis.

Diversas formas de expressão da arte foram expostas durante os festivais e, junto de importantes reflexões, estão reunidas na obra atual, que pode acessada no site da Comissão Permanente de Publicações Oficiais e Institucionais (CPOI) da UFSCar [Aqui!]

As autoras da publicação são Carla Silva, docente do Departamento de Terapia Ocupacional (DTO) da UFSCar; Alice Bispo Fernandes de Andrade, graduanda em Terapia Ocupacional da Universidade; Helena Zoneti Rodrigues, graduanda em Filosofia da UFSCar; e Larissa Campagna Martini, docente do Departamento de Medicina (DMed) da Instituição. O acesso ao material é gratuito e o download pode ser feito [Aqui!].  

Pesquisa indica estratégia para produção de vacinas de maior eficácia

Com participação de cientista da UFSCar, artigo publicado na Nature indica que geometria de nanopartículas afeta resposta imune a vacinas

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Pesquisador da UFSCar coordena etapa de investigação teórica e modelagem (Imagem: André Moura)

Para desencadear a resposta imune que nos protege em infecções futuras, vacinas carregam, além do antígeno – vírus inativados ou partes dele, dentre outras estratégias –, os chamados adjuvantes, compostos que ajudam na ativação do sistema imune. Artigo publicado ontem (19/1) na Nature, com participação de cientistas brasileiros, mostra que a atenção a um atributo geométrico de nanopartículas usadas como adjuvantes, a quiralidade, pode resultar em vacinas mais eficazes.

A quiralidade define um objeto – ou molécula – com tal distribuição espacial que não pode ser sobreposto à sua imagem refletida em um espelho. Macroscopicamente, um exemplo conhecido são as nossas mãos direita e esquerda. Microscopicamente, podemos dizer que a vida é quiral, pois moléculas essenciais como aminoácidos e açúcares apresentam quiralidade.

Assim como, ao cumprimentarmos alguém, o encaixe é melhor entre mãos direitas (ou esquerdas), a interação de uma molécula biológica com compostos com orientação à esquerda ou à direita acontece de formas distintas, sendo mais precisa se há encaixe entre elas, ou seja, se ambas têm, por exemplo, orientação à esquerda (ou, mais precisamente, são enantiômeros à esquerda, nome dado aos isômeros das moléculas quirais).

Por isso, a quiralidade pode resultar em diferentes propriedades e, importante no caso de materiais usados nas vacinas, em respostas biológicas distintas. O encaixe, no entanto, não significa, necessariamente, algo bom, como a capacidade de prevenção ou tratamento de doenças, podendo também levar a algo que é tóxico ou venenoso.

Um exemplo famoso é a talidomida, fármaco usado para tratar náuseas em gestantes que, na década de 1960, descobriu-se causar má formação nos fetos. No medicamento, enquanto um dos enantiômeros tem o efeito terapêutico, o outro causa os problemas no desenvolvimento fetal. Como, neste caso, não é possível manter apenas um dos enantiômeros, não existe possibilidade de uso seguro da substância por gestantes.

Porém, no caso de nanomateriais, é possível obter a forma enantiopura estável, ou seja, composta apenas por um dos enantiômeros.

Na pesquisa relatada na Nature, o objetivo foi justamente comparar nanomateriais quirais – enantiômeros à esquerda e à direita – e seu correspondente aquiral (simétrico) no que diz respeito à resposta do sistema imune. Para tanto, foram usadas nanopartículas de ouro. Em estudos in vitro (com células de origem animal) e in vivo (em animais – camundongos – vivos), os resultados mostraram maior eficácia na ativação da resposta imune nas nanopartículas orientadas à esquerda.

Para a realização do estudo, o primeiro passo foi a preparação das nanopartículas com os atributos desejados – aquiral, quiral à esquerda e quiral à direita –, induzindo a quiralidade desejada por meio de uma combinação de peptídeos e luz circularmente polarizada, que é uma forma quiral de luz. Depois, o estudo in vitro consistiu na incubação dessas partículas junto a células do sistema imune, com acompanhamento de diversas respostas, como a velocidade de entrada das nanopartículas nessas células; a expressão, pelas células, de marcadores bioquímicos associados à ativação da resposta imune; dentre outros parâmetros. In vivo, as medidas confirmaram os resultados encontrados nas células e, para testar as respostas no nível sistêmico, os pesquisadores usaram as nanopartículas como adjuvantes em vacinas contra uma cepa do vírus influenza (H9N2) aplicadas nos camundongos.

Em todos os experimentos, a resposta gerada pelos enantiômeros à esquerda foi ampliada em relação aos enantiômeros à direita e às partículas aquirais. Além dessa constatação, os pesquisadores também investigaram e descrevem no artigo os mecanismos biológicos que podem explicar essas diferenças. Segundo os responsáveis, a descoberta abre caminho para o uso dessas nanoestruturas produzidas com controle de sua quiralidade na produção de respostas imunes sob medida. Além disso, alertam para a importância da parametrização da quiralidade em estudos biomédicos e toxicológicos, já que enantiômeros distintos de um mesmo princípio ativo podem ter impactos muito distintos sobre os organismos vivos.

“As pessoas podem se perguntar por que não realizamos o estudo pensando na COVID-19, ou mesmo com a cepa de influenza que circula atualmente. No entanto, a pesquisa começou muito antes da pandemia, e é importante lembrar que as vacinas contra a Covid só puderam ser produzidas tão rapidamente porque o conhecimento aplicado veio sendo produzido nas últimas décadas”, situa André Farias de Moura, docente no Departamento de Química (DQ) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que é um dos autores do artigo. “Temos agora um primeiro passo dado, uma prova de conceito, e sabemos que podemos seguir nessa direção”, complementa Moura, vinculado também ao Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF).

O trabalho é mais um capítulo na parceria de Moura com o grupo de pesquisa coordenado por Nicholas A. Kotov, na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e com o grupo de Chuanlai Xu, na Universidade de Jiangnan, na China. Além deles, assinam o artigo outros pesquisadores da Universidade de Michigan; parceiros na Universidade de Jiangnan; e os brasileiros Felipe M. Colombari, Weverson R. Gomes e Asdrubal L. Blanco, todos eles egressos do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) da UFSCar.

A parte experimental da pesquisa acontece nos laboratórios parceiros. Na UFSCar, Moura coordena a etapa de investigação teórica e modelagem e simulação computacional, que ajuda a compreender os mecanismos por trás dos resultados encontrados empiricamente.

No Brasil, a pesquisa teve financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além de bolsa do Programa de Educação Tutorial (PET) do Ministério da Educação. Contou também com o uso de recursos de computação científica de alto desempenho do Laboratório Nacional de Computação Científica (supercomputador Santos Dumont) e da Cloud@UFSCar.

O artigo publicado na Nature é intitulado “Enantiomer-dependent immunological response to chiral nanoparticles” e já está disponível no site da revista (Aqui!).

Confira também vídeo com Moura produzido pelo Laboratório Aberto de Interatividade (LAbI) da UFSCar (em https://www.youtube.com/watch?v=nsGzCFqX5ak).

UFSCAR promove palestra online sobre plágio acadêmico

Evento acontece no dia 25 de novembro, às 14h30 e o acesso será gratuito

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No próximo dia 25 de novembro, dando continuidade à série de lives que abordam as necessidades atuais das bibliotecas universitárias e da comunidade acadêmica, o Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) e as pró-reitorias de Graduação (ProGrad), de Pesquisa (ProPq) e de Pós-Graduação (ProPG) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) promovem a palestra virtual intitulada “Plágio acadêmico: identificação, prevenção e consequências”.

O tema interessa especialmente a estudantes e professores envolvidos com a escrita científica de trabalhos de conclusão de curso (TCCs), dissertações, teses e artigos. De acordo com os organizadores do evento, “uma compreensão simplista sobre o plágio o reduz à prática de copiar e colar. Entretanto, esse é o tipo mais elementar, entre sete variações. Por desconhecimento, muitas pessoas acabam envolvidas na prática do plágio sem saber”.

Durante a palestra, serão apresentados esses tipos de plágio e as técnicas disponíveis para evitar que eles ocorram. O palestrante convidado é Marcelo Krokoscz, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP) e do Centro Universitário da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap). Especialista na temática do plágio, é autor dos livros “Autoria e plágio: um guia para estudantes, professores, pesquisadores e editores” e “Outras palavras sobre autoria e plágio”. É o criador e editor do site www.plagio.net.br e do canal Marcelo.Krokoscz no YouTube pelo qual divulga vídeos instrutivos sobre plágio acadêmico.

A mediação será feita pela bibliotecária Isadora Victorino Evangelista, que atua no Campus Lagoa do Sino da UFSCar. As inscrições gratuitas devem ser feitas com o preenchimento deste formulário online (https://bit.ly/3D5t3cW) e haverá emissão de certificado aos participantes. A palestra acontece a partir das 14h30, pelo canal do SIBi no YouTube (https://bit.ly/3D7hTnT).