Livro de Yamê Reis revela como o agronegócio do algodão se apropriou do discurso da sustentabilidade para se esverdejar

Acabo de receber de forma de um gentil presente de sua autora, Yamê Reis, o livro intitulado “O agronegócio do algodão” que foi publicado pela editora “Livros Ilimitados”. O trabalho aborda de forma meticulosa a produção do algodão em grandes áreas de monocultura no Brasil, e as implicações socioambientais que cercam o avanço desta cultura sobre áreas anteriormente ocupados pelo Cerrado, incluindo o uso intensivo de agrotóxicos.

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Um aspecto que merece atenção do trabalho de Yamê Reis tem a ver com a análise que ela faz sobre a apropriação do discurso da sustentabilidade pelo agronegócio cotonicultor para, em que pesem todas as agressões ambientais que acompanharam a transformação do Brasil em um dos maiores produtores mundiais de algodão, formar uma imagem relativamente benigna. Essa imagem supostamente benigna seria então utilizada para isentar as grandes marcas de vestuário para também se apropriar do discurso da sustentabilidade.

Entretanto, com dados empíricos e com uma análise teórica bem definida, o que Yamê Reis demonstra é que a supostamente adesão ao conceito de sustentabilidade por parte do setor cotonicultor não resiste a um exame mínimo das práticas que poderiam ser consideradas como sustentáveis, a começar pelo compromisso de que o monocultivo de algodão não seja causador de desmatamento de vegetação nativa, como no caso do Cerrado.

É interessante notar que este livro é fruto do trabalho que Yamê Reis desenvolveu no âmbito de Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Política do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), onde a autora concluiu sua dissertação de mestrado. Yamê Reis também é uma das fundadoras do “Rio Ethical Fashion que, inclusive, terá sua terceira edição em 2022, para discutir o estabelecimento de formas mais éticas de convívio com a Terra e as pessoas.

Quem desejar adquirir uma cópia do “Agronegócio do algodão”, basta clicar [Aqui!].