Famílias estão acampadas desde ontem (Foto: Carlos Emir)
Indignados com o não pagamento das indenizações pelas desapropriações de terras de algumas regiões do Açu, 5º distrito de São João da Barra, um grupo de agricultores está desde a tarde de quarta-feira (02) acampado numa propriedade rural, cuja área está sob administração da Prumo Logística Global, empresa responsável pelo Complexo Portuário do Açu, daquela localidade.
As terras foram desapropriadas há cinco anos pela Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin/RJ) e, segundo os produtores, além de não terem recebido um centavo, uma das empresas controlada pela Prumo e, que, seria detentora de boa parte das terras no Açu, estaria impedindo que os proprietários deixassem o gado nas terras em litígio, por falta de local para o juízo enviar os animais, pois com as desapropriações, os currais teriam sido destruídos.
Hoje cedo, O Diário esteve no local e conversou com alguns lavradores. Eles reivindicam o pagamento das indenizações pela saída das terras, ou a permissão para voltar às propriedades. “Não queremos promessas mentirosas e, sim, o que é nosso por direito. Somos trabalhadores honestos e não aceitaremos mais humilhações. Ninguém aqui é invasor. Os invasores são eles (empresa). Vamos ficar aqui até que solucionem nosso problema. Ou paga, ou devolve!”, disse José Roberto de Almeida, 53 anos, morador da localidade de Água Preta.
Agricultores pedem indenização por desapropriação de terras (Foto: Carlos Emir)
Confira nota do MST sobre o acidente de avião do prefeito Genil Mata da Cruz
Após uma hora de rasantes sobre as famílias Sem Terra, avião em que Gentil estava caiu próximo ao acampamento, no município de Tumiritinga (MG)
Da Página do MST
Ao longo da tarde desta terça-feira (14), dois aviões atacaram o acampamento montado por cerca de 200 famílias Sem Terra na Fazenda Casa Branca, no município de Tumiritinga (MG).
Segundo o relato dos Sem Terra, durante uma hora os aviões deram rasantes sobre o acampamento e soltaram rojões sobre as famílias acampadas. Um dos aviões acabou caindo numa área próxima ao acampamento. Ainda não se sabe os motivos reais da queda. Uma das pessoas que estava na aeronave era o prefeito do município Central de Minas, Genil Mata da Cruz, que também se dizia dono da propriedade.
Os trabalhadores rurais ocuparam a fazenda de 420 alqueires no último dia 5 de julho. A área, considerada improdutiva, pertencia à empresa Fíbria, mas foi adquirida por Genil Mata da Cruz.
No entanto, o suposto proprietário disse não possuir nenhum documento relativo à propriedade do imóvel, o que o impossibilita de solicitar a reintegração de posse. Segundo relatos dos Sem Terra, ao não poder despejar as famílias, Genil da Cruz disse que resolveria a situação à sua maneira.
Esta não é a primeira vez que as famílias acampadas na área sofrem ataques.
Na madruga da última sexta-feira (10), cerca de 12 pistoleiros em dois veículos invadiram o acampamento e soltaram fogos de artifício contra as barracas. Uma pessoa foi atingida e sofreu pequenas queimaduras no corpo.
Dois tratores blindados acompanhavam a ação. Durante a fuga, um dos tratores atolou e foi deixado para trás.
Nos dias anteriores, rondas noturnas já estavam sendo feitas na área. Diante das ameaças, os Sem Terra fizeram um boletim de ocorrência na delegacia local.
Durante a fuga um dos tratores que acompanhava a ação atolou e foi deixado para trásQuem é Genil Mata da Cruz?
Além de ser prefeito da cidade Central de Minas, Gentil Mata da Cruz é dono de uma das maiores redes de posto de combustível na região, a Rede Gentil.
Seu currículo, entretanto, é repleto de acusações. Em 2013, o prefeito foi acusado de tráfico de combustível. Em 2006, Gentil também foi suspeito de envolvimento com o tráfico internacional de pessoas. Na época, a Polícia Federal investigou a participação do empresário no financiamento de viagens a brasileiros para entrar ilegalmente nos Estados Unidos.
Em 2001, o prefeito foi denunciado criminalmente pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) por ter construído um posto de gasolina sem licença ou autorização do órgão ambiental competente, e desobedecer o Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER).
Abaixo, segue a nota da direção estadual do MST
Na madrugada do dia 5 de julho de 2015, 300 famílias da região do Vale do Rio Doce ocuparam a fazenda Casa Branca, no município de Tumiritinga – MG, à 50 Km de Gov. Valadares, região leste do estado.
A Fazenda, com aproximadamente 1.500 hectares, pertence à empresa Fíbria Celulose. Após a ocupação compareceu a fazenda o Sr. Genil Mata da Cruz, prefeito de Central de Minas e proprietário da Rede de Posto de Combustíveis Gentil, alegando que está negociando a compra da fazenda junto a Fíbria e reivindicando a posse da área. Na ocasião, a Polícia Militar estava presente e orientou o Sr. Genil a reivindicar seu direito de posse junto à justiça.
No dia 9 de Julho, ao final da tarde, fomos informados de que o então suposto proprietário estava disposto a fazer, ele mesmo, o despejo das famílias, uma vez que ele não poderia recorrer à justiça pelo fato de não possuir nenhum documento da área. Nessa mesma tarde, caminhões foram à fazenda e retiraram duas famílias de funcionários que moravam na área. Na madrugada do dia 10, as famílias foram surpreendidas com cerca de 12 pistoleiros, dois veículos e dois tratores. Os pistoleiros efetuaram vários disparos de balas e foguetes sobre as famílias acampadas. Os tratores foram blindados, preparados para guerra.
As famílias conseguiram pedir socorro policial e os pistoleiros, ao perceberem a aproximação da polícia fugiram. Na fuga um trator caiu em uma vala.
No dia 11 último, representantes do governo do Estado de Minas, através da mesa de conflitos agrários, e o superintendente regional do INCRA-MG, preocupados com a situação de conflitos e tensão, estiveram na região e se reuniram com o suposto proprietário, com a Polícia Militar e com a Coordenação dos Trabalhadores Sem Terra. Foi o início de um importante diálogo, onde poderia culminar em uma negociação. Porém, na segunda-feira (13) recomeçaram os boatos de que o fazendeiro iria realizar o despejo.
Na tarde desta terça-feira (14), por volta das 16h, o fazendeiro começou a cumprir a promessa. Dois aviões começaram sobrevoar o acampamento efetuando disparos sobre as centenas de pessoas acampadas, entre elas mulheres, jovens, crianças e idosos. As famílias viveram momentos de terror. Em meios aos ataques um avião caiu e pegou fogo. A informação é que duas pessoas morreram carbonizadas.
Não sabemos as circunstâncias de tal acidente e nem quem são as vítimas. Isso cabe as autoridades investigar. O que nós do MST temos feito é nos colocar a disposição para o diálogo para fazer avançar a Reforma Agrária, mesmo que esta esteja praticamente paralisada. Essa disposição nunca nos faltará, mesmo com vários tipos de violência que temos sofrido, como o massacre de Felizburgo, Eldorado dos Carajás, entre outros.
Em colaboração com o meu ex-orientando Diego Carvalhar Belo, hoje doutorando do Programa de Sociologia e Política da UENF, acabo de publicar o artigo “Acampamentos do MST e sua importância na formação da identidade do Sem Terra” que usa a experiência de acampamentos transformados em assentamentos de reforma agrária no Norte Fluminense para refletir sobre a experiência de ser acampado do MST no desenvolvimento de uma nova forma de consciência política.
O artigo foi publicado pela Revista NERA, criada em 1998, é uma publicação do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (NERA), vinculado ao Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Presidente Prudente. Quem quiser acessar o artigo gratuitamente basta clicar Aqui!
Se os membros da reitoria da UENF pensavam que o fim da greve de fome promovida pelos estudantes Luiz Alberto Araujo da Silva e Gustavo Frare do Valle significaria o fim dos seus problemas, melhor que pensem de novo! É que eu acabo de ser informado que os estudantes organizados do Diretório Central dos Estudantes da UENF decidiu manter o acampamento criado para suporte aos dois grevistas de fome por tempo indeterminado. Segundo um dos presentes no acampamento, a falta de sinalização para a solução dos graves problemas de moradia que afetam hoje centenas de estudantes enfrentam hoje não foi bem aceita, motivando assim a permanência da ocupação do pátio da reitoria.
Segundo o que me foi dito, os estudantes acampados estão necessitando doações de alimentos e água para poderem manter a ocupação e estão aceitando doações.
Em minha modesta opinião, os potenciais beneficiários de mais essa empreitada, que são os próprios estudantes, deveriam apoiar de forma decisiva a ação do seu DCE.