A sopra transnacional de letrinhas que tomou conta dos escombros do Império “X”

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A Bloomberg fez hoje uma matéria sobre a venda do Porto Sudeste pelo grupo do ex-bilionário Eike Batista para as corporações Trafigura Beheer BV e Mubadala Development Co. pela bagatela de 400 milhões de dólares (Aqui!).  Mas a Bloomberg também nota que essas duas corporações vem se juntar a outro conjunto de empresas estrangeiras (EON SE, a EIG Global Energy Partners LLC e a Acron AG ) que já tinham se aproveitado da desgraça de Eike para comprar fatias do seu império combalido. E eu aproveito e acrescento: por preços para lá de generosos.

A questão que está sendo relegada ao segundo plano por diferentes analistas é justamente essa faceta de desnacionalização da economia brasileira em áreas estratégicas e que se dá sob os olhos complacentes do governo Dilma Rousseff. O significado estratégico dessa desnacionalização não se prende ao fato de que Eike Batista construiu seu império de empresas pré-operacionais com empréstimos baratos do BNDES. Isso é apenas mais detalhe numa equação mais complexa. O central é que dada a política do neodesenvolvimentismo engendrada pelo governo Lula,  a economia brasileira se encontra hoje profundamente dependente do comportamento do mercado de commodities. Assim, o controle da extração e escoamento dessas commodities é um elemento chave.  Como Eike Batista concentrou algumas áreas chaves, e que agora estão sendo passadas para corporações estrangeiras.

Isto tudo posto junto significa que o aumento do controle estrangeiro sobre o que restou do Império “X” vai muito além da receita ditada pelo governo Dilma de que o mercado seria a saída. Essa postura que foi enunciada pelo ministro da Fazenda Guido Mantega escancara uma postura anti-nacional que cedo ou tarde (talvez mais cedo do que tarde) ainda irá render ao Brasil uma grossa dor-de-cabeça.

E lá se vai mais um anel de Eike Batista: agora foi a vez do Hotel Glória

A via crucis de Eike Batista para se livrar de seus empreendimentos inconclusos alcançou mais um prego com a venda do Hotel Glória ao fundo suiço Acron por uma verdadeira bagatela, apenas R$ 200 milhões. Eu digo bagatela porque, com a valorização imobiliária (alguns como o economista Shiller chegam a dizer que é uma bolha), o Hotel Glória já deve valer mais do que isso faz tempo.

Com essa venda vai-se embora mais um anel das mãos de Eike Batista que corre agora o risco de ter que começar a entregar os dedos. É que segundo a Bloomberg, Eike é hoje um bilionário negativo (isto é, deve bilhões). Para complicar ainda mais, Eike já vendeu quase tudo. Periga virar cicerone das corporações estrangeiras para quem está vendendo suas empresas. Aliás, isto ele já até andou ensaiando no Porto do Açu na semana que passou.

Eike vende Hotel Glória, no Rio, por R$ 200 milhões

RAQUEL LANDIM, DE SÃO PAULO

O empresário Eike Batista vendeu o tradicional Hotel Glória, no Rio de Janeiro, para o fundo suíço Acron. O valor da transação é de cerca de R$ 200 milhões, conforme apurou a Folha. A compra foi fechada neste sábado (1°).

O Acron é um fundo suíço especializado em investimentos imobiliários, principalmente hotéis. Em 30 anos de existência, já adquiriu 46 propriedades.

A compra do Hotel Glória é o seu primeiro negócio no Brasil, embora já tenha uma subsidiária no país. Procurados pela Folha, o grupo EBX e o Acron não se pronunciaram.

Ainda não sabe quem vai administrar o hotel. Os suíços agora estão negociando com diversas bandeiras de redes hoteleiras.

Eike deve utilizar o dinheiro para pagar dívidas. O empresário, que já foi um dos homens mais ricos do mundo, enfrenta uma grave crise e está vendendo seu império aos pedaços.

  Ana Carolina Fernandes-31.jan.2013/Folhapress  
Obras de reforma do Hotel Glória, no Rio
Obras de reforma do Hotel Glória, no Rio

REFORMA

O Hotel Glória foi adquirido em 2008 pela REX, braço imobiliário do grupo EBX, por R$ 80 milhões. Eike comprou o empreendimento como mais um dos seus “mega projetos” de revitalização no Rio de Janeiro.

O empresário iniciou uma reforma gigantesca e mandou demolir toda a parte interna do edifício, preservando apenas a fachada. O Glória é um dos mais conhecidos hotéis do Rio e já hospedou presidentes e celebridades.

A reforma contou com um financiamento de R$ 190 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), dos quais foram liberados R$ 50 milhões. A meta inicial era terminar a reforma antes da Copa do Mundo, que acontece em julho deste ano.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/02/1406226-eike-vende-hotel-gloria-no-rio-a-fundo-suico-diz-jornal.shtml