Vitorioso, Yanis Varoufakis deixa governo grego

Por Redação

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Leia carta de renúncia, na qual ele sustenta: “quem é de esquerda não pode se apegar a cargos”

Por Yanis Varoufakis, em seu blog | Tradução Vila Vudu

O referendum de 5 de julho ficará na história como momento raro, quando uma pequena nação europeia levantou-se contra a servidão da dívida.

Como todas as lutas por direitos democráticos, também essa rejeição histórica ao ultimatum que o Eurogrupo nos fez dia 25 de junho arrasta com ela uma etiqueta de alto preço. É pois essencial que o grande capital político que foi outorgado ao nosso governo pela esplêndida votação que o NÃO recebeu seja imediatamente investido num SIM às correspondentes coragem e decisão – para um acordo que envolva reestruturação da dívida, menos austeridade, redistribuição a favor dos mais necessitados e reformas reais.

Imediatamente depois do anúncio dos resultados do referendum, fui informado de uma preferência, de alguns participantes do Eurogrupo e de variados “parceiros”, que apreciariam minha… “ausência” de futuras reuniões; ideia que o primeiro-ministro considerou potencialmente útil para que ele alcance algum acordo. Por essa razão, estou deixando o Ministério das Finanças hoje.

Considero meu dever ajudar Alexis Tsipras a explorar, como melhor lhe pareça, o capital que o povo grego nos assegurou, mediante o referendum de ontem.

E a ira dos credores é trunfo que ostento com orgulho.

Nós da Esquerda sabemos como atuar coletivamente, sem interesse pelos privilégios do poder. Apoiarei firme e integralmente o primeiro-ministro Tsipras, o novo ministro das Finanças e o nosso governo.

O esforço sobre-humano para honrar o bravo povo da Grécia e o famoso OXI (Não) que os gregos avalizaram para todos os democratas em todo o mundo, está só começando.

FONTE: http://outraspalavras.net/blog/2015/07/06/vitorioso-varoufakis-deixa-governo-grego/

Esqueçam a Lava Jato. A crise grega expõe a maior corrupção de todas, a dos juros da dívida pública

Enquanto no Brasil os jornalecos da mídia corporativa continuam a ladrar o caso café pequeno da corrupção na Petrobras, o mundo financeiro global amanheceu hoje sob o impacto do referendo grego num processo que pode ser pior do que a crise das hipotecas de 2008.

O mérito do governo grego, além de expor a tirania da Troika, é de expor a indústria da dívida pública que é a principal fonte de corrupção no planeta. Ao balançar a árvore do pagamento da dívida, Alexis Tsipras também expõe a íntima ligação entre as escorchantes taxas de juros que alimentam a indústria da dívida pública com a especulação nas bolsas de valores. É exatamente por isso que nesta segunda-feira (29/06), os principais veículos da mídia corporativa mundial estão gastando baldes de tinta com o tombo das bolsas mundiais.

E, ai me desculpem os que vivem fixados no varejo da Lava Jato, o que parecia ruim até ontem, vai parecer paraíso a partir de hoje.

Abaixo algumas das manchetes que estão anunciando o tsunami nas bolsas globais. A minha favorita é a primeira que vem do “The New York Time”: dívida grega pesa sobre os mercados globais.

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Syriza choca FMI e a Eurozona ao anunciar plebiscito sobre acordo da dívida

Ao fazer algo que parece básico em qualquer democracia, isto é, convocar um plebiscito para decidir sobre o novo plano de arrocho proposto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Central Europeu (BCE), o primeiro-ministro Alexis Tsipras conseguiu surpreender quem achava que ele tinha sido empurrado para um beco sem saída. Aliás, um beco onde a única saída seria cometer um estelionato eleitoral e trair o mandato que lhe foi outorgado pela população grega, que foi o de combater os implausíveis planos de austeridade que reduziram a Grécia a um estado de interminável coma financeiro.

As reações dos ministros da Fazenda e dos dirigentes da União Européia tem sido de completa fúria, visto que não aceitam que o povo da Grécia seja consultado sobre algo que governos gregos anteriores aceitaram passivamente, em que pesem os graves prejuízos causados ao país. Imaginem se o exemplo prospero e todos os povos europeus (a começar pelos espanhóis e portugueses) comecem a querer votar neste tipo de assunto!

Essa ação fulminante de Alexis Tsipras deveria servir de lição aos neopetistas que abraçam hoje os planos de austeridade do mesmo FMI que o Syriza rejeita. Como se vê, a saída não é o estelionato eleitoral ou, tampouco, a traição das bandeiras históricas. O caminho é apostar na resistência e na organização da juventude e dos trabalhadores.

Abaixo reações que estão hoje aparecendo na imprensa internacional sobre a decisão de Alexis Tsipras de promover o plebiscito, cinco dias após o prazo limite imposto pelo FMI e pelo BCE para a Grécia se ajoelhar e aceitar mais arrocho e cortes de direitos.

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Alexis Tsipras: FMI tem responsabilidade criminal sobre crise econômica grega

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Enquanto o governo de Dilma Rousseff continua estendendo o tapete vermelho para as medidas neoliberais ditadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras partiu definitivamente para o ataque contra a agência multilateral que comanda as finanças dos Estado-Nação em escala mundial (Aqui!).  

Em pronunciamento feito no dia de hoje ao parlamento grego, Tsipras afirmou que o FMI tem uma responsabilidade criminal sobre a crise da dívida grega, e que a União Européia deveria analisar as responsabilidades do fundo neste processo. Além disso, Tsipras afirmou que as medidas que o FMI visa impor à Grécia são parte de um plano político para humilhar o povo grego que já sofreu o suficiente nos últimos cinco anos de implementação da dura agenda neoliberal imposta pela troika. Em síntese, Tsipras afirmou que é chegada a hora das ações do FMI serem julgadas publicamente pela Europa.

Pode até ser que no final, Tsipras e o Syriza acabem aceitando algum tipo de acordo imposto pelo FMI para evitar a insolvência financeira da Grécia. Entretanto, este pronunciamento pelo menos mostra que já é passado o tempo, ao menos na Grécia, de que as imposições do FMI são tomadas de forma natural. Melhor para os gregos

Por último, o que mais me impressiona nisso tudo é a docilidade do governo Dilma Rousseff às determinações do ministro/banqueiro Joaquim Levy e sua ação preferencial pelos banqueiros. Mas será que eu ainda deveria me impressionar com alguma coisa feita por Dilma e o neoPT?