UENF: o puxadinho do CCH e algumas perguntas que não querem calar

O campus Leonel Brizola da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) tem sido palco da realização de várias obras no melhor estilo clássico do “puxadinho” desde que o ex-reitor Almy Junior assumiu o cargo de reitor no já distante ano de 2007. De lá para cá, muitas obras se arrastaram a custos quase sempre salgados, vide a obra do restaurante universitário que custou um número desconhecido de milhões, apesar de ser uma estrutura razoavelmente modesta.

Agora, nos estertores da gestão apagada do reitor Silvério Freitas, eis que uma obra é iniciada a preços razoavelmente módicos… “modestos”  R$714.410,70. É a obra do prédio anexo do prédio do Centro de Ciências do Homem que é mostrada nas imagens abaixo. Comparado com outras obras realizadas nos últimos anos, esse valor é uma verdadeira bagatela.

Agora, o que me deixa curioso na placa que apresenta os custos da obra são dois pequenos detalhes faltantes:  1) quando a obra será concluída, e 2) quem é o engenheiro responsável. Para o primeiro detalhe, corre a informação de que serão necessários aditivos para concluir a construção do anexo, visto que o montante atual seria suficiente. Ai é que eu pergunto: num período de verbas tão curtas, faz sentido começar uma obra sem previsão de término e com incertezas sobre os necessários aportes financeiros para que sua conclusão seja viabilizada? E será que a agência federal responsável por esse aporte inicial, a Finep, sabe disso?

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A UENF afundada no caos financeiro. Sem surpresa, a reitoria é 15!

Em tempos de eleições para o governo do Rio de Janeiro, que ocorrem num momento em que a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) passa uma situação financeira alarmante, há que se lembrar que o atual reitor da instituição, Silvério Freitas, e seu vice, Edson Correa, escolheram o número 15 para sua chapa nas eleições de 2011.

Coincidência? Não! A adoção do “15” foi uma sinalização clara de alinhamento e submissão ao (des) governo comandado por Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. Essa dobradinha foi aprofundada pela indicação do ex-reitor Almy Junior para presidir a Fundação Estadual do Norte Fluminense (FENORTE), fato que foi visto como uma vitória dessa unidade UENF-PMDB.

Agora que o (des) governo Pezão prende ativistas e a UENF afunda em grave crise financeira, me parece justo lembrar que a reitoria da UENF é “15”!

silverio e almy

Roberto Henriques e a FENORTE ou… a crônica de uma traição anunciada

Conheço o deputado estadual Roberto Henriques desde 1999 quando tivemos um contato inicial por causa de problemas que circundavam a gestão da Fundação Estadual do Norte Fluminense (FENORTE) então sob a gestão de seu ex-amigo, amigo, e novo ex-amigo Anthony Garotinho. Foi através de Roberto Henriques que o movimento que defendia a autonomia em relação à então mantenedora conseguiu uma visita com um dos criados da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), o ex-governador Leonel Brizola. Desde então nos encontramos esporadicamente, mas sempre de forma amistosa.

Nos últimos anos vi Roberto Henriques ressurgir como um ator dentro da vida da UENF por causa de sua indicação para que o ex-reitor da UENF, Almy Junior, assumisse a presidência justamente da FENORTE. Essa indicação foi percebida por muitos dentro da universidade como um sério erro de Roberto Henriques, pois representou uma espécie de prêmio a um dirigente que não primou pelo respeito aos altos desígnios que o cargo de reitor de uma universidade pública ensejam e requerem.

Pois bem, eis que agora Roberto Henriques faz uma espécie de auto-penitência em que não assume culpa pela indicação que fez, e joga (usando sua conhecida verve) para culpar a quase todo mundo em um longa carta que enviou ao (des) governador Sérgio Cabral (Aqui!) em que pede a transformação da FENORTE em uma secretaria para o norte e noroeste fluminense. O trecho mais candente e revelador das intrigas palacianas envolvendo Henriques, Almy Junior, o ex-secretário fluminense de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, e até o poderoso secretário estadual de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy, diz o seguinte:

” Convencido pela nossa proposta de aproveitamento da Fenorte como primeiro passo de instalação da Secretaria do Norte e Noroeste Fluminense, V. Excia. me pediu, que fosse  apresentado um  nome para presidir e coordenar a implementação do nosso projeto. Sugeri ao senhor, que fosse instalado uma fase de “transição e redimensionamento” e chegamos juntos ao nome do Professor Almyr Junior, que acabara de concluir seu mandato como Reitor da Uenf. Ao final da nossa reunião, V.Excia. , pediu-me também, que procurasse o Secretário Sérgio Ruy Barbosa para noticiar a ele os novos rumos que o Governo iria dar à Fenorte e que apresentasse ao mesmo a proposta de aumento para os servidores. Por fim me incumbiu de fazer o convite ao Professor Almyr Junior e que lhe desse a resposta do mesmo posteriormente. No dia seguinte, informei à V. Excia, que o Professor Almyr aceitara o convite, após ouvir a minha exposição sobre o projeto e ser conhecedor dos novos rumos da Fenorte como aglutinadora da idéia da instalação da Secretaria. Após este desfecho que atendia à nossa proposta aprovada no Plenário da Alerj, estava cumprida a minha missão. A partir daí caberia ao Governo Estadual materializar o planejado e o decidido por V. Excia.  A seguir da sua posse na Presidência da Fenorte, o Professor Almyr, foi cooptado pelo Secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, em face de ser ele seu superior hierárquico, pois a Fundação encontra-se hospedada no organograma desta Secretaria. O Secretário usou do seu poder para solapar toda a execução da nova proposta. Ato desrespeitoso com V. Excia. e de traição ao nosso povo. O descortês Almyr, tornou-se prisioneiro das vontades do indisciplinado Secretário e a seguir tornou-se também, seu correligionário, filiando-se ao PSB, partido à época presidido no Estado por Alexandre Cardoso (Primo de 1º grau do Ex-Prefeito Alexandre Mocaiber Cardoso). Senhor Governador, após este triste desfecho e de ver colocado mais uma vez por terra um sonho da nossa região; cobrei a V. Excia. , uma posição diante do quadro que fora estabelecido.  Afastei-me completamente ao perceber que o senhor não estava disposto a enquadrar no rigor da disciplina os seus assessores : Cardoso solapou ; Almyr traiu o projeto para o qual fora convidado ; Sergio Ruy desconsiderou a justa proposta de aumento aos servidores. Resumindo,  tudo estava acabado e não deu em nada.”

Esse tipo de exposição das entranhas das indicações e relações que ocorrem dentro do aparelho de Estado é rara. Por essa ação, o deputado Roberto Henriques merece até uma medalha por bravura e coragem. Agora, o problema é que ele esqueceu de dizer de que ele não fez essa indicação enganado ou de forma desavisada. Assim, a ausência de auto-crítica parece sinalizar que, lamentavelmente, ele não aprendeu a lição que precisava aprender.