Bolsonarismo inova e propõe golpe de estado via manuscrito

torres bolso

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres está cada vez mais afundado em um enredo golpista

Os próximos dias deverão ser muito interessantes após a Polícia Federal ter informado que encontrou na residência do ex-ministro Anderson Torres um manuscrito que seria a base para uma espécie de golpe de estado via intervenção na justiça eleitoral. As primeiras explicações vindas dos advogados de Torres são tão pouco favoráveis a ele que dá para pensar que há agora uma grande confusão reinando nas hostes do que se convenciona rotular de “bolsonarismo”.

anderson torres golpe

Após esse manuscrito ter sido encontrado fica a dúvida sobre o retorno ao Brasil não de Torres, mas de Jair Bolsonaro. É que um dos argumentos apresentados pela defesa de Torres é que alguém levou o tal manuscrito para ser apreciado para possível transformação em ato legal. Um desdobramento natural dessa informação é que se faça uma análise caligráfica para determinar quem teria sido o autor da proposta. Se as análises determinarem que a caligrafia não é a de Torres, uma primeira pergunta a ser feito ao ex-ministro da Justiça é de quem ele teria recebido o manuscrito.

Para piorar a situação de Torres, esse tal manuscrito não foi o único documento recolhido na casa de Anderson Torres. Como sempre ocorre brevemente será vazada para a mídia corporativa a informação de quais os outros documentos recolhidos pela Polícia Federal.

Como esses documentos fazem parte das atividades oficiais de Anderson Torres, o mínimo que se pode atribuir a ele é a não transmissão dos mesmos ao novo ministro da Justiça, Flávio Dino. Mas entre outros desdobramentos podem vir as acusações de prevaricação, o que, convenhamos, não é nada bom para Torres.

Resta saber se Anderson Torres, que é delegado da Polícia Federal, vai querer segurar essa bomba toda sozinho ou vai rapidamente demandar o usufruto de uma delação premiada.  

Mas uma coisa é certa: pode-se dizer tudo sobre Jair Bolsonaro e seus operadores, mas que não sejam criativos. Afinal, não me recordo de qualquer outro exemplo de que a prova da preparação de um golpe de estado via anulação dos resultados de uma eleição seja deixada para trás como se fosse um guardanapo onde se rascunhou um poema.

Sertanista Sidney Possuelo devolve medalha do mérito indigenista após honraria ter sido dada a Jair Bolsonaro

SIDNEY POSSUELO 1

O ex-presidente da Funai, o sertanista Sidney Possuelo, devolvendo sua medalha do mérito indigenista após a honraria ter sido entregue também ao presidente Jair Bolsonaro

A piada de mau gosto realizada pelo ministro da Justiça, o policial federal Anderson Torres, que resolveu premiar o presidente Jair Bolsonaro com a medalha do mérito indigenista serviu de motivo para que o ex-presidente da Funai, o sertanista Sidney Possuelo,  devolvesse a mesma honraria que lhe foi entregue há 35 anos por seus extensos serviços em prol dos povos indígenas, especialmente os que ainda vivem isolados.

Segundo a carta entregue junto com a medalha no ministério da Justiça, a entregue do mérito indigenista a Jair Bolsonaro representa uma “flagrante, descomunal, ostensiva contradição em relação a tudo que vivi e a todas convicções cultivadas por homens da estatura dos irmãos Villas Boas“. Possuelo acrescentou ainda que devolvia a honraria ao governo brasileiro porque em sua opinião a mesma “perdeu toda a razão pela qual, em 1972, foi criada pelo presidente da república“.

SIDNEY POSSUELO

Ainda que as opiniões de Possuelo tenham chance próxima de zero de comover Anderson Torres, o certo é que a devolução desta medalha por uma figura como Possuelo deverá gerar ainda mais constrangimentos externos, já que internamente a coisa parece muito bem controlada por Jair Bolsonaro e seus ministros do fim do mundo.