A lona e o picadeiro do ministro do Meio Ambiente

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Por Ascema Nacional

Nesta semana, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, transferiu seu gabinete e os dos presidentes do IBAMA e ICMBio para o Sul do Pará. O picadeiro armado pelo ministro busca expor aos holofotes da opinião pública os soldados da Força Nacional, seguindo as ordens do ministro para levantamentos de pátio de madeireiras e aplicação de multas de desmatamento, repaginando a estratégia fracassada de militarização da fiscalização ambiental utilizada durante as operações Verde Brasil I e II, em 2019 e 2020, obtendo como resultado o maior índice de desmatamento em 10 anos, e a maior taxa de desmatamento no mês de abril (580 km²) em toda série histórica, segundo dados do DETER/INPE1.

Longe dos holofotes e por debaixo dos panos, o ministro desmonta a ação dos especialistas em meio ambiente, inviabilizando a aplicação da legislação ambiental pelos Agentes de Fiscalização, por meio das Instruções Normativas Conjuntas 1 e 2/2021, denunciadas pela ASCEMA Nacional, apoiando documento técnico assinado por mais de 600 servidores do IBAMA2 e 254 do ICMBio3. A Conciliação Ambiental é outra estratégia utilizada para a paralisação do julgamento dos Autos de Infração, conforme densa análise produzida por técnico do IBAMA em resposta à investigação do Tribunal de Contas da União4.

O circo do ministro foi armado na mesma semana em que estava programada a etapa final da operação planejada a partir de trabalhos de inteligência dos servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, iniciados em fevereiro de 2020.

Segundo documentação do processo 02126.001169/2021-29 constante no SEI do ICMBio, a análise dos alvos estratégicos por parte do trabalho de inteligência identificou uma fazenda no interior da Reserva Biológica das Nascentes da Serra do Cachimbo, com área de 2.260 hectares desmatados ilegalmente. Considerando que as dezenas de multas aplicadas recentemente somavam mais de R$ 59 milhões, que a fazenda possui recomendação para desocupação imediata por parte da Procuradoria Federal Especializada do ICMBio e ainda que os processos de autuação e julgamento estão pública e irresponsavelmente paralisados, os servidores planejaram em detalhes a logística para a apreensão e a doação das mais de 1.000 cabeças de gado criadas ilegalmente naquela Unidade de Conservação.

Segundo a Ascema Nacional apurou, às vésperas da operação, ao tomar conhecimento dos detalhes, os militares que ocupam a direção do ICMBio ordenaram a mudança do alvo, e a modificação do foco da operação para o simples levantamento de outros alertas de desmatamento na região. Com toda razão, os servidores se recusaram a atuar na palhaçada armada pelo ministro.

Essa notícia chega a ASCEMA Nacional no mesmo dia em que policiais federais foram atacados por garimpeiros na TI Yanomami, e o dia que o ministro Paulo Guedes tenta comparar servidores concursados com “militantes”.

Tal ato da direção do ICMBio mais uma vez demonstra a necessidade de se combater a tentativa de reforma administrativa imposta por este governo que ataca o meio ambiente, usando palavras e atos, mas principalmente, funcionários comissionados que nada entendem de ambiente e agem para proteger infratores, como no caso exposto.

Com seus militantes, como disse Paulo Guedes, ocupando postos chaves no ICMBio, IBAMA, FUNAI e em outros órgãos, vemos se acumularem denúncias de autoritarismo, perseguição, assédio, favorecimentos a criminosos, improbidades e perseguição a povos originários.

Solicitamos assim, mais uma vez, que o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas da União e demais autoridades competentes, que apurem mais essa denúncia de mau uso de recursos públicos, que jogaram no lixo meses de trabalho de inteligência, sem que ocorresse o retorno esperado: a interrupção do desmatamento e a ocupação ilegal de unidade de conservação federal, contrariando os deveres constitucionais de proteção ao meio ambiente.

Esperamos a apuração dos fatos relatados, para abertura de investigação e punição rigorosa sobre os nomeados políticos indicados por este governo, que têm corroído as instituições públicas de meio ambiente por dentro.

Brasília, 12 de maio de 2021

Associação Nacional de Servidores da Carreira de Especialista de Meio Ambiente (Ascema Nacional)

DIRETORIA EXECUTIVA

 1 https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/05/07/abril-de-2021-registra-recorde-de- desmatamento-na-amazonia-legal-580-55-km

2 http://www.ascemanacional.org.br/carta-aberta-ao-presidente-do-ibama-e-a-sociedade-brasileira/.

3 http://www.ascemanacional.org.br/a-ascema-nacional-manifesta-integral-apoio-aos-servidores-do icmbio-que-subscrevem-a-carta-aberta-encaminhada-aos-dirigentes-do-orgao-o-documento-corrobora- e-complementa-denuncia-feita-pelos-mais-d/.

4 Doc. SEI do Ibama n. 986-8495, amplamente divulgado pela imprensa, disponível na íntegra em: https://www.oeco.org.br/wp-content/uploads/2021/05/SEI_IBAMA-9868495-Nota-Informativa-1.pdf. https://revistaforum.com.br/meio-ambiente/servidor-do-ibama-e-intimidado-apos-denunciar- ineficacia-do-modelo-de-multas-criado-por-ricardo-salles/

Ascema Nacional convoca servidores da área ambiental federal para lutarem pelo Fora Bolsonaro-Mourão

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Os servidores públicos e suas entidades têm sido atacados sistematicamente há décadas por setores da sociedade que sempre colocaram o Estado e seus servidores como inimigos públicos. Governos neoliberais desmontaram políticas públicas, privatizaram setores estratégicos, não fizeram concursos públicos, mas nada se compara com o que temos vivenciado desde 2016 e principalmente a partir da eleição de Jair Bolsonaro que colocou em xeque a nossa frágil democracia e a sobrevivência da própria população. Ele sempre defendeu a ditadura militar, sua matança (que teria sido insuficiente) e seus torturadores. Nunca escondeu que tinha um projeto autoritário para o Brasil.

A ASCEMA Nacional está se engajando na luta coletiva de amplos setores da sociedade civil pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro, bem como pela cassação da chapa Bolsonaro-Mourão.

fecho

Este texto foi originalmente publicado no site da Ascema Nacional [Aqui!].

Associação Nacional de Especialistas em Meio lança carta sobre momento dramático da gestão ambiental no Brasil

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A Associação Nacional da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (ASCEMA) acaba de lançar um documento público onde procura expor o que considera ser “um momento dramático que passa a gestão ambiental federal sob o governo Bolsonaro.

Entre os aspectos levantados no documento, a ASCEMA enfatiza o enfraquecimento progressivo dos órgãos ambientais, sem que sejam garantidas as condições
mínimas de trabalho para o bom cumprimento dos programas federais de proteção ambiental.  Além disso, o documento denuncia o que seriam “seguidas interferências na condução dos trabalhos realizados pelos órgãos ambientais federais e seus servidores” que, entre outras coisas teria resultado no “aumento do desmatamento ilegal da
Amazônia, atingindo patamares superiores aos de 10 anos atrás e redução drástica dos processos de punição por essas infrações“.

O documento da ASCEMA denuncia que o Ministério do Meio Ambiente, sob a direção do improbo Ricardo Salles, tem  promovido “as exonerações de diversos gestores do IBAMA e do ICMBio, substituindo-os por pessoas externas, sem conhecimento e experiência em meio ambiente“, e que “quando esses gestores não conseguem implantar a linha de trabalho que conduza ao enfraquecimento da fiscalização ambiental, também são substituídos, como no caso do Diretor  e Proteção Ambiental do IBAMA, exonerado em 14 de abril, após o excelente resultado de combate ao garimpo e desmatamento ilegal nas Terras Indígenas do Pará realizado pelos servidores do Instituto“.

A ASCEMA também aponta que Ricardo Salles impôs uma mordaça sobre o IBAMA e ICMBio no sentido de impedir a para divulgação das ações em prol da proteção ambiental, e que com isso cria ” cria dificuldades no combate aos crimes ambientais e corrompe os princípios da  publicidade e transparência“.

Ainda que já se soubesse que a ação do improbo Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente estivesse criando uma série de embaraços para a condução das medidas de “comando e controle” pelos agentes ambientais, esse documento da ASCEMA revela elementos particularmente graves sobre como tem se dado o desmanche da governança ambiental pelo governo Bolsonaro.

Quem desejar ler o documento da ASCEMA na íntegra, basta clicar Aqui!

Servidores ambientais federais criticam omissão do governo Bolsonaro no desastre ambiental ocorrendo no litoral nordestino

Nota Pública dos Servidores Ambientais Federais (MMA, Ibama, ICMBio e SFB) sobre o maior desastre ambiental de vazamento de óleo no Brasil

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Num único ato, o decreto 9.759 de 11 de abril de 2019, o atual presidente da república extinguiu diversos colegiados, dentre os quais aqueles que estariam responsáveis por operacionalizar e acionar o Plano Nacional de Contingência – PNC (1). Em claro ato de improbidade administrativa, que atenta contra os princípios da administração pública, extinguiu, de forma unicamente ideológica, tudo aquilo que não é do seu governo, sem qualquer motivação razoável. Tal irresponsabilidade deixou o país desguarnecido para esta situação de crise nacional, que se configura no maior desastre ambiental de vazamento de óleo no Brasil, cujas consequências ambientais e sociais são agravadas a cada momento de lentidão e improviso.

As políticas ambientais não se destroem e reconstroem a cada novo governo, mas devem ser aperfeiçoadas ao longo do tempo. O resultado do desmonte é que as primeiras manchas de óleo chegaram na praia no final de agosto (mais precisamente dia 26/08) e o que se assistiu foi a inépcia do governo federal em lidar com o desastre.

Reconhecido legalmente como Autoridade Nacional do assunto (1), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) demorou a acionar o PNC (fez isso somente no dia 08 de outubro), gerando ações desarticuladas e sem fontes de recursos orçamentários necessárias para situação de emergência que logo se formou. O MMA falhou também na articulação do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, na preparação e orientação da população para minimizar os danos ambientais e evitar prejuízos para a saúde pública das áreas afetadas pelas manchas de óleo.

Já deveriam ter sidos acionados recursos de aeronave e marítimos ou a realização de imageamentos por satélite para avaliar como evitar que parte do óleo chegasse às praias ou atingisse áreas sensíveis. As pessoas coletam o material sem proteção adequada, tão pouco os animais oleados estão recebendo o tratamento adequado.

A sociedade tem o direito de participar e acompanhar toda a dimensão do desastre, além de ser informada sobre os riscos inerentes ao manuseio do material, com grande potencial cancerígeno, decorrentes da contaminação do petróleo nas praias do Nordeste.

Todo esse show de horrores é simplesmente um reflexo da atual política ambiental brasileira, que possui lideranças que perseguem, ameaçam e demonstram completo desapreço à conduta dos agentes ambientais em cumprimento do seu dever(2).

Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA – ASCEMA NACIONAL

Entidade que congrega todas as entidades locais que representam os servidores da carreira de especialista em meio ambiente (CEMA) e do plano especial de cargos do Ministério do Meio ambiente e do Ibama (PECMA), lotados no Ibama, no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, no MMA e Serviço Florestal Brasileiro.

Anexos:

(1) Lei n.°9.966/2000 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9966.htm) e Decreto n.°8.127/2013 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/ D8127.htm)

(2) RECOMENDAÇÃO no 04 /2019 – 4a CCR – link http://www.ascemanacional.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Documento-CCR-MPF.pdf

Servidores refutam dados de auditoria do MMA sobre gastos com carros sucateados

IMG_2024Carro quebrado na Reserva Biológica do Tinguá. Foto: Márcio Lázaro.

Por Cristiane Prizibisczki

A unidade de administração e finanças do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), e a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (ASCEMA Nacional), contestaram esta semana informações apuradas por uma auditoria interna realizada a pedido do ministro Ricardo Salles, que encontrou supostas irregularidades nos gastos com a frota de veículos deste órgão ambiental.

Na sexta-feira (6), matéria publicada pelo Estado indicou que uma auditoria interna realizada no MMA identificou gastos na ordem de R$ 39 milhões com veículos sucateados no ICMBio. Segundo a auditoria, o órgão mantém, nos galpões espalhados pelo país, uma frota de 377 veículos inservíveis que, mesmo assim, continuam a registrar gastos com combustível e manutenção. A reportagem diz ainda que a auditoria, ainda em curso, investiga suposto desvio de recursos dentro do órgão.

Um ofício enviado à diretoria de Planejamento, Administração e Logística do ICMBio pela unidade de administração e finanças do órgão, no entanto, contesta todas as informações do levantamento interno. O documento demonstra que o órgão não teria como registrar um gasto anual de R$ 39 milhões, porque o limite de investimento com combustível e manutenção anual é de R$15,329 milhões.

O documento detalha os valores contratuais firmados com a empresa MaxiFrota, responsável por fornecer tais serviços. Segundo a unidade de finanças, foram firmados os contratos nº2/2018 (Abastecimento), no valor de R$R$7.588.664,00, com desconto de 3,05%, e o contrato nº 3/2018 (Manutenção), no valor de R$7.740.751,00, com desconto de 4,06%, totalizando um investimento anual de R$15.329.415,00.

“Cabe frisar que os valores contratuais anuais que são os nossos balizadores do gasto máximo anual demandam a respectiva previsão orçamentária, não havendo a possibilidade de realizar gastos excedentes a esse limite. Ademais, é possível verificar pelo Sistema de Gestão Contratado, bem como pelos processos administrativos de pagamento devidamente atestados pelos seus respectivos fiscais de contratos, todos os valores que foram gastos com a frota do ICMBio”, diz o documento.

O ofício também atesta que a unidade de finanças de fato recebeu, no mês de julho, a visita da Auditoria Interna e que, na ocasião, foram repassadas à pessoa responsável todas as informações necessárias, tendo a divisão se colocado à disposição para sanar dúvidas e fornecer documentos que facilitem a análise. No entanto, até o momento, a unidade de finanças informa que não recebeu nenhum relatório da auditoria.

Ofício da Unidade avançada de administração e finanças do ICMBio.

 

((o))eco pediu ao MMA acesso à auditoria interna, inclusive por meio da Lei de Acesso à Informação, mas até o momento não obteve resposta. Pontos como metodologia da análise, período considerado e responsável pela verificação não estão claros.

Contestação é apoiada por associação de servidores

Após as acusações do MMA, a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (ASCEMA Nacional) divulgou nota condenando a conduta da pasta ambiental. “[…] mais uma vez os dirigentes do Ministério do Meio Ambiente alardeiam supostas irregularidades para macular a gestão e os servidores do ICMBio, sem apresentar qualquer prova ou mesmo se basear em fatos verdadeiros”, diz o documento.

A Associação ressalta que as atividades realizadas pelo ICMBio em áreas remotas do país, utilizando estradas precárias para combater incêndios, fiscalizar desmatamento e garimpo ou visitar comunidades isoladas causam intenso desgaste aos veículos e tornam sua manutenção cara e difícil. Além disso, o órgão responsável por fiscalizar 344 unidades de conservação do país tem sofrido sistematicamente com o corte de gastos.

“Os seguidos cortes orçamentários inviabilizam a adequada manutenção da frota. Por este motivo, muitos veículos ficam parados e o saldo de combustível ou manutenção é transferido para outro veículo para que as atividades não sejam comprometidas”, explica a nota da Associação.

Para Denis Rivas, vice-presidente da Ascema, este é mais um ataque gratuito aos servidores federais. “Essa é uma atitude de quem não faz a menor ideia de como lidar com os problemas verdadeiros que existem na questão ambiental do Brasil. Eles deram toda senha para um aumento vertiginoso no desmatamento e depois, a resposta que eles dão para a sociedade é inventar denúncias sem nenhum fundamento. É um ataque gratuito, com números inventados. Não dá para apontar desvios sem de fato dizer quem está desviando”, defende.

Atualmente, segundo levantamento do ICMBio, o órgão possui 1896 veículos (leve, leve diesel, pesado e moto). Destes, 71% possuem mais de oito anos de uso e 19% estão inservíveis.

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Este artigo foi inicialmente publicado pelo ((o))eco [Aqui!].

Setor agrícola avalia previamente decisões tomadas no Ministério do Meio Ambiente, afirmam servidores

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Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participa de reunião da Comissão de Meio Ambiente do Senado para apresentar as diretrizes e os programas prioritários da pasta. Fábio Pozzebom, Agência Brasil

Por Samanta do Carmo para o “Congresso em Foco”

Os servidores das carreiras ambientais do país afirmam que as decisões do Ministério do Meio Ambiente sobre políticas públicas ou nomeações para cargos na atuação gestão são submetidas previamente ao aval do setor agrícola. A declaração consta na carta divulgada nesta sexta-feira (10) pela Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional) e pela Associação dos Servidores da Carreira de Especialistas em Meio Ambiente e do Plano Especial de Cargos do Meio Ambiente no Distrito Federal (Asibama-DF), entidades que representam os servidores das carreiras ambientais do país e do DF. O documento é uma resposta à nota oficial do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, divulgada no último dia 8 em nota oficial do ministério no último dia 8, comentando as críticas feitas por oito ex-ministros da pasta.

“Não é segredo também que, apesar de mantido o Ministério do Meio Ambiente, todas as decisões e cargos do MMA têm sido submetidos, previamente, à anuência do setor agrícola. A subserviência ao setor agrícola vem sendo sentida desde o período de transição governamental. Embora o novo governo tenha constituído uma equipe formal para o tema de meio ambiente, tal como consta no Diário Oficial da União, havia outra equipe atuando em paralelo”, argumentam os servidores no documento.

Segundo alguns dos responsáveis pela nota, “setor agrícola” significa parte do agronegócio que quer expandir a produção para áreas públicas e de floresta a qualquer custo, assim como reduzir a reserva legal, área de vegetação natural que todo proprietário deve, por lei, manter preservada dentro de suas terras.

A nota dos servidores cita o relato feito pelo ex-ministro Edson Duarte, que estava à frente da pasta de Meio Ambiente nos últimos meses do governo Michel Temer, no encontro em que vários os ex-ministros da área criticaram a política ambiental adotada pela gestão Bolsonaro.

Edson Duarte disse que após a escolha de Salles para ocupar o ministério, no começo de dezembro de 2018, a troca de informações com a equipe de transição foi encerrada. “Fomos surpreendidos pelo ministro, que disse que não deveríamos passar nenhuma informação para grupo de transição porque eles estavam se afastando. Embora ele tenha se colocado à disposição para dialogar, uma transição seria fundamental e necessária. Seus secretários chegaram a se negar a pegar informações que preparamos, que ficou sob a mesa. Isso nunca aconteceu”, relatou.

Entre as alterações administrativas ocorridas, o Serviço Florestal Brasileiro, responsável pela preservação das florestas nativas, passou a integrar o Ministério da Agricultura e a Agência Nacional de Águas (ANA) foi transferida para o Ministério do Desenvolvido Regional. Para os servidores, política ambiental e política produtiva são reguladoras uma da outra e devem funcionar numa relação de peso e contrapeso, para gerar equilíbrio.

Uma das críticas feitas pelos ex-ministros é que o Ministério do Meio Ambiente hoje é apenas uma estrutura formal, já que suas principais responsabilidades foram transferidas para outros ministérios. Em sua resposta, Salles reafirmou a autonomia da pasta e disse que herdou uma estrutura marcada pelo abandono, sucateamento e má gestão de recursos financeiros. Ele também responsabilizou a criação de unidades de conservação por conflitos de terra pelo país.

De acordo com os servidores, a gestão de Ricardo Salles é a primeira a, diante da situação precária, investir no enfraquecimento ainda maior dos órgãos ambientais. “A precariedade de fato sempre existiu, mas não é possível superá-la pelo caminho do enfraquecimento das instituições públicas. Pela primeira vez na história, o ocupante da cadeira de ministro do MMA junta-se ao coro dos que pedem o enfraquecimento da estrutura ambiental para facilitar suas atividades… e o Ministro cumpre essa ‘missão’ em várias frentes, com destaque para sua defesa do ‘auto-licenciamento’ ambiental, para dar ‘celeridade’ a um processo que é uma conquista civilizatória do povo brasileiro, mas que para manter sua eficácia jamais poderá priorizar a celeridade em detrimento do rigor técnico”, destacam.

Veja abaixo a íntegra da carta divulgada pelos servidores.

RESPOSTA À NOTA DO MINISTRO DO MEIO AMBIENTE DE 8 DE MAIO

O dia 8 de maio de 2019 foi marcante para todos os que se preocupam com as questões ambientais no Brasil. De forma inédita, oito ex-ministros que já ocuparam a pasta do Meio Ambiente se reuniram para discutir o atual contexto da política ambiental brasileira. Trata-se de um grupo de autoridades de diferentes perfis técnicos e políticos, que serviram a governos de diversos matizes, desde o período dos governos militares.

Não há, assim, que se falar em uniformidade ideológica nesse grupo. A motivação do encontro foi, exclusivamente, a preocupação unânime dos ex-ministros quanto ao que está ocorrendo na área ambiental do atual governo. O nosso país é o detentor da maior diversidade biológica do planeta, a que se associam serviços ecossistêmicos cruciais à economia e à sociedade. No mínimo, convém ouvir as autoridades que já conduziram os rumos ambientais do país. Contudo, em vez acolher críticas e sugestões apresentadas pelo grupo de ex-ministros, o atual ocupante do cargo, imediatamente após a emissão do comunicado dos ex-ministros, apresentou, mais uma vez, uma resposta retórica, revestida de nota institucional. Embora detentor de cargo governamental, com o dever de distinguir o público do privado, o ministro vale-se de nota do Ministério para expor sua opinião pessoal.

A sua resposta, logo no início, diz que “não apenas o Ministério do Meio Ambiente manteve a sua autonomia como advogou, com sucesso, a permanência do Brasil no Acordo de Paris”. Quem acompanhou com atenção o roteiro que levou o atual governo a desistir da extinção do Ministério do Meio Ambiente (MMA), lembra-se que esse recuo se deveu ao receio de setores mais bem informados do agronegócio brasileiro, preocupados com as eventuais repercussões negativas que tal decisão implicaria para as exportações agropecuárias, assim como com os impactos futuros sobre os próprios processos produtivos. Foi nesse contexto, porém, que o atual titular do Ministério, atribuiu à questão da mudança do clima um caráter de “assunto da academia”, para logo em seguida retirá-lo das prioridades institucionais do Ministério. Extinguiu a secretaria que tratava do assunto e realizou um brutal corte no orçamento destinado às ações de combate e mitigação dos efeitos da mudança do clima. A reação nacional e internacional à extinção da Secretaria de Mudança do Clima foi tão evidente que não restou ao Ministro outra solução que não “acomodar”, em caráter informal, a antiga área de mudança do clima sob a recém criada Secretaria de Assuntos Internacionais. Para quem fala tanto em eficiência de gestão, não ficam bem arranjos de improviso como esse… Não é segredo também que, apesar de mantido o Ministério do Meio Ambiente, todas as decisões e cargos do MMA têm sido submetidos, previamente, à anuência do setor agrícola. A subserviência ao setor agrícola vem sendo sentida desde o período de transição governamental.

Embora o novo governo tenha constituído uma equipe formal para o tema de meio ambiente, tal como consta no Diário Oficial da União, havia outra equipe atuando em paralelo. Com a equipe oficial houve diálogo e troca de informações entre as duas gestões. Contudo, a equipe oficial foi alijada do processo e, na última hora, o atual governo a substituiu por aquela que estava atuando em paralelo. Esta nova equipe, como foi mencionado pelo ex-Ministro Edson Duarte, sequer quis algum contato com os técnicos e dirigentes que saíam.

Ao responder aos ex-ministros, cujo trabalho somado vinha sendo reconhecido internacionalmente, o atual Ministro afirma que a transferência da Agência Nacional de Águas (ANA) para o Ministério do Desenvolvimento Regional objetiva “viabilizar a construção de políticas públicas e marcos regulatórios que permitam, finalmente, a universalização e a qualidade do saneamento no Brasil”. O saneamento é uma necessidade nacional e deve contar com investimentos. Contudo, a Lei das Águas estabelece que os usos múltiplos da água devem ser garantidos priorizando-se, em qualquer situação, a dessedentação humana e animal. Ao realocar a ANA, condicionando-a a um ministério de desenvolvimento, compromete-se o mandamento legal de garantia da quantidade e da qualidade da água para as atuais e futuras gerações. É um erro grave passar a delegação da outorga de água para um dos setores demandantes desse recurso natural. Trata-se de uma subversão do sistema de pesos e contrapesos que garante o funcionamento adequado de uma democracia. É por isso que a ANA sempre esteve e deveria continuar no MMA.

Exatamente pela mesma razão, causa indignação que o Serviço Florestal Brasileiro, que tem por finalidade a garantia da sustentabilidade na exploração manejada de recursos florestais, seja transferido do MMA para um ministério que tem por finalidade o fomento às atividades agropecuárias, que são, como demonstram os dados históricos desde que o País começou a monitorar o desmatamento, um setor responsável por grande parte das perdas florestais brasileiras. Mais uma vez, no afã de atender a um grupo reduzido de apoiadores, o governo prejudica a imagem do País e, como diz o ditado popular, “entrega a gestão do galinheiro à raposa”. Florestas nativas não são assunto para um ministério cuja função é fomentar a expansão da atividade agrícola. Também aqui, desrespeita-se o elementar princípio democrático dos pesos e contrapesos, com base em um discurso apelativo que desrespeita os mais de 50 anos de construção da estrutura ambiental brasileira e a memória de brasileiros que lutaram para que o patrimônio ambiental do país dispusesse de legítimos mecanismos de proteção, atualmente lastreados no Artigo 225 da Constituição Federal, como André Rebouças e Paulo Nogueira Neto, dentre tantos… Não para aí o esvaziamento da área ambiental, conduzido neste governo sob forte viés ideológico e sem diálogo. Por se tratar de um tema que envolve tanto a conservação da biodiversidade quanto a promoção da atividade econômica, a gestão dos recursos pesqueiros era anteriormente de responsabilidade conjunta do MMA e do setor de pesca e aquicultura. Agora está exclusivamente sob o comando do Ministério da Agricultura. Como fica a necessária conservação deste importante recurso natural, cada vez mais escasso e com várias espécies já extintas ou sob iminente risco de extinção? Na gestão da água, das florestas, dos recursos pesqueiros e da questão climática, o atual governo desconsidera e desconstrói os avanços de mais de cinco décadas da política ambiental brasileira, o que foi assertivamente lembrado na reunião de ex-ministros. Corremos o risco de ver a dilapidação do nosso inestimável patrimônio natural, de comprometer a viabilidade de atividades que dependem de recursos que poderiam ser providos infinitamente (se bem geridos) e de prejudicar a imagem e os negócios do País no exterior. Isso não é patriotismo.

O esvaziamento das competências do MMA foi “compensado” com a criação de uma Secretaria de Ecoturismo, cuja atribuição já faz parte do rol das funções do Ministério do Turismo, gerando conflito de competência e colocando novamente em xeque o discurso da eficiência na gestão pública, sendo notório que tal improviso serviu para acomodação política. Para piorar o conflito de competências, é sabido que tramita em caráter secreto pelos gabinetes do MMA a decisão de  transformar esta secretaria de ecoturismo numa Secretaria Especial, com status igual ou superior ao da secretaria executiva do ministério.

O Ministro prossegue em suas alegações, e usa a precariedade da infraestrutura dedicada à conservação da sociobiodiversidade como uma “prova” da ineficiência de “administrações anteriores”. A precariedade de fato sempre existiu, mas não é possível superá-la pelo caminho do enfraquecimento das instituições públicas. Pela primeira vez na história, o ocupante da cadeira de ministro do MMA junta-se ao coro dos que pedem o enfraquecimento da estrutura ambiental para facilitar suas atividades… e o Ministro cumpre essa “missão” em várias frentes, com destaque para sua defesa do “auto-licenciamento” ambiental, para dar “celeridade” a um processo que é uma conquista civilizatória do povo brasileiro, mas que para manter sua eficácia jamais poderá priorizar a celeridade em detrimento do rigor técnico. Tal procedimento aumenta inclusive a insegurança jurídica, pois impactos não documentados podem levar a recorrentes autuações e judicializações do empreendimento. Reclama-se que um processo rigoroso seja lento, mas nega-se ao Ibama e ao ICMBio a possibilidade de realização de concursos públicos para dotar os órgãos de pessoal suficiente para o cumprimento de suas missões com mais “celeridade”. A grande diferença, repita-se, é que todos os ministros anteriores se empenharam pelo fortalecimento da pasta nos mais variados contextos, sendo o atual um caso inédito, onde parte da própria pasta a tentativa de desmoralizar as ações dos órgãos ambientais e os servidores que neles atuam.

Os resultados alcançados na agenda ambiental acontecem, em grande medida, por meio de atuação que sempre contou com parcerias nos estados, nos municípios, na própria sociedade, no chamado “terceiro setor” e na cooperação internacional. São essas mesmas parcerias, especialmente aquelas com ONGs e com a cooperação internacional, que têm permitido que Ibama e ICMBio venham cumprindo suas missões com sucesso que pode ser considerado excepcional, face às adversidades já mencionadas. Em vez de reconhecer o valor dessas parcerias, a cada dia vemos tuítes e ações combatendo as ONGs e parceiros internacionais, desqualificando suas atividades e seus resultados. Paralelamente acompanhamos uma intensa agenda de visitas a unidades de conservação, com clara preferência por aquelas cuja situação fundiária as coloca em situação de conflito com moradores ou proprietários rurais. Em tais situações, em vez de demonstrar postura institucional e dirigir-se à equipe gestora das unidades para inteirar-se da situação, busca irresponsavelmente jogar a população contra os servidores, numa ação populista e prejudicial a toda e qualquer possibilidade de gestão do conflito com respeito a todos os envolvidos e seus direitos, que estão relacionados a um complexo conjunto de instrumentos legais, além da própria legislação ambiental .

Com relação ao desmatamento, de fato não se pode atribuir uma tendência que já se vinha verificando há alguns anos, de recrudescimento das taxas de desmatamento da maior floresta tropical do mundo, a um governo que assumiu há quatro meses. Mas causa surpresa e indignação que, diante de todos os alertas que vêm sendo emitidos a esse respeito, a atitude do governo seja de enfraquecer e desmoralizar o principal órgão responsável pelo enfrentamento dessa situação – o Ibama, evocando exaustivamente o bordão presidencial da “indústria da multa” e questionando de forma leviana a atuação de servidores que atuam no estrito cumprimento de suas obrigações e da legislação  ambiental. Como o Ministro acusou os ex-ministros, de não indicarem “nenhum aspecto concreto e específico que se sustente e que possa ser imputado a este Governo ou à presente gestão do Ministério do Meio Ambiente”, aqui lembramos o recente episódio em que fiscais do Ibama atuaram, rigorosamente dentro da Lei, para coibir a ação de desmatadores criminosos em Rondônia, e a reação pública do Presidente da República e do Ministro do Meio Ambiente foi de apoio aos infratores e desautorização da ação de fiscalização. É esse é o papel que se espera de um Ministro do Meio Ambiente?

O Ministro, no seu raivoso caminho guiado pela desqualificação sumária de toda a estrutura sobsua responsabilidade, afirma que herdou das administrações anteriores o Instituto Chico Mendesde Conservação da Biodiversidade em situação de “quase extinção por ausência de recursos e má gestão” e que se criou uma situação fundiária caótica pela não regularização fundiária de grande parte das unidades de conservação. Mais uma vez, ao tratar de um problema grave e estrutural do país e do nosso Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), pela primeira vez vemos partir do titular do MMA o discurso que sempre ouvimos dos adversários da proteção da natureza: a alegação de que “se não conseguem regularizar as UC existentes não deveriam criar novas”, sempre muito usada pelos que veem nas UC um “desperdício de terras”. Se não há recursos para a regularização fundiária das UC, cabe a um ministro do MMA e a todos nós lutarmos por esses recursos e não abrir mão da missão constitucional de proteger a natureza e os recursos naturais brasileiros. A criação de Unidades de Conservação, precedidas de sólidos estudos técnicos, ao contrário do que no dia de hoje afirmou o Ministro em reportagem do Estadão, vem se mostrando efetiva medida contra o avanço do desmatamento e de proteção do patrimônio ambiental. Uma “revisão” dessas áreas protegidas levará à insegurança jurídica, ao aumento do desmatamento e à perda lamentável de oportunidades
econômicas vinculadas à biodiversidade.

Além disso, o Ministro e o Presidente da República têm ecoado sem lastro técnico todos os tipos de questionamentos e demandas de revisão, recategorização e redução de áreas protegidas no País, os quais partem, essencialmente, daqueles que querem se beneficiar individualmente à custa da exploração predatória da natureza, que gera prejuízos coletivos. Novamente, para não sermos acusados de não oferecermos exemplos para nossas afirmativas, lembramos a recente declaração do Presidente da República de que a Estação Ecológica de Tamoios, na qual foi flagrado em conduta ilegal, não protege nada e poderá, por um decreto, ser transformada na “Cancun brasileira”. Desde o início dessa gestão os servidores da área de meio ambiente buscam, como sempre fizeram, cumprir suas funções e contribuir para o fortalecimento da política ambiental, em estrita obediência à legislação em vigor, com qualidade técnica bastante reconhecida. Contudo, até agora sequer fomos ouvidos. Ao contrário, o que vemos são decisões no sentido de fragilizar o corpo de servidores, deixando claro que não contam com o apreço ou a confiança do Ministro e disseminando a prepotente mensagem de que a gestão ambiental brasileira, antes de janeiro passado, era repleta de equívocos e não trouxe ganhos. Nós, servidores da carreira ambiental, jamais negamos a necessidade de ajustes e aperfeiçoamentos à estrutura e às ações da área ambiental. Cada vez mais, o titular da pasta consegue se a alijar de qualquer construção com a equipe técnica que poderia lhe assegurar sucesso e bons resultados para a política ambiental brasileira. Com a exoneração de ocupantes de vários cargos técnicos, sem a posterior nomeação de um novo ocupante, estamos assistindo ao sufocamento, por dentro, do MMA e de suas vinculadas, degradando ainda mais as condições de trabalho. Por todo o exposto, nós servidores federais da área ambiental manifestamos aqui nosso profundo descontentamento com a forma pela qual vêm sendo tratadas pelo atual governo federal as questões ambientais brasileiras, que são Função de Estado, e lembramos que a obrigação de tratá-las está prevista no Artigo 225 da Constituição Federal, o que significa que é a nossa Carta Magna que está sendo atacada e desrespeitada.

Brasília – DF, 10 de maio de 2019

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Este artigo foi originalmente publicado pelo site “Congresso em Foco” [Aqui!].

Servidores ambientais alertam a sociedade sobre ameaças e violências sofridas

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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Nacho Doce/Reuters)

Pela Ascema Nacional

A Ascema Nacional, representante dos servidores da área ambiental federal, vem a público se posicionar contra as ameaças sofridas pelos servidores das instituições ambientais e, mais recentemente, o ataque a viaturas no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), localizado na Flona de Brasília, Distrito Federal. Nesse sentido, esclarecemos e denunciamos que:

1 – Desde o primeiro dia de governo, através da Medida Provisória 870/2019 de 01/01/2019, a área ambiental vem sendo objeto de desmonte com a transferência de funções, servidores e competências para outros ministérios como temos reiteradamente, denunciado. (http://www.ascemanacional.org.br/carta-aberta-sociedade-mp-8702019-e-as-politicassocioambientais-e-agrarias/);

2 – Em 13/04/2019 o atual ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, em visita ao Parque Nacional da Lagoa do Peixe ameaçou servidores do ICMBio determinando a abertura de processo administrativo contra os mesmos em função do não comparecimento a evento para o qual não haviam sido convidados (https://veja.abril.com.br/blog/radar/ministro-ameaca-servidores-doicmbio-em-evento-com-ruralistas/). Posteriormente, ocorreram exonerações de servidores e dirigentes do Instituto (http://www.ascemanacional.org.br/carta-aberta-destruicao-da-gestaoambiental-federal-e-os-ataques-aos-servidores/)

3 – Em 16/04/2109 o presidente Jair Bolsonaro veicula um vídeo no qual critica, ao lado do Senador Marcos Rogério (DEM-RO), a atuação da fiscalização do Ibama na Floresta Nacional do Jamari em Rondônia, inclusive com ameaça de processo administrativo contra os servidores (https://www.youtube.com/watch?v=PZIZbF4CrVU)

4 – Atendendo ao chamamento da Ascema Nacional, a Asibama-DF promoveu, no dia 27/04/2019, na frente da portaria do Parque Nacional de Brasília (Água Mineral), ato público em defesa das políticas públicas socioambientais com a presença de parlamentares, ambientalistas, servidores e cidadãos, ocasião em que foram denunciados o desmonte promovido nas instituições responsáveis pela gestão ambiental pública e o processo crescente de intimidação a que vêm sendo submetidos os servidores através de exonerações, demissões, ameaça de abertura de processos administrativos, nomeações para os institutos, de pessoas que não atendem minimamente a critérios técnicos, desqualificação de servidores nas redes sociais, etc. Acrescente-se a isso, a “participação especial” de assessor do ministro Ricardo Salles, Gastão Donadi, que está
irregularmente atuando como “interventor” no Instituto Chico Mendes, já no final do ato público, filmando os servidores, numa clara tentativa de intimidação. Assessor que nos dias 22, 23 e 24 teve reunião durante o dia todo com o Diretor de Planejamento do Instituto (http://www.mma.gov.br/agenda-de-autoridades.htmlview=autoridade&dia=2019-04- 24&id=88).

Outras notas sobre o desmonte:
http://www.ascemanacional.org.br/wp-content/uploads/2019/04/CARTA-ABERTA-%C3%80-SOCIEDADE-Final.pdf / http://www.ascemanacional.org.br/wpcontent/uploads/2019/04/CartaICMBio-AVAN%C3%87A-O-DESMONTE-DA-GEST%C3%83O-AMBIENTAL-25abr19.pdf)

5 – No dia 28/04/2019, fomos surpreendidos com a notícia de que dois veículos do Ibama que se encontravam estacionados no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), no interior da Floresta Nacional de Brasília, pegaram fogo durante a madrugada. Segundo informações obtidas pela Ascema Nacional, a área está isolada para viabilizar que seja feita perícia no local e nos veículos. Felizmente, o fogo não acarretou danos aos animais que ali são mantidos e tampouco aos servidores do Ibama que ali exercem suas funções. Porém, não podemos deixar de alertar para os riscos a que são submetidos nossos trabalhadores em situações como essas, que desta vez aconteceu não em local afastado e com pequena presença do Estado, mas na capital federal. É inevitável relacionar os últimos acontecimentos com a banalização do crime ambiental e a desautorização de seu combate, ao sentimento de impunidade e de ódio que vem sendo alimentado em redes sociais contra as instituições como Ibama e ICMBio. Como em nenhum outro momento, tememos pela vida desses servidores que, em sua missão institucional, findam por se contrapor aos interesses de grupos hegemônicos, ficando sujeitos a ataques de toda ordem e de autoridades que se colocam ao lado de infratores, desqualificando servidores e reforçando o sentimento de impunidade; de autoridades
que, em vez de fortalecer os órgãos ambientais e as ações de seus servidores, os ameaçam com punições e os desqualificam nas redes sociais.

Frente a todos esses ataques à área socioambiental, consideramos ser da maior importância, denunciar à sociedade todo o processo de desmonte da política nacional de meio ambiente, bem como suas consequências para o conjunto da sociedade brasileira.
=> EXIGIMOS APURAÇÃO IMEDIATA, TRANSPARÊNCIA E PUNIÇÃO AOS RESPONSÁVEIS PELO ATAQUE AO CETAS!
=> NÃO AO DESMONTE DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E ÓRGÃOS VINCULADOS!
=> AMBIENTE INTEIRO E NÃO PELA METADE

#MARÉSocioambiental
#NãoAoRetrocessoSocioambiental
 

Brasília, 29 de abril de 2019

Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA Ascema Nacional

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Esta nota foi inicialmente publicada pela ASCEMA-Nacional [Aqui!]

Em carta aberta, associação nacional de servidores denuncia ataques do ministro do Meio Ambiente à gestão ambiental federal

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Ricardo Salles está tendo um mandato mais do que turbulento à frente do ministério do Meio Ambiente e sua aderência ao cargo será fortemente testada nos próximos meses.

Em carta aberta à sociedade brasileira, a Associação Nacional de Servidores da Carreira de Meio Ambiente (ASCEMA Nacional) denuncia as últimas declarações e posturas do atual ministro do meio ambiente, Ricardo Salles,  que “estaria  atacando e difamando o corpo de servidores do ICMBio através de publicações em redes sociais e de declarações na imprensa baseadas em impressões superficiais” (ver documento abaixo).

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A carta da ASCEMA Nacional aponta ainda que o ainda ministro Ricardo Salles se refere aos servidores de forma ofensiva, como em postagem no Instagram ao dizer que pretendia fortalecer o ICMBio “com gente séria e competente e não com “bicho grilo chuchu beleza” que “já tá provado que não funciona”.

Segundo a ASCEMA Nacional, uma das posturas especialmente recrimináveis de Ricardo Salles teria ocorrido no último sábado, no Rio Grande de Sul,  quando o mesmo teria sido “ardiloso, falacioso e grosseiro com os servidores do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, repreendendo-os em público pela sua ausência em evento que não constava na agenda e para o qual não os convidara, e os ameaçando de processo administrativo disciplinar para delírio da plateia de interessados no uso direto da área atualmente protegida pelo parque, e assim incitada pelo ministro contra os servidores públicos“.

É interessante notar que Ricardo Salles vem acumulando uma série de críticas também por parte da mídia corporativa que vê em suas posturas autoritárias um grave risco para a manutenção de órgãos e políticas públicas criados para proteger os ecossistemas naturais  brasileiros. Ao fazer isso, a mídia corporativa sinaliza que o ainda ministro do Meio Ambiente consegue desagradar tanto à esquerda quanto à direita, e sua sustentação no cargo que ocupa deverá ser fortemente testada nos próximos meses.