O saco (cheio) de maldades que Cláudio Castro esqueceu de mencionar em seu showmício na Uenf

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Um número nada desprezível dos servidores públicos do estado do Rio de Janeiro parece inebriado com um fato que deveria ser a coisa mais banal do mundo, que é o pagamento de seus salários relativamente em dia. É que muitos ainda estão afogados em intermináveis “consignados” que resultaram do atraso crônico de salários ao longo de 2017.
Com essa postura, agravada pelo afastamento social causado pela pandemia da COVID-19, muitos servidores não estão cientes do verdadeiro saco de maldades que o governador “por acaso” Cláudio Castro lhes reserva para um futuro não muito distante a partir do modelo de renovação do tenebroso “Regime de Recuperação Fiscal” que acaba de ser renovado com o governo federal.
Os ataques inseridos no “RRF” assinado por Cláudio Castro são uma espécie de aperitivo do que será imposto a todos os servidores públicos brasileiros, caso a chamada “Reforma Administrativa” seja aprovada. Abaixo posto 3 slides de uma análise mais ampla preparada pelo pessoal da “Auditoria Cidadã da Dívida” sobre os impactos do RRF sobre os servidores estaduais do Rio de Janeiro, onde fica explícito que os ataques que virão serão duríssimos, indo da continuidade do congelamento dos salários até a imposição de um modelo completamente privatista de aposentadoria, no melhor molde da previdência privada imposta pelo regime de Augusto Pinochet aos trabalhadores chilenos.

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No caso da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), onde ontem Cláudio Castro aportou sua versão eleitoral da “Caravana Rolidei”, os impactos serão muito duros e que ameaçarão a própria sobrevivência da universidade idealizada por Darcy Ribeiro e implantada por Leonel Brizola. É que já sob forte pressão por falta de concursos e com um orçamento continuamente congelada, a Uenf ainda convive com salários corroídos por mais de 7 anos de inflação. Mas com a adesão feita por Cláudio Castro ao RRF, nenhum desses problemas poderá ser reparado enquanto o acordo com o governo federal continuar em vigência.
Lamentavelmente, a Uenf está hoje sob o comando de um reitor que está claramente aquém das tarefas que se impõe sobre a instituição em uma difícil conjuntura histórica. Aliás, se entendesse o papel que deve cumprir enquanto reitor, o atual ocupante do cargo não teria se colocado como plateia no show gospel que Cláudio Castro ontem no Centro de Convenções que curiosamente leva o nome do arquiteto comunista e ateu Oscar Niemeyer.
Por isso, o melhor que os servidores públicos estaduais podem fazer é parar de se deixar engabelar pelo pagamento de salários corroídos por uma inflação que hoje se encontra galopante para planejar a necessária reação aos planos de desmanche que Cláudio Castro pretende implantar, pois como dizia meu falecido pai “jacaré parado vira bolsa”.

Auditoria pública da dívida: uma necessidade urgente

Por um desses acasos interessantes ontem assisti num canal alternativo de TV fechada uma entrevista com Maria Lúcia Fatorelli que é auditora da Receita Federal e membro da coordenação da coordenação  da Auditoria Cidadã da Dívida (Aqui!) sobre a grave situação financeira que assola estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Em um tom bem didática, Maria Lúcia Fatorelli começou a descrever parte dos mecanismos que estão sendo utilizados no Brasil por estados e municípios para realizar captações que implicam num aumento exponencial da dívida pública, a qual tem seus beneficiários bancos e fundos privados que, por sua vez, possuem relações diretas com os primeiros.

Para Fatorelli, que participou das auditorias das contas públicas feitas pelo Equador e pela Grécia, existem exemplos abundantes de como fundos privados e as chamadas “sociedades de propósito especifico” (SPE) tem atuado para que sejam realizadas operações de captação cujo resultado objetivo é aumentar a dívida pública.

Ouvindo as explanações de Maria Lúcia Fatorelli, eu fiquei me perguntando se ela já ouviu falar da operação realizada pelo (des) governo do Rio de Janeiro, sob autorização da Alerj, de captar US$ 3,1 bilhões no paraíso fiscal de Delaware usando as exatas estratégias que ela destacou como tendo causado o colapso da economia grega. É que eu tenho quase certeza que se ela ouvir falar da operação envolvendo o RioPrevidência e a criação do “Rio Oil Finance Trust” ela poderá acrescentar mais um exemplo lapidar de como a gigantesca dívida dos estados brasileiros está sendo montada.

Mas eu fiquei com um certeza após ouvir essa entrevista: demandar a realização de uma rigorosa dívida pública no Rio de Janeiro tem que se tornar uma bandeira não apenas dos sindicatos de servidores públicos, mas de toda a sociedade fluminense. E antes disso que se congele novos pagamentos da dívida pública, pois, do contrário, o colapso dos serviços públicos se tornará inevitável.

 

Auditória Cidadã da Dívida e as perguntas que a mídia corporativa não quer fazer

Em 2013, R$ 718 bilhões de reais foram destinados aos serviços da dívida ou mais de 40% do Orçamento Geral da União. Mas parece que esse escândalo não chamou a atenção da grande imprensa. Por que será? Seria porque os grandes conglomerados de comunicação – controlados por pouquíssimas famílias – se beneficiam do alto rendimento da Dívida Pública, assim como os acionistas que investem em suas empresas?

O mesmo vale para a sonegação, que prejudica a arrecadação pública, enquanto os mais pobres não tem escolha de não pagar impostos, uma vez que todo o seu salário é gasto no decorrer do mês no consumo, que é altamente taxado.

E sem esquecer a dívida ativa (aquela que tem a União como credora) que chegou este ano ao patamar de R$ 1,2 trilhões.
Quando é que os microfones dos jornalistas e as lentes dos fotógrafos vão se virar ao problema do endividamento público?

FONTE:https://www.facebook.com/auditoriacidada.pagina/photos/a.568059073252337.1073741829.179192175472364/814795391912036/?type=1&theater