Canal Univision produz matéria esclarecedora sobre as condições catastróficas em que se encontra a Baía da Guanabara às vésperas do Jogos Olímpicos

Há algumas semanas atrás fui convidado pelo jornalista Pablo Monzalvo do Canal Univision, principal canal de TV de língua espanhola que opera nos EUA, a falar sobre a condição crítica em que se encontra a Baía da Guanabara às vésperas dos Jogos Olímpicos de 2016. 

Além de mim foi ouvido o pescador Alexandre Anderson (Aqui!), liderança dos pescadores artesanais que ainda teimam em retirar seu sustento das águas poluídas da Baia da Guanabara.  

Erro
Este vídeo não existe

Acima está o vídeo com esta reportagem para a qual eu chamo atenção para duas informações importantes. A primeira dada pelo Alexandre Anderson que apontou para o fato de que a condição poluída da Baía da Guanabara decorre de uma decisão racional de mantê-la poluída para impedir para usos comunitários como o representado pela pesca artesanal.

Já a segunda informação foi dada pelo próprio jornalista Pablo Monzalvo que repercutiu uma posicionamento oferecido pelo secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, André Correa, que reconheceu que a meta de livrar a Baía da Guanabara de 80% da carga de poluição não é realista.  

Então, por que a Prefeitura do Rio de Janeiro, comandada por Eduardo PAes (PMDB) prometeu isso e o Comitê Olímpico (COI) aceitou? Provavelmente porque os ganhos que cada lado teve suplantarão, em muito qualquer veleidade com a recuperação ambiental de um ecossistema tão belo quanto fundamental como é a Baía da Guanabara.

MPF convoca audiência pública para 26/8 sobre a despoluição da Baía de Guanabara

Um mar de promessas e muita sujeira. Gerenciamento de recursos, saneamento básico e educação ambiental

MPF convoca audiência pública sobre a despoluição da Baía de Guanabara

O Ministério Público Federal realizará audiência pública para colher mais informações sobre os motivos do insucesso das políticas para despoluir a Baía de Guanabara.

Obra prima da natureza. Protagonista de um cenário de beleza cênica de tirar o fôlego, a Baía de Guanabara, no entanto, não está nada bem na foto. Basta ver como sua imagem maltratada rodou o mundo depois que a mídia direcionou suas lentes para o espelho d’Água abarrotado de entulho, sem falar no lixo depositado nas margens e no fundo do mar.

Em 1992 foi lançado o primeiro programa de despoluição da Baía de Guanabara -PDGB. Em 2009, com a candidatura para os jogos olímpicos de 2016, o governo estadual assumiu o compromisso de tratar 80% do esgoto da região metropolitana. Veio então um novo Programa de Saneamento – PSAM.

Em 1º de julho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro recebeu a chancela de Patrimônio da Humanidade em virtude de sua incomparável paisagem cultural. Foi a primeira vez que a Unesco concedeu essa modalidade de chancela. Desde então, o famoso cartão postal da cidade maravilhosa passou a receber novas promessas de recomposição ambiental.

Entretanto, os dados obtidos inicialmente dão conta que o sistema de esgotamento sanitário dos municípios do entorno da baía está muito longe de atingir a meta de universalização, conforme determina a Lei de Política Nacional de Saneamento Básico.

Com isso, uma imensa quantidade de dejetos ainda é lançada diretamente na baía e em dezenas de rios que nela desembocam. Estima-se, além disso, que diariamente são despejadas cerca de 90 toneladas de lixo na baía.

Símbolo de resistência

A Baía de Guanabara, que já foi local de reprodução de algumas espécies de baleias, hoje agoniza, vítima que é de uma tragédia ambiental provocada pela ação e pela omissão do homem. E rapidamente os botos que ainda habitam este berçário vão sendo dizimados. Eis um bom exemplo da devastação. 

A despeito do ambiente desolador e de tantas promessas, agora ouve-se dizer que serão necessários mais vinte e cinco anos para despoluir a baía. Será?

De acordo com o procurador da República Jaime Mitropoulos, a situação é vergonhosa e não condiz com a importância da Baía de Guanabara. Trata-se de um ecossistema essencial para a vida das populações que interagem com ela. Sua gestão deve ser racional, integrada, sistêmica, sem dissociar a qualidade da água e do solo, compatibilizando recursos com as diversidades bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das regiões de seu entorno.

Portanto, a relevância da baía para a qualidade de vida de todos deve ser motivo suficiente para que municípios, Estado, União e sociedade conjuguem esforços visando à sua despoluição.

É preciso cobrar ações efetivas, como por exemplo o reflorestamento do entorno, a preservação de manguezais e matas ciliares, descontaminação do solo, tratamento de rejeitos industriais e do esgoto doméstico, a contenção de vazamentos, a implantação e operação de novos aterros sanitários.

Desde 1992, quando os primeiros financiamentos começaram a aportar, não faltaram recursos para isso. Nem tempo. A recente crise econômica e a penúria em que o Estado do Rio de Janeiro foi mergulhado recentemente não justificam níveis tão baixos na execução de obras e ações de despoluição, principalmente a irrisória implantação de redes de coleta e tratamento de esgoto de alguns municípios, apesar dos nada desprezíveis recursos financeiros canalizados com esse propósito. É indispensável levar em conta todos os danos cumulativos e sinérgicos que impactam negativamente o ecossistema.

Por isso pretendemos saber se existem falhas de planejamento, na coordenação e execução do programa de despoluição, uma vez que o Sistema Nacional de Meio Ambiente exige dos gestores uma atuação articulada e eficiente, pensando e agindo de modo coordenado para alcançar resultados efetivos.

Precisamos saber, sobretudo, se os recursos foram corretamente empregados na preservação e na recuperação das áreas degradadas.

Independentemente de qualquer megaevento que esteja ocorrendo na cidade do Rio de Janeiro, a sobrevivência da baía exige mais do que promessas e euforias de campanha. Exige empenho e compromisso institucional, seriedade e competência na gestão de recursos. Exige, enfim, boa governança, educação ambiental e financeira. Só assim será possível pensar numa Baía de Guanabara limpa e recuperada para as presentes e futuras gerações, conclui o Procurador.

A audiência será aberta a toda a sociedade e está marcada para o dia 26 de agosto de 2016, às 13 horas, no Auditório da sede da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro (Avenida Nilo Peçanha, 31, 6º andar, Centro).

FONTE:  Assessoria de Comunicação Social da Procuradoria da República no Rio de Janeiro www.prrj.mpf.mp.br

GT Olimpíadas do MPF inspeciona Baía de Guanabara neste sábado (9)

Procuradores investigam irregularidades na construção de estações e elevatórios

GT Olimpíadas do MPF inspeciona Baía de Guanabara neste sábado (9)

Fotos: divulgação MPF

 O Grupo de Trabalho (GT) das Olimpíadas do Ministério Público Federal (MPF) realiza neste sábado (9), às 11h, inspeção na Baía de Guanabara. O objetivo é apurar indícios de improbidade administrativa na construção das estações de tratamento parte do projeto de despoluição da Baía. Nesta sexta (8), os procuradores do GT e da área ambiental visitaram a estação de tratamento de esgoto, onde verificou-se que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Alegria funciona muito abaixo da sua capacidade máxima.

“O problema na ETE Alegria foi a falta de conclusão do sistema, que inclui o tronco e as redes coletoras domiciliares. Também não é feito o devido tratamento ao lodo, que podia virar adubo para reflorestamento e produzir biogás”, relata o procurador da República Leandro Mitidieri.

A força-tarefa que realizará a inspeção neste sábado irá se concentrar, às 11hs da manhã, em frente ao Hospital Municipal Evandro Freire na Estrada do Galeão. O objetivo é visitar os pontos de maior acúmulo de lixo.

No último dia 24, os membros do GT já haviam visitado os pontos mais poluídos da Baía de Guanabara, parte das investigações sobre irregularidades na construção de estações e elevatórios de água pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE). O GT apura se houve improbidade na construção das estações, que estão total ou parcialmente inoperantes.

A despoluição da Baía de Guanabara foi um dos compromissos assumidos pelo Rio de Janeiro para a realização dos Jogos Olímpicos. O GT Olimpíadas, criado para investigar notícias de corrupção com recursos públicos federais nas obras para os jogos, tomou conhecimento de uma série de notícias denunciando dano aos cofres públicos com a construção das estações e elevatórios. Há indícios de que as obras foram realizadas sem as redes de esgoto conectadas, o que deixou as estações inoperantes ou subutilizadas.

Baia de Guanabara

 ETE Alegria funciona muito abaixo da sua capacidade máxima

Serviço:

Pauta: Inspeção pelo GT Olimpíadas do MPF na Baía de Guanabara

Local: Concentração para partida em frente ao Hospital Municipal Evandro Freire na Estrada do Galeão.

Horário: 11 horas da manhã.

Data: sábado, 9 de julho de 2016.

 FONTE: Assessoria de Comunicação Social/ Procuradoria da República no Rio de Janeiro

Custando perto de R$ 40 bilhões, Jogos Olímpicos não terá nenhuma meta ambiental cumprida

metas ambientais 3

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro já estão com um custo próximo de R$ 40 bilhões , mas em pelo menos um quesito não conseguirão deixar nenhum legado que mereça ser lembrado positivamente. Em matéria assinada pelo jornalista Ítalo Nogueira publicada pelo jornal Folha de São Paulo no dia 02/07 foi informado que todas as metas ambientais prometidas na candidatura junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI) serão descumpridas (Aqui!).

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Na matéria são apresentados alguns dos fracassos com que a cidade do Rio de Janeiro terá de conviver  após o encerramento do megaevento esportivo.   Entre as promessas importantes que foram solenemente descumpridas estão o tratamento total do esgoto lançado baía de Guanabara, e o tratamento dos problemas ambientais da lagoa de Jacarepaguá, que margeia o Parque Olímpico, e que continuará completamente poluída e sob acelerado processo de assoreamento.  

Eu sinceramente não me surpreendo com esse descompasso entre a promessa e o que foi efetivamente realizado em prol da melhoria ambiental dos importantes ecossistemas existentes na cidade do Rio de Janeiro. Apesar disso, considero lamentável que tanto dinheiro esteja sendo gasto com estruturas físicas que não poderão ser usadas pela maioria da população carioca, enquanto quase nada tenha sido aplicado em questões que poderiam ser sim um legado positivo dos Jogos Olímpicos. A começar pelo tratamento de esgotos in natura que continuarão sendo despejados na Baía da Guanabara.

O nome é Museu do Amanhã, mas pode chamar de futuro roubado

A imagem abaixo  vem do chamado “Museu do Amanhã” que é um empreendimento localizado na região da Praça Mauá no centro da cidade do Rio de Janeiro, e mostra de forma irrefutável toda a contradição que cerca as mudanças urbanísticas que estão sendo impostas em nome da realização dos Jogos Olímpicos de 2016.

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Obviamente a família Marinho que é a principal beneficiária do Museu do Amanhã não poderia estar mais feliz com o resultado desta “parceria público privada”, mas a colocação desta estrutura milionária à beira da Baía da Guanabara que continua sendo tratada com uma imensa lata de lixo é um grande esculacho.

As crianças mostradas nesta foto olhando para uma imensa pilha de lixo devem estar se sentindo roubadas do seu futuro. E  por que não estamos todos?

 

Câmara dos Deputados convida para audiência pública online para debater as condições da Baía da Guanabara para receber os Jogos Olímpicos

 

baia jogos

Condições de Saúde da Baía de Guanabara – 02/09 – 15h,

Sala fechada

Audiência Pública para debater as condições de saúde da Baía de Guanabara para a realização das atividades aquáticas nos Jogos Olímpicos a serem realizados no Rio, em 2016.

Requerimento nº 73/2015
Iniciativa: deputados Fábio Mitidieri, Valadares Filho e Flávia Morais

Convidados:

Ricardo Leyser, Secretário Executivo do Ministério do Esporte; *

Leonardo Espíndola, Secretário de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro;

Juliana Lins, Subsecretária Adjunto do Escritório de Gerenciamento de Projetos da Casa Civil – EGP/Rio;

Tania Braga, Gerente Geral de Sustentabilidade, Acessibilidade e Legado do Comitê Organizador dos Jogos Olímpico e Paralímpicos Rio 2016;

Dr. João Grangeiro, Diretor Médico do Comitê Organizador dos Jogos Olímpico e Paralímpicos Rio 2016;

Joaquim Monteiro, Presidente da Empresa Olímpica Municipal;

Marcelo Pedroso, Presidente Substituto da Autoridade Pública Olímpica – APO;

Caio Rosenthal, Médico Infectologista.

Para participar  acesse o link: http://goo.gl/GkSKxu  amanhã (02/09/2015 a partir das 15h,

Fórum dos Pescadores e Amigos do Mar convoca reunião para discutir situação da pesca no Rio de Janeiro

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Estamos convocando os membros do Fórum dos Pescadores e Amigos do Mar para reunião nesta sexta-feira (15/5/2015), as 14h na sede do SINDIPETRO-RJ – Av. Passos, 34 – Centro.

A situação da Baía de Guanabara continua se agravando com mortandade de peixes jamais vista, desamparo total dos pescadores artesanais, ocupação pela Petrobras das ilhas e crescimento gigantesco das atividades da Indústria do Petróleo. A exploração do Pré-sal tem intensificado os riscos ambientais e impactos à pesca sem a adoção prévia de medidas de prevenção e controle no caso de acidentes no mar.

As obras da refinaria do COMPERJ, em Itaboraí, estão paralisadas com a demissão de milhares de operários provocando sérios impactos urbanos, econômicos e sociais nos municípios do Leste da baía.

Os pescadores da Baía de Guanabara até hoje não receberam a indenização pelo derramamento de óleo no ano de 2000 provocado por rompimento no duto que liga a REDUC à Ilha D´Água.

Muitos trabalhadores do mar, por falta de opção tiveram que trabalhar em obras, agora com a crise econômica do país estão desempregados, sem obra e sem peixe.

No próximo dia 21 de maio é o Dia Mundial Anti-Chevron, transnacional da poluição que tem provocado injustiças ambientais e violações de direitos humanos (manifesto em anexo) e estaremos construindo Ato público no Rio de Janeiro em conjunto com outros movimentos sociais.

Iremos discutir além da situação da pesca no Rio de Janeiro e os conflitos com a indústria petroleira, a indicação de observadores do nosso Fórum para o Congresso da CSP-CONLUTAS que será em São Paulo nos dias 4, 5, 6 e 7 de Junho.

Contamos com sua presença.

Quem maltrata a natureza envenena a própria mesa.

FÓRUM DOS PESCADORES E AMIGOS DO MAR

Banhos de maio

Mergulho do secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, na Baía de Guanabara, não foi o primeiro

Por João Batista Damasceno*

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Rio – O mergulho do secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, na Baía de Guanabara, visando a assegurar que suas águas não são tão poluídas como mostrara reportagem, não foi o primeiro. Trata-se de um secretário mergulhão, mas em locais seguros. Desta vez Corrêa banhou-se em hora adequada, na maré cheia, com a água limpa do oceano entrando, em ponto junto à entrada da Baía, onde a corrente é mais forte. Evitou, desta forma, contaminação. Em 23 de dezembro de 2001, quando ocupava o mesmo cargo, no governo Garotinho, caiu no Piscinão de Ramos, acompanhado do então ministro do Trabalho de FHC, Francisco Dornelles, atual vice-governador. Em disputa de braçadas, o secretário se saiu melhor que o então ministro, que também ganhou exposição e aproximação com eleitores da periferia.

A entrada de autoridades em rios, praias e lagos poluídos para demonstrar sua adequação não é novidade nem aqui nem em lugar algum do Terceiro Mundo. Em data recente, autoridade indiana bebeu água do Ganges, um dos rios mais poluídos do mundo, para demonstrar sua adequação para as festividades em homenagem à divindade materna que simboliza.

Mas a escola no Rio é bem anterior. Em maio de 1982, acidente industrial poluiu o Rio Paraibuna, e a onda tóxica invadiu o Paraíba do Sul, destruindo fauna e flora. Toneladas de peixes mortos desceram rio abaixo. A poluição chegou até Campos, dizimando a vida por cerca de 300 quilômetros. O governador de Minas fechou a empresa poluidora, e o governador do Rio, Chagas Freitas, fundador do DIA , enviou mensagem ao então ministro Mário Andreazza informando que pediria indenização pelos prejuízos causados. Decorridos 10 dias, quando a lama venenosa interrompera o abastecimento de água para a população ribeirinha, o Dr. Chagas foi a Campos e banhou-se no Paraíba do Sul, além de beber sua água.

O governador era da ala moderada da oposição, dócil à ditadura, em tempo de bipartidarismo. Era aliado de Tancredo Neves, tio de Dornelles, e se opunham — na oposição — à ala autêntica, liderada por Ulysses Guimarães. Não se tem notícia de doença contraída pelo Dr. Chagas, nem de ajuste com a ditadura para sua conduta. Mas, naquele momento, prestou-se a tentar convencer a sociedade de que a poluição que via era apenas miragem.

O meio ambiente saudável é direito público subjetivo, do qual todos somos titulares. Melhor seria se, em vez de tentarem nos convencer de suas lucubrações, as autoridades tomassem efetivas decisões para a despoluição, a começar pelos rios e canais que deságuam na Baía de Guanabara.

*João Batista Damasceno é doutor em Ciência Política pela UFF e juiz de Direito

FONTE: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2015-05-09/joao-batista-damasceno-banhos-de-maio.html

JB inicia série de reportagens sobre poluição na Baía da Guanabara

Baía de Guanabara: cartão-postal olímpico do abandono do Rio

Durante Jogos, mundo vai conhecer de perto poluição que degrada uma das mais belas vistas da cidade

Por  Cláudia Freitas

 “Há aqueles que dizem que Deus criou o mundo em seis dias e dedicou o sétimo para o Rio. A cidade é realmente abençoada com um dos cenários mais deslumbrantes do mundo”. A descrição é do famoso site americano U City Guides, que lista as rotas mais deslumbrantes do planeta. No entanto, esta imagem esplêndida e que sustenta o setor econômico da cidade está prestes a afundar com a montanha de detritos acumulados num de seus principais cartões-postais: a Baía de Guanabara, onde serão realizadas competições durante os Jogos Olímpicos de 2016. A gestão do prefeito Eduardo Paes (PMDB-RJ) já admitiu que não dará tempo de limpar a enseada até o início dos Jogos, o que vem causando grande temor por parte de atletas e entidades nacionais e internacionais. Além da degradação ambiental, o entorno da Baía de Guanabara sofre com outros males, como assaltos e  falta de investimento. De cartão-postal do Rio, a Baía de Guanabara está prestes a se transformar numa gigantesca propaganda negativa da cidade, para onde os holofotes do mundo estarão voltados durante a Olimpíada.

Poluição na Baía de Guanabara
Poluição na Baía de Guanabara

Em meio a tantos pontos negativos, como o Rio vai manter no exterior a fama de Cidade Maravilhosa depois que a comunidade internacional desembarcar para os Jogos Olímpicos e se deparar com o degradante cenário? O Jornal do Brasil abre espaço em uma série de reportagens para ouvir especialistas e a sociedade sobre o tema. 

“É um tiro no pé para o Brasil, porque eles [governos estadual e municipal] prometeram despoluir a Baía há décadas. No Pan-Americano já houve esta promessa. O que a gente viu foi uma piora, os índices de poluição estão maiores. E colocar os Jogos Olímpicos alí é de uma desfaçatez, pois vai expor os atletas a riscos de saúde, fora o desrespeito. As praias da Baía são impróprias para banho hoje. Vão ser próprias para a regata nos Jogos? Isso é um absurdo”, comenta o professor de Marketing Esportivo da Fundação Getúlio Vargas, Pedro Treengrouse. 

 

O especialista alerta que os Jogos Olímpicos nada mais são do que uma “grande vitrine”. “Eles mostram a cidade para o mundo. Eles expõem as nossas qualidades, mas também as nossas mazelas. Colocar as competições de vela, por exemplo, no meio da Baía de Guanabara é expor as nossas mazelas da pior maneira possível”, afirma. Treengrouse não tem dúvidas de que há um impacto negativo na imagem do Rio, e por consequência do Brasil, com a poluição na Baía. O tamanho deste dano, na sua opinião, ainda será medido com a repercussão do escândalo na imprensa internacional. “A gente ainda não sabe o quanto isso vai interferir na saúde dos atletas. São várias verdades, a primeira delas é que representa um risco. A segunda é que não se cumpriu com a promessa feita para os Jogos”, destaca o professor, acrescentando que a competição está sendo patrocinada pela própria população brasileira, através dos impostos.

Poluição em São Gonçalo
Poluição em São Gonçalo

Treengrouse lembra ainda que o governo municipal, há muitos anos, vem prometendo o serviço de Metrô até o bairro da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade. “A gente precisa levar em consideração que isso tudo não é um legado das Olimpíadas para o carioca. Tão importante quanto a imagem da cidade para o mundo, significa a qualidade de vida do carioca, que vive na cidade e sofre com a poluição na Baía de Guanabara, os assaltos recorrentes, a violência que estamos acompanhando pela mídia todos os dias. Independentemente de Jogos, a gente merece uma cidade melhor”, comenta. 

O professor lamenta que esta discussão acerca da poluição na Baía esteja limitada apenas na perspectiva da Olimpíada. “A situação deve ser contrária, os Jogos devem ser uma festa que estamos fazendo para o mundo, mas nós temos motivos para celebrar com estas dificuldades todas? Esta é a pergunta que fica”, diz ele.  

Poluição na Marina da Glória, na Baía da Guanabara
Poluição na Marina da Glória, na Baía da Guanabara

O biólogo Mário Moscatelli relembra que, em 2011, o governo estadual criou o plano Baía de Guanabara Limpa. Na época, o projeto foi orçado em R$ 2,5 bilhões e incluía a ampliação dos sistemas de tratamento de esgoto, o programa Sena Limpa, que tinha como objetivo a despoluição das praias, além do programa de saneamento ambiental dos 15 municípios banhados pelas águas da enseada. Os resultados foram pífios, na análise do ambientalista. As lagoas da Barra e de Jacarepaguá deveriam ser limpas até o inicio dos Jogos, como consta no dossiê de candidatura da cidade, mas a própria Secretaria Municipal de Meio Ambiente já sentenciou que esta missão é impossível. Em imagens aéreas feitas por Moscatelli na última sexta-feira (1/5), é possível ver o acúmulo de lixo e esgoto nas áreas de competição. As fotos (acima) foram registradas na Marina da Glória e no litoral de São Gonçalo, na região Metropolitana do Rio.  

FONTE: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2015/05/05/baia-de-guanabara-cartao-postal-olimpico-do-abandono-do-rio/

André Corrêa imita Chagas Freitas e pula na Baía da Guanabara para “provar” que a poluição não é tão forte assim

Chagas

Mergulho. O governador do Rio, Chagas Freitas, toma banho no Rio Paraíba do Sul, em Campos Agência O Globo / 22/05/1982

Em 1982, em meio a um dos mais dramáticos incidentes ambientais que já atingiram o Rio Paraíba do Sul, o causado pela Companhia Paraibuna Metais, o então governador fluminense Chagas Freitas visitou a cidade de Campos dos Goytacazes e ali se jogou nas águas poluídas para demonstrar que o problema não era tão grave quanto a imprensa anunciava. 

Eis que quase 33 anos depois (faltou pouco porque o incidente da Paraibuna metais ocorreu no dia 12 de maio), o (des) secretário estadual do Ambiente, o inexpressivo André Corrêa, se jogou nas águas da Baía da Guanabara para também provar que o “bicho não está tão feio quanto parece”. 

Essa imitação seria até cômica se a pouco menos de um ano dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016, as imagens diárias de lixo sólido e líquido entrando nas águas de um dos mais lindos ecossistemas do planeta não estivesse matando a vida aquática e colocando em perigo quem se arrisca a desafiar a contaminação que permanece descontrolada após bilhões de supostos investimentos.

Não é à toa que André Corrêa escolheu local e hora mais propícios, pois certamente seus assessores no INEA já lhe informaram quais tipos de doenças podem ser contraídos se o pulo nas águas for em local e hora menos aconselháveis para pessoas de fino trato como o (des) secretário. E não custa nada lembrar que depois daquele banho no Paraíba do Sul, coincidência ou não, Chagas Freitas atravessou um longo histórico de depressão e tentativas de suicídio, faleceu por problemas na aorta abdominal.

Secretário mergulha na Baía de Guanabara, mas escolhe local e hora mais propícios

A ação de André Corrêa é em defesa das competições das Olimpíadas de 2016

POR O GLOBO

ANDRE CORREIA

Otimista. Corrêa diz que na Baía dá para mergulhar como em Ipanema – Reprodução/Rede Globo / Reprodução/Rede Globo

RIO – O secretário estadual do Meio Ambiente do Rio, André Corrêa, deu um mergulho na Baía de Guanabara em reportagem exibida neste domingo pelo programa “Fantástico”, da TV Globo, com o objetivo de assegurar que as águas do local não são tão poluídas como mostravam as imagens de degradação exibidas pelo programa no domingo anterior.

O secretário escolheu cuidadosamente o local e o horário para banhar-se: um ponto junto à entrada da Baía, onde a corrente é mais forte, e durante a maré cheia, quando a água limpa do oceano está entrando.

– Aí, ó. Aqui dá para mergulhar igual em Ipanema, igual lá na Barra. Como eu disse, o desafio é o lixo flutuante. Esse é o desafio que nós vamos enfrentar porque lixo zero em nenhuma baía a gente consegue – disse o secretário.

O secretário admite que a poluição é grande numa das raias olímpicas, perto da Marina da Glória, mas garante que nas outras raias a água é boa. É o caso do trecho onde ele mergulhou, onde é menor o risco de a sujeira prejudicar os competidores de vela nas Olimpíadas.

FONTE: http://oglobo.globo.com/rio/secretario-mergulha-na-baia-de-guanabara-mas-escolhe-local-hora-mais-propicios-16049004#ixzz3ZAOVKHXs