A crise climática e o apartheid social brasileiro fazem novas vítimas na Baixada Fluminense e na Costa Verde

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Após um breve hiato desde que se viu as cenas dramáticas na cidade de Petrópolis, estes últimos dias foram marcados por tragédias semelhantes na Baixada Fluminense e na chamada Costa Verde (principalmente em Angra dos Reis e Paraty) onde chuvas torrenciais causaram a morte de dezenas de habitantes de áreas pobres. A receita que se vê é a mesma de Petrópolis: chuvas fora do normal, características do atual período de mudanças climáticas, causam desmoronamentos e inundações instantâneas de áreas habitadas por pessoas pobres.

O problema é que tais cenas vão se tornar cada vez mais corriqueiras em um país afetado por mudanças climáticas causadas pelo funcionamento do sistema capitalista que, por um lado, gera altos níveis de poluição atmosférica e, por outro, empurra milhões de seus cidadãos para ocuparem áreas ecologicamente frágeis e desprovidas de infraestrutura compatível para enfrentar a situação que se abre.

De forma objetiva é forçoso reconhecer que os efeitos das mudanças climáticas tenderão a recair sobre os ombros daqueles segmentos que são politica e economicamente mais frágeis, já que os ricos não só evitam se instalar em locais propensos à quedas de encostas e serem inundados, mas quando o fazem possuem toda a condição de se retirar para outros lugares mais seguros, seja temporária ou definitivamente.

O fato é que não se pode separar os efeitos das mudanças climáticas do padrão de urbanização segregado que predomina no Brasil. Quem tenta separar essa conexão está claramente a serviço da perpetuação de um modelo de urbanização que aposta na perpetuação de um forma muito específica de apartheid social, o qual foi construído no período colonial e cuidadosamente mantido desde que se deu a independência em 1822.

Por isso é que no caso de países como o Brasil o chamado processo de adaptação climática das cidades terá que ser antecedido (ou pelo menos ocorrer simultaneamente) pelo desmantelamento do apartheid social que predomina na maioria das nossas cidades.

África do Sul e a Baixada Fluminense compartilham uma coincidência macabra: assassinatos em série de candidatos a cargos eletivos

Acabo de assistir uma matéria na rede  estadunidense CNN sobre uma série de assassinatos cometidos na véspera das eleições que vão ocorrer na África do Sul tendo como alvo candidatos pelo partido governista African National Council (ANC). 

Ao focar apenas na violência que está ocorrendo na África do Sul, a CNN está perdendo uma oportunidade de ouro para traçar comparações com o Rio de Janeiro, mais especificamente, a Baixa Fluminense, onde a mesma forma de eliminação de potenciais concorrentes a cargos eletivos também vem ocorrendo.

A curiosidade da matéria da CNN é que a morte de dezenas de candidatos do ANC está sendo atribuída a membros do próprio partido que estaria tentando facilitar as suas vitórias com o objetivo de participar do sistema de corrupção vigente na África do Sul. 

Eu fico intrigado se a CNN viesse apurar os assassinatos ocorrendo na Baixa Fluminense se o motivo das mortes seria muito diferente.

Jornal El País produz matéria sobre assassinatos de pré-candidatos a vereador no RJ

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Com o título “A campanha de “matar quem atrapalha” nas eleições municipais do Rio”, o jornal “El País” produziu uma matéria em sua versão em português sobre a onda de assassinatos de políticos e pré-candidatos que está varrendo os municípios da Baixada Fluminense.

Segundo a matéria assinada pela jornalista Maria Martín, essa onda de assassinatos escancara a penetração do crime na vida pública no Rio de Janeiro.

Para ler a matéria completa, basta clicar (Aqui!)