The Guardian concede selo de “Banana Republic” ao Brasil após tanqueata fumacenta em Brasília

A mídia internacional está reagindo rápido ao episódio da tanqueata organizada pela Marinha brasileira a pedido do presidente Jair Bolsonaro.  O primeiro veículo internacional a se posicionar de forma contundente foi o jornal inglês “The Guardian” que publicou um artigo assinado por seu correspondente no Rio de Janeiro, Tom Phillips, cujo título é “Bolsonaro’s ‘banana republic’ military parade condemned by critics” (ou em bom português “Desfile militar da ‘república das bananas’ de Bolsonaro condenado por críticos”. 

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O maior problema dessa rotulação que prega o selo de “Banana Republic” na teste de cada brasileiro será um inevitável aumento do desgaste da imagem externa do Brasil, o que deverá ter repercussões políticas e, principalmente, econômicas. É que em um momento em que os investimentos estão curtos, colocar dinheiro em um país governado por um presidente vocacionado para o rompimento da ordem democrática não será certamente uma prioriedade.

E aos setores da alta burguesia brasileira que agiram para nos transformar em objeto de achincalhe mundial, espero que estejam felizes em um dia tão pouco memorável da história brasileira.

Uma coisa é certa: se o presidente Jair Bolsonaro pretendia demonstrar força a ponto de coagir o congresso nacional a apoiar o seu desejo pessoal pela adoção do voto impresso, as cenas de tanquetas enferrujadas poluindo o ar da Esplanada dos Ministérios devem ter deixado o rei ainda mais nu, bem como sua imensa fragilidade política neste momento. É o famoso tiro que deverá sair pela culatra.

Waldir Maranhão ratifica o que eu disse: viramos uma “Banana Republic”

O presidente interino da Câmara de Deputados, Waldir Maranhão (PP/MA) resolveu “surpreender” de novo e aos 20 minutos desta 3a. feira publicou um ofício anulando a sua própria anulação das sessões que votaram pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A estas alturas penso que o estrago na credibilidade do processo de impeachment já foi feito, retirando de Michel Temer o pouco da aura democrática que ele procurava reclamar para este processo digno de uma república bananeira.

Agora com as ações aparentemente desconexas de Waldir Maranhão, o que temos é a explicitação de que estamos em meio a um óbvio e flagrante golpe de estado via parlamentar. Mas, como já disse em minha postagem anterior, com fragilidades tão profundas que é ofensivo aos golpistas do Paraguai e de Honduras qualquer comparação com o que está ocorrendo por aqui.

E relembrando Carmen Miranda, eu diria que “Yes, we are a Banana Republic”

Justiça seja feita: comparar o caso de Dilma ao de Zelaya e Lugo é uma ofensa aos golpistas de lá

Nas últimas semanas tenho comparado de forma reiterada a situação em curso no Brasil com o impeachment/golpe contra Dilma Rousseff ao que foi feita contra o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, em 2009, e contra o do Paraguai, Fernando Lugo, em 2012.

É que depois de ver as cenas tragicômicas que ocorreram ao longo desta segunda-feira (09/05) depois que o presidente em exercício da Câmara de Deputados, deputado Waldir Maranhão (PP/MA), resolveu anular as sessões que resultaram na aprovação do impeachment de Dilma Rousseff, eu só posso concluir que no caso brasileiro, a coisa adentrou um terreno pantanoso que os golpistas hondurenhos e paraguaios conseguiram evitar até com certa facilidade.

Tanto isto é verdade que tanto Manuel Zelaya como Fernando Lugo rapidamente reocuparam posições de destaque na política partidária de seus respectivos países, sendo que Lugo é atualmente um forte candidato nas próximas eleições paraguaias.

O fato que parece saltar aos olhos é que a saúde democrática do Brasil consegue ser mais frágil e cambaleante do que países para os quais costumamos olhar com algum desdém. O que parece estar ficando claro é que ao fim e ao cabo de, o Brasil é que está merecendo o título pouco glorioso de “Banana Republic” ou simplesmente “república bananeira”.

E durma-se como um barulho desses!