DENISE LUNA, DO RIO
A diretoria da ANP (Agência Nacional do Petróleo) vai exigir que a OGX, petroleira do empresário Eike Batista que entrou em recuperação judicial, comprove a capacidade para fazer os investimentos pretendidos, inclusive no campo de Tubarão Martelo, informou hoje (7) à Folha a diretora-geral da agência, Magda Chambriard.
“Um dos projetos da OGX este ano é o campo de Tubarão Martelo, tudo indica que vai acontecer, mas indicar não é ter certeza”, explicou a executiva.
A OGX entrou em recuperação judicial na semana passada, devido à incapacidade de pagar suas dívidas e à falta de acordo com credores da companhia. Com a exigência da ANP, a empresa terá que provar que tem recursos para levar seus planos adiante.
O campo de Tubarão Martelo, na bacia de Campos, tem previsão de iniciar a produção de petróleo até o final deste ano. A petroleira aposta no campo para ajudar na recuperação judicial em andamento, mostrando que é capaz de gerar receita.
A OGX está desde agosto sem produzir petróleo. O único campo da companhia, Tubarão Azul, na mesma bacia, teve problemas operacionais e não produziu em agosto e setembro. Segundo Magda, Tubarão Azul “daqui a pouco volta a produzir”, mas não soube precisar uma data. A agência está analisando um segundo plano de desenvolvimento do campo, depois de rejeitar o primeiro apresentado.
A própria companhia, no entanto, admitiu em meados deste ano que deverá parar a produção de Tubarão Azul ao longo de 2014.
A agência também está avaliando um novo plano da OGX para os campos de Tubarão Tigre, Tubarão Areia e Tubarão Gato, que também terão que ter a capacidade de investimento comprovada. A OGX havia informado que iria suspender o desenvolvimento desses campos, o que foi rejeitado pela ANP.
Tubarão Azul foi o primeiro campo de Eike a entrar em produção, e também o responsável pela perda de credibilidade da empresa. A derrocada da OGX contaminou todo o império montado pelo ex-bilionário em vários setores (porto, estaleiro, mineração e energia), e provocou a perda de bilhões de dólares de investidores, inclusive do próprio Eike.
Inicialmente, a OGX previa produzir 15 mil barris em cada poço de Tubarão Azul, que tem três poços produtores, mas nunca conseguiu atingir o volume anunciado.
Já o plano de desenvolvimento de Tubarão Martelo, que entra em produção até dezembro, já foi aprovado pela agência, informou Magda, mas com condições, que terão que ser comprovadas pela empresa quando começar a produzir.
Na indústria de petróleo no Brasil, as petroleiras precisam apresentar um Plano Exploratório Mínimo durante a oferta que fazem nos leilões da ANP. Depois de feita a descoberta de petróleo ou gás, a empresa apresenta à ANP um Plano de Avaliação de Descoberta e um Plano de Desenvolvimento do campo.





