Porto do Açu dá resposta lacônica se eximindo de responsabilidades pela erosão que está destruindo a Barra do Açu

O Blog do Pedlowski acaba de ter acesso a uma correspondência emitida pela Porto do Açu S/A e que foi dirigida à Câmara Municipal de São João da Barra para “explicar”  o acelerado processo de erosão costeira que está ameaçando remover do mapa a tradicional localidade da Barra do Açu.

A resposta da Porto do Açu se ancora nos laudos emitidos pelo professor Paulo Cesar Colonna Rosman que esteve por aqui no agora distante ano de 2014 para se pronunciar em uma audiência pública na Câmara de São João da Barra. Como estive presente naquela mesma audiência, lembro que os estudos técnicos mencionados pela Porto do Açu S/A eram algo tão questionável que Rosman nunca mais voltou por aqui para verificar o grau de acerto de suas previsões que, aliás, contrariavam tudo o que que havia dito antes sobre estruturas perpendiculares e seu papel na ocorrência de processos de erosão costeira em áreas próximas.

A correspondência da Porto do Açu também mencionam a implementação do programa de monitoramento que supostamente é feito atualmente sob a coordenação técnica do Professor Moyses Gonsalez Tessler da Universidade de São Paulo (USP), cujos resultados estariam “corroborando” os “trabalhos de Paulo César Rosman”. Aí está uma coisa que eu gostaria de ver publicizada e não apenas mencionada, pois esse não é o primeiro pesquisador da USP que passa por nossa região a serviço da Porto do Açu. O outro foi contratado para estudar os efeitos da salinização nos aquíferos da região, mas saiu daqui sem dar maiores explicações, alegando razões contratuais. 

Mas já que temos esses estudos feitos pelo professor Tessler, a primeira coisa que a Porto do Açu deveria fazer seria divulgar todos os relatórios feitos por ele. E isso não deveria ser nada difícil já que estes estudos supsotamente corroboram os laudos de Paulo César Rosman.

Curiosamente, no seu documento a Porto do Açu informa que a Prefeitura Municipal de São João da Barra teria instituído no dia 18 de dezembro de 2025 uma Câmara Técnica sobre Erosão Costeira, vinculado ao Conselho Municipal de Meio Ambiente, onde o tema será debatido “tecnicamente”.  Pois bem, o que eu espero é que os resultados técnicos produzidos sobre esta câmara não sejam apenas para continuar isentando o Porto do Açu de suas responsabilidades, as quais foram previstas pelo Estudo de Impacto Ambiental que sustentou a emissão das licenças ambientais usadas para a instalação da Unidade de Construção Naval da OSX.

Agora, convenhamos, quem será que a Porto do Açu quer convencer com essa correspondência? É que até as mais inocentes pedras que estão rolando das ruas sendo destruídas na Barra do Açu sabem o que está na raiz da erosão que consome a praia que já foi um dos “hotspots” preferir para amenizar as alturas temperaturas do verão sanjoanense. 

Enquanto erosão avança sobre a Barra do Açu, projeto de contenção costeira continua paralisado

Este blog vem informando ao longo dos anos a situação trágica em que se encontra a tradicional localidade Barra do Açu que vem sendo consumida por um processo de erosão costeira que foi iniciado com a construção do molhe que protege o Terminal 2 do Porto do Açu.  Essa erosão, prevista nos estudos de impactos ambientais usados para obter as licenças ambientais emitidas pelo Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (INEA), vem avançando em meio ao descaso e a falta de compromisso com a população local, seja pelo Porto do Açu seja pelo órgão licenciador (ver imagens abaixo).

A coisa é ainda mais grave quando se verifica que uma concorrência eletrônica lançada pela Prefeitura Municipal de São João da Barra para a “realização do estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental para elaboração de projeto de contenção da erosão costeira no município de São João da Barra” lançada em 15 de abril de 2025 se encontra paralisada, sem que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente sanjoanense se dê ao trabalho de informar quando o certame será retomado.

Do jeito que a coisa vai, a Barra do Açu vai sumir do mapa e teremos diante de nós mais uma onda de exilados criada pela implantação daquele porto que continua sendo mais espuma do que chopp. E com certeza, ainda teremos de aturar uma boa e velha propaganda corporativa falando das belezas naturais do “Recanto das Pedras”.  E assim caminha São João da Barra….

Outorga amiga para o porto, tarifa salgada para os moradores da Barra do Açu

TooExpensive-image

Após ler a postagem de hoje sobre o mega consumo de água pelo Porto do Açu (o sétimo maior consumidor entre 50 empresas que são “os donos da água no Brasil), um leitor que reside na localidade de Barra do Açu me informou que o caso não é o mesmo quando se aplica ao abastecimento oferecido pela CEDAE.

Segundo esse morador que me enviou a conta mostrada abaixo, há algum tempo a aplicação de uma regra esdrúxula que divide o consumo das residências em “comercial” e “doméstico”, as contas de água na Barra do Açu se tornaram extremamente “salgadas”, tornando o consumo que proibitivo para muitas famílias pobres que vivem ali, e que estão sendo cada vez mais acossadas pelo avanço do mar.

fatura CEDAE Barra do Açu

Para essa pessoa que vive há décadas na Barra do Açu, o tratamento camarada dispensado ao Porto do Açu deveria ser estendido aos moradores que convivem hoje com as consequências negativas que o empreendimento trouxe para quem vive no V Distrito de São João da Barra.

Uma questão que foi levantada no diálogo que mantive com o leitor do blog se refere ao sentimento de abandono que os moradores possuem não em relação ao Porto do Açu de quem não se espera muita coisa, mas do governo municipal e da Câmara de Vereadores de São João da Barra que nada fazem para minimizar as graves distorções que afetam a vida dos moradores da Barra do Açu desde que o ex-bilionário Eike Batista assumiu a construção do empreendimento que hoje é de propriedade do fundo de private equity conhecido como EIG Global Partners.

Em tragédia anunciada pelo EIA/RIMA do Porto do Açu, erosão costeira se agrava e ameaça localidade no V Distrito de São João da Barra

erosão açu

Erosão continua avançando e ameaça varrer do mapa a localidade de Barra do Açu no V Distrito de São João da Barra.

Venho acompanhando ao longo dos anos o processo de erosão costeira que afeta a localidade de Barra do Açú após a construção de um quebra-mar que protege um dos terminais do Porto do Açu.  Essa é uma tragédia anunciada nos estudos técnicos realizados pelo Grupo EBX do ex-bilionário para obter as licenças ambientais para a implantação do empreendimento que hoje está nas mãos do fundo de “private equity” EIG Global Partners.

Visitei a outrora aprazível e pacata localidade de Barra do Açu ao longo dos anos e a perda da faixa de areia é visível, com uma diminuição acentuada da faixa de praia. Entretanto, o processo que parecia ter estabilizado, agora voltou com força, deixando os habitantes da localidade cada vez mais apreensivos com o destino do local (ver vídeo abaixo mostrando a ação do mar neste sábado (30/09).

O mais lamentável é que após momentos em que se pretendeu alguma preocupação, seja por parte do governo municipal, da Câmara de Vereadores, ou da Prumo Logística Global, a situação agora está no melhor estilo do “À mercê da própria sorte”.

Esta situação demonstra que o discurso de desenvolvimento não apenas não se concretizou, como agora temos uma série de heranças malditas afetando todo o V Distrito de São João da Barra. É que além da erosão costeira, temos ainda a salinização de águas superficiais, o aumento das ações do narcotráfico em uma região que antes não vivenciava nenhum desses problemas.

Barra do Açu é novamente invadida por água do mar

Imagem de satélite mostrando o processo de alteração da linha costeira no entorno do Terminal 2 da Praia do Açu em 2015.

Nos anos de 2014 e 2015 a água do mar invadiu por diversas vezes a localidade da Barra do Açu, e levou a muitos moradores a estabelecer uma conexão direta com o processo de construção do Terminal 2 do Porto do Açu que teria causado um processo de erosão na Praia do Açu.

Essa situação obrigou a realização de uma audiência pública na Câmara Municipal de São João no dia 01 de Outubro de 2014, onde a Prumo Logística Global apresentou os resultados de uma pesquisa que teria sido feita pelo pela professor Paulo César Rosman da COPPE/UFRJ que isentaria o Porto do Açu do processo erosivo em curso na Praia do Açu.

rosman

O professor Paulo César Rosman, COPPE/UFRJ, durante a audiência pública realizada na Câmara Municipal de São João da Barra para tratar dos problemas ocorrendo na Praia do Açu no dia 01 de Outubro de 2014.

Após essa audiência pública, e após algumas promessas de intervenção por parte da Prefeitura Municipal de São João da Barra, o assunto acabou caindo no completo esquecimento. Colaborou para isso uma mudança na dinâmica de sedimentos que contribuiu para que não se repetisse a intrusão das águas oceânicas para interior da localidade de Barra do Açu.

Pois bem, a tranquilidade tensa em que os moradores da Barra do Açu viveram nos últimos anos foi quebrada hoje com uma nova invasão de água do mar para o interior de partes da localidade, inundando várias ruas (ver imagens abaixo).

Este slideshow necessita de JavaScript.

Agora com a retomada desse processo de intrusão da água do mar, é bem provável que os moradores da Barra do Açu voltem a cobrar pelas soluções nunca adotadas para um processo que outros especialistas já apontaram para posições distintas daquele que foi contratado pela Prumo Logística para isentá-la de responsabilidades para um processo que estava previsto nos estudos de impacto ambiental realizados para obter as licenças ambientais necessárias para a construção do Porto do Açu.

Praia do Açu: obra improvisada vira piada entre moradores da Barra do Açu

Após passarem 2015 esperando em vão por algum tipo de plano de recuperação da Praia do Açu que está sendo consumida pelo avanço de um processo de erosão que havia sido previsto no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pela OS(X) para obter as licenças ambientais necessárias para a construção da sua unidade de construção Naval no porto implantado pelo ex-bilionário Eike Batista, os moradores da localidade da Barra do Açu foram surpreendidos com mais uma improvisação: a colocação de um aterro para permitir a circulação de pessoas e veículos *ver imagens abaixo).

açu 1 açu 2

 

 

 

 

A “obra” que teria sido realizada pela Prefeitura de São João da Barra já está sendo chamada de “boi com abóbora do Neco”.  A menção ao prefeito sanjoanense José Amaro Martins de Souza, conhecido popularmente como Neco, se deve ao fato de desde que o problema foi detectado ele já teria feito inúmeras promessas públicas de que iria resolver o problema, sendo que a última delas ocorreu na própria Praia do Açu durante os festejos da Semana da Pátria como aparece no vídeo abaixo.

Agora que nada aconteceu de prático para resolver o problema, a colocação desse aterro acabou representando um tiro pela culatra do prefeito José Amaro, o Neco.

Finalmente, a população da Barra do Açu espera que em 2016 tanto a Prefeitura de São João da Barra quanto a Prumo Logística saiam da fase da negação e das improvisações para apresentar soluções duradouras para a situação que hoje deixa sem sono a maioria das famílias que vivem nas imediações da Praia do Açu.

Erosão na Praia do Açu: leitor recomenda uso de ferramenta do Google Earth para encerrar controvérsia

Praia do Açu 4

O processo erosivo que hoje corrói a Praia do Açu tem sido motivo de inúmeras contribuições de leitores deste blog que tentam me auxiliar a mostrar a relação direta que a construção do Porto do Açu tem sobre esse fenômeno.

Pois bem, um leitor me enviou as imagens abaixo tiradas de uma série histórica do Google Earth que mostram dois momentos na entrada do Canal de Navegação do Porto do Açu: a primeira com uma imagem produzida em 11/08/2013, e a segunda com uma que foi produzida no dia 10 de Setembro de 2014. Além disso, o leitor me sugeriu que medisse o aumento da faixa de areia em um dos “molhes internos”, coisa que acabei fazendo com outra ferramenta do próprio Google Earth. 

Vejamos então o resultado!

Molhes 20052013

Imagem do dia 11/08/2013, com marcação de uma estrada interna, e com a faixa de areia com extensão de 60 metros.

Molhes 2014

Imagem do dia 10/09/2014, com a mesma marcação da estrada interna, e com a faixa de areia com extensão de 230 metros.

Há que se ressaltar que a principal modificação na porção assinalada da imagem foi exatamente a inserção de uma quebra mar para proteger a porção norte da entrada do Canal de Navegação do Porto do Açu. 

Agora, até uma pessoa leiga no tópico de deposição e remoção de sedimentos praiais vai fazer a conta que fecha a equação. É que se tem areia acumulando no entorno dos quebra mares, há uma forte chance de que seja o mesmo material que está faltando na Praia do Açu.

Agora, a pergunta que poderá valer vários milhões de dólares. Se com o simples uso de uma ferramenta de domínio público, podemos detectar o aumento da faixa de praia no entorno dos quebra-mares do Porto do Açu, por que é nos seus comunicados oficiais, a Prumo Logística Global ainda teima em negar o óbvio? Como não lhe devem técnicos capacitados ou advogados altamente especializados em direito ambiental, a ausência de respostas práticas para conter erosão não é por falta de expertise.

Finalmente, eu fico me perguntando por que não ouvimos ainda manifestações da Secretaria Municipal de Ambiente de São João da Barra ou do Instituto Estadual do Ambiente sobre o que uma simples análise temporal de imagens disponíveis no Google Earth torna aquele tipo de óbvio que Nelson Rodrigues rotulava de “ululante”? Como também aqui não é por falta de expertise, a resposta deve estar em outro departamento.

Enquanto isso, a população trabalhadora da Barra do Açu permanece sobressaltada e, pior, relegada ao abandono completo por parte das autoridades e, como não, da Prumo Logística Global.

Avanço do mar e a possível contaminação do lençol freático na Barra do Açu

Estou recebendo informes dando conta que há uma crescente preocupação entre os moradores da Barra do Açu em torno da possível contaminação das fontes de abastecimento de água por sal.

IMG-20150319-WA0000

Essa é uma velha novidade, pois coletas feitas ao longo dos últimos 4 anos por pesquisadores da Uenf mostram que o problema existe, apesar das negativas oficiais cuja preocupação é notoriamente isentar o Porto do Açu como causa de mais essa mazela ambiental no V Distrito de São João da Barra.

Agora com os seguidos casos de invasão de água do mar, podemos estar diante de um sério agravament do problema. Isto exigirá mais do que desmentidos oficiais visto as sérias implicações que o consumo de água salinizada pode trazer para a saúde humana. A ver!

Erosão no Porto do Açu: enquanto Câmara Municipal discute, água do mar chega na porta da casa de vereador

A Câmara Municipal de São João da Barra está reunida na noite desta 3a. feira (24/03) para discutir estratégias que possam obter ações concretas por parte do (des) governo do Rio de Janeiro e da Prumo Logística para conter o processo erosivo que está ameaçando engolir a tradicional localidade de Barra do Açu, que fica localizada a menos de 7 km do Porto do Açu.

Numa dessas ironias da vida, acabo de receber uma imagem (vejam logo abaixo) que mostra a chegada da água do mar no início desta noite na principal rua da Barra do Açu, especificamente nas imediações da casa do vereador sanjoanense Franquis Arêas (PR) que é um dos ameaçados diretos da ameaça que hoje intranquiliza centenas de famílias daquela localidade.

açu 24032015Um aspecto que merece ser ressaltado nessa imagem é que esta intrusão de água marinha ocorre apesar das expectativas de que o fenômeno acalmaria após o período de marés particularmente altas que ocorreram até o domingo passado. 

Agora vamos ver o que dizem as autoridades municipais e estaduais e os representantes da Prumo Logística. Uma coisa é certa: o quanto antes passarem da omissão para a ação mais economizarão no futuro. Afinal, toda a procrastinação que vem ocorrendo desde que o fenômeno erosivo foi detectado, agora implicará na necessidade de investimentos maiores. Simples assim!