Syriza choca FMI e a Eurozona ao anunciar plebiscito sobre acordo da dívida

Ao fazer algo que parece básico em qualquer democracia, isto é, convocar um plebiscito para decidir sobre o novo plano de arrocho proposto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Central Europeu (BCE), o primeiro-ministro Alexis Tsipras conseguiu surpreender quem achava que ele tinha sido empurrado para um beco sem saída. Aliás, um beco onde a única saída seria cometer um estelionato eleitoral e trair o mandato que lhe foi outorgado pela população grega, que foi o de combater os implausíveis planos de austeridade que reduziram a Grécia a um estado de interminável coma financeiro.

As reações dos ministros da Fazenda e dos dirigentes da União Européia tem sido de completa fúria, visto que não aceitam que o povo da Grécia seja consultado sobre algo que governos gregos anteriores aceitaram passivamente, em que pesem os graves prejuízos causados ao país. Imaginem se o exemplo prospero e todos os povos europeus (a começar pelos espanhóis e portugueses) comecem a querer votar neste tipo de assunto!

Essa ação fulminante de Alexis Tsipras deveria servir de lição aos neopetistas que abraçam hoje os planos de austeridade do mesmo FMI que o Syriza rejeita. Como se vê, a saída não é o estelionato eleitoral ou, tampouco, a traição das bandeiras históricas. O caminho é apostar na resistência e na organização da juventude e dos trabalhadores.

Abaixo reações que estão hoje aparecendo na imprensa internacional sobre a decisão de Alexis Tsipras de promover o plebiscito, cinco dias após o prazo limite imposto pelo FMI e pelo BCE para a Grécia se ajoelhar e aceitar mais arrocho e cortes de direitos.

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E se a Grécia entrar em moratória?

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Enquanto aqui no Brasil o congresso do PT termina numa melancólica reafirmação das políticas neoliberais da dupla Rousseff/Levy, na Grécia o Syriza tenta manter o respeito dos seus leitores ao rejeitar mais medidas draconianas das agências multilaterais que procuram impor pela força, o que no Brasil é feito de forma voluntária por um partido que se diz dos trabalhadores.

A recusa do Syriza em aceitar mais desregulamentação dos direitos trabalhistas e restrições ao pagamento de aposentadorias simboliza a recusa a um receituário que já se provou ineficaz e contraproducente. Por isso, o seu governo é alvo dos mais variados e covardes tipos de pressão por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE).

Uma coisa que a mídia corporativa normalmente omite é que a maioria dos desembolsos feitos pelo FMI e pelo BCE serviram para que os bancos gregos pagassem suas dívidas com bancos europeus, principalmente alemães. Assim, o que está por detrás dessa pressão toda não é solidez dos bancos gregos, mas principalmente do sistema bancário europeu. Se nenhum dos outros motivos existentes servisse para justificar a recusa do Syriza em aceitar mais um pacote de maldades contra o povo grego, essa já seria uma razão mais do que justa.

E se o Syriza não piscar, o final desta semana deverá trazer enormes transformações na ordem econômica que mantem não apenas gregos, mas espanhóis e portugueses, enredados num ciclo vicioso de medidas de austeridade levando a mais pobreza e causando mais depressão econômica. A ver!