Por Pedro Porfírio*
Enquanto o governo da presidenta Dilma Rousseff abandona à própria sorte 12 mil universitários da Gama Filho e da Universidade, no Rio de Janeiro, recusando-se a adotar a única medida que poderia lhes assegurar a preservação efetiva dos seus cursos, o governador Sérgio Cabral, que se faz de desentendido nesse episódio desastroso, trabalha celeremente para destruir a Universidade Estadual do Norte Fluminense, a primeira do Brasil a ter 100% de professores com doutorado, implantada em 1993 por Leonel Brizola sob a inspiração de Darcy Ribeiro.
No caso das duas universidades privadas descredenciadas, o ministro Mercadante, da copa e da cozinha da presidenta, brande impedimentos constitucionais para não federalizá-las, o que é uma grande falácia. Em 2007 mesmo, a Universidade Federal Fluminense incorporou a Faculdade de Odontologia de Friburgo e hoje a antiga escola privada faz parte de sua estrutura.
Falta mesmo é vontade política. Se essas faculdades fossem do amigão Eike Batista, Dilma e Sérgio Cabral já teriam procedido sua encampação, ao gosto do freguês e pagando preços camaradinhas.
A federalização da Gama Filho e da Universidade não é um pleito corporativo dos seus professores e funcionários, mas a única solução razoável para uma crise gestada há mais de cinco anos.
Foram os próprios reitores das universidades federais no Estado do Rio que sugeriram a federalização, propondo a adoção da mesma fórmula usada no caso da Faculdade de Odontologia de Friburgo.
“Inconstitucional não é, porque o argumento que o aluno não fez o Enem…Há editais de transferência. Professores seriam temporários e depois haveria concurso público”, argumento o reitor da UFF, Roberto Salles.
Mas o governo parece movido sob inspiração de outros interesses, num cenário semelhante ao do caso VARIG, em 2006, quando a mais tradicional voadora brasileira a leilão sucateada em leilão por 20 milhões de dólares, desprezando plano dos os próprios empregados para mantê-la. Naquele episódio, a TAM (hoje controlada pela LAN chilena) e a Gol (que hoje vai muito mal das asas) foram descaradamente as grandes beneficiadas.
O Ministério da Educação sabe muito bem que essa “transferência assistida” apresentada como saída é uma balela. “Muito dificilmente nós vamos encontrar capacidade ociosa que sirva sob medida. Todas as escolas hoje estão dimensionadas para atender os seus alunos atuais”, alertou Elizabeth Guedes, vice-presidente da Associação Nacional de Universidades Particulares.
Só mesmo um poderoso esquema de interesses mantém o governo federal na sua postura inflexível. O que está em jogo principalmente é o direito de 12 mil estudantes de concluírem seus cursos, em que se matricularam com as garantias inerentes do Ministério da Educação, que não pode fugir de suas responsabilidades. Afinal, eles não jogaram seu destino em nenhuma faculdade informal ou clandestina.
É profundamente lamentável e nauseante essa atitude hipócrita do governo da presidenta Dilma Rousseff, em conluio com Sérgio Cabral, essa figura incompetente, mesquinha e arrogante que está infernizando a vida dos fluminenses.
Ofensiva contra a UENF pode levar à greve
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Cabral desestabiliza Universidade criada
por Brizola e Darcy projetada por Niemeyer |
O governador Sérgio Cabral, que encabeça uma penca de partidos de todos os matizes, inclusive da ex-esquerda, não para por ai. Seu alvo existencial é a Universidade Estadual Fluminense, cujo maior dolo é ter sido criada por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, contra quem Cabral Filho descarrega seu indisfarçável ódio doentio.
Neste momento, ele trabalha com todo o seu mau caráter para levar os professores da UENF a uma greve, já que há um ano eles vêm sendo engabelados pelo governo do Estado e pelo próprio reitor quanto ao pagamento do adicional de dedicação exclusiva, como denunciou o professor Marcos Pedlowski em seu blog
“Após passarem o ano de 2013 numa penosa e infrutífera negociação com a Secretaria de Planejamento e Gestão do (des) governo Sérgio Cabral, em assembleia realizada no dia de hoje (16/01) os professores da UENF demonstram um certo cansaço com essa forma “paz e amor” de cobrar seus direitos” – escreveu o professor, ao noticiar a aprovação de um indicativo de greve diante do impasse criado pelo Estado.
E mais: “a proposta do (des) governo Cabral é tão ruim que propõe oferecer 35% de Adicional de Dedicação Exclusiva (enquanto que na UERJ o valor pago é 65%) para, em troca, quebrar a espinha dorsal do modelo institucional da UENF que é ancorada num quadro docente exclusivamente formado por doutores que se dedicam com exclusividade às suas tarefas acadêmicas dentro da instituição”.
Há visível má fé na postura de Cabral, uma demonstração de viés político inegável. Em 2012, a UENF, com seus 16 cursos, foi reconhecida pelo Ministério da Educação como a melhor universidade do Estado do Rio de Janeiro e a 11ª no país com base no Índice Geral de Cursos (IGC) de 2011, no qual são avaliadas 226 universidades. Isso incomoda os prepostos das faculdades de balcão e os eternos desafetos de Brizola e Darcy.
É deplorável que esses movimentos obscurantistas ocorram com a cumplicidade de figuras que vendem a imagem de defensores da educação pública de qualidade e que transitam lépidas e fagueiras no chamado campo progressista.
Todos esses impostores, que vivem assustados com qualquer movimentação dos jovens, vão pagar por tanta ignomínia, e isso não vai demorar muito. As ruas estão aí para acolher mais uma vez os cidadãos no exercício sublime e corajoso de sua indignação.
FONTE: http://www.blogdoporfirio.com/2014/01/12-mil-universitarios-no-olho-da-rua.html
Pedro Porfírio é Jornalista desde 1961, quando foi ser repórter da ÚLTIMA HORA, PEDRO PORFÍRIO acumulou experiências em todos os segmentos da comunicação. Trabalhou também nos jornais O DIA e CORREIO DA MANHÃ, TRIBUNA DA IMPRENSA, da qual foi seu chefe de Redação, nas revistas MANCHETE, FATOS & FOTOS, dirigiu a Central Bloch de Fotonovelas. Chefiou a Reportagem da Tv Tupi, foi redator da Radio Tupi teve programa diário na RÁDIO CARIOCA. Em propaganda, trabalhou nas agências Alton, Focus e foi gerente da Canto e Mello. Foi assessor de relações públicas da ACESITA e assessor de imprensa de várias companhias teatrais. Teatrólogo, escreveu e encenou 8 peças, no período de 1973 a 1982, tendo ganho o maior prêmio da crítica com sua comédia O BOM BURGUÊS. Escreveu e publicou 7 livros, entre os quais O PODER DA RUA, O ASSASSINO DAS SEXTAS-FEIRAS e CONFISSÕES DE UM INCONFORMISTA. Foi coordenador das regiões administrativas da Zona Norte, presidente do Conselho de Contribuintes e, por duas vezes, Secretário Municipal de Desenvolvimento Social. Exerceu também mandatos em 4 legislaturas na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, sendo autor de leis de grande repercussão social.