Tem um “Sombra” no caminho de Pezão, mas pode chamar de Ary Fichinha

Esqueçamos por um momento das abomináveis cenas de violência perpetradas pelo batalhão de choque da PMERJ contra uma manifestação pacífica de servidores e a reeleição por 64 a 6 do deputado Jorge Picciani para continuar presidindo a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), pois ainda que importantes, essas são notícias menores frente à decretação da prisão  pelo juiz Marcelo Bretas da 7a. Vara Criminal do agente fazendário Ary Ferreira da Costa Filho, que também é conhecido pelos codinomes de “Sombra” e “Ary Fichinha” (Aqui!).

Um detalhe interessante na biografia de Ary Fichinha é que  ele teria entrado no serviço público em 1980 (provavelmente para atuar no programa “seu carnê vale milhões”, sem ter prestado concurso público). Em 1987, foi promovido ao cargo de agente de Fazenda (Aqui!)”.  

E as informações que desde a década de 1980,  Ary Ferreira é muito próxima do hoje encarcerado Sérgio Cabral (Aqui!), a quem teria oferecido préstimos como operador financeiro das vantagens recebidas pelo ex (des) governador no âmbito da farra fiscal que acabou quebrando os cofres estaduais. Apenas para um dos grupos econômicos agraciados com os serviços de Ary Fichinha, o montante renunciado teria sido de R$ 1,3 bilhão!

Mas onde entra o atual (des) governador Luiz Fernando Pezão na biografia de Ary Fichinha? É que o agente fazendeiro continuou atuando no executivo estadual, mesmo após a saída de Sérgio Cabral da chefia do executivo fluminense, na condição de assessor especial do gabinete do atual (des) governador. Aliás, Ary Fichinha só pediu exoneração deste cargo no dia 06 de Dezembro, um dia após a deflagração da Operação Calicute que levou Sérgio Cabral, dois ex-secretários estaduais e a esposa dele, Adriana Ancelmo, ao cárcere no complexo prisional de Bangu (Aqui!).

Ah, sim, antes que eu me esqueça, há que se informar sobre a razão do codinome “Fichinha” que Ary Ferreira da Costa Filho carrega se deveria ao fato de que ele seria conhecido na Secretaria Estadual de Fazenda por  distribuir senhas para os empresários que o procuravam em busca de algum tipo de vantagem, principalmente o perdão de multas por sonegação de ICMS (Aqui!).

O fato é que a prisão de “Ary Fichinha” não apenas complica ainda mais a já complicada situação de Sérgio Cabral, mas coloca os braços e mãos do juiz Marcelo Bretas dentro do gabinete do (des) governador Luiz Fernando Pezão. Assim, em que pese a fácil vitória de ontem na Alerj com reeleição de Jorge Picciani, o dia deve estar tenso no Palácio Laranjeiras.  Haja Rivotril e Lexotan!

Sérgio Cabral e seu sofisticado esquema de lavagem de dinheiro (público)

Este blog nasceu em 2009 a partir da minha inconformidade com práticas que eu vinha acontecendo nos bastidores do (des) governo Cabral, e que a mídia corporativa ignorava ao mesmo tempo em que idolatrava o hoje desgraçado Sérgio Cabral Filho. 

O mesmo comportamento de olhar para o lado enquanto Sérgio Cabral reinava predominou em outras áreas, com a única solitária exceção da diminuta bancada do PSOL na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Agora, com Sérgio Cabral Filho jogado na sarjeta e com as apurações avançando, a mídia corporativa nos informa que o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro desvelou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro público desviado de múltiplas obras realizadas ao longo de seus dois mandatos (ver reproduções parciais abaixo).

Mas o que me intrigou nessas matérias foram algumas omissões básicas sobre, por exemplo, o papel cumprido pelo atual (des) governador Luiz Fernando Pezão na fiscalização de obras executadas quando ele acumulava o papel de (des) secretário de Obras Públicas com o de vice (des) governador entre 2007-2011 (ver gráfico abaixo com a lista de obras) (Aqui!). Uma obra que me vem imediatamente na memória é a da reforma do Maracanã, onde Pezão era efetivamente o responsável mór pelo andamento das obras, e teria que ser muito desligado para não saber do que se passava por debaixo dos panos com Sérgio Cabral e as empreiteiras.

esquema

Outra omissão que está evidente na relação dos personagens que tocavam na prática o tal esquema sofisticado de lavagem de dinheiro (o primeiro à esquerda logo abaixo de Sérgio Cabral no gráfico abaixo). É que pelo um deles, o Sr. Hudson Braga foi levado e mantido em cargos importantes do (des) governo estadual por sua relação íntima com Luiz Fernando Pezão.

hudson-braga

A questão que me parece óbvia neste momento é que colocar toda a culpa pela instalação desse tal esquema sofisticado de lavagem de dinheiro público nas costas de Sérgio Cabral Filho é apenas uma repetição da estratégia “boi de piranha” onde ele está sendo sacrificado para que outros passem ilesos e continuem livres de devidas punições na justiça.

O problema é que como em tantos outros casos é quase certo que as investigações serão abruptamente interrompidas quando chegarem perto de personagens ainda incólumes, apesar de igualmente envolvidos num determinado esquema de saque do dinheiro público.

A minha curiosidade maior, entretanto, é sobre até quando o (des) governador Luiz Fernando Pezão vai continuar de fora dos esquemas de investigação. A ver!