
Por Douglas Barreto da Mata
Assisti à eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, e a subsequente posse do prefeito e vice-prefeito reeleitos. Uma votação expressiva para a composição da Mesa nesse biênio, para a presidência, vice-presidência, secretaria e etc.
Com algumas pequenas diferenças entre um ou outro cargo, que são citados um por vez, e nominalmente eleitos, é possível afirmar que 22 dos vereadores votaram no candidato indicado pelo prefeito Wladimir Garotinho.
Não deixa de ser relevante, considerando que em 2021, apesar da eleição do aliado Fábio Ribeiro, o atual prefeito tentou antecipar a eleição do biênio 2023/2024 e perdeu para o líder da oposição Marquinho Bacelar. O resto foi história, e seguiu-se uma série de turbulências, com destaque para o impedimento da votação da LOA 2024.
Ali foi o ponto de virada do prefeito, que não só contornou o problema como recuperou a maioria parlamentar. É o poder da gravidade.
Vereadores são cargos muito relevantes, mas que nessa última legislatura, em Campos dos Goytacazes, se resumiram às questões menores, e hoje é certo que a oposição ao atual prefeito e seu grupo saíram menores do processo que entraram, mesmo como os quase 70 mil votos da candidata da oposição para o cargo de prefeita.
Não é acidental que o ex-Presidente da Câmara, biênio 2023/2024, tenha ficado bem abaixo da votação esperada, ainda mais em se tratando do irmão do Presidente da Alerj.
Sem demérito para nenhum dos que foram os mais votados, eles não eram favoritos ou figuras principais do jogo político até outubro de 2024.
Em circunstâncias como essa, quando parlamentares reduzem sua legitimidade, deixando a impressão à população de que agem para satisfação de demandas imediatistas, o Poder Executivo exerce todo seu poder de gravidade para atrair as forças políticas que, aparentemente, lhe oferecem obstáculos…
Foi exatamente essa receita, seguida por Wladimir Garotinho, e que se consumou, por completo, na eleição da Mesa Diretora 2025/2026, aumentando o tamanho de sua base para 22 vereadores, 3 a mais que elegeu em outubro último.Quem viu os 22 votos consagrados não deve se enganar pelas aparências.
O que estava em jogo ali era uma disputa dramática, que dá dimensão da gravidade do poder.
A possibilidade de uma chapa alternativa bem sucedida, ainda que no campo político governista, poderia deflagrar não só o ressurgimento da oposição, mas também um pacote de dificuldades no relacionamento Legislativo e Executivo, em um momento sensível para um governo que deve enfrentar uma transição em 2026, caso o atual prefeito se afaste para candidaturas majoritárias.
A verdade é que Wladimir Garotinho demonstrou, gostemos dele ou não, habilidade e maturidade para articular a eleição de Fred Rangel, passando um rolo compressor na oposição, ou melhor dizendo, do que restou dela.
O atual prefeito percebeu que o mais sutil cheiro de sangue na água precipitaria um ataque dos tubarões com os quais compartilha a piscina. Não houve chance para tanto…
Porém, como ensinou Winston Churchill, “a política e a guerra são idênticas, porém, na política morremos e revivemos várias vezes.” Wladimir ganhou tempo para montar seu governo, estabelecer espaço para quem foi leal e para os “cristãos novos”, retirar de quem não foi, e perdoar quem, mesmo sendo recalcitrante, merece uma segunda chance.









