Sistemas de alerta e planos para evitar desastres por chuvas extremas ainda são falhos, aponta estudo

Pesquisadores do Cemaden analisaram deslizamentos de terra provocados por tempestade em São Sebastião no ano de 2023, quando pelo menos 65 pessoas morreram; cientistas sugerem envolvimento dos moradores em programas de contingência

51557Além do grande volume de chuva concentrado em poucas horas, houve em São Sebastião uma combinação de crescimento urbano não planejado em encostas com a remoção de vegetação (foto: Prefeitura de São Sebastião)

Por Luciana Constantino | Agência FAPESP

Com a elevação constante das temperaturas e o aumento da frequência de eventos climáticos extremos, especialmente chuvas, os municípios brasileiros precisam desenvolver planos de contingência, com monitoramento eficiente e rápida resposta. Além de um eficaz sistema de alerta local, é necessário que a população entenda a real ameaça e saiba o que fazer ao receber o aviso de desastre iminente emitido pelos órgãos responsáveis. O planejamento urbano, com infraestruturas adequadas, também desempenha importante papel para evitar perdas econômicas e de vidas.

Essas recomendações estão entre as conclusões de uma pesquisa publicada na revista científica Natural Hazards. É resultado da análise detalhada dos deslizamentos de terra registrados na cidade de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, entre 18 e 19 de fevereiro de 2023. Para os cientistas, esse círculo de atuação não funcionou adequadamente no município, mesmo após os avisos emitidos dias antes pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Os deslizamentos ocorreram com as chuvas de volume sem precedentes na região – foram 683 milímetros (mm) em menos de 15 horas, enquanto a média mensal é de 300 mm. Pelo menos 65 pessoas morreram e centenas ficaram desalojadas, além das perdas de infraestrutura e danos materiais. Estradas foram arrastadas ou bloqueadas, causando graves dificuldades de transporte. À época, o governo decretou estado de emergência no município.

“Não havia em São Sebastião a real percepção de que o alerta era de um desastre que estava por vir. As áreas mais afetadas foram as de risco. Com os extremos de chuva cada vez mais frequentes e a concentração habitacional em áreas vulneráveis, não reduziremos as perdas se ações de prevenção não forem incorporadas em todas as etapas da cadeia”, avalia o climatologista Jose Antonio Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden.

Autor correspondente do artigo e segundo cientista mais citado no Brasil em 2023 (ranking da plataforma Research.com), Marengo tem o apoio da FAPESP por meio doInstituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas, cujo objetivo é implementar e desenvolver uma rede global de pesquisa interdisciplinar sobre sustentabilidade e impactos das alterações globais. Reúne mais de 30 grupos nacionais e internacionais, envolvendo 200 pesquisadores e especialistas.

O estudo vem na sequência de outros dois artigos publicados no ano passado (nas revistas Weather and Climate ExtremeseNatural Hazards and Earth System Sciences) com a participação do climatologista para tratar das inundações e deslizamentos em Recife, entre 25 e 28 de maio de 2022, e em Petrópolis (RJ), em 15 de fevereiro do mesmo ano. Na capital de Pernambuco, mais de 130 pessoas morreram após uma chuva de 551 mm no período (140 mm superior à média de maio). Já no município fluminense houve um recorde, com mais de 230 óbitos.

Nos dois casos, as conclusões dos pesquisadores foram semelhantes: além do grande volume de chuva concentrado em poucas horas, houve uma combinação de crescimento urbano não planejado em encostas com a remoção de vegetação, além de falhas nos sistemas de alerta para a população e de evacuação das áreas de risco.

“Assim como aconteceu com os estudos de Recife e de Petrópolis, a ideia nesse paper não foi ter apenas uma análise meteorológica, mas sim envolver conceitos que pudessem ser aplicados na prática. É preciso criar a percepção de que a meteorologia pode avisar sobre desastres e que a resposta deve ser multissetorial”, diz Marengo à Agência FAPESP.

E completa: “A governança de desastres ambientais prevê que o Cemaden emita alertas para as Defesas Civil de Estados e municípios. Juntamente com o Corpo de Bombeiros, elas têm de disparar o aviso para os moradores locais e evacuá-los. No caso de São Sebastião, o alerta para a Defesa Civil foi emitido e houve discussão de cenários dias antes. O problema é que a cadeia quebrou no elo mais fraco, a população vulnerável”.

Procurada por meio da assessoria de comunicação, a Defesa Civil de São Sebastião não se manifestou.

Perdas

Em 32 anos (entre 1991 e 2022, último ano com dados disponíveis), o Brasil registrou mais de 3.900 óbitos provocados por ocorrências de alagamentos, enxurradas, inundações, chuvas intensas, tornados, vendavais, ciclones, granizo e movimento de massa. Segundo o Atlas Digital de Desastres no Brasil, plataforma da Defesa Civil Nacional, cerca de 16,71 milhões de pessoas foram afetadas por esses tipos de desastre no período, com danos totais chegando a R$ 27,12 bilhões.

Em 2023, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR)informou ter destinado R$ 1,4 bilhão para ações de proteção e defesa civil em 24 Estados, sendo R$ 397 milhões para socorro e assistência à população e R$ 310 milhões para recuperação de infraestruturas e moradias danificadas ou destruídas.

De acordo com estimativas do Cemaden e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população exposta a riscos de deslizamentos, inundações e enxurradas chega a 8,27 milhões no país, dos quais 4,26 milhões estão na região Sudeste. Em 872 municípios avaliados, 2,47 milhões de domicílios estavam em áreas de risco (com base no Censo 2010). A Base Territorial Estatística de Áreas de Risco (Bater) está sendo atualizada a partir dos resultados do Censo de 2022, mas os novos dados não foram divulgados.

Resultados

No estudo, os cientistas apontaram que houve uma combinação de chuvas intensas atingindo áreas de risco densamente povoadas em São Sebastião com residências construídas em terrenos inclinados e íngremes. Já a condição meteorológica foi caracterizada por uma frente fria que cruzou o Atlântico Sul subtropical, onde a temperatura estava entre 1°C e 2°C mais quente do que o normal. Combinada com os relevos da Serra do Mar, a frente fria permaneceu estacionada sobre as áreas costeiras ao norte do Estado, causando um evento extremo de precipitação intensa.

“Embora alertas tenham sido emitidos com antecedência, a resposta entre as comunidades foi mínima, indicando a ineficácia do atual sistema de alerta precoce em vigor. Isso demanda políticas públicas aprimoradas, comunicação e a possível adoção de sistemas de alerta precoce para reduzir o risco em áreas vulneráveis”, escreve o grupo no artigo.

Como sugestão, os pesquisadores apontam que, além de locais seguros e rotas de fuga – fundamentais para salvar vidas durante esses eventos –, é necessário um sistema de alerta “verdadeiramente eficaz”, que identifique o risco iminente, emita alertas em tempo hábil e garanta que as populações e setores em risco recebam o aviso, compreendam e ajam sobre ele.

O artigo Heavy rains and hydrogeological disasters on February 18th–19th, 2023, in the city of São Sebastião, São Paulo, Brazil: from meteorological causes to early warnings pode ser lido emhttps://link.springer.com/article/10.1007/s11069-024-06558-5.


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Fonte: Agência FAPESP

Cemaden realiza webinário sobre monitoramento e alertas de desastres

Evento nesta quarta-feira (01) abordará conceitos e informações geradas sobre riscos de desastres geo-hidro-meteorológicos

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O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), promove nesta quarta-feira (01) um webinário com foco no risco de desastres geo-hidro-meteorológicos, ou seja, evento deflagrados por extremos de chuvas. A transmissão será ao vivo no canal reuniaodeimpactos, das 14h às 16h.

A proposta do evento é detalhar produtos gerados pelo Cemaden na área de monitoramento e de alertas, diferenciando-os das previsões meteorológicas e de outras informações que podem eventualmente circular, gerando desinformação.

O conhecimento sobre as informações geradas e disseminadas pelo Cemaden são relevantes para defesas civis, tomadores de decisão, profissionais de imprensa e mídias, comunidade acadêmica e científica, entre outros interessados na área de riscos e de desastres.

“A informação de meteorologia é um dos insumos para a avaliação e difusão dos alertas de desastres. Nem toda chuva é risco de desastre. Há diferença entre mapa de risco e alerta de desastre”, explica a diretora do Cemaden, Regina Alvalá.

Como exemplos de informações geradas e disseminadas pelo Cemaden estão os alertas dirigidos às Defesas Civis Nacional e Estaduais sobre riscos de deslizamento e enxurradas, e também as previsões de riscos geo-hidrológicos publicados diariamente no site da instituição com antecipação de 24 horas.

A programação envolve vários profissionais da equipe do Cemaden, como pesquisadores e especialistas. Serão abordados os conceitos associados ao monitoramento ininterrupto (24horas/7dias), extremos de chuvas, riscos geodinâmicos e hidrológicos, entre outros.

“Temos também o papel social de contribuir para o entendimento das informações”, complementa Alvalá.

Confira a programação

1) Abertura

2) Monitoramento e Alertas – definições, avisos, alertas, previsões, cenários

3) Extremos de chuvas – dados meteorológicos

4) Monitoramento, alerta e previsão de risco geodinâmico

5) Monitoramento, alerta e previsão de risco hidrológico

6) Registro de ocorrências de desastres

7) Perguntas

Os participantes terão oportunidade de fazer questões e elucidar dúvidas. O webinário será transmitido pelo canal digital neste link. As palestras ficarão gravadas e poderão ser consultadas a qualquer momento. O segundo webinário, previsto para novembro, vai abordar o monitoramento de secas. Ainda não há data definida.

Serviço

Evento: 1o Webinário – Produtos e Serviços Relativos a Riscos de Desastres: Geo-hidro-meteorológicos

Data: Quarta-feira (01/11)

Horário: 14h –16h

MCTI anuncia expansão do monitoramento do Cemaden para 2.120 municípios brasileiros

Número representa mais que o dobro das cidades monitoradas pela unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

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Sala de Situação do Cemaden – Cachoeira Paulista/SP

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou, nesta quinta-feira (2), a expansão do sistema de monitoramento do Cemaden, que alcançará 2.120 municípios do país. O número representa mais que o dobro das cidades hoje monitoradas pelo instituto de pesquisa do MCTI. O anúncio foi feito durante o 10º Seminário Técnico-Científico de Análise de Dados do Desmatamento na Amazônia Legal, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

“Com esse esforço, dobramos a cobertura monitorada, atingindo 70% da população brasileira”, disse a ministra.

A expansão significa que o Cemaden passará a monitorar, 24 horas por dia, sete dias por semana, mais municípios localizados em Regiões Metropolitanas, emitindo alertas sobre alagamentos, inundações, enxurradas e deslizamentos de terra.

“Após quatro anos de um governo negacionista, que desacreditou a ciência e promoveu desmonte das políticas ambientais, o MCTI trabalha na construção de uma arrojada agenda de mitigação dos impactos causados pelas mudanças climáticas”, afirmou a ministra.

Ela também antecipou que, em colaboração com outros Ministérios e a comunidade científica, o MCTI trabalha na construção de um novo arcabouço que contemple a produção de dados meteorológicos, o monitoramento climático, a emissão de alertas de risco e as ações de prevenção e redução dos impactos provocados por eventos extremos.

“Não há saída para os esforços de mitigação e adaptação das mudanças climáticas, para o combate ao desmatamento ilegal e o enfrentamento das desigualdades sem ciência”, ressaltou a ministra Luciana Santos. “A pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico são ferramentas fundamentais na busca de soluções para estes desafios. Por isso, vamos ampliar os nossos investimentos para que os resultados da melhor ciência sejam revertidos em benefícios para a população”, concluiu.

Seminário

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lembrou que o desmatamento na Amazônia é um dos maiores problemas do mundo e destacou a importância da soma de esforços para enfrentar este desafio. “O sucesso do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, lançado em 2004, se deve a um esforço coletivo. Não se faz política pública sem ouvir o que a ciência e a sociedade civil têm a dizer.”

Coordenador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o pesquisador Cláudio Almeida alertou para a necessidade de ação urgente e para a importância de produção de dados confiáveis. “É fundamental a produção de um dado público, transparente e confiável”, destacou. “O país tem que ter capacidade tecnológica para manter esse monitoramento, desde a produção da imagem até a operação do sistema, e entregar informação para a sociedade”, defendeu.

Nota técnica do INPE alerta sobre efeitos devastadores da explosão do desmatamento na Amazônia em 2020

Desmamento acumulado entre 1 de agosto de 2019 e 14 de maio de 2020, já representa 89% da área detectada para o periodo equivalente em 2018/2019.

Smoke billows during a fire in an area of the Amazon rainforest near Porto VelhoOndas de fumaça emergem de um incêndio florestal em Rondônia em 2019.  Reuters

Uma nota técnica preparada pelo Laboratório de Ecossistemas e Ciências Ambientais nos Trópicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresenta dados  que deverão gerar repercussão internacional, na medida em que mostram um avanço consistente do desmatamento na Amazônia brasileira, e um recuo nos dispêndios financeiros por parte do governo Bolsonaro em medidas que pudessem frear este processo. 

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A referida nota técnica afirma, entre outras coisas, que “no ano de referência (2019/2020), a área de alertas de desmatamento acumulada entre , com uma projeção de desmatamento de 9.319±480 km2″ .  A nota acrescenta ainda que tal “estimativa de desmatamento corresponde a aproximadamente de 95% da taxa oficial de desmatamento em 2019 (9.762 km2)“. E que “sem uma intervenção imediata, espera-se que as atividades de desmatamento continuem crescentes nos próximos meses, como observado no mesmo período em 2019, e que mais um recorde de desmatamento na história recente da Amazônia brasileira” .

Os dados apresentados na nota técnica do INPE também  mostram que o estados do Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas concentram o grosso do desmatamento, que agora avança de forma consistente dentro de unidades de conservação.(ver figura abaixo).

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E como onde há desmatamento, há fogo, a nota técnica aponta que a intensificação do
processo de desmatamento “resultará diretamente em mais eventos de queimadas na Amazônia em 2020”.  Além disso, a nota prevê que “o fogo do desmatamento, quando combinado com mais fontes de ignição, mais bordas florestais e a possibilidade de um clima mais seco, deverá intensificar a disseminação de focos de incêndio de forma descontrolada na paisagem, gerando incêndios como os observados em 1998, 2005, 2010, 2015/2016”, o que já está ocorrendo mesmo que a alta estação das queimadas não tenha sido iniciada (ver figura abaixo).

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Por outro lado, a nota técnica também indica clara preocupação com a redução orçamentária ocorrida no IBAMA para possibilitar as ações de Normatização e Fiscalização em 2020, pois houve na Lei Orçamentária Anual (LOA), traduz-se pela redução de R$ 97,6 milhões em 2019 para R$ 76,8 milhões em 2020,  o representa 21%  a menos para o financiamento das ações que poderiam impedir o avanço das atividades ilegais que hoje aceleram os processos de desmatamento e degradação dos biomas amazônicos. Mais grave ainda é que chegando ao sexto mês do ano,  o valor empenhado para a realização das ações de controle ambiental não está próximo sequer da metade do mínimo necessário para atingir a redução de desmatamento planejada para 2020 (ver figura abaixo).

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A nota conclui que é imperativo os cenários já ocorrendo no chão da Amazônia para que se evite a degradação ambiental, a propagação de queimadas, e o aprofundamento do colapso do sistema de saúde nos estados amazônicos que já se encontram sob forte pressão por causa do avanço desenfreado da pandemia da COVID-19.

Quem desejar ler a íntegra da nota técnica do INPE, produzida em conjunto com o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), basta clicar [Aqui!].

(Des) governo do RJ e suas prioridades tortas. O exemplo do fechamento do Cemaden

Ainda pessoas de boa índole que não imputam aos que (des) governam hoje as devidas responsabilidades sob a desculpa que estamos em meio a uma crise geral.  Mas como venho acompanhando, graças ao pessoal do blog Transparência RJ, a gastança desenfreada que anda sendo feito com o dinheiro público, me permito a apontar que a questão é de prioridade mesmo.

Vejamos um exemplo bem drástico do tipo de prioridade torta que controla as decisões sobre onde e quanto gastar. Na última quarta-feira (22/06), o Portal G1 publicou de forma até discreta o virtual desmanche da unidade fluminense do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais sob a desculpa de que não havia recursos para manter os técnicos que ali trabalhavam (Aqui!).

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Pois bem, e quanto custaria manter o CEMADEN/RJ em funcionamento? Em função dos serviços prestados isto sairia por módicos R$ 38.750,00 mensais ou R$465.000,00 por ano. Apenas por comparação, o custo anual do CEMADEN/RJ equivale a 2,3% do valor pago pelo aluguel de ambulâncias para os Jogos Olímpicos (Aqui!) e a 2,4% do valor de um dos trens chineses que foram comprados com dinheiro público para serem entregues à SuperVia (Aqui!).

Como estive nas áreas de desastre na região Serrana no início de , 2011 que decorreram de fortes chuvas torrenciais, pude testemunhar que a falta de um serviço de alerta como o representado pelo CEMADEN contribuiu para potencializar a tragédia que ocorreu. Por essa razão considero inexplicável que se sucateie o CEMADEN em prol, por exemplo, do aluguel de ambulâncias para as Olimpíadas. Aliás, inexplicável é pouco.