Pesquisadoras do Centro de Tecnologia Mineral analisam exposição ao mercúrio na Terra Indígena Yanomami

Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Cetem enviou equipe para coletar amostras e analisar exposição ao mercúrio

unnamed (18)Foto: Fernando Frazão (Agência Brasil)

Uma equipe formada por quatro pesquisadoras do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), instituto de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), está na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, para avaliar a exposição da população ao mercúrio, poluente usado no garimpo e de alta periculosidade para a saúde.

As pesquisadoras, que integram o Laboratório de Especiação de Mercúrio Ambiental, estão coletando amostras de cabelo da população indígena para analisar a quantidade de mercúrio presente. O trabalho faz parte das ações emergenciais de saúde e meio ambiente promovidas pelo governo federal.

Segundo a pesquisadora Zuleica Castilhos, a principal forma de contaminação humana por mercúrio é pelo consumo de peixe. As gestantes, ela acrescenta, formam o grupo mais vulnerável já que o metilmercúrio pode atravessar a placenta e causar efeitos neurológicos irreversíveis ao feto.

“As equipes do Ministério de Saúde estão produzindo material explicativo e documentos técnicos para o entendimento detalhado de todo o processo de coleta e de análise por parte das lideranças indígenas, visando a ativa participação das comunidades e o seu consentimento para a coleta de dados epidemiológicos e de cabelo para as análises de mercúrio dentro do território indígena”, explicou a pesquisadora.

Zuleica Castilho afirmou que o trabalho seguirá até o fim do mês de março, podendo ser prorrogado. “Os laudos individuais serão disponibilizados para o Ministério da Saúde, que fará o encaminhamento para o desenvolvimento de ações de vigilância e assistência à saúde.”

Também participam do trabalho as pesquisadoras Líllian Maria Borges Domingos, Jéssica Zickwolf Ramos e Thainá Farinchón.

Workshop do CETEM debate soluções para tragédia em Mariana

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O Centro de Tecnologia Mineral (CETEM/MCTI) realiza em sua sede, no Rio, nesta sexta-feira, 4/12, o workshop “Da tragédia à incerteza: o caso das barragens de Mariana, com objetivo de discutir aspectos jurídicos,ambientais, tecnológicos, sociais e econômicos relacionados ao rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, da mineradora Samarco. As propostas discutidas nos grupos de trabalho subsidiarão a elaboração de documento com recomendações do CETEM a ser entregue ao ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera.

O evento abordará temas como Responsabilidade ambiental: da sanção ao deve de reparação; A disputa de interesses e a sustentabilidade na mineração brasileira; APPEL da mineração e transporte de sustâncias químicas perigosas para a indústria em geral e para a mineração; Direito Internacional: ecocídio e crime corporativo; Vulnerabilidade socioeconômica e ambiental na Bacia do Rio Doce; Medidas de recuperação: infraestrutura e meio físico-biótico.

Na véspera, dia 3, haverá o Seminário Mineração, populações e territórios, no qual serão abordados casos e temas relacionados aos efeitos da mineração sobre os territórios e os conflitos que vêm ocasionando com as populações. O tema é um desdobramento do trabalho que deu origem ao banco de dados Recursos Minerais e Territórios, lançado pelo CETEM há um ano. O banco reúne mais de uma centena de relatos de impactos socioambientais, distribuídos em 22 estados das cinco regiões brasileiras, relativos aos impactos causados pela atividade extrativa mineral sobre o meio ambiente, populações e territórios. São estudos envolvendo mais de duas dezenas de substâncias e diversos tipos de empreendimentos. Cento e cinco desses relatos deram origem a um livro intitulado Recursos Minerais e Comunidades: impactos humanos, socioambientais e econômicos, lançado na mesma ocasião. Ambos, banco de dados e livro, estão disponíveis no site do CETEM:

www.cetem.gov.br

Os interessados poderão ter acesso ao programa dos dois de eventos e se inscrever para participar no site do CETEM: <http://www.cetem.gov.br>

Mais informações com: Eliane Neves  eneves@cetem.gov.br ou pelo telefone: 21-3865-7389.

Coordenação do evento: Francisco Fernandes –ffernandes@cetem.gov.br21-3865-7320

Local: Auditório do CETEM- Av. Pedro Calmon, 900, Cidade Universitária

Núcleo de Comunicação Coordenação de Planejamento, Gestão e Inovação – CPGI Centro de Tecnologia Mineral-  CETEM divulgacao@cetem.gov.br<mailto:divulgacao@cetem.gov.br> 21 3865-7211

Livro sobre danos causados pela mineração no Brasil está disponível na internet

Estudo confirma impactos da mineração no Brasil

Divulgação
Mineração

Mineração: de acordo com o estudo, estão em funcionamento no país 3 mil minas e 9 mil mineradoras

Alana Gandra, da AGÊNCIA BRASIL

Rio de Janeiro – Durante os últimos três anos, pesquisadores do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação estudaram 105 territórios em 22 estados brasileiros que sofreram impactos da mineração e confirmaram que a extração de minerais é uma atividade “extremamente impactante nas regiões onde está instalada. Ela gera um conjunto de consequências ambientais e socioeconômicas”, de acordo com o pesquisador do Cetem, Francisco Rego Chaves Fernandes.

A pesquisa resultou no livro “Recursos Minerais e Comunidade: impactos humanos, socioambientais e econômicos”, que pode ser baixado na internet para consulta na página do Cetem (www.cetem.gov.br). Francisco Fernandes relatou que as consequências são verificáveis em termos de queixas das populações, danos à flora, à fauna e à água e poeira no ar.

Doutor em engenharia mineral, Fernandes explica que uma das questões ambientais mais complicadas nos territórios de mineração diz respeito à água, pois “o reuso da água ainda é um sonho e as práticas de sustentabilidade estão muito atrasadas”. Ele lembrou que o Brasil depende hoje de um modelo exportador que gera riqueza e reservas importantes para o país mas, ao mesmo tempo, os territórios acabam sendo fragmentados com isso.

“Há um conflito muito grande porque o país tem muitas áreas sensíveis, como as áreas indígenas, de populações tradicionais como os quilombolas e áreas de preservação ambiental, o que resulta em muitas queixas”.

Fernandes destacou o papel importante desempenhado pelo Ministério Público Federal (MPF), que tem exigido que as mineradoras se comportem o mais possível dentro de boas práticas sustentáveis. “Mas esse é um caminho muito longo. A impressão que dá é que somos muito permissivos com isso”.

Segundo ele, em muitos países, além de uma licença ambiental, se exige que a atividade mineradora negocie previamente uma licença social com a população do território onde pretende se instalar.

Há no Brasil, conforme Fernandes, “uma licença ambiental pouco fiscalizada e bastante frouxa e nenhuma licença social, e a mineração parece ter predominância sobre tudo e sobre todos”.

O resultado apresenta, de um lado, montanhas de dólares e de outro, cidades inchadas como Carajás, no Pará, principal empreendimento minerador brasileiro, que em dez anos viu a sua população crescer 300%, indicou. Em contrapartida, os serviços de infraestrutura, entre os quais se destaca o saneamento básico, são precários, afirma o pesquisador.

Um abuso detectado em territórios indígenas são os garimpeiros que entram para pegar ouro e diamantes e os assoreamentos provocados nos rios por materiais para uso imediato da construção civil. A produção é de baixíssimo teor de ouro, porque uma tonelada de terra tem apenas um grama de ouro. “Isso é feito com água, com produtos químicos”, segundo Fernandes.

De acordo com o estudo, estão em funcionamento no país 3 mil minas e 9 mil mineradoras, além de uma centena de garimpos legais e clandestinos.

O setor mineral emprega cerca de 200 mil trabalhadores e responde por 4% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços fabricados no país. Os investimentos programados pelo setor somam US$ 75 bilhões entre 2012 e 2016.

O estudo aponta que os estados com maiores problemas são Minas Gerais e Pará, “porque são os maiores estados produtores de substâncias minerais metálicas, como ouro, zinco, chumbo, minério de ferro, bauxita, que é o minério do alumínio, cujos problemas são mais complicados”.

Fernandes acredita que o estudo poderá servir de subsídio ao Congresso Nacional para a votação do marco mineral brasileiro: “É importante quando a gente mostra os impactos socioeconômicos da mineração”. Ele levanta questões como empobrecimento, aumento da prostituição e, em alguns casos, trabalho infantil em regiões mais longínquas, como Marabá (PA), onde crianças e jovens, na faixa de 12 a 14 anos, são colocados para trabalhar com carvão vegetal para produção de ferro gusa. Sem falar nos impactos ambientais, com destaque para poluição da água, assoreamento dos rios, desmatamento, erosão, mudança da paisagem do solo, danos à flora e à fauna.

Segundo o pesquisador, o estudo pode subsidiar também o MP, associações e movimentos sociais que tratam dessas questões, e caminhar para casos de sucesso, que seriam acordos entre mineradoras e comunidades afetadas para que a atividade fosse sustentável ou controlável.

Nesse sentido, salientou o acordo firmado entre a empresa Alcoa e a população ribeirinha do município de Juruti (PA), após intenso conflito. A mineradora investiu US$ 1 bilhão no empreendimento e a contrapartida para os moradores somou US$ 40 milhões, sob a forma de escolas, hospital e ações de empreendedorismo, que criaram uma economia local que gera renda e emprego na própria região.

Procurado para comentar o estudo, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), representante das empresas e instituições que atuam no setor, está em recesso a partir de hoje (22), até o dia 4 de janeiro de 2015.

FONTE: http://exame.abril.com.br/economia/noticias/estudo-confirma-impactos-da-mineracao-no-brasil