Com uma proposta aderente ao “novo normal” primeira horta residencial inteligente chega ao Brasil

Autônoma, com design minimalista, recheada de tecnologia e feita a partir de materiais reciclados, a Brota, criada por empreendedores cariocas é uma ótima opção para quem deseja ter uma horta com vegetais e temperos frescos em casa mesmo sem conhecer nada sobre o assuntounnamed (13)Da esq. para à dir.,Rodrigo Farina, Juan Correa e Bruno Arouca, fundadores da Brota: a startup, que leva o mesmo nome do produto é vendida online em seu próprio site e possui 12 opções de cápsulas de cultivo (Brota/Divulgação)

São Paulo, agosto de 2020 – O mundo passa uma enorme transformação em diversos aspectos. Em termos de comportamento a pandemia provocada pelo novo Coronavírus acelerou muitos deles. Para se ter uma ideia, já em 2017 o mercado de Wellness, ou bem-estar em português, movimentou cerca de 3 trilhões de dólares. Outro dado que chama atenção: segundo estudo da consultoria Mintu em 2030 vivenciaremos uma espécie de “renaturalização”, trazendo dentre outras consequências a produção alimentícia – hoje bastante concentrada no meio rural – também à cargo das cidades.

Nunca se se pensou tanto em saúde quanto nos últimos meses. Seja mental ou física, estar em dia consigo próprio tornou-se quase um mantra diante de tantos desafios. Uma destas práticas entendidas também como terapia e geradoras de boas energias ao ambiente para muitos cresceu exponencialmente: ter plantas em casa. Segundo o site Mercado Livre foram exatos 450% de aumento na busca.

unnamed (15)Em destaque, a horta residencial inteligente Brota. (Brota/Divulgação)

O produto, vendido no site da própria startup, funciona a partir de cápsulas as quais cada uma contém uma espécie de solo inteligente preparado especialmente para o crescimento da semente já contida nela. O consumidor precisa somente abastecer o reservatório da sua Brota uma vez a cada 25 dias e voilá – a mágica acontecerá sozinha sem preocupações ou riscos de perda da plantação.

Pensando em ajudar a suprir tal necessidade que já vinha sendo monitorada mesmo antes do surgimento do COVID-19 os jovens empreendedores cariocas Rodrigo Farina, Juan Correa e Bruno Arouca, ambos com 22 anos, criaram a Brota, a primeira horta residencial inteligente do Brasil.

Isso acontece graças ao sistema autônomo de irrigação da horta que envia água e nutrientes à cada cápsula com um tipo de planta no tempo e quantidade ideais, eliminando totalmente a necessidade de conhecimento sobre botânica ou mesmo alguma prática. Hoje a empresa disponibiliza 11 opções de cápsulas, entre elas de Camomila-Húngara, Alface Baby Leaf e Coentro Português. Em caso de dúvida o cliente conta com biólogos online, seja whatsapp, email, telefone ou instagram para auxiliar em qualquer etapa do processo.

A proposta da empresa é despertar a atenção das pessoas por se preocuparem mais com uma vida mais sustentável e com mais saúde logo a partir do primeiro contato com a horta. Um estudo produzido no Rio de Janeiro pela própria startup aponta que 74% das pessoas entrevistadas gostariam de ter uma horta em casa, mas não a cultiva por algumas razões. Destacamos três deles:

• Desse percentual, 72% das pessoas afirmaram não encontrarem tempo na rotina para cultivarem uma horta;

• 69% disseram que não plantam por não terem conhecimento de plantas;

• 59% não plantam pela falta de espaço em casa;

“Acreditamos que ter uma horta em casa traz diversos benefícios físicos, psicológicos e abre para uma nova consciência sobre o estilo de vida mais saudável que todos devemos buscar de alguma forma. Enxergamos uma oportunidade de começar essa jornada de conscientização por meio de uma horta que vive no modus operandi de quem está nas capitais, mas que não tem tempo ou conhecimento para mantê-la”, comenta o CEO da Brota, Rodrigo Farina.

Na outra ponta, para reforçar ainda mais a preocupação com o meio ambiente, a empresa produz todas as hortas com elementos naturais ou orgânicos e sem agrotóxicos. Além disso as cápsulas são todas reutilizáveis, ou seja, ao realizar a troca é possível aproveitar o envoltório e substituir apenas o interior, com a terra e sementes. 

“A tecnologia embarcada no produto e nos insumos permite colocarmos em prática o propósito de sermos sustentáveis. Acreditamos que esse seja um diferencial da Brota e algo que acreditamos ser essencial para fazermos parte da vida das pessoas daqui em diante”, afirma Farina.

O plano da Brota tem dado muito certo e acontecido de forma rápida. De um ano para cá desde quando foi dado o start no projeto todo investimento em pesquisa e desenvolvimento foi feito a partir da economia dos próprios sócios. Para ajudar no custeio da produção e início oficial das vendas foi aberta há um mês uma campanha na plataforma de crowdfunding Catarse. O resultado foi um sucesso onde mais de 2.500 unidades foram vendidas e a meta de captação superada em 450%.

“Ficamos extremamente realizados com a adesão do público ao nosso projeto. Ter uma horta em casa pode significar muito mais do que ter contato com um pouco de verde dentro de casa, simboliza a forma a busca por uma integração com o meio onde se vive. É nisso que acreditamos”, finaliza o empreendedor. 

Para mais informações basta acessar o site: http://brotacompany.com.br/ e as páginas do da marca no Instagram: http://www.instagram.com/brotacompany/ e Facebook: http://www.facebook.com/brotacompany/

Sobre a Brota 

Fundada em maio de 2019 pelos cariocas Rodrigo Farina, Juan Correa e Bruno Arouca a Brota é a primeira horta residencial inteligente do Brasil. Com muita tecnologia embarcada, a Brota foi feita para acelerar o despertar das pessoas por uma vida mais sustentável mesmo vivendo em grandes cidades com pouco espaço e sem conhecimento sobre botânica. A mágica do crescimento de temperos e vegetais ocorre com mínima intervenção. Tudo acontece a partir do sistema autônomo de irrigação e de cápsulas com as sementes junto das quantidades certas de terra, nutrientes e oxigenação. Para quem a possui basta repor o reservatório de água a cada 25 dias.

Para mais informações com a imprensa:

Lucas Paschoal – 11 98072-1487 | lucas@lpcom.co

Instagram e Linkedin – @lucaspaschoal.lpcom

A comida orgânica é para ser coisa proibida para o “povão”?

Recentemente postei aqui uma nota sobre a evolução de produtos orgânicos na França, e acabei notando uma repercussão mais alta do que esperava. Uma das pessoas que respondeu ao que escrevi frisou o fato de que a questão da comida orgânica está muito longe do “povão”. Esse é um aspecto verdadeiro do debate, apesar dos esforços sendo feitos em diferentes partes do mundo, no Brasil inclusive, para que evitemos cair na falácia de que impediremos a fome no mundo apenas com a agricultura da “Revolução Verde” (Aqui!).

Em uma conversa informal com uma colega que trabalha na área de questões ambientais na agricultura para a “Organization for Economic Co-operation and Development” (OCDE) durante minha recente viagem ao exterior, debatemos exatamente o problema do tipo de agricultura que deveremos apoiar para garantir comida saudável e com alta diversidade nos itens que compõe a dieta humana.

A primeira questão que apontei para a minha colega foi de que o modelo da “Revolução Verde” nos empurra cada vez mais para uma agricultura de baixa diversidade e fortemente ancorada no binômio “sementes geneticamente modificadas + agrotóxicos” cujos únicos interessados são as corporações que hoje controlam a produção, circulação e comércio de alimentos. 

Nesse sentido, iniciativas que apoiem a agricultura familiar e a agroecologia não podem ser mais ignoradas ou rotuladas como coisas excêntricas e démodé ou, pior, frutos apenas do extremismo anti-tecnológico.  Um exemplo do esforço de contribuir positivamente para o debate em torno da produção saudável de alimentos é a Articulação Nacional de Agroecologia (Aqui!), a qual representa um esforço articulado de contrapor um modelo alternativo ao da “Revolução Verde”. 

Apesar de ser verdade de que o consumo de produtos orgânicos é concentrado em nichos da população mais abastada, este fato não deveria ser justificativa para que não busquemos ampliar as camadas da população com acesso à comida saudável. Aliás, o esforço deve ser todo para que haja a devida superação do paradigma da Revolução Verde, e que especialmente os menos abastados possam ingerir comida livre de transgênicos e agrotóxicos. Nesse sentido, a superação do paradigma dominante se torna uma questão de saúde coletiva e de aumento da equidade social.

Entretanto, há que se reconhecer que, no caso brasileiro, a oposição e desqualificação da agroecologia como alternativa viável ao modelo dominante de concentração da propriedade e de uso da terra começa dentro das próprias universidades.  Ai urge fazermos o debate sobre o “conjunto da obra” que vai da esdrúxula concentração da propriedade ao tipo de sementes e sistemas agrícolas que estão sendo aquinhoados como a maior parte do fomento público. Caso contrário, continuaremos presos a uma lógica em que comida saudável só mesmo para as classes altas e intelectuais de coleira.

Finalmente, quero enfatizar que nos países centrais, os ditos desenvolvidos, o combate pelo direito à comida saudável está em alta, inclusive com grandes cadeias de supermercados aderindo ao modelo “orgânico” como mostra a imagem abaixo. A questão é se aqui na periferia, vamos aceitar sermos os consumidores do rebotalho do que a população dos países ricos não aceita mais em suas mesas.

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O banner postado numa loja da rede estadunidense “Shop and Save” diz “Orgânico: alimentos saudáveis para uma vida saudável”.