A copa dos crentes, os crentes da copa

Por Alex Antunes

O escritor e jornalista carioca Sérgio Porto (1923-1968), sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, cunhou a sigla FEBEAPÁ – Festival de Besteiras que Assola o País. Porto (que também inventou a expressão “samba do crioulo doido”, referindo-se ao non sense usual dos sambas-enredo), notou que no início da ditadura militar, entre 64 e 68, houve um drástico aumento das declarações públicas imbecis.

Certamente o clima de solenidade e patriotada também estava por trás do besteirol. Porto morreu em 68, portanto não teve tempo de ver a criação, no final do ano de 1969, da sinistra matéria obrigatória Educação Moral e Cívica nas escolas. Sinistra não porque tratava de educação, de moral ou de civismo, mas porque fazia parte de um “pacote” ideológico que transformava em inimigos todos os dissidentes do regime militar, incrementado após 1968 e o decreto do AI-5. A seriedade excessiva sempre anda perto do ridículo.

O inimigo dos milicos era tratado como “inimigo do país”. É interessante como a realização desta copa do mundo em 2014 tenha disparado comportamentos tão similares aos da época da ditadura. Por um lado, nunca se falou tanta asneira, particularmente após a derrota para a Alemanha por 7 a 1. Foi um bombardeio de termos descabidos como “humilhação” e “vexame”. Eu vi gente reclamar deste artigo do Adam Gopnik na New Yorker (leia aqui), mas para mim ele faz todo o sentido.

“Sabemos, embora essa seja uma verdade esquecida entre os brasileiros, que foi apenas uma derrota em um jogo. Não deveria ser – e de fato não foi – uma ‘humilhação nacional’ ou algo parecido. Foram só onze caras tendo um dia ruim, a maioria deles milionários que trabalham e moram no exterior”, escreveu Gopnik. Porque os onze milionários encarnariam o “espírito nacional” é uma coisa que também me escapa.

O que incomodou alguns leitores brasileiros foi a comparação com a guerra. Gopnik explica que o início da primeira Grande Guerra foi impulsionado pelo medo irracional de “humilhação nacional”. E que “honra nacional” e “humilhação” são termos-chave nessa linguagem bélica perversa. Para quem achou o paralelo com o horror da guerra indevido, o nosso paspalho-mór, Luciano Huck (que tentou capitalizar em jogadas marketeiras como a do #SomosTodosMacacos), encarreegou-se de confirmá-lo no sábado.

Conversando em seu programa com Galvão Bueno, Huck comparou o 7 a 1 contra o Brasil com o 11 de setembro e a destruição das Torres Gêmeas de Nova York, quando morreram quase três mil pessoas. O próprio Galvão – que não é nenhum mestre da sobriedade – teve que dizer que Huck estava exagerando. É a volta do Febeapá. Imagine Galvão Bueno mandando você baixar a bola. 🙂

Como sugeriu Gopnik, há uma chave aí: a de que sob ideologias autoritárias a discordância atrai sempre um componente de “humilhação”. Como nas religiões monoteístas, há uma moral única, anterior e exterior às pessoas, que não pode ser desafiada. É engraçado como em nosso país psiquicamente colonizado a idéia de “humilhação” está sempre presente. É só digitar o termo “humilha” no google ou no youtube para acessar centenas de conteúdos em que alguém é supostamente “humilhado”. Vá lá e veja que em quase nenhum há “humilhação” – só discordância.

Não há ridículo na discordância. Há ridículo, isso sim, na concordância forçada, na crença sagrada da autoridade. Como acontece na Coréia do Norte, onde os ditadores de plantão usam títulos como “Querido Líder Que É Uma Encarnação Perfeita da Aparência Que Um Líder Deve Ter”, “Estrela Brilhante da Montanha Paektu”, Glorioso General que Desceu do Céu” e “Maior Encarnação do Amor Revolucionário Entre Camaradas” – como se fossem fantasias de luxo de Clóvis Bornay.

Um exemplo mais próximo é o do presidente venezuelano Maduro, que disse que Hugo Chávez apareceu para ele na forma de um passarinho, ou que o rosto do finado surgiu numa escavação do metrô em Caracas. A semelhança bizarra com a aparição de Cristo num fiofó de cachorro não é acidental. Como se vê, a crença na autoridade sagrada e na “humilhação” da discordância é que é sempre ridícula, seja à direita ou à esquerda, na política ou na religião.

O governo da presidente Dilma começa a demonstrar sérios sintomas dessa doença dúplice. Logo depois de Dilma declarar à repórter Renata Lo Prete (aos 6′ do segundo bloco) que “O Brasil conseguiu construir uma política federativa de segurança (…) Todos contribuíram para garantir um padrão de segurança, nós planejamos juntos, nós executamos juntos”, uma megaoperação no Rio de Janeiro prendeu 19 ativistas envolvidas com manifestações políticas. As prisões, “preventivas” e sem fundamento legal, lembram os tempos da ditadura. Nove outros ativistas foram considerados “foragidos”. Quanto mais besteira faz o governo, mais repressivo se torna. Seria ridículo, se não fosse sinistro.

Melhores eram os tempos em que, observou alguém, os jogadores não sabiam nem cantar o hino nacional, como Garrincha (esse não sabia às vezes nem qual era o país adversário), mas sabiam jogar. Não havia uma crença no “direito divino brasileiro à vitória no futebol”, esse amigo do ridículo, mas intuia-se como chegar a ela. Sem Cristo nem uma pátria autoritária na cabeça, mas com o Exu nas pernas. Aí sim o melhor “espírito nacional” estava encarnado.

Torturada pela ditadura em 1970, a ativista Dilma, ao fim de tanto tempo, virou ela mesma uma pró-ruralista, refém das chantagens políticas das organizações religiosas mais moralistas, adepta do populismo futebolístico e da repressão violenta ao direito de manifestação. Ou seja, na prática muito parecida com os milicos que a encarceraram – mesmo que ela se diga o contrário deles. A pergunta que não quer calar é: a tortura não funcionou, ou funcionou muito bem? O Febeapá nunca acaba.

FONTE: https://br.noticias.yahoo.com/blogs/alex-antunes/copa-dos-crentes-os-crentes-da-copa-013408830.html

A Copa FIFA finalmente acabou. E o seu legado? Vai depender de quem responde

pm

A copa promovida pela multinacional que controla o futebol no mundo finalmente terminou com a vitória da Alemanha. E graças ao gol do Mario Goetze, o (des) prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, não terá que passar novamente por mentiroso porque não teve de se confrontar com a sua promessa de se suicidar caso a Argentina vencesse (e olha que o risco andou alto ao longo do jogo!).

E agora, como fica o tal do legado da Copa? A resposta vai depender diretamente para quem se perguntar. Se for para algum tucano, a resposta será um misto de tristeza e alegria, pois apesar do terremoto prometido pela mídia corporativa não ter se confirmado, o Brasil de Felipe Scolari (aliás, um time horrível) não se sagrou campeão. Se for para os petistas, virá logo a resposta óbvia de que teve copa, e que a economia recebeu tantos bilhões a mais, sem se importar com quanto disso a FIFA vai levar para os seus cofres na Suíça. 

Agora, se olharmos para as centenas de famílias removidas nas diversas cidades-sede, para os elefantes brancos que agora ficarão relegados ao baixo nível de uso, ás obras que caíram sem terem sido concluídas, e mais importante ainda, para as centenas de prisões realizadas ao longo da duração do megaevento, especialmente em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, o legado é terrível. É uma combinação de consolidação da segregação sócio-espacial, enriquecimento ainda maior de empreiteiros, e o aumento em nível sem precedentes pós-ditadura militar do nível de repressão aos movimentos sociais.

Para mim, o mais preocupante é que saímos desse megaevento sem a devida organização política para organizarmos as lutas dispersas contra o modelo neoliberal/desenvovimentista que hoje afoga o Brasil em uma crise social que ainda permanece latente, mas cedo ou tarde poderá explodir em grave convulsão social. É que neste nível de atomização das lutas, o mais provável é que se repitam as cenas de “estado de sítio” que se viu hoje na cidade do Rio de Janeiro.

pm

Da coluna do Ancelmo Gois: Estado de sítio na Praça Saens Pena    

 

Em ver de morteiros para se comemorar gols, tiros de bombas de gás lacrimogêneo, de pimenta e de efeito moral. Para conter cerca de 600 manifestantes que pretendiam protestar contra Copa, no Maracanã, cerca de dois mil policiais militares de várias unidades fizeram hoje à tarde um cerco inédito à Praça Saens Pena, no coração da Tijuca, tradicional bairro de classe média na Zona Norte do Rio. Houve dois presos — André Constantini, do movimento Favela não se Cala e outro manifestante conhecido como Renato da Uerj. Houve também feridos por estilhaços de bombas de gás de pimenta.

Foi implantado pela PM uma espécie de estado de sítio na Praça Saens Pena, com barreiras em pelo menos sete pontos (um deles na foto, na Rua Pinto de Figueiredo) ao redor da praça, onde há uma grande estação do metrô, que ficou pelo menos duas horas fechada. Ninguém entrava nem saía do perímetro de segurança imposto pela PM. Fosse ou não morador. Estivesse ou não a trabalho. Luiz Rodolfo Viveiros de Castro, assessor da Comissão de Direitos Humanos da OAB, disse que a entidade estuda a possibilidade de entrar na Justiça contra o comando da PM, pela suspensão do direitor de ir e vir.

— Na ditadura isso aconteceu em estádios de futebol. Agora a PM transformou a Praça Saens Pena numa imensa cadeia, de onde ninguém pôde sair. Isso é cárcere privado em espaço público — disse Luiz Rodolfo.

O repórter que vos escreve só conseguiu sair da praça volta das 17h, após tentar passagem por quatro barreiras. Só num ponto, o repórter foi liberado, assim como alguns moradores, pela major Fabiana, uma das chefes da operação. O comandante das tropas foi o coronel Henrique, do 5º BPM (Praça da Harmonia), que se uniu ao 6º BPM (Tijuca). Participaram do cerco também policiais do Batalhão de Choque, do Bope, do Regimento de Cavalaria da PM, do Grupo Especial Tático em Motopatrulhamento (GETEM). Além de cavalos, os PMs contavam com armas não-letais, como lançadores de bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e spray de pimenta. Esse equipamento foi usado várias vezes para dispersar grupos de manifestantes que debochavam dos policiais.

O primeiro confronto teve início por volta das 15h, quando os manifestantes tentaram furar um bloqueio na Rua das Flores, que sai na Praça Saens Pena. Nesse momento, os policiais partiram enfurecidos para cima dos manifestantes. Um deles foi pego e espancado por um grupo de PMs. Outros ficaram feridos por estilhaços de bombas de gás de pimenta. O primeiro tiro de bomba de gás foi dado às 15h. Houve correria. Em seguida, houve uma sequência de mais quatro disparos. Imediatamente a Rua Conde de Bonfim — interditada num trecho de 800 metros — foi tomada pela fumaça do gás. Os olhos ardiam. Socorristas voluntários, dos manifestantes, orientavam a não se esfregar os olhos. Os mais preparados levavam solução de leite de magnésia com água.

— Nunca vi uma coisa dessas. Estou aqui isolado na praça e minha mulher está me esperando do outro lado. Eu a trouxe do interior do Ceará. Ela nunca imaginou estar numa confusão dessas aqui no Rio — contou Luciano Teixeira, chefe de cozinha.

Organizada pela Frente Independente Popular (FIP), que reúne os principais grupos de esquerda, e pelo Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, a manifestação começou com uma marcha da Praça Afonso Pena até a Saens Pena, no início da tarde. Os manifestantes então se concentraram ali com faixas e cartazes, e palavras de ordem contra a Copa e a Fifa. Um dos cartazes dizia “Fora Pezão; vá com Paes, Dilma vez”. Os militantes de várias organizações de esquerda e de pelo menos dois partidos (PSol e PSTU) tomaram a praça que principalmente, aos domingos, é um recanto da terceira idade. Desde cedo, havia policiais distribuídos estrategicamente ao redor da Praça Saens Pena, prevendo a tática de cercar o local e impedir que a manifestação partisse para o Maracanã, onde era realizada a final Alemanha x Argentina.

Quando um grupo decidiu marchar pela Rua Conde de Bonfim, os PMs começaram a tentar fazer bloqueios já no início, sem êxito. A marcha prosseguiu até as proximidades da Rua Pinto de Figueiredo, onde havia duas barreiras de PMs, uma delas formada pela cavalaria. Em frente ao Tijuca Tênis Clube foi formado um paredão por policiais militares munidos de cassetetes. Alguns, os oficiais superiores, estavam armados de pistola. Policiais da Força Nacional também portavam armas pesadas.

Após mais escaramuças, a situação se tranquilizou por volta das 17h. Os manifestantes voltaram ao Centro da Praça, gritando palavras de ordem contra a Copa e contra a polícia. O cerco pela PM na Praça já estava montado e ninguém conseguia entrar ou sair. 

A diretora do Grupo Tortura Nunca Mais, Joana D’Arc Ferraz, contou que foi impedida até mesmo de sair do prédio onde mora, na praça. “A Saens Pena hoje viveu seu dia de ditadura”, comentou Luiz Rodolfo Viveiros de Castro, ex-preso político do regime militar.

Um manifestante, com cabelo punk, é detido pela PM

FONTE: http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/posts/2014/07/13/estado-de-sitio-na-praca-saens-pena-542528.asp

The Guardian fala sobre racismo no Brasil da Copa

Onde estão os negros? Texto do The Guardian fala sobre racismo na Copa 2014 com análise da torcida brasileira nos estádios

estádio copa elite 2014

E e alguém te dissesse que o Brasil está longe de ser um país multiétnico? – e que a Copa do Mundo evidencia isto de uma maneira muito simples?

Em um texto publicado na última terça-feira no jornal inglês The Guardian o repórter Felipe Araújo faz uma reflexão sobre a torcida brasileira na Copa do Mundo: “Cobrindo a Copa do Mundo como jornalista me encontrei participando de um jogo similar ao ‘Onde Está Wally?’, o problema é que a pergunta agora era mais séria: onde estão todos os negros? Passei por cinco cidades-sede até o momento e em todas elas a pergunta para a resposta estava distante de ser respondida – eu até perdi lances de gol enquanto procurava por negros nas torcidas”.

Veja também: O Brasil é um dos países mais racistas do mundo, mas o racismo é velado

No texto, Felipe chega a algumas conclusões que são, infelizmente, ao mesmo tempo óbvias e estarrecedoras: “A maioria dos negros no Brasil são pobres. Diferente da África do Sul e dos Estados Unidos, não há uma classe média negra e, talvez ainda mais importante, não há uma classe política negra. Um ingresso para a Copa do Mundo tem seu preço fixado entre R$180 e R$1800, mas em um país onde o salário mínimo custa pouco mais de R$680 por mês, um ingresso para uma partida no Maracanã está longe do alcance popular”

Na publicação, Melo lembra que as partidas em que havia bastante negros na torcida, eram partidas que envolviam países de origem africana – como Alemanha x Gana. O repórter lembra ainda que a questão racial no Brasil sempre foi mal resolvida e que o próprio astro da Seleção Brasileira, Neymar, já afirmou não ter sido vítima de racismo, afinal, eu não sou negro, não é?

FONTE: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/07/guardian-fala-sobre-racismo-brasil-da-copa.html

Do Blog do Flávio Gomes: Big Barriga

Por Flávio Gomes

RIO (jeeeesuis) – Quarta-feira, ponte aérea Rio-SP. O jornalista experiente, ácido e implacável (acusou o autor de “Privataria Tucana” de má-fé, leviandade, incompetência…), ex-diretor da ex-revista “Veja”, famoso, tanto que arrumou um trabalho de colunista nos dois maiores diários do país, “Folha” e “O Globo”, nota duas presenças familiares. Sim, são eles: Felipão e Neymar. As duas pessoas mais midiáticas, procuradas e assediadas do Brasil. Discretamente, se aproxima do técnico da seleção brasileira, seu vizinho de poltrona. E faz uma entrevista exclusiva.

Manda para os jornais. O texto diz, entre outras coisas, que a defesa da seleção, segundo o técnico, é o maior problema do time. Neymar, estranhamente pouco requisitado pelos demais passageiros, não falou nada e nem foi incomodado por ninguém.

Os jornais publicam. Em suas edições impressas e eletrônicas. No fim da entrevista, o jornalista relata um momento de descontração. Convida Felipão para seu programa na GloboNews, sim, ele tem um programa na GloboNews. Felipão diz que não pode agora, afinal anda muito ocupado, e lhe dá um cartão, sugerindo que, enquanto a Copa não termina, ele tente com a pessoa indicada: um sósia.

Oh, que simpático foi o Felipão! Fez uma brincadeira e indicou um sósia entregando um cartão! Kkk.

Bem, vivemos hoje o dia da maior “barriga” da história do jornalismo esportivo do Brasil. Talvez a maior “barriga” da história do jornalismo do Brasil. “Barriga” é a palavra que usamos, nós jornalistas, para “cagada”. Mario Sergio Conti foi o autor da entrevista. Felipão, evidentemente, não era Felipão. Era um certo Vladimir Palomo, que ganha uns trocados trabalhando como sósia de Felipão em programas humorísticos de TV ou aparições públicas — como diz seu cartão de visitas, inclusive. Assim como ele, há vários Neymares, Ronaldinhos Gaúchos, Elvis Presleys e papas Franciscos circulando por aí. Fico imaginando se Conti cruza, numa ponte aérea qualquer, com Inri Cristo…

Durante a conversa no avião, segundo Palomo, Conti não disse que era jornalista. Só no final revelou que era repórter. Achou que estava abafando, certamente. Descolou, no papo, uma exclusiva. Palomo não se sentiu na obrigação de dizer que era um sósia. Afinal, não tinha dado entrevista alguma, tinha apenas conversado com o vizinho de poltrona sobre futebol — todo mundo só faz isso por estes dias. Depois, porque lhe deu o cartão onde estava escrito que ele trabalhava como sósia de Felipão. Mais claro, impossível. Não?

Não.

barrigao

A grande cagada acabou sendo notada, sabe-se lá depois de quanto tempo. Os textos foram retirados dos sites dos jornais e possivelmente de exemplares que rodaram mais tarde, o que a gente chama de segundo clichê. Mas o estrago estava feito. Os dois periódicos publicaram erratas com o mesmíssimo teor, pedindo desculpas pelo que foi definido como “confusão”.

Todo mundo erra. É frase feita, mas vale para perdoar muita coisa. Essa barriga (já posso tirar as aspas? Obrigado), no entanto, não é perdoável.

Se o colunista cometeu uma gafe inacreditável (não distinguir Felipão de um sósia, não identificar a ausência de sotaque, não perceber que ninguém lhe pediu autógrafos, não notar que não havia nenhuma câmera de TV ou outros jornalistas cercando os caras mais famosos do Brasil, não estranhar que era absolutamente improvável que ele E NEYMAR estivessem num avião de carreira a esta altura da vida do planeta), é porque não tem a menor condição de escrever sobre futebol nem hoje, nem nunca. Talvez não possa escrever sobre nada, porque a um jornalista não é dado o direito de ostentar tal grau de alienação no meio de uma Copa do Mundo no seu país.

Mas a coisa é ainda pior. Alguém recebe, lê, edita e fecha esse material. Em geral, um editor. Sendo o assunto importante, uma exclusiva com o cara mais visado do país até o dia 13 de julho (ou até o Brasil cair fora da Copa, se isso acontecer antes da final), é de se imaginar que as maiores autoridades em esportes dos jornais leiam o que vão publicar.

E como é que um editor engole isso sem questionar: 1) o Felipão numa ponte Rio-SP junto com Neymar, e nenhuma câmera de TV por perto? 2) Neymar num voo de carreira, sem multidões enlouquecidas tirando fotos e pedindo autógrafos? 3) a declaração mais sem sentido do mundo, que o problema é a zaga da seleção, justamente o que de melhor o time tem? 4) a pura impossibilidade de um técnico de seleção criticar abertamente, no meio de uma Copa do Mundo, seus jogadores? e 5) quem é o sósia do tal cartão mencionado no fim da matéria (um Google impediria essa catástrofe)?

Pois tudo isso passou batido. Ninguém nas redações dos dois jornais notou nada de esquisito e a entrevista foi publicada alegremente. Grande furo, grande cara, esse colunista! Sempre na hora certa, no lugar certo! Em tempoele admitiu, em entrevista à “Zero Hora”, que achou mesmo que era Felipão. E minimizou a patacoada, dizendo que “não afetará a Bolsa, a Copa ou as eleições”.

Os jornais estão acabando, como se diz, mas não é por causa da internet.

FONTE: http://flaviogomes.warmup.com.br/2014/06/big-barriga/#.U6QgzvWnHyE.facebook

O paradoxo da segurança no Maracanã

Cerca de 150 torcedores chilenos se infiltram no estádio apesar da enorme presença policial

Por PEDRO CIFUENTES

Torcedores do Chile no Maracanã. / MATTHIAS HANGST (GETTY IMAGES)

Isso não é uma festa do esporte? Mas está cheio de metralhadoras e não tem cerveja!”, dizia na quarta-feira à tarde diante do Maracanã Alberto R., um espanhol de Cádiz residente no Rio há um ano e que nunca tinha visitado o templo do futebol brasileiro. Centenas de policiais armados até os dentes, distribuídos em fileiras, vigiavam as redondezas do estádio minuciosamente. A sua presença por si só já havia dissuadido os habituais vendedores de latinhas de cerveja que acompanham qualquer aglomeração festiva no Rio de Janeiro. Os proprietários de bares limítrofes apontavam para os agentes e repetiam “Não posso, não posso, só refrigerantes…” diante dos milhares de pedidos recebidos. Vários helicópteros da polícia sulcavam o céu do Maracanã, e a fragata do Exército permanecia ancorada em Copacabana. 

As baterias de mísseis terra-ar continuavam em alguns terraços do bairro. O tráfico estava interrompido havia seis horas. Vários cordões policiais se espalhavam em um perímetro de dois quilômetros ao redor do estádio para evitar qualquer manifestação por perto. Tudo estava disposto para que o risco fosse “zero”, como havia anunciado recentemente à imprensa o diretor de segurança do Comitê Organizador Local, Hilario Medeiros.

Torcedores do Chile no centro de mídia do Maracanã. / YASUYOSHI CHIBA (AFP)

Mas, como no domingo passado, algo voltou a falhar nas portas do estádio. Se no dia da partida entre Argentina e Bósnia vários vídeos de causar vergonha mostravam 80 torcedores argentinos infiltrando-se no estádio diante do olhar espantado de dois agentes de segurança, ontem 150 chilenos derrubaram uma cerca de segurança perto do setor da imprensa e protagonizaram uma cena surrealista de corre-corre pela ampla sala de imprensa antes que 87 deles fossem controlados pelos serviços de segurança e postos à disposição da polícia. Foi um milagre que não tenha havido vítimas. Poucas horas depois de detidos, as autoridades brasileiras lhes deram 72 horas para abandonar o país. “Não tínhamos entradas, a revenda estava caríssima”, disse um dos invasores à BBC. Outro deles, professor de identidade não revelada, contou que tinha viajado com quatro amigos em um carro desde Santiago do Chile (a 3.800 quilômetros) e não tinham conseguido comprar de revendedores ingressos a preço acessível, apesar de estarem dispostos a pagar 800 dólares (1.780 reais) por cada um deles. As entradas de Espanha e Chile eram vendidas a 3.000 reais (1.350 dólares) nas portas do estádio uma hora antes do começo da partida.

A FIFA admitiu sentir-se “envergonhada” pelo incidente, o segundo do tipo em duas partidas, embora tenha rejeitado qualquer responsabilidade pelo assunto. “Temos de proteger os jornalistas e temos de proteger os torcedores”, afirmou no próprio Maracanã o diretor de segurança da FIFA, Ralf Mutschke. Sua entrevista coletiva à imprensa foi interrompida em várias ocasiões por perguntas iradas de jornalistas brasileiros que falavam de “fiasco da organização”. Outros incidentes em estádios incluíram a ausência de 200 agentes de segurança contratados, durante uma partida em Fortaleza, e a introdução de rojões na Arena Pantanal, de Cuiabá, por ocasião do jogo do Chile com a Austrália. Mutshcke revelou que na quarta-feira no Maracanã foi confiscada “uma mesa inteira de navalhas e rojões”.

Diante dos protestos em particular de vários governos estaduais e do Governo Federal, a FIFA e o Comitê Organizador Local (COL) emitiram uma nota de imprensa na qual garantiram que os torcedores “não conseguiram chegar até as arquibancadas do estádio”, apesar de outras versões afirmarem que alguns foram puxados por compatriotas até as bancadas e conseguiram fugir da perseguição do questionado serviço privado de segurança contratado pelo COL. Este jornal viu um torcedor argentino aproveitar a confusão causada pela invasão e entrar no estádio enquanto fazia fotos dos intrusos com uma câmera não profissional, misturando-se com os jornalistas credenciados.

A segurança do estádio é de competência exclusiva do Comitê Organizador Local, sendo a polícia responsável por cuidar da ordem pública nas ruas ao redor. A partir da próxima partida no Maracanã (Bélgica e Rússia, no domingo), a polícia vigiará também a manutenção da segurança no estádio. Pelo que se viu na quarta-feira, pode esperar-se um aparato de segurança próprio de um estado de exceção.

O Cônsul do Chile no Rio, Samuel Ossa, disse na noite de domingo que os detidos “não são delinquentes, mas fanáticos cuja paixão pelo futebol os levou a cometer um erro”. Mais contundente foi o presidente da Federação Chilena de Futebol, Sergio Jadue, que qualificou o incidente de “completamente condenável” e afirmou que iniciará os trâmites legais para impedir por toda a vida o acesso dos 87 torcedores deportados aos estádios de futebol (dentro e fora do Chile).

FONTE: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/06/20/deportes/1403223486_946356.html

“A copa 2014: de que estamos falando?”

Imagem Sandra artigo

Por  Sandra Quintela, do PACS e rede Jubileu Sul.

Pelas regras da Fifa, se esse artigo fosse uma mercadoria, eu deveria pagar royalties pela patente em usar a palavra Copa 2014. Isso mesmo. A Fifa patenteou as marcas  FIFA, COPA DO MUNDO, COPA 2014, BRASIL 2014 e o nome de todas as cidades-sede seguido de 2014, entre outras marcas. Segundo o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), atualmente a Fifa possui 1.116 marcas registradas no Brasil.

Além disso, o artigo 11 da Lei Geral da Copa estabelece que os estádios que sediarão os jogos do mundial no Brasil deverão possuir uma “área de exclusividade” cujos limites serão “tempestivamente estabelecidos pela autoridade competente, considerados os requerimentos da FIFA ou de terceiros por ela indicados, (…) observado o perímetro máximo de 2 km ao redor dos referidos Locais Oficiais de Competição”.  Ou seja, na área de 2 km de raio em torno dos estádios, todos os comerciante  e moradores deverão ser cadastrados.  O comercio interrompido antes e depois dos jogos. Além da proibição do trabalho de vendedores ambulantes nos dias do jogo próximo as arenas.

Esses dois exemplos, talvez pequenos diante de tanta ingerência de uma empresa privada, que é a Fifa,  sobre a soberania de um país são coisas que vem inquietando amplos setores da sociedade brasileira nos protestos sobre várias questões, mas, que no símbolo da Copa, encontraram um ponto de convergência.

Também há muita confusão nisso tudo. Para alguns, principalmente os setores ligados ao governo, criticar a Copa é fazer o jogo da oposição em um ano eleitoral. Para outros, da velha elite conservadora e neoliberal, o momento é propicio para criticar, de preferência desde Miami, a desgraça que é o Brasil, um país ainda pouco aberto aos mercados, segundo dizem.

Há também aqueles que compreensivelmente vem se manifestando durante todo o período dos governos do PT por moradia, por educação e saúde publicas, por mobilidade urbana etc.

E há as organizações, movimentos e comunidades impactadas pelas obras do mundial que começaram a  se organizar em fins de 2010 em vistas a denunciar os impactos da Copa sobre os territórios mais frágeis, como o população de rua, ou que perderam sua moradia (250 mil pessoas nas 12 cidades sede), sobre os trabalhadores ambulantes, enfim, grupos que estão absolutamente à margem dos movimentos sociais mais tradicionais. Juntos, os doze Comitês Populares da Copa formam a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa, ANCOP.

Então, excluindo o oportunismo da velha direita, temos: de um lado a Fifa com todo o aparato privatista avalizado pelo governo federal; e de outro as mobilizações de todo tipo que não param de crescer.

Vai ter Copa? Vai!  O Brasil hoje teria investido mais em saúde, educação, transporte publico etc se não fosse a Copa? Não. E por que não? Porque a Copa é mais um sintoma do que uma causa das desigualdades no Brasil. Porque o modelo de desenvolvimento em curso no Brasil e em vários países da América Latina estabelece como prioridade, de um lado, megaempreendimentos econômicos centrados na exportação de commodities agrícolas e minerais. E de outro politicas sociais que são dirigidas às populações mais empobrecidas, como Bolsa família e outros programas similares em toda a região que, mesmo sendo importantes, são insuficientes para a superação das desigualdades estruturais da região. Hoje, segundo dados do Banco Mundial,  1 em cada 4 famílias na América Latina é beneficiaria de programas desse tipo “compensatório.”

Territórios inteiros dos povos tradicionais de nossa América estão sendo varridos pelo avanço das transnacionais e seus negócios. Financiados, em geral, pelo Estado que garante a infraestrutura, isenta os impostos, flexibiliza as leis de proteção ambiental e trabalhista. Mega eventos como a Copa tem sido usados como aceleradores dessas intervenções no processo de privatização de nossas cidades. Facilita-se a elitização, a cidade como instrumento nas mãos das empreiteiras e a consequente especulação imobiliária. Esse modelo vai abrindo fronteiras casa vez mais distantes do centro das cidades e criando um modo de viver dependente de veículos para locomoção, criando um estilo de vida cada vez mais fechado em condomínios e cada vez menos na rua, na vida callejera.

Assim, as vésperas da Copa não podemos absolutamente cair no  discurso oportunista muito utilizado agora pela grande mídia. Muitos dos que hoje no Brasil falam de corrupção, uso excessivo de recursos públicos etc, decorrentes da Copa, são e sempre foram cúmplices e até mesmo protagonistas desse esquema. Nunca se importaram com a privatização fraudulenta de empresas públicas, nem com a subordinação econômica gerada pelos mecanismos que abocanham metade do orçamento público para os cofres dos banqueiros privados nacionais e estrangeiros. E hoje, cinicamente, se dizem guardiões da moral e dos bons costumes políticos.

O que nós criticamos na Copa é o modelo de desenvolvimento capitalista, materializado na realização deste evento. O agronegócios e a Copa, portanto, são verso e reverso de uma mesma moeda: a privatização da vida, das cidades, das florestas.

Não é por acaso que na última semana de maio, mais de 100 etnias indígenas protestaram em Brasília junto ao Comitê Popular da Copa de lá . As populações indígenas entenderam perfeitamente a ligação entre o retrocesso no processo de demarcação de suas terras, ameaçadas pelo agronegócio e a mega-mineração, com o que está acontecendo nas cidades sede da Copa.

Nossa crítica à Copa é a mesma crítica que fazemos a um Estado a serviço do capital. Um Estado que abdicou de realizar políticas universais e centra cada vez mais a sua ação em focos específicos deixando de lado a totalidade no entendimento dos problemas a serem enfrentados em países como os nossos.

Por isso, a pergunta do inicio desse artigo: quando falamos de Copa, estamos falando de quê mesmo?

FONTE: http://www.pacs.org.br/2014/06/03/a-copa-2014-de-que-estamos-falando-confira-o-artigo-de-sandra-quintela-do-pacs/

 

Revista “New Yorker” critica excessos em estádios da Copa

Bíblia do jornalismo dos EUA vê Itaquerão como ‘monumento à gentrificação’

Do UOL, em São Paulo

 

A nova edição da revista New Yorker, considerada a Bíblia do jornalismo norte-americano, apresenta um texto de 14 páginas sobre o futebol brasileiro, a preparação do país para a Copa do Mundo e o Corinthians.

Escrita para o público dos Estados Unidos, a reportagem cita o Itaquerão, palco da abertura da Copa do Mundo, em São Paulo, como um “monumento à gentrificação”, compara Andrés Sanchez ao magnata Donald Trump, Ronaldo a um astro do beisebol, Romário ao boxeador Muhammad Ali e define a CBF como uma entidade “desonrosa”.

Gentrificação é o nome que se dá ao fenômeno social que afeta a população de baixa renda de determinado lugar por meio da valorização imobiliária provocada por um novo empreendimento, como um shopping center ou um estádio de futebol, por exemplo.

Após a construção desse novo equipamento, o preço dos imóveis da vizinhança aumenta, obrigando a população pobre a se mudar – em geral para um bairro mais distante. Os serviços, por consequência, também ficam mais caros, excluindo também pequenos comerciantes.

“O estádio, um monumento à gentrificação, terá o maior telão digital da Terra e uma iluminação duas vezes mais forte do que a utilizada na Allianz Arena, em Munique. Segundo dizem, será visível, em uma noite clara, a 80 km de distância”, diz o texto.

O jornalista Ben McGrath, autor da matéria, compara o luxo do estádio com o que viu em sua visita à Itaquera escrevendo que “o caminho deixou arranha-céus para trás e nos levou direto para a arruinada zona leste, onde grafites e lixo predominam.” Em volta do estádio, “homens trabalhavam para transformar encostas barrentas de uma colina em um cinturão verde”.

O texto, então, faz uma crítica aos estádios construídos para o mundial. McGrath afirma que o Itaquerão, pelo menos, receberá jogos de um grande time quando a Copa do Mundo acabar. “Mas o que será do recentemente reformado Estádio Nacional, com 70 mil lugares, de Brasília, uma cidade cujos maiores times jogam em divisões menores, para plateias que geralmente não passam de algumas centenas?”

A Arena da Amazônia, segundo sugere o autor, também poderá se transformar num elefante branco para Manaus, “uma cidade cercada por 8 mil km² de floresta amazônica”. “Nenhum time do Amazonas competiu em alto nível nos últimos 30 anos”, diz.

REVISTA FALA DE FUTEBOL, CORINTHIANS E COPA DO MUNDO

Comparações com TV e beisebol

Talvez para situar seu público, McGrath opta para comparar figuras do futebol brasileiro com possíveis similares norte-americanos. Para ele, o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez, que atualmente é responsável por supervisionar a construção da nova arena corintiana, soa como o empresário Donald Trump, dono de uma vasta rede de hotéis e cassinos e criador do reality show “O Aprendiz”.

“Cada metro quadrado foi projetado [do estádio] em um esquema para dar dinheiro”, escreve McGrath. A impressão do autor foi corroborada pelo próprio Andrés, que disse que declarou a ele que “a ideia era fazer o melhor e maior shopping center do mundo com um campo de futebol no meio.”

Ainda no campo das comparações, a reportagem diz que o ex-jogador Romário é hoje uma das maiores vozes da oposição à Copa do Mundo. “Antes conhecido como um playboy, ele é agora um congressista socialista – um Derek Jeter que se remodelou como Muhammad Ali para aproveitar o momento político”.

Jogador de beisebol, Jeter é o capitão do New York Yankees e já participou 13 vezes do Jogo das Estrelas. O atleta é famoso por seus relacionamentos amorosos com atrizes e modelos. Ronaldo também foi comparado a um jogador de beisebol: David Ortiz, o Big Papi. Com 104 quilos, o rebatedor é ídolo em Boston por suas atuações em momentos decisivos.

Corrupção, violência e Bom Senso

A CBF foi citada como desonrosa e caça-níquel por McGrath. “O problema não é só que poucos atletas da Seleção jogam no Brasil, mas o time nacional fica anos sem jogar em solo brasileiro. Em vez disso, faz turnês pelo mundo, como os Harlem Globetrotters, para levantar dinheiro para a desonrosa CBF.”

A entidade, ainda segundo o autor, serve como um vilão muito conveniente para os jovens que estão protestando contra a corrupção. McGrath lembra, então, que Ricardo Teixeira se envolveu em escândalos de corrupção e José Maria Marín foi flagrado pegando uma medalha na premiação da Copa São Paulo em 2012.

Ao longo da matéria, o autor cita casos recentes de violências nos estádios provocados por torcidas organizadas e aponta que muitas delas recebem dinheiro dos clubes para ir aos jogos.

Boa parte do texto é dedicada à história do Corinthians e à sua principal torcida, a Gaviões da Fiel. O jornalista fala sobre o jejum de 23 anos, a democracia corintiana e entrevista o capitão Paulo André, aproveitando para citar a criação do movimento para pedir mudanças no calendário do futebol Bom Senso F.C. O nome do grupo, segundo McGrath, foi uma criação do publicitário Washington Olivetto.

FONTE: http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/01/06/biblia-do-jornalismo-dos-eua-ve-itaquerao-como-monumento-a-gentrificacao.htm