Crise no CBPF pode deixar o carioca sem internet e Brasil sem ciência

Por SBF

A internet no Rio de Janeiro vai parar! Pode parecer jornalismo sensacionalista, mas talvez esse alerta seja o mais forte a ser feito para que a população entenda de início que isso é o que exatamente vai acontecer se o governo brasileiro, incluindo as instâncias do Executivo e Legislativo Nacional, mantiverem no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 os cortes no Orçamento do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), responsável pela Rede Rio, que gerencia todo o tráfego da rede mundial de computadores em empresas e órgãos públicos, incluindo hospitais e unidades de defesa nacional, no Rio de Janeiro.

Criado em 1949 após o sucesso internacional do cientista brasileiro César Lattes na área da física nuclear, o CBPF contou inicialmente com apoio da iniciativa privada e, aos poucos, de vários governos ao longo dos anos. Ana Maria Ribeiro de Andrade, que escreveu o livro “Físicos, Mésons e Política – A Dinâmica da Ciência na Sociedade”, conta que em 1946 ficou claro que o País precisava aprimorar a geração de energia, à época com dependência de 82% de lenha, 3,9% de carvão importado e apenas 1,6% de energia hidroelétrica. “A exploração do petróleo, principalmente, e a construção de usinas nucleares se apresentavam como alternativas viáveis”, explica a escritora na página 77, citando em nota de rodapé que os soviéticos haviam criado em 1954 a primeira usina termonuclear do mundo.

Além de colaborar no desenvolvimento da pesquisa nuclear no Brasil, usada não apenas para a indústria, geração de energia e defesa nacional, mas principalmente na Medicina Nuclear, os físicos do CBPF eram monitorados antes mesmo da criação do órgão. Como já reportamos no Boletim SBF sobre artigo publicado na Revista Brasileira de Ensino de Física feito pelo pesquisador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), Alfredo Tiomno Tolmasquim, os cientistas do CBPF já foram alvo de perseguições políticas que chegam ao ápice com a Ditadura de 1964, que levou a um processo de desmonte do órgão que chegou ao ápice na década de 1970, com cientistas resistindo e negociando saídas para o histórico projeto das pesquisas nucleares no País. Após grandes investimentos nos últimos anos e contratação de pessoal, o CBPF enfrenta um novo paradoxo de vôo de Ícaro sob um maremoto de acontecimentos nacionais e internacionais que desafiam a sociedade.

Os cortes no Orçamento da instituição já começaram em 2025, de forma que o órgão já está reduzindo suas atividades. Com contas de luz atrasada, que podem danificar equipamentos de alta tecnologia que custam na ordem dos milhões de reais, a instituição ainda corre o risco de perder colaboradores especializados que vão desde as áreas administrativa, técnica e científica. Além da tão preciosa internet do carioca, o CBPF é responsável por sistemas de extrema importância ao CNPq, reúne também um sistema computacional para análise de dados do CERN, o centro europeu que administra o maior acelerador de partículas do mundo, do qual o Brasil é agora signatário.

O CBPF ainda é a “casa” da Rede Nacional de Física de Altas Energias (RENAFAE). Paradoxalmente, o governo contratou dezenas de cientistas, muitos repatriados do exterior, que agora têm novas complexidades para além dos segredos da matéria para equacionar, podendo até deixar o País porque, afinal, físico (a) também paga boleto. Hoje, o órgão reúne 121 servidores após a entrada de novos contratados no atual governo, e 106 terceirizados.

“Nós estamos nessa encruzilhada de decidir entre parar as atividades de fato, prejudicando nossa missão, demitir parte do corpo de terceirizados, servidores que a gente não pode demitir, reduzir as jornadas de trabalho, reduzir o uso de energia elétrica”, enumera os desafios o físico João Paulo Sinnecker, vice-diretor do CBPF, em entrevista ao Boletim SBF. Durante a entrevista, João Paulo explicou que estava sem ar-condicionado, por sorte, era uma terça-feira de temperatura amena no Rio, mas isso prejudica não apenas estudantes em salas de aula, mas equipamentos caríssimos que precisam de refigeração. Durante a entrevista, por exemplo, houve um pico de energia que paralisou a transmissão via ZOOM da conversa.

Em 2025, o CBPF solicitou ao governo R$ 26 milhões para manter suas atividades, mas recebeu a sinalização de apenas R$ 19 milhões, e mesmo esse valor chegou de forma fragmentada, dificultando a gestão. “O orçamento não chegou inteiro. Ele chegou por partes e, num determinado momento, se eu não me engano, foi em junho, houve uma publicação de uma decisão do Planejamento e da Fazenda de que haveria um contingenciamento e um cancelamento”, explica João Paulo. O resultado foi a perda de R$ 2,8 milhões que estavam previstos para despesas essenciais.

Na prática, a direção teve que optar entre romper contratos de manutenção, como os de elevadores, sistemas de refrigeração e fornecimento de energia, ou reduzir a jornada dos terceirizados. A escolha foi a de buscar um equilíbrio: a jornada de trabalho caiu 25%, e com ela, os salários foram reduzidos no mesmo grau. Parte da equipe entrou em férias.

O objetivo foi manter o conhecimento acumulado dessas pessoas, que há anos atuam na gestão, na segurança, na operação de sistemas, no suporte às pesquisas e na produção de conhecimento. “Se a gente demite, a gente não pode contratar pela mesma empresa, mesmo que o problema seja sanado, em um período de seis meses. E isso desmobiliza… enfim, a gente perde essa pessoa especializada.”

Ainda assim, a economia obtida não foi suficiente. As contas de energia se acumularam e a instituição passou a negociar diretamente com a Light para evitar cortes no fornecimento. A saída encontrada foi ligar o gerador a diesel no horário de pico, das 18h às 21h, aliviando a sobrecarga elétrica e garantindo o funcionamento do data center e da Rede Rio, responsável por todo o tráfego de internet de universidades, hospitais e órgãos públicos do Estado e armazenamento de dados do governo federal. Essa medida reduziu em torno de R$ 40 mil os gastos mensais, mas expôs a fragilidade de uma instituição que está na vanguarda científica passando o chapéu à plateia da mesma forma como um músico experiente que não faz dancinha no TikTok.

O impacto direto já pode ser sentido. Laboratórios multiusuários deixaram de receber novas demandas externas. Teses de doutorado estão atrasadas. Microscópios de alta precisão correm o risco de sofrer danos irreversíveis por falta de energia. “Se um microscópio desse parar por muito tempo, por falta de luz, por exemplo, isso pode danificar o canhão do microscópio. E aí, o custo para recuperar isso é muito maior do que a conta de luz que deixou de ser paga”, alerta o vice-diretor.

A Rede Rio, que deveria ser sinônimo de estabilidade, também está também na corda bamba. Fibras ópticas vandalizadas e cabos rompidos dependem de equipes ágeis e treinadas para manutenção. Agora, com pessoal reduzido, o tempo de resposta aumenta e a chance de pequenos apagões cresce. “O fato de a gente ter que diminuir as equipes e descontratar gente vai fazer com que a gente demore mais para resolver os problemas, o que vai ter um impacto. Pode ser que ocorram pequenos apagões. E a recuperação, embora haja redundância, talvez seja muito menor.”

As restrições atingem até a área estratégica da computação quântica. O CBPF abriga o primeiro laboratório nacional com equipamentos para todo o processo de fabricação e caracterização de chips quânticos. Um investimento de peso, comparável a estruturas como o Sirius, em Campinas, explica João Paulo. Mas sem manutenção adequada, essa infraestrutura corre risco de ficar paralisada, comprometendo anos de avanço científico.

Outro setor afetado é o de importações. O CBPF desenvolveu uma expertise única para lidar com processos de aquisição de grandes equipamentos no exterior, conhecendo os trâmites para compra desses equipamentos de alta tecnologia no exterior. Foi essa equipe, por exemplo, que viabilizou a chegada do supercomputador do LNCC, importado da França. Hoje, esse serviço está suspenso. “Nós interrompemos agora mesmo o serviço de importação porque a gente não tem garantias, pois um processo de importação leva muito tempo”, diz Sinnecker.

De um lado, o Brasil se tornou signatário do CERN, o maior acelerador de partículas do mundo, ampliando colaborações internacionais; do outro, vê ameaçada a própria estrutura que sustenta a Rede Nacional de Física de Altas Energias (RENFAE), sediada no CBPF, instituição que também processa dados do CERN e conecta universidades e instituições de ponta. A cada corte, mais difícil fica manter acordos e responsabilidades que já colocaram o País no mapa da ciência mundial, mas parece que o voo chega de forma perigosa muito próximo do Sol, ameaçando a cera que prende as frágeis penas de Ícaro.

Nesse voo, o horizonte parece não ser um “Céu de Brigadeiro”, mas de “Língua de Sogra”, com respeito aos doces e às sogras que fogem ao estigma das relações sociais patriarcais. Essa brincadeira com as palavras não tem muita graça, mas traduz o momento delicado de um centro que já viveu crises profundas, mas que agora vê suas funções mais elementares colocadas em risco por conta de um orçamento incompatível com sua missão.

Há, no entanto, um vento trazendo boas notícias. O projeto de transformar o pavilhão Mário de Almeida em Centro de Memória da Física está caminhando, graças ao aporte do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Após negociações com a UFRJ, proprietária do prédio, e com o apoio de entidades científicas como Sociedade Brasileira de Física (SBF), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciência (ABC), foi possível preservar o espaço histórico. “Nós conseguimos, através de muita negociação, com a ajuda do Ministério, inclusive, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e rodas de discussão, reitores, etc., nós chegamos a um consenso de preservar o pavilhão de Almeida”, diz João Paulo.

A reforma permitirá não apenas a preservação da sala onde César Lattes revelava emulsões nucleares, mas também a instalação de áreas para seminários, minicursos e exposições. O projeto inclui ainda a permanência do Centro Latino-Americano de Física (CLAF) no local e a criação de um pequeno museu, capaz de aproximar o público da história da física no Brasil.

Como contrapartida à cessão de outro espaço para a UFRJ, o CBPF recebeu recursos para projetar um prédio de expansão no Parque Tecnológico na Ilha do Fundão. Esse novo edifício deverá abrigar laboratórios e escritórios, ampliando a capacidade da instituição. Porém, os avanços correm o risco de se transformar em mais um “voo de galinha” caso o orçamento não seja recomposto.

“Isso também está andando, a gente já recebeu os recursos para fazer o projeto executivo, já está se planejando para tudo isso. Nesse aspecto, essa restrição orçamentária ainda não nos afetou, mas ela pode nos afetar. Por quê? Porque para gerir o pavilhão Mario de Almeida e para gerir a expansão do CBPF, nós vamos precisar ampliar a nossa equipe”, afirma João Paulo.

A preocupação é que os mesmos gargalos que hoje sufocam laboratórios e servidores possam comprometer a nova fase de expansão, porque para isso mais segurança, energia elétrica e contratos de gestão serão necessários. E tudo isso exige dinheiro. “Se não houver uma recomposição do orçamento, isso pode ficar inviabilizado. Então apesar de a gente ter um recurso para construir o prédio, para reformar o pavilhão Mário de Almeida, etc., não teremos recurso para gerir a função que nos foi designada.”

Há quem discorde de educadores como Paulo Freire para quem o desenvolvimento de um País se dá pela cultura, não exatamente pela ciência. Isso porque a decisão de desenvolver a educação, a arte e a ciência necessárias para estimular um voo de cruzeiro parte do arcabouço de uma cultura que muitos políticos do País perderam, inclusive, a vergonha de revelar que esse pensamento não lhes interessa.

Assista à entrevista no canal da SBF no YouTube


Fonte: SBF

A estrela (de) cadente: o INPE sob a égide da destruição programada no governo Bolsonaro

Cortes orçamentários, fuga de cérebros e ataques políticos desmoralizam um ícone da ciência sul-americana

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Sala de montagem de satélites do INPE no Laboratório de Integração e Testes (LIT) em 2020. Antes agitada, a instalacão opera com pouco movimento devido à falta de fundos.© LUCAS LACAZ RUIZ/LATINPHOTO.ORG

Por Sofia Moutinho e Herton Escobar para a Science

Cuidadosamente guardadas em um armário, Evlyn Novo mantém uma coleção de placas comemorativas recebidas pelo seu tempo como pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Novo ingressou no instituto em 1975, como uma jovem especialista em sensoriamento remoto trabalhando no primeiro projeto no mundo a usar dados de satélite para monitorar o desmatamento na Amazônia. Ao longo de sua carreira, ela ajudou o INPE a se tornar um dos carros-chefe da ciência brasileira – líder global no monitoramento de florestas tropicais do espaço. A cada cinco anos completos na instituição, Novo ganhou uma placa comemorativa. Ela estava ansiosa para receber a décima, celebrando 50 anos de serviço público.

Mas faltando apenas dois anos para esse marco, Novo,  69 anos, tomou uma decisão dolorosa: sem ter mais fé no futuro da instituição, ela vai se aposentar do INPE até o final deste ano. “Eu não quero ser a última a ficar para apagar as luzes”, ela diz.

O INPE está em declínio, e Novo vê os sinais em todos os lugares. Até alguns anos atrás, era comum as luzes dos escritórios ficarem acesas até tarde da noite no campus principal do instituto em São José dos Campos, interior de São Paulo, onde funcionários e alunos analisavam dados de sensoriamento remoto, construíam satélites e modelavam o clima. Hoje, o INPE sofre para pagar suas contas de luz. Buracos salpicam as ruas do campus e as calçadas estão quebradas por raízes de árvores que crescem sem manejo — sintomas físicos de uma crise institucional muito maior, marcada por grandes cortes orçamentários, uma equipe cada vez mais encolhida e recorrentes ataques ​​do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores à instituição. “É um ambiente de desânimo total”, descreve Novo.

Outros setores da ciência brasileira também estão retrocedendo. Uma economia vacilante e mudanças nas prioridades políticas levaram a cortes acentuados no financiamento da ciência em várias universidades e instituições federais de pesquisa. Mas a queda do INPE foi particularmente dolorosa de assistir, muitos dizem, por causa de seu prestígio internacional, seu papel na proteção da Amazônia e a maneira como Bolsonaro tenta desacreditar o trabalho do instituto.

Hoje, os programas de monitoramento de desmatamento e incêndios florestais do Brasil estão em perigo. O supercomputador do INPE que roda modelos climáticos está envelhecendo e opera além de sua vida útil. O programa de desenvolvimento de satélites está parado, sem fundos para avançar nas missões e lançamentos planejados. Um dos baluartes históricos da pesquisa no Brasil, o INPE virou um símbolo da luta pela sobrevivência da ciência em um ambiente subfinanciado e politicamente ameaçador.

O diretor do INPE, Clezio De Nardin, reconhece que o instituto passa por problemas. Em entrevista à Science, ele diz que o INPE precisa de pelo menos o dobro de seu orçamento operacional atual de 92 milhões de reais (US $18 milhões) por ano para cumprir suas missões, mas atribui os cortes a problemas econômicos do país, e não à política. “Não acredito que nenhum governante agiria de sã consciência para destruir uma instituição que produz infraestrutura no seu próprio país”, diz De Nardin. “Até porque essa falta de recursos no setor espacial vai trazer consequências para a sociedade por várias décadas.”

Em e-mail à Science, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) apontou alguns sinais positivos: este ano, o financiamento discricionário do INPE subiu 33%, voltando aos níveis de 2019, e aportes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) darão um impulso adicional.

Mas pesquisadores dizem que o escopo do apoio financeiro é incerto e que o financiamento extra não será suficiente para reverter anos de declínio. Muitos funcionários estão desmotivados, diz Gino Genaro, tecnologista sênior da Divisão de Sistemas Espaciais do INPE: “As pessoas estão angustiadas sem saber o que fazer e o que o futuro reserva”.

O INPE foi fundado em 1961, quando a corrida espacial estava em pleno vapor e a Guerra Fria em seu auge. Inspirado pela visita do cosmonauta soviético Yuri Gagarin, o então presidente Jânio Quadros abraçou a ideia da Sociedade Interplanetária Brasileira de (SIB) de lançar um instituto espacial nacional. Em seus primeiros anos, o INPE criou e consolidou programas de pesquisa e pós-graduação em meteorologia, astrofísica e sensoriamento remoto. Na década de 1970, tornou-se o primeiro instituto no mundo a monitorar florestas usando dados de satélite, obtidos pelo Programa Landsat dos EUA. 



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Uma imagem do satélite Amazônia-1 mostra uma ilha de floresta tropical (verde escuro) cercada por pasto na Terra Indígena Parakanã, Pará. O monitoramento do desmatamento pelo INPE ajuda o Brasil a proteger suas florestas tropicais. LGI/DIOTG/INPE  

Em 1989, o instituto lançou o Programa de Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES), que fornece tendências anuais e históricas de desmatamento para a maior floresta tropical do mundo. Em 2004, o INPE criou o Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (DETER), que utiliza imagens de diversos satélites, alguns deles desenvolvidos parcialmente pelo Brasil, para enviar atualizações diárias de incêndios e outras causas de desmatamento para os agentes de fiscalização.

Dados do PRODES e do DETER ajudaram o Brasil a criar e aplicar políticas que foram fundamentais para reduzir o desmatamento anual na Amazônia em 82% entre 2004 e 2014. Ambos os programas são “fundamentais para entender a expansão agrícola no Brasil e as emissões de carbono do desmatamento na Amazônia,” diz Douglas Morton, especialista em sensoriamento remoto do Goddard Space Flight Center da NASA. Morton diz que pesquisadores de todo o mundo valorizam os dados do Inpe, que foram disponibilizados publicamente na internet em 2003 — um passo pioneiro, seguido na sequência pelos Estados Unidos e outros países. Além disso, o instituto é um importante centro de treinamento para cientistas de sensoriamento remoto, acrescenta Morton.

Outro motivo de orgulho do INPE é o Laboratório de Integração e Testes (LIT), famoso pela montagem de satélites. Único do gênero no Hemisfério Sul, o LIT testou e desenvolveu vários satélites nos últimos 35 anos, a maioria em parceria com outros países. O projeto mais bem-sucedido e duradouro foi uma colaboração com a China para o desenvolvimento e construção de seis satélites de imagem chamados CBERS. O primeiro, lançado em 1999, deu ao Brasil suas primeiras imagens próprias de satélite. Dois outros satélites da série CBERS são usados ainda hoje para monitorar incêndios, desmatamento e uso da terra.

“O INPE é certamente uma das instituições de pesquisa mais importantes da América Latina”, diz o cientista da computação Gilberto Câmara, pesquisador de carreira que liderou o instituto de 2006 a 2013. Durante a gestão de Câmara, em 2010, o Brasil investiu US $13 milhões na compra do supercomputador Cray XT6, para uso das equipes do INPE e pesquisadores de outras partes do Brasil. Apelidado de Tupã – em homenagem ao deus indígena sul-americano do trovão – a máquina estava entre os 30 computadores mais poderosos do mundo na época e foi saudada como um marco para a ciência brasileira.

Mas a série de sucessos não duraria muito.

A situação do INPE  a deteriorar há cerca de uma década, durante o primeiro mandato da presidente de esquerda Dilma Rousseff. O apoio federal à ciência, inclusive ao INPE, foi fortemente impactado pelas crise econômica e política do período. A turbulência culminou no impeachment e remoção de Dilma Rousseff da presidência, em 2016, e na eleição de Bolsonaro, em 2018.

Instituto em queda livre

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Considerado uma das mais importantes instituições de pesquisa do Brasil, na última década, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tem sofrido grandes perdas em seu orçamento geral (em cima) e no financiamento para seus renomados programas de monitoramento de desmatamento da Amazonia (em baixo). Seu número de funcionários também diminuiu quase um quarto (meio).

O declínio do instituto acelerou ainda mais após a posse de Bolsonaro, apesar de sua campanha eleitoral ter prometido priorizar a ciência. O orçamento geral do MCTI foi reduzido em 35% nos primeiros três anos do novo governo, chegando a  8,3 bilhões de reais (US $1,7 bilhão). Apesar de uma recuperação parcial este ano, depois que o Congresso proibiu o governo de contingenciar recursos do FNDCT, o orçamento geral do MCTI para 2022 ainda é 34% menor do que há cinco anos, sem contar a inflação.

O orçamento anual do INPE, por sua vez, caiu 63% em relação a 2010, para uma mínimo recorde de 76 milhões de reais (US $15 milhões) em 2021. Mesmo após o recente aumento, o orçamento ainda está “obviamente aquém das necessidades”, disse De Nardin à Science.

As consequências foram sentidas em todos os cantos do instituto. O orçamento dedicado aos dois programas de monitoramento da Amazônia encolheu 70% na última década, para 2,7 milhões de reais (US $540.000) no ano passado – cerca de 0,1% do que a cidade de Nova York gasta por ano em seu Departamento de Parques e Recreação. “Não tem mais onde cortar. Se cortar mais vamos ter que parar alguma coisa e diminuir as atividades; talvez reduzir a área que monitoramos”, diz o tecnólogo sênior do INPE, Cláudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas.

Monitorar outros biomas do Brasil também tem sido um desafio. Um programa que rastreia o desmatamento e as queimadas no Cerrado – bioma que ocupa 2 milhões de quilômetros quadrados  no centro do país e na fronteira com a floresta amazônica – esteve ameaçado de parar no ano passado. O Cerrado é uma das savanas com maior biodiversidade do mundo, mas está sob forte pressão: mais da metade já foi desmatada para dar lugar a plantações e gado. Para evitar o encerramento do programa, que não tinha fundos previstos no orçamento oficial, a equipe de Almeida precisou fazer uma  manobra de última hora, transferindo dinheiro de outro projeto. Agora, para manter o programa pelos próximos três anos, eles contam com um aporte de 15 milhões de reais (US $3 milhões) do FNDCT, recebido no fim de abril.

A crise de financiamento é “muito preocupante”, diz Julia Shimbo, ecologista da organização não-governamental Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Os dados do INPE não servem apenas para guiar políticas públicas de desmatamento, ela observa, mas são referência para acordos internacionais sobre emissões de gases de efeito estufa com os quais o Brasil se comprometeu.

A falta de recursos também cria outros problemas. Após 12 anos de funcionamento, o Tupã está nas últimas. Quebras de peças e circuitos queimados do supercomputador não são incomuns e o instituto mal consegue pagar a eletricidade para mantê-lo operacional. “Essa obsolescência afeta as pesquisas climáticas do país, as previsões do tempo e a própria missão do INPE”, diz o físico especializado em meio ambiente Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo. Artaxo é um dos muitos cientistas externos que deixaram de usar o Tupã.

Não há dinheiro para uma substituição. Como solução improvisada, o INPE comprou em 2018 uma segunda máquina, menor e menos potente, que assumiu a previsão do tempo e outros processos operacionais do dia a dia, enquanto o antigo supercomputador é usado principalmente para pesquisas. No ano passado, com recursos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o instituto comprou também um cluster adicional de processadores. Mas se o supercomputador parar, o programa de modelagem climática do Brasil pode ficar seriamente comprometido. O instituto apresentou à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) um projeto de 200 milhões de reais (US $40 milhões) para renovar toda a sua infraestrutura de supercomputação. Porém, mesmo que o projeto seja aprovado, levará pelo menos um ano até que o maquinário comprado esteja pronto para funcionar.

O LIT, onde são desenvolvidos satélites, também sofreu bastante. Seu último grande projeto foi o Amazônia-1, o primeiro satélite de observação da Terra inteiramente desenvolvido no Brasil, lançado da Índia em fevereiro de 2021. O equipamento adicionou um olho extra no céu para vigiar a Amazônia, aumentando a frequência com que as imagens da região são geradas e proporcionando alertas mais rápidos de desmatamento.

INPE workers looking at weather forecasting and climate modelingCortes de financiamento colocam em risco o papel de liderança do INPE na previsão do tempo e na modelagem climática no Brasil. ©LUCAS LACAZ RUIZ/LATINPHOTO.ORG

O lançamento do Amazônia-1 foi motivo de comemoração, mas o sucesso mascarou muitos problemas. A falta de recursos foi um dos motivos que atrasaram a missão em três anos. A maioria dos pesquisadores que trabalhavam no projeto teve suas bolsas de pesquisa suspensas logo antes do lançamento; as bolsas tiveram de ser temporariamente restabelecidas para possibilitar a missão. Atualmente, ainda faltam fundos para desenvolver outros dois satélites da mesma série, há muito tempo planejados. “A descontinuidade deste projeto é um tiro no coração do programa espacial brasileiro”, diz o ex-diretor do INPE Ricardo Galvão. Um país continental com grandes áreas de vegetação nativa e plantações, o Brasil precisa de toda uma constelação de novos satélites para atender suas demandas de sensoriamento remoto, diz o pesquisador.

Para economizar nos gastos, especialmente com a conta de luz, o INPE também reduziu a operação do LIT, revezando o funcionamento de suas salas limpas de tempos em tempos.  O salão onde satélites eram montados e testados com frequência agora abriga apenas o esqueleto de um satélite, construído com peças sobressalentes do Amazônia-1, “para mostrar aos políticos e jornalistas em visita”, disse um funcionário à Science. O LIT também testa produtos para a indústria – como carros, telefones e até banheiras. Hoje, esses testes são o grosso do que o laboratório faz.

De Nardin diz que o instituto está buscando fundos para desenvolver os novos satélites da série Amazônia. Mas enquanto isso, Genaro, que trabalha na Divisão de Sistemas Espaciais do instituto há 20 anos, diz: “Tudo o que temos são ideias soltas no papel, sem nenhum orçamento ou equipe para executá-las”.

Dinheiro não é o único  recurso em falta. Há também uma escassez de cérebros, especialmente cérebros jovens. O INPE tem visto uma redução impressionante de pessoal nas últimas duas décadas, com pesquisadores se aposentando sem ninguém para substituí-los. A última vez que o instituto teve permissão para contratar funcionários via concurso público foi em 2012. O governo federal está relutante em permitir novas contratações, em parte porque o generoso sistema previdenciário do Brasil se tornou um enorme fardo financeiro. Outros institutos federais de pesquisa e universidades enfrentam o mesmo problema.

Como resultado, o número de funcionários em tempo integral no INPE caiu de cerca de 2.000 em 1990 para 753 atualmente. (Desses, 146 são pesquisadores, 460 trabalham em cargos técnicos e o restante em cargos de gestão e administração.) Como a maioria dos outros grupos no INPE, a equipe de monitoramento da Amazônia liderada por Almeida conta principalmente com pesquisadores temporários, pagos com bolsas externas, que não costumam ficar por muito tempo por causa dos baixos valores e incertezas de pagamento e da instabilidade de viver sem um contrato de trabalho.

“Antigamente, era super difícil arrumar espaço para montar uma mesa no INPE”, lembra Almeida. Hoje, “qualquer bolsista tem seu próprio escritório”, ele observa. E o problema não é apenas a falta de pessoal: “o instituto está envelhecendo”, ele diz.

Jovens cientistas veem pouco futuro na instituição. O ecólogo Thiago Silva fez sua pesquisa de pós-doutorado no INPE entre 2010 e 2013, usando dados de satélite para estudar a dinâmica de áreas alagáveis na Amazônia. Orientado por Novo, ele foi um dos dois candidatos selecionados para contração no concurso público de 2012. Mas ele recusou a oferta, temendo ficar isolado e sem dinheiro – ou mesmo sem colegas – para continuar seu trabalho no longo prazo. Silva se mudou para a Escócia em 2019, para trabalhar como professor da Universidade de Stirling. “Acabamos tendo que sair do Brasil para manter nossas pesquisas quando seria muito mais benéfico continuar no país”, ele diz.

Os últimos quatro alunos de pós-graduação de Novo também deixaram o país. A maioria de suas linhas de pesquisa foi descontinuada. “É muito estressante”, diz Novo. “Você passa anos montando um laboratório, comprando equipamentos e formando recursos humanos. E tudo isso pode desaparecer da noite para o dia porque os responsáveis ​​pelas políticas não têm visão de longo prazo.”

O governo diz que o INPE não pode reclamar. Marcos Pontes, que deixou o cargo de ministro da ciência, tecnologia e inovação do Brasil em abril para concorrer a uma cadeira de deputado federal, disse a uma rádio local em fevereiro que o instituto é a “unidade mais privilegiada em termos de orçamento” do ministério. Pontes, que ganhou fama como o primeiro e único astronauta do país – ele passou 9 dias na Estação Espacial Internacional em 2006 – disse que todos os institutos apoiados pelo MCTI sofreram restrições e ninguém pode acusá-lo de “fazer cortes deliberados” no INPE. De Nardin concorda que o governo não está fazendo cortes específicos no INPE.

Mas muitos críticos enxergam a situação de maneira diferente. Eles dizem que o governo de Bolsonaro ataca intencionalmente o INPE, porque o presidente se incomoda com a liderança e a transparência do instituto no monitoramento do desmatamento e de outros crimes ambientais; que os críticos dizem ser encorajados pelas políticas “pró-desenvolvimento” do governo. Desde que Bolsonaro assumiu o poder em 2019, o desmatamento e as queimadas na Amazônia atingiram seus níveis mais altos em mais de uma década. “O INPE está pagando o preço do desmonte do setor ambiental no Brasil”, diz a bióloga Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente entre 2010 e 2016. Para ela, a crise do INPE reflete o “desprezo ideológico do governo Bolsonaro pelo meio ambiente e pela ciência.”

O presidente nunca escondeu sua insatisfação com o INPE. “Isso que acontece com muitas divulgações do Inpe, (…) é uma cópia de anos anteriores”, disse ele em 2019. À época, Bolsonaro acusou o INPE de mentir sobre o aumento na destruição da floresta e demitiu Galvão – um físico renomado – do cargo de diretor da instituição por confrontá-lo em público sobre essa afirmação. (Galvão foi substituído por Darcton Damião, coronel aposentado da Força Aérea com mestrado em sensoriamento remoto pelo INPE, que foi sucedido por De Nardin em outubro de 2020.)

Muitos funcionários e pesquisadores do INPE que conversaram com a Science acreditam que o instituto é vítima de perseguição política, mas têm receio de dizer isso abertamente. “Você percebe que tem um grito preso na garganta das pessoas porque elas não têm coragem de expressar suas ideias, temendo represálias”, diz Novo.

“Pouco a pouco, eles estão fazendo o INPE desaparecer”, diz Thelma Krug, que trabalhou no instituto por 37 anos, ajudou a criar os programas de monitoramento da Amazônia e teve papel de destaque como analista de dados ambientais. Krug, uma entre três vice-presidentes do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, se aposentou em 2019. “Saí porque não podia concordar em não falar sobre o que estava acontecendo no INPE”, diz ela.

Se o INPE porventura parar de monitorar o desmatamento e as queimadas, empresas e instituições não-governamentais sediadas no Brasil e em outros países têm condições de preencher a lacuna. Mas o enfraquecimento da agência é também um enfraquecimento da soberania do Brasil, diz Câmara: “É fundamental que o Estado tenha competência para produzir seus próprios dados”. Muitos cientistas dizem que o INPE só poderá se recuperar se Bolsonaro for derrotado na eleição presidencial de outubro e um novo governo assumir. A campanha ainda não começou oficialmente, e o principal oponente de Bolsonaro nas pesquisas, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, não anunciou planos específicos para a ciência, embora já tenha expressado a intenção de priorizar investimentos em ciência e educação. O desmatamento da Amazônia caiu drasticamente e o INPE aumentou seu protagonismo INPE viveu o que é considerado por muitos seus melhores momentos durante a presidência de Lula, entre 2003 e 2010.

Novo é menos otimista. “Mesmo que haja uma mudança de governo, levará muito tempo para o INPE se recuperar”, diz ela. Novo poderia ter se aposentado há 18 anos, mas ficou além da conta porque ama seu trabalho. Agora, ela está apenas esperando que seus últimos alunos terminem suas teses para se aposentar. “Tenho vontade de chorar quando penso no destino do INPE”, diz ela, com a voz embargada.

 


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Este texto foi escrito originalmente em inglês e publicado pela revista Science [Aqui!].

 

 

Eleições para prefeito de Campos dos Goytacazes: onde o bicho pega

bicho pega

Por José Luís Vianna da Cruz

Tem havido um saudável, necessário e importante debate público, em algumas mídias, principalmente na internet, em jornais digitais, facebook, e numa parcela das redes sociais, algumas mais abertas, outras mais fechadas, sobre a Crise Orçamentária de Campos dos Goytacazes, num contexto eleitoral. Há uma parte delicada da discussão sobre como equilibrar o Orçamento de Campos. É onde o bicho pega.

No debate, existem dois grandes blocos de ponto de vista, embora com diferenças internas, em cada grupo, entre os defensores dessas duas posições opostas. São eles:

1) O que defende um ajuste fiscal, e, embora, muitas vezes, não deixe tudo muito claro, concentra seus argumentos no corte de despesas. Nesse corte, consideram inevitável demitir funcionários municipais, reduzir a assistência social, que já está reduzida a quase zero, e sacrificar, no limite, a saúde e a educação. Falam em racionalizar e enxugar a máquina pública, o que implica em ampliar a terceirização e a fatia do orçamento que vai para o setor privado. Alegam que sua lógica é uma lógica técnica, portanto, não há como contestar.

2) O outro lado traz para o debate algumas outras questões, que o grupo anteriormente citado não encara, desconversa, não clareia e se omite em tratar. São questões, igualmente racionais e técnicas, que visam aumentar a arrecadação da Prefeitura e gerar emprego e renda, antes de considerar o ajuste fiscal. Vou só mencionar algumas delas, que estão nas redes: i) cobrar e receber o que as pessoas e empresas devem à Prefeitura. Quanto é o montante da dívida ativa? ii) Rever os contratos com o setor privado, para serviços, como a Limpeza Pública, compra de alimentos, de medicamentos, etc. Enxugar as gorduras, romper os contratos lesivos às finanças municipais, assumir serviços que podem ser feitos pelo governo municipal e por pessoas, organizações e firmas locais, a custos bem menores. Incluir aí os contratos de aluguel de imóveis de pessoas e empresas para acomodar atividades públicas; iii) aumentar a eficiência no resgate das dívidas das empresas com o FUNDECAM, decorrentes, na sua quase totalidade, das gestões anteriores à de Rafael Diniz; iv) investir na compra de alimentos dos pequenos produtores locais, através de uma política municipal de agricultura, que acabe com os gargalos de transporte e comercialização, principalmente; v) ampliar a coleta seletiva, através do contrato com as cooperativas de catadores e catadoras locais; vi) fomentar a capacitação de pessoas, organizações e empresas locais, como fornecedoras e prestadoras de serviço à municipalidade; vii) municipalizar o que representa menor gasto do que contratando o setor privado.

Um dos elementos mais importantes na explicação das diferenças entre os dois blocos está nos interesses com quem eles estão comprometidos. O bloco 1, do ajuste fiscal, não aceita os argumentos do bloco 2, quem sabe, por estarem comprometidos com os privilégio de pessoas e empresas que devem à Prefeitura, mas que ajudam nas suas campanhas, e que, após as eleições, vão ser beneficiados com a omissão em relação às suas dívidas e obrigações fiscais? Quais deles podem vir a ser favorecidos por futuros contratos especiais com a Prefeitura? Quem se sente ameaçado pelo crescimento da produção da agricultura familiar, que é agroecológica, em grande parte, e que cumpre importantes funções ambientais, sociais e econômicas, por exemplo? Quem está interessado no monopólio da Limpeza Pública por uma grande empresa de fora? Em quais dos devedores do FUNDECAM ninguém quer tocar?

No bloco, 2 predominam, com diferenças, em maior ou menor grau, as preocupações como os interesses públicos, coletivos, sociais, republicanos, cidadãos, ambientais e locais. Por isso, a ênfase é em identificar e corrigir as gorduras, desvios, desperdícios e irregularidades, que porventura existam, que drenam os recursos públicos em favor de interesses particulares e em detrimento das políticas públicas necessárias e urgentes para Campos, o que seria suficiente para equilibrar o orçamento, que ainda é um dos maiores orçamentos do Brasil, entre os municípios na mesma faixa populacional. E, a partir daí, implementar políticas públicas sustentáveis, que dinamizem e diversifiquem a economia, aumentem a arrecadação própria e gerem trabalho e renda para a população trabalhadora.

É aí que o bicho pega. De qual lado você está?

fecho

Este artigo foi originalmente publicado no blog do economista José Alves Neto [Aqui!].