Divulgando campanha financeira em defesa da Associação Brasileira de Imprensa

A ABI precisa da ajuda de toda (o) s! Colabore!

abi

A centenária Associação Brasileira de Imprensa (ABI) vem retomando seu protagonismo político nos últimos anos, notadamente pela atual diretoria que desde o início de sua campanha posicionou-se forma firme e clara a favor da Frente Ampla que elegeu a dupla Lula/Alckmin, derrotando o fascismo que vinha tentando criar raízes no nosso país.

Todo esse protagonismo político, ainda que reconhecido por muitos – a própria equipe de Lula/Alckmin esteve na entidade recolhendo subsídios para seu plano de governo na área da comunicação – ainda não permitiu que  velhas e antigas pendências financeiras que se avolumaram sejam superadas.

Nesse momento, a ABI enfrenta um duro período ainda, em busca do equilíbrio financeiro. Mas, como acontece comumente, ao final do ano somam-se aos salários dos funcionários as duas parcelas do décimo – terceiro. Para fazer frente a estes gastos, uma série de campanhas de arrecadação de fundos tentará minimizar o impacto nas contas.

Estou aqui pedindo a ajuda de toda(o)s aquela(e)s que consideram importante nossa entidade e o trabalho que ela vem fazendo.

Essa primeira campanha tem como temas a democracia, a liberdade de expressão e a Semana da Consciência Negra promovida pela Comissão de Igualdade Étnico-Racial da ABI. Aqueles que prestigiarem a nossa luta com suas doações, receberão, em reconhecimento, canecas e camisetas temáticas, conforme estabelecido na arte acima.

As camisetas custam R$ 100 e a caneca R$ 80.

Os pedidos devem ser encaminhados pelo e-mail campanha@abi.org.br ou pelo zap +55 21 98985-0263.

Porém, qualquer doação em outros valores será muito bem aceita. Elas podem ser feitas através da chave PIX tesouraria@abi.org.br ou diretamente na conta da ABI no Banco do Brasil: agência 3520 / conta 10918-5 (CNPJ 34.058.917/0001-69).

Os brindes podem ser retirados na sede da ABI ou enviados pelo Correio, com frete de R$ 30 para o Rio de Janeiro e de R$ 40 para as demais cidades do Brasil.

Desde já agradeço a toda(o)s que concordarem em colaborar com a sobrevivência dessa nossa entidade, contribuindo para que a ABI fique cada dia mais forte e permaneça lutando sempre pelo Estado Democrático de Direito, que inclui a Liberdade de Expressão.

Reforço aqui o pedido da entidade, agradecendo antecipadamente.

Atenciosamente

Marcelo Auler

Diretor da ABI

Diretoria da Aduenf emite nota em defesa da democracia após censura da justiça eleitoral

democracia ameaçada

No último sábado, dia 17/09/2022, a 76ª Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes instaurou o processo nº 0600061-66.2022.6.19.0076 (Aqui!) a partir do sistema pardal, enquadrando como propaganda eleitoral a frase de outdoor “Derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas” e, por este motivo, determinando a retirada imediata do outdoor, antes mesmo da prévia notificação para a Associação de Docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Aduenf) (ver momento da retirada de um dos outdoor abaixo).

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Discordamos do enquadramento do conteúdo como propaganda, principalmente por a legislação, ao conceituar a propaganda eleitoral, mencionar expressamente a indicação de legenda partidária, enquanto o outdoor da Aduenf não trazia qualquer conteúdo partidário, nem mesmo campanha para quaisquer candidatos, mas sim um posicionamento crítico ao atual Governo Federal.

Em paralelo, pode-se verificar que, na cidade de Campos, há outros outdoors fixados com mensagens favoráveis ao atual chefe do Poder Executivo Federal, assinados por entidades representantes de setores econômicos, mas os mesmos até o presente momento não receberam o mesmo tratamento pela Justiça Eleitoral e permanecem fixados (ver imagem abaixo).

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As liberdades de expressão e manifestação de pensamento são direitos humanos fundamentais, razão pela qual a Aduenf apresentará petição no processo instaurado, em defesa dos pilares da democracia, assim como também demandará da Justiça Eleitoral o tratamento isonômico sobre os enquadramentos e diligências realizados na atividade de fiscalização.

É compromisso deste sindicato zelar pelas liberdades democráticas, pelos direitos sociais fundamentais para a classe trabalhadora e lutar com os meios possíveis contra quaisquer governos que ataquem esses princípios.

ADUENF em luta!

DIRETORIA Aduenf-Sesduenf
Gestão Transparência, Respeito e Luta pela Base!
Biênio 2021/2023

Caos nos EUA gera uma nova forma de viralatismo brasileiro

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As cenas caóticas que apareceram nas telas de TV vindas diretamente das portas do congresso dos EUA serviram para uma impressionante sessão de uma nova forma de viralatismo brasileiro. É que desde jornalistas surpresos até membros do Supremo Tribunal Federal, o que se viu foi uma ode em defesa da democracia estadunidense por parte de muitos daqueles que em 2016 demandavam (ou mesmo tramavam) o impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

Se todos os que se pronunciaram em favor da democracia dos EUA (noto aqui que ao contrário dos membros do STF, nenhum membro da Suprema Corte estadunidense veio a público se manifestar sobre a confusão armada pelos apoiadores do brevemente ex-presidente Donald Trump) tivessem feito o mesmo quando era a nossa que estava sob ataque, é bem provável que o Brasil já tivesse, entre outras coisas, vacinado boa parte de nossa população contra a COVID-19.

Então essas lágrimas por uma democracia cujas instituições são mais bem mais sólidas do que as nossas são as verdadeiras lágrimas de crocodilo. Além disso, até por conhecer um pouco os EUA por dentro, é que se houve qualquer tentativa de golpe de estado, essa não passou nem perto de ter qualquer chance de ter êxito. É que se fosse para valer, os militares dos EUA não teriam assistido a coisa às margens. Aliás, nem as tropas do FBI ou das tantas outras forças militares que existem por lá.

Há que já esteja lançando alertas contra uma postura semelhante dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro caso ele perca as eleições em 2022. Esse tipo de preocupação para mim não passa de distracionismo barato da realidade brasileira, onde mais do que evidente de que são os militares, e não as instituições de Estado, que dão o aval necessário para o presidente brasileiro se manter no poder, em que pesem o seu governo desastroso em todos os níveis que se analisa. Eu diria que se há uma preocupação para 2022 é que os comandantes militares decidam que não será precisa eleição para que Bolsonaro seja mantido na presidência.

Por último, um elemento a ser melhor analisado se refere às consequências que o pequeno show de força dos aliados de Donald Trump terá na capacidade de Joe Biden articular suas alianças multilaterais, especialmente aquelas direcionadas para conter a crescente hegemonia da China no mundo. Ainda que se saiba que a real diplomacia dos EUA se dá pela ponta dos sabres, a desmoralização que ocorreu ontem sobre a ainda principal potência econômica e militar do mundo não foi pequena.  Pior para Jair Bolsonaro e, por extensão para o Brasil, pois muito provavelmente haverá pouca tolerância para imitadores de Donald Trump nas ações multilaterais da nova administração dos EUA. 

Finalmente, prestemos muita atenção no que dirão os defensores da democracia “in America” quando a democracia ameaça for a nossa. 

Eleições 2020: será que continuaremos presos à uma lógica onde o novo já nasce sempre velho?

pobeza extremaMoradia precária na Estrada do Jacu, no Parque Aldeia, em Guarus (Foto: Carlos Grevi)

Por Carlos E de Rezende e Marcos A Pedlowski

No ano de 2020, o Brasil respira com intensidade as eleições municipais e, na maioria das cidades brasileiras, vivemos a expectativa de que haja uma mudança de fato na forma em que nossos destinos são geridos pelos governantes de plantão. Em Campos dos Goytacazes, presenciamos – mais uma vez – a disputa entre nomes que nos remetem à dinastias políticas que há décadas se alternam no poder, seja no executivo e/ou no legislativo. É importante também ressaltar a expectativa de alguns atores locais tentando influenciar direta ou indiretamente no jogo de escolhas. Sim, jogo de escolhas, pois nas inúmeras considerações que certos arautos de uma democracia amordaça não entram, por exemplo, a qualificação das candidaturas e da possibilidade real de mudança, pois se opta por ressaltar a idade das candidatas, sem que se faça o mesmo com os candidatos, evidenciando uma evidente questão de intolerância de gênero que beira a misoginia explícita.

Por outro lado, a tentativa recorrente de enfraquecer e desacreditar as pautas identitárias é no mínimo uma bofetada no rosto de todos os cidadãos campistas que, em algum momento na sua vida, sofreram algum tipo de discriminação, seja por causa da cor da sua pele ou da sua orientação sexual. Portanto, aos teóricos reacionários informamos que estas pautas podem e devem ser defendidas por todas as candidaturas como forma de corrigir erros do passado, e também incluir toda a população de forma simétrica, sem que seja preciso abandonar a questão da classe social como elemento fundante das análises sobre a realidade social.

Desta forma, os componentes dentro do jogo de escolha nas candidaturas possíveis para sentar na cadeira de prefeito de Campos dos Goytacazes deveriam trazer a luta pela justiça e vulnerabilidade social, pois somos um dos países com a maior desigualdade e  o nosso município não é diferente, muito pelo contrário, pois os últimos quatro anos foram marcados por um profundo ataque  às políticas sociais que precariamente serviam como formas de mitigação da miséria extrema que se mostra ainda abundante. Outro ponto que chama nossa atenção é que a alternância de determinados grupos da política local não representou uma transformação na forma de gerir o município, e mantendo como prioridade as demandas das elites locais.

Ao se governar para quem sempre ganhou com os diferentes ciclos de riqueza que marcaram a história do nosso município, as demandas sociais da população mais pobre sempre foram ignoradas. Desta forma, entendemos que a mudança de fato só ocorrerá quando se levar em conta as demandas de toda a população, olhando em detalhe as necessidades dos que foram alijados das benesses trazidas por quase duas décadas de rendas do petróleo. A priorização das ações do governo municipal impõe como meta a garantia de serviços públicos de qualidade na saúde e assistência social, educação e na agricultura familiar. Do contrário, veremos o número lamentável de 45 mil famílias vivendo em miséria extrema em Campos dos Goytacazes aumentar exponencialmente.

Agora, quanto à continuidade no jogo de escolha das candidaturas gostaríamos de destacar o papel do legislativo local, ou seja, a da escolha dos futuros vereadores. A função dos vereadores é criar leis, representar os interesses da população, defender os interesses da sociedade com independência entre os poderes, e o mais importante, fiscalizar as contas públicas e o cumprimento das ações do poder executivo. Portanto, quando se responsabiliza apenas o prefeito sobre a não execução das suas propostas enquanto candidatos, não se pode deixar de levar em conta que os vereadores também possuem uma grande responsabilidade.  E mais, um prefeito que responsabiliza gestões anteriores pela situação encontrada, tendo ele sido vereador, como é o caso de Rafael Diniz, é no mínimo uma expressão leviana, pois deveria ter atuado com responsabilidade no controle das contas públicas e, pelo menos, conhecer minimamente a situação que iria encontrar a frente da Prefeitura.

Concluindo, esta também é a hora de conhecer os projetos daqueles que se apresentam para os próximos 4 anos na nossa Câmara Municipal. E temos alguns fatores a serem considerados, a saber: 1) os que pensam na reeleição devem mostrar os serviços que prestaram a população campista; 2) os que se apresentam como oposição ao atual governo, mas na realidade estiveram presentes no governo, se saíram por questões eleitorais simulando um novo que na realidade e o mesmo de sempre, e poucos foram os serviços prestados à população e ao nosso município; e 3) as candidaturas que vem com as propostas sociais e que tentam definitivamente incluir as populações vulneráveis e os pobres dentro do orçamento municipal.

Finalmente, acreditamos que chegou a hora da população campista votar em candidaturas para a Prefeitura e a Câmara de Vereadores que defendam uma nova pauta política que permita a inclusão social da população mais vulnerável, bem como a defesa intransigente da redução da desigualdade social em nosso município. Sem isso, corremos o risco de ficarmos em um eterno ciclo vicioso onde o novo já nasce sempre velho, e a chuva cai sempre onde inunda mais rápido.

fecho

*Carlos Eduardo de Rezende é professor titular do Laboratório de Ciências Ambientais do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), e Marcos Pedlowski é professor associado do Laboratório de Estudos do Espaço Antrópico do Centro de Ciências do Homem (CCH) da Uenf.

Outdoors pela democracia já estão nas ruas de Campos dos Goytacazes

Vakinha pela democracia finalmente está nas ruas!

Por Edmundo Siqueira

O movimento democrático conseguiu arrecadar mais de R$ 7.000,00 💰e os primeiros outdoors já estão colocados. Como disse anteriormente, o site da vaquinha — para minha surpresa — demora 14 dias para repassar o dinheiro, então levantei aqui o valor “do bolso” para contratar 7 mídias a um custo de aproximadamente R$ 4.000,00.

O bolsonarismo é bem presente em Campos, pude ver ainda mais nesses dias, que me trouxeram muitas dificuldades para colocar em prática nosso movimento. Mas é preciso resistir e garantir o mesmo espaço e voz a todos os lados, tendo a democracia como norte.

Desde o início do movimento muitas pessoas me procuraram e ofereceram ajuda, para fazer as artes, dando ideias, ajudando na divulgação e apoiando a causa, que é de todos nós que valorizamos a democracia. Agradeço muito a todos e todas que contribuíram de alguma maneira.

Acabei tento muitas outras ideias para fortalecer esse movimento e informar sobre a realidade dos fatos ao maior número de pessoas possível. Criei uma página no Instagram também, sigam @campospelademocracia – https://instagram.com/campospelademocracia?igshid=1lm5df6cpjfbk.

Vem mais novidades por aí! ✅

A empresa alegou alguns problemas de pessoal, que impediram os outdoors sempre colocados ontem, mas hoje pela manhã já estavam nas ruas, nos seguintes pontos:

– Na rotatória de entrada do Shopping Boulevard.

– Após a Rodoviária Shopping Estrada, sentido Rio, lado direito.

– Na Avenida 28 de Março, sentido Jockey, antes da Universidade Estácio de Sá.

– Em Guarus, em frente ao IFF, no contorno após a ponte.

– Rua dos Goitacazes, descida da ponte da lapa.

fecho
Este texto foi originalmente publicado na página de Edmundo Siqueira na rede social Facebook [Aqui!].

Divulgando o livro “Brasil : Estado social contra a barbarie”

A obra “Brasil : Estado social contra a barbarie” acaba de ser lançado pela Fundação Perseu Abramo e merecido ser lido por todos os que estão procurando reflexões críticas que lancem caminhos para sairmos da barafunda política, social, econômica e sanitária em que o Brasil está afundando neste momento.

estado social

Organizado por Jorge Abrahão de Castro e Marcio Pochmann, este livro reúne artigos de um conjunto de professores, pesquisadores e técnicos das diversas áreas de conhecimento e com abordagens multidisciplinares, muitos dos quais participaram da formulação, implementação e gestão de políticas públicas. Formam um conjunto valoroso, uma contribuição crítica, norteada pela identificação dos limites, possibilidades e desafios de um Estado social no Brasil no século XXI.

Entre os autores podem ser citados os nomes de Ermínia Maricato, Rolf Hackbart, Denise Lobato Gentil e Marilena Chaui, mas todos os que participaram da construção do livro oferecem reflexões interessantes sobre o estado de coisas que vigem no Brasil neste momento.

Quem desejar baixar uma cópia pdf deste livro, basta clicar   [Aqui!]

Diário de Pandemia

democracia

Por Douglas da Mata

O mito ocidental da democracia (e sua impossibilidade de convívio com os sistemas capitalistas).

Boa parte de nossa ciência social, destacando a sociologia brasileira, e certamente parte considerável da latino-americana, padece de um erro conceitual que deriva diretamente da mentalidade colonizada.

Na verdade, esta submissão não é deletéria às nossas ciências e cientistas sociais, mas a constatação de um fato histórico, ou seja, assim como o capitalismo subordina as relações sociais dentre as classes sociais de uma nação, ele o faz quando se trata de sociedades localizadas em países de diferentes posições relativas, aquilo que Adam Smith chamou de divisão internacional (do trabalho).

Claro que devemos afastar o risco economicista que ronda tais análises, mas não é errado supor que parte do que a ciência social produz aqui repercute uma anterioridade científica como referência, seja para criar novos olhares sobre as teses produzidas no chamado “mundo anterior” (principalmente a Europa), seja para confirmar outras teses.

O capitalismo subordina seus atores, e com boa chance de acerto, subordina também as narrativas elaboradas por estes.

Neste sentido, a ciência social brasileira nunca questionou a existência da Democracia e sua convivência com o sistema capitalista que se hegemonizou a partir da Era Moderna.

No mínimo, sempre teve um grande receio de abordar com profundidade a possibilidade que a Democracia seja incompatível com o capitalismo.

Democracia aqui mal definida como um sistema de representação (direta e/ou indireta) que proporcione a supremacia de um projeto majoritário, sem aniquilação de minorias, fortalecimento de impessoalidade e isonomia (cada qual na medida de sua capacidade, responsabilidade, necessidade) na aplicação de recursos públicos e tributação, e que via de regra, dê chance para que as classes que se opõem no capitalismo se alternem no poder!

Certamente alguns sociólogos mais precipitados correrão a recitar o chavão: Democracia é um processo em construção!

Pois bem, mas para aceitar este sofisma temos que enxergar algum aspecto de progressividade, ou de avanço do empoderamento das classes subalternas.

A pergunta que se deve fazer, além dos parâmetros econométricos (IDH, PIB, longevidade, mortalidade infantil, etc) ou dos parâmetros institucionais formais (direito a voto, funcionamento das chamadas instituições, com imprensa e judiciário) é se, de fato, os “processos democráticos” permitiram alguma forma real de alternância de PODER.

Há pergunta anterior?

Sim, há:

É possível, dentro dos limites da ordem capitalista, que haja tal alternância?

Pensamos que não, e pensamos ainda que o chamado “processo democrático” nos trouxe a lugares bem distantes desta necessidade democrática de alternância, sem a qual, a etimologia da palavra democracia perde sentido ou utilidade.

Não me refiro aos dias atuais, onde esta distância parece óbvia, seja no chamado berço democrático (Europa, GBR), seja nos “campeões da democracia”, os EUA.

Falo de toda a história do capitalismo, que excetuando a rasa análise das agregações formais e econométricas que já citamos, sempre foi um vai e vem, de um passo a frente e vinte atrás, no quesito dos controles sociais dedicados a conservar as estruturas de subordinação!

Na verdade, toda a gama de “direitos” conquistada ao longo deste processo nunca teve sua permanência garantida, e “coincidentemente” (não é coincidência, mas causa e efeito recíproco), a cada volta da espiral de refluxo e fluxo da acumulação capitalista (agora pós capitalista, no rentismo) foi cassada parte considerável destas conquistas, trazendo as lutas para estágios anteriores aos que foram estabelecidos.

Enquanto isto, as estruturas de dominação nunca foram alteradas e/ou ameaçadas, ao contrário, a cada “direito” conquistado, criaram-se outros tantos freios ao avanço das sociedades, diluindo tais conquistas em uma equação de resultado (-1).

Por isto não nos espanta que os sistemas militares globais tenham estabelecido suas agendas como concorrentes a expansão rentista, monitorando e tutelando, direta ou indiretamente, os governos e entidades.

O medo da nossa ciência social de falar em alto e bom som que não existe e nem existirá democracia alguma em um sistema capitalista, é explicável.

Deriva do truque semiótico imposto pelos detentores do capital, imputando a pecha de autoritários a todos àqueles que desejam romper esta ordem pseudo-democrática.

Aproveitando o que nos diz Robert Kürz, este erro grave leva a outro, que é a construção de uma práxis “revolucionária” que só macaqueia e reproduz os erros de uma sociedade baseada nos mesmos pilares capitalistas, sem romper com esta ordem, sem oferecer a mesma dinâmica do consumo (prazerosa) e deixando apenas a parte autoritária das experiências planificadoras estatais, no chamado capitalismo planejado de estado, que tem seu maior expoente a China!

Só existirá Democracia ou processo democrático na luta anti-capital, e na extinção completa de suas formas de organização da sociedade.

Robert Kürz chama tudo isso de totalitarismo democrático, porque no capitalismo todas as escolhas já estão pré-determinadas, e o capital sempre sabe o resultado.

Algo como o alegado livre-arbítrio religioso, frente a um deus onisciente que sabe o que você escolherá!

É isso que a ciência social precisa dizer, e é isto que devemos ouvir:

Capitalismo e democracia são incompatíveis!

Relatório alerta o Congresso dos EUA para erosão da democracia e precarização da proteção ambiental no Brasil

trump bolsonaroDocumento aponta que nem a proximidade entre Donald Trump e Jair Bolsonaro apaga problemas potenciais para boas relações entre os EUA e o Brasil

Um documento intitulado “Brazil_ Background and U.S. Relations” que foi preparado pelo Congressional Research Service, corpo técnico que assessora o congresso dos EUA, apresenta uma avaliação sobre as relações políticas, econômicas e de cooperação com o Brasil em tintas que diferem em grande parte da imagem otimista que o governo Bolsonaro, pelas vozes de Jair Bolsonaro e Ernesto Araújo, o chanceler que considera as mudanças climáticas um complô marxista) , sempre tenta apresentar.

brazil us relations

Assinado por Peter J. Mayer, especialista em assuntos para a América Latina, o documento cobre uma série de áreas, incluindo o papel do governo Bolsonaro e a situação da democracia brasileira, a situação de descontrole da pandemia da COVID-19, o  avanço explosivo do desmatamento na Amazônia, e ainda a incapacidade do Brasil de atender as metas do Acordo Climático de Paris.

Em cada uma das grandes áreas abordadas no relatório preparado por Peter Mayer, o que emerge é uma análise crítica da situação da governabilidade do Brasil e da aparente incapacidade do governo Bolsonaro em cumprir metas que retirem o nosso país do processo recessivo em que se encontra há pelo menos quatro anos, e da deterioração dos processos de governança democrática, e também do desmanche das estruturas de comando e controle que impediam o avanço da devastação na Amazônia brasileira. Um elemento ilustrativo é o gráfico abaixo mostrando a evolução do desmatamento na Amazônia Legal.

deforestation

No tocante às relações diplomáticas entre os EUA e o Brasil, o relatório indica que a aparente melhora causada pela proximidade entre os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro seja vista com cuidado, visto que há a possibilidade de que “o padrão histórico dos EUA-Brasil nas quais expectativas aumentadas dão lugar a decepções e desconfianças mútuas” possa ser repetido.

Por outro lado,  aponta para a “erosão da democracia, dos direitos humanos e da proteção ambiental” que estão ocorrendo sob a égide do governo Bolsonaro como elementos que colocam dúvidas sobre a estabilidade das relações dos EUA com o Brasil.

Um detalhe citado   diversas vezes e que, por isso, é importante para se entender as reais prioridades dos EUA em sua relação com o nosso país, se refere às inevitáveis tensões que decorrem das intensas relações comerciais do Brasil com a China, apontadas como elemento que pode concretamente descarrilar a boa convivência brasileiras-estadunidenses.

A situação descrita no relatório Congressional Research Service pode piorar ainda mais caso Donald Trump não seja reeleito, já que os democratas recentemente apresentaram seu programa para combater as mudanças climáticas que, se for aplicado, implicaria em cumprimento de metas que afetariam diretamente as decisões do Brasil, já que os EUA passariam a adotar uma plataforma muito mais próxima do que está sendo postulado na União Europeia. 

Jair Bolsonaro, o bode na sala

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Por Luiz Felipe Miguel*

Ao fazer com que boa parte da esquerda brasileira aceite ficar a reboque da direita “civilizada”, abrindo mão de toda a sua agenda em nome nem sequer da democracia representativa, mas simplesmente de um regime menos iliberal, Bolsonaro cumpre seu último serviço aos golpistas de 2016: ser o bode na sala.

A metáfora deve ser entendida em sua plenitude. A presença do bode não é banal. Ele fede, faz barulho, quebra coisas, destrói o estofamento do sofá, ataca as pessoas. Por isso é tão tentadora a sugestão de dar tudo em troca de retirá-lo.

Mas é preciso um pouco de sangue frio, para pensar: é preciso mesmo dar tudo? Não é possível expulsar o bode sem abrir mão de quem somos?

Para a classe dominante sempre é mais fácil. Ela negocia em condições de força – não é à toa que exibe o adjetivo “dominante”. Mostra que pode se acomodar com Bolsonaro, se nós não aceitarmos todas as suas condições.

Mas isso não é tão verdade. Se a acomodação com Bolsonaro fosse tão tranquila, esses acenos à sua derrubada não estariam nem sendo feitos. O Brasil está se tornando um pária no sistema internacional. Está caminhando para o colapso, com a gestão tanto obtusa quanto criminosa da crise sanitária e econômica.

A classe dominante tem mais condições de pretender que pode prosseguir com essa situação indefinidamente, mas é isso: pretender.

Por isso, submeter-se a seu programa não é a única alternativa. É possível afirmar a disposição por ação conjunta contra Bolsonaro sem deixar de reafirmar nossas diferenças profundas e irreconciliáveis.

Elas podem ser resumidas ao seguinte contraste:

O que eles desejam restaurar, com a saída do bode, é o Brasil do pós-golpe. Violência estatal menos escancarada, menos irracionalidade no poder, aceitação ritual dos direitos humanos. Mas a disputa política continua tutelada de maneira a excluir de antemão o campo popular – e, portanto, deixar caminho aberto para o aprofundamento de todas as desigualdades.

Para o nosso lado, o projeto deles não é irrelevante, mas é insuficiente. Para nós, a verdadeira retirada do bode tem que significar, pelo menos, a vigência plena da Constituição de 1988. Abrir mão de assumir esse discurso é abrir mão da disputa política e aceitar, nos documentos e na prática, os limites que eles estão impondo.

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Luis Felipe Miguel é professor de Ciência Política da UNB, e autor de Democracia e resistência: desafios para uma política emancipatória (Boitempo, 2018) e, em conjunto com Flávia Biroli, Feminismo e política: uma introdução (Boitempo, 2014), entre outros. Ambos colaboram com o Blog da Boitempo mensalmente às sextas.

Glauber Braga reage a pedido de Luiz Eduardo Soares para que manifestantes pró-democracia evitem sair às ruas

O deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) reagiu ao “alerta” do cientista político Luiz Eduardo Soares sobre a possibilidade dos protestos pró-democracia abrirem o caminho para um golpe de estado no Brasil

No dia de ontem, o  cientista político Luiz Eduardo Soares fez soar uma espécie de alerta para que os manifestantes pró-democracia não saiam às ruas no próximo domingo sob pena de facilitar a realização de um auto golpe por parte do presidente Jair Bolsonaro que poderia usar os protestos para infiltrar provocadores visando a implantação de um estado de sítio no Brasil.

Eu particularmente me achei incomodado com o tom do alerta emitido, pois o chamado de Luiz Eduardo Soares soou para mim como um misto de alarmismo e covardia política, pois em sua “carta aos democratas”, o cientista político não ofereceu nenhuma saída objetiva para a realização de protestos de rua. Aliás, ofereceu sim, indicou que o caminho é aderir ao manifesto pela democracia que ele e milhares de outras personalidades públicas fizeram publicar no último domingo em jornais de grande circulação. 

Já o deputado federal Glauber Braga (PSOL/RJ) foi além do incômodo e lançou uma réplica a Luiz Eduardo Soares em página oficial na rede social Facebook que eu considero bastante objetiva em termos dos desafios que se colocam para a defesa da democracia no Brasil. O texto de Glauber Braga segue abaixo em sua íntegra.

Ao Luiz Eduardo Soares:

Com todo respeito, eu gostaria muito de saber o que você propõe Luiz Eduardo? Porque a sua tese nos leva a esperar as próximas eleições, se é que elas acontecerão. Ou temos dúvidas de que Bolsonaro vai sempre ameaçar com fechamento de regime? Quem estava ou vai pra rua não o faz por duvidar do que Bolsonaro possa fazer. Faz exatamente por considerar a necessidade presente, a urgência e o que possa estar por vir. Pergunto. Se houver recuo do lado de cá, Bolsonaro vai recuar do lado de lá? Não.  Se houver recuo do lado de cá, por conta das ameaças, Bolsonaro segue avançando do lado de lá? Tudo indica que sim. Então não restam tantas opções assim. Entendendo todas as dificuldades, vou seguir com as torcidas antifascistas. A não ser que me apresente uma proposta melhor. Por enquanto só vi uma carta incentivando ao não movimento, sem nenhuma proposta de ação concreta.

Com o argumento dos efeitos da pandemia eu não reajo da mesma forma. Ao contrário. Acho que  traz uma reflexão importante que devemos mesmo considerar e pensar muito. Não é uma decisão fácil.

Reajo ao seu texto Luiz Eduardo por trazer argumento que não deixa outra opção além do recuo frente às ameaças. E faz mais: coloca a responsabilidade em quem não adota a sua tese pelas prováveis consequências que desenha. Eu poderia apontar o dedo pra você e dizer: a responsabilidade é sua que não está fazendo o que deveria e etc, etc… mas aí sim eu estaria sendo um irresponsável e não entendendo a complexidade do cenário e a sua autonomia pra tomar o rumo que considere mais eficaz no combate ao fascismo. Não quero convencer você Luiz Eduardo a estar na rua, mas que não venha querer responsabilizar pelo fechamento de regime quem foi ou estará. O responsável pelo fechamento de regime, se ele vier a acontecer, é Jair Bolsonaro. Quem está se colocando em risco na rua o faz também porque está preocupado com essa possibilidade iminente.

Deputado federal Glauber Braga (PSOl/RJ)