Depois de um período de convívio, cheguei hoje à página 339 do intenso “Formação política do agro-negócio” escrito por Caio Pompeia e publicado pela Editora Elefante. Como já comentei em postagem anterior, este livro, como qualquer obra que reflita um esforço de entender situações complexas e em períodos relativamentes grandes de tempo tem descontinuidades, mas nada que comprometa sua qualidade.
Com essa leitura, consegui um olhar sobre um período de aproximadamente 70 anos anos ao longo do qual o conceito de “agronegócio” saiu da marginalidade para o centro da formulação de políticas públicas relacionadas à produção agropecuária no Brasil.
A partir dessa leitura me considero mais capacitado a entender a natureza complexa deste setor, suas tensões internas e inimigos comuns (no caso agricultores familiares, povos originários e quilombolas), bem como as relações estabelecidas com diferentes governos e presidentes que resultam em relações mais do que privilegiadas com os ocupantes do poder.
Quem ficou intrigado com a recente defecção de setores do agronegócio em relação ao governo do presidente Bolsonaro estaria apto a entender como essa era uma situação mais do que previsível à luz das tensões e diferenças que marcam a convivência entre os diferentes personagens que compõe esse segmento.
Por essas razões todas, é que indico a compra desta obra, pois o período que se abre demandará um entendimento mais profundo do “agro-negócio” brasileiro.