WhatsApp, Telegram e Signal: qual das aplicações faz mais pela tua privacidade?
Apps de chat há muitas, mas umas são mais seguras que outras. Os sistemas de encriptação que encontras no WhatsApp, Telegram ou Signal garantem que as tuas conversas ficam entre ti e quem as recebe, não podendo ser lidas por terceiros que queiram lucrar com publicidade ultra-segmentada ou interceptadas por entidades governamentais.
SIGNAL
Se queres ter a garantia de que estás em boas mãos, o Signal é a app que deves adoptar. Disponível em código aberto (está tudo neste directório no GitHub), o Signal permite trocar mensagens de texto, clipes de áudio e fotos, bem como fazer chamadas. Tudo com encriptação end-to-end, isto é, as tuas comunicações são cifradas entre o teu dispositivo e o da outra pessoa.
Assim, as únicas coisas que passam pelos servidores do Signal são o número de telemóvel com que te registaste na app e a última vez que acedeste à app – não fica registado a hora, minuto ou segundo, apenas o dia. Mesmo com toda a encriptação, caso queiras ainda mais garantias quanto às tuas mensagens, podes activar um tempo de vida para as mesmas numa determinada conversa, entre 5 segundos e 1 semana, ao fim do qual elas se auto-destroem. Nas definições, podes também activar uma palavra-passe que tens de inserir sempre que abres a app – isto pode evitar que alguém que apanhe o teu telemóvel aceda às tuas conversas.
O Signal é gratuito, gerido por uma organização sem fins lucrativos (a Open Whisper Systems) e financiado através de donativos. A app utiliza um protocolo de encriptação próprio, chamado Signal Protocol, que é dos melhores segundo especialistas em segurança. Este protocolo é utilizado pelo Facebook no WhatsApp e também na funcionalidade de mensagens encriptadas do Messenger.
Ah, o Signal é recomendado por Edward Snowden.
O WhatsApp é a aplicação de chat encriptada mais popular, com mais de 1,5 mil milhões de utilizadores em todo o mundo. Se tentares usar o Signal, verás que provavelmente uma boa parte da tua lista de contactos não está na aplicação, o mesmo já não deverá acontecer com o WhatsApp. Detido pelo Facebook, o WhatsApp também usa encriptação end-to-end, ou seja, em momento algum o WhatsApp ou o Facebook sabem o conteúdo das mensagens que trocaste ou têm acesso às imagens que partilhaste através do serviço.
No entanto, o WhatsApp pode não saber que mensagens envias e recebe, mas tem acesso a uma série de dados pessoais teus, como a tua lista de contactos, informação sobre como usas o serviços, que equipamento utilizadas e qual o sistema operativo, etc.
TELEGRAM
Com mais de 200 milhões de utilizadores, o Telegram nasceu na Rússia pelas mãos dos irmãos Durov e é por isso a mais distinta entre as três. Sem recorrer ao protocolo de encriptação usado pelas outras duas, o Telegram baseia-se num protocolo criptográfico único em que são convertidas todas as conversas. Para um nível de segurança e privacidade superior existem ainda os “Secret Chat” que se podem criar com qualquer contacto – neste tipo de conversas há encriptação end-to-end, ou seja, nada fica nos servidores do Telegram.
Nos restantes chats pelo Telegram, as mensagens, fotos, vídeos e ficheiros são encriptados antes de serem armazenados nos servidores do Telegram. Quer isso dizer que, na prática, as conversas são encriptadas, com uma chave que em teoria só o Telegram tem, ficando protegidos de entidades governamentais, autoridades policiais ou anunciantes. O objectivo dos irmãos Durov e do Telegram não é fazer dinheiro com a venda dos teus dados, por isso, não lhes interessa recolher informação pessoal tua. Este armazenamento das conversas nos servidores do Telegram permite sincronizá-las entre todos os dispositivos que usas (telemóvel, computador…).
O Telegram utiliza um protocolo de encriptação diferente do do Signal, chamado MTProto, e, tal como o WhatsApp, recolhe a tua lista de contactos para te avisar quando algum dos teus amigos aderiu à aplicação. Contudo, ao contrário do WhatsApp, o Telegram tem capacidades melhoradas, como a possibilidade de partilhar um trecho de vídeo rapidamente ou o maravilho mundo dos stickers.
A chave de encriptação é de resto o ponto de discórdia entre a app e as instâncias legais russas que determinou o bloqueio do Telegram nesse país. Por um lado os tribunais russos exigem a partilha das chaves de encriptação, por outro, os fundadores da aplicação continuam irredutíveis na protecção dos seus utilizadores e na manutenção da sua promessa de proteção de dados.
*Mário Rui André é co-fundador e director operacional do Shifter. Escreve sobretudo sobre tecnologia e web.
FONTE: https://shifter.sapo.pt/2018/04/apps-chat-encriptadas/