EON paga o custo de ter apostado no cavalo errado

A Bloomberg publicou ontem (24/04) um artigo que passou completamente despercebido no Brasil onde fala do infortúnio que foi para a gigante alemã EON ter se metido no mercado de energia nacional a partir de uma parceria com ex-bilionário Eike Batista na empresa que já foi conhecida como MP(X) (Aqui!). 

Nas palavras do diretor da Deutsche Schutzvereinigung fuer Wertpapierbesitz (Associação Alemã para a posse de títulos), o problema da EON foi apostar no cavalo errado quando se associou a Eike Batista. Agora, a Eneva SA (sucessora da MP(X)) se tornou a empresa com pior performance na área energética, o que fará com que a EON tenha que colocar mais dinheiro na empresa brasileira, já que a fonte de Eike Batista secou de vez.

Agora, por que será que ninguém fala mais na herança de Eike Batista?  

A sopra transnacional de letrinhas que tomou conta dos escombros do Império “X”

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A Bloomberg fez hoje uma matéria sobre a venda do Porto Sudeste pelo grupo do ex-bilionário Eike Batista para as corporações Trafigura Beheer BV e Mubadala Development Co. pela bagatela de 400 milhões de dólares (Aqui!).  Mas a Bloomberg também nota que essas duas corporações vem se juntar a outro conjunto de empresas estrangeiras (EON SE, a EIG Global Energy Partners LLC e a Acron AG ) que já tinham se aproveitado da desgraça de Eike para comprar fatias do seu império combalido. E eu aproveito e acrescento: por preços para lá de generosos.

A questão que está sendo relegada ao segundo plano por diferentes analistas é justamente essa faceta de desnacionalização da economia brasileira em áreas estratégicas e que se dá sob os olhos complacentes do governo Dilma Rousseff. O significado estratégico dessa desnacionalização não se prende ao fato de que Eike Batista construiu seu império de empresas pré-operacionais com empréstimos baratos do BNDES. Isso é apenas mais detalhe numa equação mais complexa. O central é que dada a política do neodesenvolvimentismo engendrada pelo governo Lula,  a economia brasileira se encontra hoje profundamente dependente do comportamento do mercado de commodities. Assim, o controle da extração e escoamento dessas commodities é um elemento chave.  Como Eike Batista concentrou algumas áreas chaves, e que agora estão sendo passadas para corporações estrangeiras.

Isto tudo posto junto significa que o aumento do controle estrangeiro sobre o que restou do Império “X” vai muito além da receita ditada pelo governo Dilma de que o mercado seria a saída. Essa postura que foi enunciada pelo ministro da Fazenda Guido Mantega escancara uma postura anti-nacional que cedo ou tarde (talvez mais cedo do que tarde) ainda irá render ao Brasil uma grossa dor-de-cabeça.