Sérgio Moro entrou por vontade própria no labirinto da família Bolsonaro. Saíra ileso?

Businessman in front of a huge maze
O juiz Sérgio Moro deve ter sido desaconselhado pelos seus verdadeiros amigos a não aceitar o papel de super ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Mas obviamente ele não ouviu os seus bons amigos, provavelmente movido pela sede de poder e por um ego robusto, e rapidamente aceitou a tarefa de combater a corrupção dentro de um grupo político que já se sabia não era tão santo quanto seus seguidores mais fanáticos acreditavam, pois havia para começo de conversa a história da Wal do Açai para arranhar a imagem tão bem desenhada nas redes sociais [1]. Também havia a questão das tratativas imobiliárias do mesmo filho que acabou jogando Jair Bolsonaro no “limelight” (ou seria “na luz da lama”?) [2].
Agora, com o aparecimento dos problemas envolvendo o assessor/policial militar e aparente gerente de verbas obscuras, a imagem mítica vem ruindo a cada explicação mal dada, deixando o presidente eleito numa posição que beira o constrangedor (ver vídeo abaixo).

Mas pior do que o presidente eleito, está o agora ex-juiz e ainda não ministro da Justiça, Sérgio Moro. É que as apurações que desvelaram a curiosa situação do assessor de Flávio Bolsonaro, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, foi revelada por um órgão, o Coaf, que está sendo colocado sob a égide do super ministério que Sérgio Moro irá controlar, certamente com mão de ferro.
Agora que o gato (ou seria cachorro como disse Roberto Requião? [3]) da conta milionária foi colocado para fora do saco pelo Coaf, a questão que fica é de como irá se comportar Sérgio Moro que foi tão criativo para condenar líderes do Partido dos Trabalhadores. A primeira demonstração de fugir de dar explicações à imprensa não foi muito promissora em termos de continuar sendo o paladino da justiça [4].


Para Sérgio Moro a questão é complexa pois, ao contrário de muitos dos que cercam Jair Bolsonaro, ele supostamente não era membro de um partido político e foi alçado aos píncaros ao surfar na indignação contra os casos de corrupção que ocorreram no Brasil nos últimos 15 anos.
É esse envolvimento com indivíduos enrolados com a justiça que se configura na entrada de um labirinto onde se sobressai a receita explosiva que é oferecida por Jair Bolsonaro e seus filhos com cargos eletivos. Como e se Sérgio Moro conseguirá sair ileso de um labirinto onde entrou por vontade própria se tornou uma das coisas a serem observadas ao longo do tempo que o próximo governo durar.


[1] https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/assessora-fantasma-de-bolsonaro-continua-vendendo-acai-em-horario-de-expediente.shtml
[2]https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/01/1948527-filho-de-bolsonaro-negociou-19-imoveis-e-fez-transacoes-relampago.shtml
[3] https://www.esmaelmorais.com.br/2018/12/requiao-afirma-que-houve-cachorro-e-pede-a-cassacao-de-flavio-bolsonaro/
[4] https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,moro-evita-comentar-relatorio-do-coaf-que-cita-ex-assessores-da-familia-bolsonaro,70002637127

Governo Bolsonaro nem começou e já tem cara de Collor

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Não espero defecções numerosas das fileiras mais ardentes do presidente eleito Jair Bolsonaro por causa do, digamos, “mini escândalo” causado pela descoberta inicial de que um ex assessor, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, do agora senador eleito Flávio Bolsonaro, não só possuía “movimentações bancárias atípicas”. Além disso, foi apurado que o ex-assessor havia repassado R$ 24 mil para a conta da futura primeira dama Michelle Bolsonaro [1]. E o pior é que isso só veio à luz como parte da operação policial “Furna da Onça que colocou na prisão o ainda (des) governador Luiz Fernando Pezão do MDB.

A torça parece torcer o rabo porque agora está sendo divulgado que a filha do assessor de Flávio Bolsonaro, Nathália de Melo Queiróz, era assessora do presidente eleito, o que empurra os problemas que derrubaram boa parte da cúpula política do Rio de Janeiro para bem perto de Jair Bolsonaro como informam hoje o site UOL e o blog do jornalista Esmael Morais [2&3].

O problema aqui é como reagirão aqueles milhões de brasileiros que votaram em Jair Bolsonaro não por terem completo alinhamento com suas ideias, mas por terem comprado a ideia de que ele seria uma espécie de paladino que iria lidar o combate à corrupção dentro do sistema político brasileiro.

É que não precisa ser um expert em comportamento das massas para se saber que a maioria das pessoas já entende muito o que significa um político ter assessores envolvidos em “movimentações bancárias atípicas”.

Se não houver uma operação abafa para esse caso que começou no filho, passou pela esposa e chegou no presidente eleito, o mais provável é que seu governo já comece sob a sombra do governo de Fernando Collor que, curiosamente, foi outro que se apresentou ao povo brasileiro como um paladino no combate à corrupção, apenas para ser apeado por ter sido pego em situações pouco airosas.

Por último, fico curioso em saber como se comportará o agora ex-juiz Sérgio Moro. Estivesse ele disposto a viver o personagem que tem dominado a narrativa em torno de suas ações em Curitiba, ele deveria renunciar imediatamente ao cargo de ministro da Justiça do futuro governo Bolsonaro. É que como já diz aquele velho ditado romano, “À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.”.  E é exatamente isso que está em teste no tocante às relações de Flávio e Jair Bolsonaro com seus assessores envolvidos nas operações fisgadas pelo COAF.

 


[1] https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/relatorio-da-coaf-cita-ex-servidora-de-bolsonaro/

[2] https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/12/07/relatorio-do-coaf-cita-ex-servidora-de-bolsonaro.htm

[3] https://www.esmaelmorais.com.br/2018/12/estadao-liga-bolsonaro-a-operacao-que-prendeu-10-deputados-no-rio/