“Não aceitamos este genocídio”

Creative Commons 4.0 
Por Karina Miotto para “The Ecologist”

Centenas de ativistas estão navegando para Gaza na Flotilha Global Sumud – e devem chegar a Gaza na quinta-feira, 2 de outubro de 2025, ou logo depois.

A Flotilha Global Sumud reúne 51 barcos com 500 ativistas de 45 países, que desde segunda-feira, 1º de setembro de 2025, navegam em direção a Gaza para entregar ajuda humanitária.

Os civis a bordo incluem Ada Colau, ex-prefeita de Barcelona; Mandla Mandela, neto de Nelson Mandela; os ativistas Greta Thunberg e Thiago Ávila, e o escritor britânico-palestino Kieran Andrieu.

Ataques

Thiago Ávila escreveu aos seus companheiros da Flotilha: “Continuamos navegando por aqueles que não têm outra escolha em Gaza. Navegar com vocês como parte de uma revolta global foi a honra da minha vida.”

O objetivo é quebrar o cerco ilegal a Gaza pelo mar, abrir um corredor humanitário e acabar com o genocídio em curso do povo palestino. 

“O que está acontecendo em Gaza agora é sem precedentes, e não aceitamos esse genocídio”, disse a ativista climática Greta Thunberg. “Não aceitamos a ocupação ilegal, o cerco e o estado de apartheid. 

Como podemos esperar que um mundo permita isso? Como podemos esperar que esse mundo dê alguns passos para trás e priorize a ecologia, ou o futuro da nossa biosfera e do planeta vivo? Não pode haver justiça climática em terras ocupadas.

Os barcos da flotilha já sofreram 15 ataques ilegais em águas internacionais por atores desconhecidos desde que a missão partiu de Barcelona, ​​na Espanha. 

Greta Thunberg. (c) Flotilha Global Sumud. 

Genocídio

Drones carregando granadas de efeito moral e pó de mico atacaram a flotilha nas águas internacionais da Grécia 13 vezes em uma única noite – terça-feira, 23 de setembro. Ninguém ficou ferido.

Os jornalistas, parlamentares, humanitários, médicos, artistas, advogados e ativistas mantiveram sua decisão de navegar juntos para Gaza para continuar sua missão pacífica.

Em declarações públicas, eles repetem que os ataques à flotilha não são nada comparados à violência imposta ao povo palestino.

Nos últimos dois anos, os palestinos sofreram um genocídio perpetrado por Israel – como recentemente reconhecido pelas Nações Unidas. Mais de 65.000 palestinos foram mortos desde 2023.

Humanidade

Israel tentou justificar suas ameaças acusando a Flotilha Global Sumud de ser uma operação do Hamas — uma alegação que é comprovadamente falsa.

O amor pela justiça humanitária mantém os ativistas unidos e firmes em seu propósito de quebrar o bloqueio de Gaza, mesmo sabendo do alto risco da missão.

Os membros da Flotilha acreditam tão fortemente nesta missão que isso levou milhares de pessoas ao redor do mundo a acreditarem nela também.

Protestos em massa e bloqueios de portos foram realizados na Itália após os ataques aos barcos da flotilha. Os protestos levaram Itália e Espanha a enviar navios da Marinha para acompanhar a flotilha. Guido Crosetto, o ministro da Defesa italiano, disse que a decisão não é uma provocação, mas um “ato de humanidade”.

Ter esperança

Desde maio de 2025, manifestações pacíficas pró-Palestina exigindo o fim do genocídio ocorreram em muitos países, incluindo Brasil, Austrália, Malásia, Quênia, Bélgica, Senegal, Reino Unido, Suécia, Alemanha, Grécia, Holanda, Estados Unidos, Canadá, Suíça e Irlanda.

O genocídio em Gaza é alimentado pela máquina de guerra, que contribui para a crise climática global.

A Flotilha Global Sumud personifica o amor radical e navega com coragem e compaixão, um vasto ato de solidariedade humanitária. 

Sob o olhar do mundo, e protegidos pela Itália e pela Espanha, eles se movem em direção a Gaza para colocar esperança, na forma de ajuda, nas mãos do povo palestino.

Este autor

Karina Miotto é jornalista ambiental e autora de “Changemakers: A Coragem de Transformar o Mundo “. Ela é mentora de agentes de mudança e educadora em ecologia profunda.


Fonte: The Ecologist

Empresas globais estão ‘lucrando com genocídio’ em Gaza, diz relatora da ONU

Relatório de Francesca Albanese destaca empresas como a Palantir e pede processos judiciais

Destruição em Gaza

“A vida em Gaza está sendo destruída e a Cisjordânia está sob crescente ataque”, diz o relatório. Fotografia: Mohammed Saber/EPA 

Por Julian Borger, em Amã, para o “The Guardian”

A relatora especial da ONU sobre direitos humanos nos territórios palestinos ocupados pediu sanções e um embargo de armas a Israel e que as corporações globais sejam responsabilizadas por “lucrar com o genocídio” em Gaza.

Um relatório de Francesca Albanese ao Conselho de Direitos Humanos da ONU na quinta-feira aponta para o profundo envolvimento de empresas de todo o mundo no apoio a Israel durante seu ataque de 21 meses em Gaza.

“Enquanto a vida em Gaza está sendo destruída e a Cisjordânia está sob crescente ataque, este relatório mostra por que o genocídio de Israel continua: porque é lucrativo para muitos”, diz o relatório.

Relatores especiais são especialistas independentes em direitos humanos nomeados para aconselhar ou relatar situações específicas. Albanese, jurista italiano que atua como relator especial para os territórios palestinos ocupados desde 2022, referiu-se pela primeira vez à ofensiva israelense em Gaza como um genocídio em janeiro de 2024.

O Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) está avaliando a acusação de genocídio contra Israel, mas Albanese argumentou que as evidências de genocídio são esmagadoras e destacou que o tribunal emitiu medidas preliminares no ano passado reconhecendo a possibilidade de genocídio em Gaza, desencadeando a responsabilidade universal de preveni-lo.

Israel ignorou em grande parte os apelos do CIJ para que tomasse medidas para mitigar o número de civis palestinos e contestou a jurisdição do tribunal.

Albanese disse que não havia razão para esperar por um julgamento do CIJ, que, segundo ela, estava sendo atrasado apenas pela longa fila de casos que o tribunal tem para julgar.

“Investiguei dia após dia durante 630 dias e, francamente, depois de cinco meses, posso dizer que foi genocídio. Não é preciso um cientista para estabelecer o que é genocídio. Basta ligar os pontos”, disse ela ao Guardian.

“Israel cometeu atos que são reconhecidos como genocidas, como atos de matar quase 60.000 pessoas, provavelmente mais, criação de condições de vida calculadas para destruir, destruição de 80% das casas e falta de água, falta de comida.”

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 56.000 palestinos foram mortos pela campanha israelense em Gaza, que foi desencadeada em outubro de 2023, quando um ataque do Hamas matou 1.200 israelenses. Muitos especialistas afirmam que o número real de mortos em Gaza pode ser muito maior, já que muitos palestinos estão desaparecidos e, acredita-se, soterrados sob os escombros.

O relatório do relator especial é intitulado “ Da economia de ocupação à economia de genocídio ” e analisa o envolvimento corporativo internacional no fornecimento de armas e maquinário pesado usado para arrasar bairros palestinos em Gaza e na Cisjordânia, empresas agrícolas que vendem produtos de assentamentos ilegais e empresas de investimento que ajudam a financiar a guerra. 

Francesca Albanese dá entrevista coletiva
Francesca Albanese: “Não é preciso um cientista para estabelecer o que é genocídio.” Fotografia: Ida Marie Odgaard/Reuters

“Enquanto líderes políticos e governos se esquivam de suas obrigações, muitas entidades corporativas lucraram com a economia israelense de ocupação ilegal, apartheid e, agora, genocídio”, diz o relatório.

“A cumplicidade exposta neste relatório é apenas a ponta do iceberg; acabar com isso não acontecerá sem responsabilizar o setor privado, incluindo seus executivos.”

O relatório afirma que o exército israelense se beneficiou do “maior programa de aquisição de defesa da história” para o caça F-35, fabricado pela Lockheed Martin com o envolvimento de mais de 1.600 outros fabricantes e oito estados. Israel foi o primeiro a pilotar o avião de guerra em “modo besta”, carregando 8.300 kg de bombas por vez.

Na segunda-feira, o tribunal superior do Reino Unido decidiu que a exportação britânica de peças para o F-35 para Israel era legal , alegando que um tribunal não deveria intervir em uma questão política delicada que seria melhor deixar para os ministros e o parlamento, embora tenha dito que peças fabricadas no Reino Unido poderiam ser usadas para “cometer uma violação grave do direito internacional humanitário no conflito em Gaza”.

Um porta-voz da Lockheed Martin afirmou: “As vendas militares estrangeiras são transações entre governos. As discussões sobre essas vendas devem ser conduzidas pelo governo dos EUA.”

O governo Trump tem apoiado Israel com entusiasmo na guerra de Gaza. Em seu site, a Lockheed Martin afirma estar “orgulhosa do papel significativo que desempenhou na segurança do Estado de Israel”.

A empresa de tecnologia norte-americana Palantir é alvo de críticas específicas no relatório Albanese por sua estreita parceria com as Forças de Defesa de Israel (IDF), com as quais a empresa fechou uma parceria estratégica para a Palantir auxiliar em suas “missões relacionadas à guerra”.

A Palantir, cujo software permite a tomada de decisões automatizada no campo de batalha, negou qualquer envolvimento nos programas Lavender ou Gospel da IDF para identificação de alvos em Gaza.

A Palantir não respondeu a um pedido de comentário, mas disse em resposta a alegações anteriores: “Não temos nenhuma relação com esses programas e seu uso, mas temos orgulho de apoiar as missões de defesa e segurança nacional israelenses em outros programas e contextos”. A empresa afirmou que utilizou uma variedade de métodos para “mitigar os riscos aos direitos humanos em nosso trabalho”.

O relatório Albanese também critica fabricantes de equipamentos pesados, como a Volvo, por supostamente fornecerem maquinário pesado usado em demolições em massa de casas, mesquitas e infraestrutura em Gaza e na Cisjordânia.

“Essas empresas continuaram abastecendo o mercado israelense, apesar das abundantes evidências do uso criminoso desse maquinário por Israel e dos repetidos apelos de grupos de direitos humanos para romper os laços”, afirma Albanese no relatório. “Fornecedores passivos tornam-se contribuintes deliberados para um sistema de deslocamento.”

A Volvo afirmou que grande parte dos equipamentos utilizados foi adquirida no mercado de usados, sobre o qual não tinha influência. A empresa de capital chinês, sediada na Suécia, tem um acordo com a empresa israelense Merkavim para montar ônibus com chassis Volvo.

Um porta-voz da Volvo disse que o acordo incluía uma exigência de que “a Merkavim cumprirá as leis e regulamentações aplicáveis ​​e o código de conduta dos parceiros fornecedores do Grupo Volvo, que inclui requisitos específicos de direitos humanos”.

Albanese destacou um parecer consultivo do CIJ do ano passado que dizia que a presença contínua de Israel nos territórios ocupados era ilegal e que a Merkavim estava em um banco de dados da ONU de empresas que operam na Cisjordânia.

“Portanto, a devida diligência imposta à Volvo é retirar-se imediatamente da parceria que tem com as empresas que estão na base de dados e com Israel”, disse ela.

O relatório observa que Israel ajudou a pagar a guerra e os consequentes déficits orçamentários profundos com a venda de títulos do Tesouro. Ao comprá-los, argumenta o relatório, o financiamento internacional ajudou a manter a guerra em andamento.

“Alguns dos maiores bancos do mundo, incluindo o BNP Paribas e o Barclays, intervieram para aumentar a confiança do mercado ao subscrever esses títulos do Tesouro nacionais e internacionais, permitindo que Israel contivesse o prêmio da taxa de juros, apesar do rebaixamento do crédito”, diz o documento.

Ele cita empresas de gestão de ativos, incluindo a Pimco (de propriedade da empresa de serviços financeiros alemã Allianz) e a Vanguard como grandes compradoras de títulos do tesouro israelense.

A Pimco não quis comentar. Um porta-voz da Vanguard afirmou que a empresa “mantém políticas e procedimentos robustos para garantir a conformidade com todas as leis, regulamentos e sanções aplicáveis ​​nas diversas jurisdições em que operamos. Isso inclui o cumprimento de leis que podem exigir restrições específicas de investimento em empresas sancionadas por violações de direitos humanos”.

O relatório também destaca o Norwegian Government Pension Fund Global (GPFG), o maior fundo soberano do mundo, por ter aumentado seu investimento em empresas israelenses em 32% desde outubro de 2023.

Na segunda-feira, o maior fundo de pensão da Noruega, o KLP, anunciou que não faria mais negócios com duas empresas – a Oshkosh Corporation, nos EUA, e a ThyssenKrupp, na Alemanha – porque elas vendem equipamentos para o exército israelense que poderiam estar sendo usados ​​em Gaza. Nenhuma das empresas é mencionada no relatório da ONU.

A Oshkosh não respondeu a um pedido de comentário. Um porta-voz da ThyssenKrupp afirmou que a empresa “realiza suas entregas exclusivamente com base em autorizações legais e em estrita conformidade com as diretrizes de política externa e de segurança da República Federal da Alemanha. O governo alemão está envolvido no processo desde o início, com consultas preliminares submetidas antes do início de qualquer projeto”.

A KLP é uma entidade separada da GPFG, mas elas são intimamente associadas e supostamente compartilham suas análises ambientais, sociais e de governança de investimentos ao redor do mundo.

Um porta-voz do GPFG disse: “O valor de mercado dos nossos investimentos em Israel aumentou, mas isso não ocorreu porque aumentamos nossa participação acionária; o valor de mercado aumentou devido aos retornos”. Eles acrescentaram que seus investimentos foram supervisionados por um conselho de ética nomeado pelo Ministério das Finanças da Noruega, que excluiu algumas empresas por causa de “violações graves”.

“Como investidores responsáveis, monitoramos nossos investimentos e esperamos que as empresas realizem a devida diligência em situações de guerra e conflito”, disse o porta-voz.

O relatório de Albanese aponta precedentes na responsabilização legal de empresas por abusos de direitos humanos que elas permitem, incluindo o processo de importantes industriais alemães no tribunal de Nuremberg após a Segunda Guerra Mundial, no que ficou conhecido como julgamento IG Farben.

Outro exemplo citado é a comissão da verdade e reconciliação da África do Sul, que responsabilizou as grandes empresas do país por seu envolvimento no apartheid.

A ONU publicou seus próprios parâmetros em 2011, em seus princípios orientadores sobre empresas e direitos humanos, que diziam que as corporações tinham a responsabilidade de fazer a devida diligência para garantir que não estivessem infringindo os direitos humanos e tomar medidas para lidar com os efeitos nocivos de seus negócios.

Em suas recomendações, Albanese pede sanções e um embargo de armas a Israel e insta o tribunal penal internacional “e os tribunais nacionais a investigar e processar executivos corporativos e/ou entidades corporativas por sua participação na prática de crimes internacionais e na lavagem de dinheiro proveniente desses crimes”.


Fonte: The Guardian

É preciso nomear o genocídio

indios

Por Luciana Sonck mestra em planejamento territorial, especialista em governança e sócia-fundadora e CEO da Tewá 225

Em maio, foi preso em flagrante um suspeito de tentativa de homicídio contra o Cacique Lúcio Tembé no Pará, 2 dias depois da liderança Neidinha e sua filha Txai Suruí sofrerem uma emboscada com mais de 50 homens na estrada de acesso ao posto da FUNAI, em Rondônia, na tentativa de coerção contra elas e mais 5 indígenas.

Situações como estas, infelizmente, tornaram-se comuns no Brasil, que é o quarto país que mais mata ativistas ambientais no mundo. Histórias como a de Chico Mendes se somam a grandes lideranças de povos tradicionais, como Zumbi dos Palmares, por defenderem a legitimidade do direito às terras dos seus parentes.

No mundo, 1.733 ativistas foram assassinados na última década, dos quais 68% na América Latina (Global Witness, 2022) – leia-se na Amazônia majoritariamente. Segundo o Front Line Defenders, 50% dos assassinatos de pessoas de direitos humanos, em 2022 na América Latina, foram de ativistas pela defesa da terra e do meio ambiente (Line Defenders, 2023) e, somente em 2020, 182 indígenas foram mortos defendendo seus territórios no Brasil. O que toda essa situação grave evidencia é a enorme incapacidade de proteção e diálogo das instâncias políticas e econômicas com as necessidades das populações vulnerabilizadas.

É necessário destacar que a ausência de uma governança que equilibre os poderes entre as populações vulnerabilizadas – como os povos originários – e seus opressores pode sim implicar no seu genocídio direto. Hoje a responsabilidade sobre essas mortes não recai sobre essas instâncias. Um exemplo é o Marco Temporal votado recentemente, que trabalha contra o direito dessas populações e pune como casos individuais um fato que já não pode ser tratado como tal. Diante de tamanha ausência, um processo coletivo poderia facilmente ser instaurado no Tribunal de Haia, evidenciando um problema que poderia caracterizar-se como um dos genocídios contemporâneos que acompanhamos à olhos nus.

A ausência de espaços de governança com a participação efetiva dos indígenas e representantes de populações tradicionais faz com que o reconhecimento dessas populações como meritórias de direitos não aconteça entre as classes políticas e econômicas, que trabalham de forma a retirar todo o avanço que se queira construir. Isso fica evidente em manobras políticas como a aprovação da MP 1154/2023, que tenta revisar atribuições de ministérios como o Ministério dos Povos Indígenas.

O processo de genocídio é apontado pela própria população afetada, e escancarado na como na participação das lideranças indígenas Txai Suruí e seu pai no Roda Viva. Trazendo para o conceito, segundo Stanton, existem 8 estágios que podem ser observados em um processo de genocídio, que pode ser evitado até o sexto estágio, com a condição de que toda a sociedade reconheça o que está acontecendo e imponha sua barreira moral e ética, se negando a cumplicisar com o extermínio. No entanto, o que observamos no Brasil é uma população majoritariamente imobilizada, e um processo avançado de extermínio em curso.

Enquanto o assassinato, ameaça e coerção aos ativistas ambientais segue seu pleno curso, organizações e militantes lutam pela construção de projetos políticos que defendam a floresta e suas populações residentes. Impedir o genocídio de ativistas e indígenas deve ser tomado como prioridade para evitar mais mortes. Porém, enquanto essas vozes não estiverem nos espaços decisórios, seguirão ameaçadas e silenciadas impedindo que um reconhecimento de seus direitos venha a nascer neste país.

Genocídio Yonamami: resultado do uso da floresta amazônica como um campo de concentração a céu aberto

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Quando visitei a Universidade de Helsinki logo após a eleição de Jair Bolsonaro para presidir o Brasil entre 2019-2022 disse aos presentes que a minha maior preocupação era com o destino dos povos indígenas que viviam na Amazônia, pois estes estariam na linha de frente dos projetos de destruição que haviam sido fartamente anunciados pelo presidente eleito em sua campanha vitoriosa.

Ao longo dos últimos quatro anos, tal como previ, o que vimos de forma difusa foram as informações de invasões em todas as terras indígenas amazônicas, mas com especial ênfase nas terras dos Munduruku no Pará e dos Yonamami  em Roraima, onde milhares de garimpeiros ilegais se instalaram para destruir as florestas em busca de um ouro, contaminando rios e estabelecendo o terror dentro dos territórios.

Assim, aqui e ali, reportagens espaçadas da mídia corporativa acrescidas de denúncias das organizações indígenas informaram sobre a gravidade da situação apenas para darem de enfrentar com o incentivo tácito do governo Bolsonaro às invasões e ao terror instalado nas terras indígenas.

Agora, com o novo governo instalado, imagens mais claras do que se configura em uma tentativa explícito de extermínio estão emergindo (vejam imagens abaixo), forçando o presidente Lula a ir ver pessoalmente as consequências da política arrasada que foi cometida contra o povo Yonamami em Roraima (ver imagens abaixo).

A verdade é que até agora o uso do termo genocídio para definir as ações de Jair Bolsonaro durante a crise sanitária causada pela pandemia da COVID-19 poderia ser visto como um exagero retórico, o que está surgindo sobre a situação dos  Yonamami não tem nada de retórico e assume tons de um nível de barbárie humana que não possui outra definição possível,  na medida em que houve uma ação deliberada para deixar aquele povo originário abandonado nas mãos de milhares de criminosos, sem qualquer proteção do Estado brasileiro. 

O saldo até agora é de pelo menos 500 crianças Yonamami mortas por causa de doenças e outras tantas por causa da presença de garimpeiros em um território que deveria estar sendo protegido e não estava sendo. Resta saber as consequências legais que resultarão contra os responsáveis por este genocídio em solo amazônico.

Pegada de mineração ilegal aumenta quase 500% dentro dos territórios indígenas do Brasil

garimpo

Por Laís Modelli para o Mongabay

A área ocupada pelo garimpo  cresceu 495% em Terras Indígenas e 301% em unidades de conservação no Brasil entre 2010 a 2020, de acordo com levantamento da rede de pesquisadores MapBiomas publicado na semana passada.

“São dados absurdos. Ainda que o garimpo em Terras Indígenas não seja coisa recente, estamos vendo a sua expansão a passos muito largos de 2017 em diante”, comenta o geólogo Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração do MapBiomas.

Um relatório elaborado pela Hutukara Associação Yanomami, publicado este mês, mostrou que o garimpo na TI Yanomami, no Amazonas e Roraima, quase triplicou nos últimos três anos e que 56% dos 27 mil habitantes da reserva — ela é a maior do Brasil —, são afetados diretamente pelo garimpo.

Já um documento do Instituto Socioambiental (ISA) de 2021 estima que o garimpo cresceu 363% em apenas dois anos na TI Munduruku, no Pará.

Tanto a TI Yanomami quanto a TI Munduruku também aparecem no levantamento do MapBiomas. Enquanto a reserva Yanomami é apontada como a terceira Terra Indígena com a maior área de garimpo no Brasil, com 414 hectares ocupados, a Munduruku é a segunda, com 1.592 hectares. A mais afetada é a TI Kayapó, no Pará, com 7.602 hectares invadidos.

O Pará também lidera em área de garimpo em Unidades de Conservação. Segundo o levantamento, as três com maior atividade garimpeira são a APA do Tapajós (34.740 hectares), a Floresta Nacional do Amaná (4.150 hectares) e o Parque Nacional do Rio Novo (1.752 hectares).

“Terras Indígenas e Unidades de Conservação têm florestas intocadas, igual o seu solo. Quanto mais virgem for o solo, maior a probabilidade de se encontrar ouro. É por isso que os garimpeiros procuram regiões protegidas e intactas”, explica Diniz.

Preço do ouro e ineficácia da fiscalização

O professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Luiz Jardim Wanderley, afirma que três fatores econômicos ajudam a explicar a explosão dos garimpos ilegais na Amazônia nos últimos anos.

“A partir de 2017, temos o aumento do preço das commodities no mercado internacional que estão sendo exploradas em Terras Indígenas, que é ouro, estanho e manganês”, explica Wanderley.

Além disso, a atividade garimpeira ilegal, apesar de cada vez mais mecanizada com pás escavadeiras e demais maquinários industriais, ainda demanda muita mão-de-obra.

“Com o agravamento da pobreza no Brasil, aumento do desemprego e a crise econômica dos últimos anos, o trabalho informal, precarizado e, algumas vezes, até análogo à escravidão nos garimpos se beneficia, atraindo mais mão-de-obra”, afirma o professor da UFF.

Corrutela de garimpo no Rio Uraricoera, Terra Indígena Yanomami. Foto: Bruno Kelly/HAY

Diniz alerta para a falta de punição aos envolvidos no garimpo ilegal: “São terras conhecidas há tempos por terem problemas com atividade garimpeira, mas, antes, víamos um ou dois garimpos dentro ou próximos a esses territórios. Com a fragilização da fiscalização do governo e a incapacidade de punir o garimpo ilegal, se tornou cada vez mais vantajoso adentrar TIs e UCs onde já se conhecia a existência de ouro”.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, afirma que vem denunciando invasões e conflitos entre garimpeiros e indígenas na reserva Yanomami desde 2018, mas que as denúncias não resultam em ações efetivas.

“O Governo Federal não se preocupa com a nossa segurança. Fazemos denúncias sempre, o governo sabe o que acontece. O presidente Bolsonaro incentiva a invasão do garimpo nas nossas terras. E a Funai, ela está morta. Nós, indígenas, não sabemos porque a Funai ainda existe”, diz Júnior Hekurari.

Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) afirma que tem atuado efetivamente com medidas práticas de apoio à população indígena e que a fiscalização em Terras Indígenas de todo o território nacional é uma das prioridades na atuação do órgão.

Expansão da fronteira do garimpo

O crescimento do garimpo de quase 500% em TIs e mais de 300% em UCs representa a expansão da antiga fronteira do garimpo na Amazônia.

“Os garimpos que vemos hoje são, mais ou menos, os mesmos de 1950. Eles são frequentemente reutilizados e expandidos em sua borda. Quase nunca vemos garimpo surgindo em áreas que nunca foram mineradas antes. Quase sempre é uma expansão da fronteira garimpeira que já se conhece há décadas”, explica Diniz.

O pesquisador do MapBiomas descreve que a principal característica do garimpo ilegal é o rastro de destruição deixado no leito do rio e a capacidade de mudar de local com rapidez para driblar a fiscalização.

“Mas os buracos abertos no leito do rio não são fechados. Ali fica água parada e contaminada. Quando os garimpeiros voltam para a região, eles aumentam esses buracos, aumentando o desmatamento e a fragilidade do solo”, descreve o geólogo.

Se as áreas de garimpo fossem abandonadas e não houvesse nenhuma interferência humana, Diniz estima que levaria um mínimo de duas décadas para o local se recuperar naturalmente. “E não com o mesmo solo nem com a mesma biodiversidade”, diz.

A Constituição Federal de 1988 proíbe o garimpo e a mineração tanto em Terras Indígenas como em Unidades de Conservação. A atividade garimpeira, contudo, não é ilegal. Segundo o Estatuto do Garimpeiro, de 2008 (Lei nº 11.685), a atividade pode ser feita mediante permissão do governo, com baixo impacto ambiental e em pequeno volume (em áreas menores que 50 hectares).

Porém, em fevereiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro assinou o Projeto de Lei nº191/2020, que libera a mineração de ouro e vários outros minerais em territórios indígenas.

“O problema não é a atividade garimpeira, uma vez que a garimpagem está prevista em lei no Brasil. O problema é que o garimpo na Amazônia quase sempre opera sem licença, com mercúrio, dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação e sem recuperar os danos ambientais causados”, afirma Diniz.

Avanço do desmatamento

O levantamento do MapBiomas também mostra que a perda geral de vegetação nativa no Brasil nos últimos 30 anos foi de 1,1 milhão de hectares. Enquanto as propriedades privadas foram responsáveis por 68,4% dessa perda geral, apenas 1,6% ocorreu em Terras Indígenas.

Apesar de as reservas indígenas serem as áreas mais preservadas e as responsáveis por manterem a floresta em pé, o levantamento alerta que o desmatamento nas TIs vem se acelerando. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) analisados pelo MapBiomas mostram que a devastação entre 2019 e 2021 se multiplicou por 1,7 em comparação com a média de 2016 a 2018.

Imagem do banner: Garimpo ilegal de ouro na Terra Indígena Kayapó. Foto: Felipe Werneck/Ibama


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Este texto foi originalmente publicado pelo Mongabay [Aqui!].

Crianças Yanomami sugadas por dragas de garimpeiros ilegais: esse é o retrato mais fiel do governo Bolsonaro

yonamami crianças

A mídia corporativa brasileira está mais uma vez “passando o pano” para um caso gravíssimo ocorrido na Terra Indígena Yanomami causando a morte de duas crianças da comunidade Macuxi Yano, região do Parima, que brincavam próximo a uma balsa de garimpo ilegalmente instalada no rio. As duas crianças, de idades de  5 e 7 anos, “foram sugadas e cuspidas para o meio do rio e levados pela correnteza”, segundo informou Hutukara Associação Yanomami, em nota divulgada nesta quarta-feira (13). Ainda segundo a nota, a morte de duas crianças é mais um triste resultado da presença do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, invadida por mais de 20.000 garimpeiros até setembro de 2021”, diz a nota. Ainda segundo o documento, a área de floresta destruída pelo garimpo ilegal na TI Yanomami “superou a marca de 3 mil hectares, um aumento de 44% em relação a dezembro de 2020, somente na região do Parima.”

dragas garimpo ilegal

O fato objetivo é que seja por força das medidas de protelação da vacinação das comunidades indígenas em toda a Amazônia, ou pela fragorosa omissão do Estado brasileiro frente à invasão de terras indígenas como é o caso da Terra Indígena Yanomami por milhares de garimpeiros, o que está ocorrendo na Amazônia brasileira é uma das forças mais explícitas de genocídio, ameaçando a vida dos membros das comunidades originárias, mas também colocando em risco a sustentação climática do planeta, na medida em que a destruição das florestas amazônicas irá acelerar a catástrofe climática em que estamos imersos neste momento.

Por isso, é urgente que se denuncie não apenas mais esse caso das crianças sugadas por dragas que operam ilegalmente e sob o olhar cúmplice das autoridades constituídas, mas também o conjunto de projetos que visam acelerar a destruição ambiental na Amazônia, o que vem tornando os povos indígenas alvos preferenciais para toda sorte de violência.

Povos indígenas da Amazônia estão sob risco de genocídio por serem guardiões da natureza

povos originários

Em 2005 eu e um grupo de colegas publicamos na revista Environmental Conservation o artigo intitulado “Conservation units: a new deforestation frontier in the Amazonian state of Rondônia, Brazil. Naquele artigo, a partir de análises sobre as taxas de desmatamento no interior de unidades de conservação, identificamos uma tendência por parte de vários atores (madeireiros, produtores rurais, garimpeiros) de tratar as áreas protegidas existentes na Amazônia como a próxima fronteira de exploração dos recursos naturais existentes no interior da Amazônia brasileira [1].

Treze anos depois daquela publicação, estamos testemunhando a uma tentativa de desmantelar o sistema nacional de unidades de conservação, com um especial foco nas reservas indígenas. Em um dos seus discursos de campanha, o agora presidente de república prometeu rever demarcações já feitas e impedir a concessão de novas áreas [2]. Esses discursos de campanha estão agora sendo transformados em ação de governo, implicando em graves riscos para a integridade dos povos indígenas e os territórios que eles ajudam a proteger.

Para que se tenha ideia da importância das unidades de conservação e reservas indígenas na manutenção dos ecossistemas amazônicos, bem como se possa entender o risco que os planos do governo Bolsonaro implica para o futuro das mesmas, mostro abaixo uma animação feita a partir da integração de imagens de satélites que mostram as mudanças da paisagem na região no entorno do Parque Nacional do Xingu entre 1984 e 2018 [3].

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O fato é que quando se anuncia que as demarcações de reservas o que já foram concluídas serão revistas, e que as ainda em andamento não serão concluídas, o que temos realmente é uma sinalização de que será permitida a livre ação para a pilhagem dos ecossistemas naturais que elas ajudam a proteger. E, neste processo, as populações indígenas estarão sob grave risco já que, na ausência da ação efetiva do Estado em prol da proteção dos ecossistemas e recursos nelas contidos, elas são de fato as guardiães dos biomas amazônicos.

povos indigenas

Por essas razões é que considero essencial que seja formada uma rede de apoio aos povos indígenas, de modo a protegê-los dos ataques que certamente virão por parte de atores que desejam avançar legal ou ilegalmente sobre seus territórios. Do contrário, o mundo acabará assistindo a um processo de genocídio indígena em pleno Século XXI.

Invasão de áreas indígenas amplifica o risco de genocídio na Amazônia

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Enquanto somos distraídos pelas declarações de ministros exóticos do governo Bolsonaro, ações concretas já estão sendo tomadas para executar a agenda que motivou muitos dos apoios que o candidato Jair Bolsonaro recebeu. 

Um exemplo concreto disso foi a nova invasão da Terra Indígena Arara que está localizada nos municípios de Uruará e Medicilândia, no Pará.  Uma representante da FUNAI se limitou a afirmar que o órgão monitora a situação [1].

Ainda que a invasão de terras indígenas por madeireiros e todo tipo de violador da integridade de áreas públicas ocupadas por povos originários não seja nenhuma novidade, a onda de invasões que está sendo estimulada pela fragmentação dos órgãos de fiscalização e proteção sinaliza um perigoso aprofundamento da situação.

A mídia corporativa brasileira, entretanto, está se dividindo em oferecer uma cobertura facciosa que oscila entre glamourizar os primeiros atos de governo Bolsonaro e a formulação de críticas à partes de costumes que nada servem para que se tenha um olhar estratégico sobre o início do governo Bolsonaro e de vários governos estaduais que abraçaram a sua agenda de regressão socioambiental.

Essa falta de um tratamento mais sério está fazendo com que a mídia internacional, mais uma vez, ofereça análises que são mais apuradas e que, por isso, apresentam os riscos reais que estamos atravessando. Um exemplo disso foi o artigo assinado por Fiona Watson e publicado pelo “The Guardian” onde é apresentado o alerta de que os povos indígenas isolados da Amazônia estão sob o risco de genocídio por causa das políticas que começam a ser aplicadas pelo governo Bolsonaro [2].

arara 3

O fato é que o ataque à autonomia dos povos indígenas em territórios demarcados pela União esconde um objetivo que nada tem de moralizante ou civilizador. O que está em jogo na agressão em curso aos povos indígenas é o saque dos ecossistemas dos quais eles dependem para sua sobrevivência,

Entender isso pode não ser suficiente, mas, pelo menos, colocará o debate dentro de um plano que tenha um real significado. Em vez de se ficar debatendo esta ou aquela declaração estapafúrdia por este ou aquele membro do governo Bolsonaro não fará isto, deixando os povos indígenas que vivem na Amazônia sob o risco apontado por Fiona Watson em seu artigo.

 

Observatório Socioambiental: Amazônia sofre o maior massacre de indígenas das últimas duas décadas

O Observatório Socioambiental fez um levantamento de matérias publicadas sobre o massacre, que pode ter dizimado um quinto da população dos indígenas Flecheiros.

Há cerca de duas semanas, o líder indígena Adelson Kora Kanamari disse à agência Amazônia Real que entre 18 e 21 indígenas conhecidos como “flecheiros” – teriam sido atacados e assassinados em agosto passado, no município de São Paulo de Olivença, na fronteira com Peru e Colômbia, na região do Vale do Javari.

As lideranças do Vale do Javari apontam o descaso do governo de Michel Temer com a causa indígena, sendo responsável pela situação crítica na Amazônia brasileira. Veja matéria de novembro de 2016: Corte de verbas no orçamento de Temer ameaça índios isolados da Amazônia.

A ONG Survival se soma às críticas que o governo Temer recebeu no Brasil e no exterior por “retroceder” em termos ambientalistas e de direitos dos povos indígenas, conforme apurou o portal UOL. 
Leia a nota da Survival: Genocide: goldminers “massacre” uncontacted Amazon Indians

De acordo com a agência Amazônia Real, entre os mortos estariam mulheres e crianças, que teriam sido assassinados por garimpeiros e lembra, ainda, que a confirmação do massacre passa ser considerado a “maior tragédia contra indígenas que vivem sem contato com a sociedade nacional da Amazônia brasileira”. 
Leia as matérias:
 
O Ministério Público investiga uma segunda denúncia, sobre o assassinato de indígenas do povo Warikama Djapar, que vive isolado. O portal De Olho nos Ruralistas revelou essa história em julho; “povo Kanamari denunciou massacre que teria ocorrido em fevereiro, na TI Vale do Javari, no Amazonas”. Veja matéria: MPF pede nova investigação de chacina de índios isolados na Terra Indígena Vale do Javari
Em 1993, ocorreu o massacre dos Yanomami de Haximu, que deixou 16 indígenas mortos.

No artigo “O massacre dos Yanomami de Haximu” por Bruce Albert, antropólogo, ele fala sobre a “armadilha garimpeira”: “Na origem do massacre de Haximu está uma situação crônica de conflito interétnico criada na área Yanomami pela presença predatória das atividades garimpeiras. Desde o início da grande corrida do ouro em Roraima, em agosto de 1987, vários assassinatos de índios ocorreram e outros poderão ocorrer novamente devido às mesmas causas. Portanto, antes de qualquer coisa, é preciso tornar claro o contexto social e econômico capaz de gerar tais violências”. Leia o artigo completo: O massacre dos Yanomami de Haximu

FONTE: http://www.observatoriosocioambiental.org/2017/09/amazonia-sofre-o-maior-massacre-de.html