
O consórcio “Global Forest Watch” acaba de divulgar o seu relatório anual sobre o desmatamento em escala mundial e os números não são nada animadores, especialmente no tocante aos biomas tropicais, que perderam algo semelhante a um campo de futebol por segundo a cada dia em 2017 [1].
E nessa copa do mundo da perda de florestas e da biodiversidade nela contidas, o Brasil deu de goleada de 4 a 1 na segunda colocada, a República Democrática do Congo (ver figura abaixo).

Um dado ainda mais preocupante é o que indica que a taxa média dos últimos 3 anos está em um curva ascendente, indicando que poderá ocorrer uma elevação ainda maior do desmatamento total acumulado (ver figura abaixo).

Em uma nota no seu blog oficial, o Global Forest Watch aponta que o aumento constante na perda de cobertura de árvores tropicais é alarmante e os novos dados demonstram cada vez mais que os atuais esforços para reduzir o desmatamento são insuficientes. Na mesma nota, o Global Forest Watch lembra que, além de proteger a biodiversidade e fornecer meios de subsistência humanos, as florestas também desempenham um papel fundamental no armazenamento de carbono. E que embora a conservação florestal possa fornecer cerca de 30% da solução para limitar o aumento da temperatura global a 2 ° C, um limite que os cientistas dizem ser necessário para evitar os piores impactos da mudança climática, apenas 2% do financiamento disponíveis para proteção do clima são para o setor florestal. A nota conclui dizendo que se o mundo quiser acabar com as mudanças climáticas com seriedade, todos os países devem redobrar seus esforços para reduzir o desmatamento.
Mas, cá entre nós, dado o controle político exercido pela bancada ruralista no congresso nacional e o silêncio cúmplice da maioria da mídia corporativa brasileira sobre o que está acontecendo em todos os biomas florestais brasileiros, é bem provável que ainda vejamos taxas médias ainda mais altas no Brasil, com a consequente extinção de mais biodiversidade e uma contribuição ainda maior na aceleração das mudanças climáticas.
E não custa lembrar que graças ao chamado “Novo Código Florestal” promulgado pela ex-presidente Dilma Rousseff, o nível de afrouxamento da proteção de áreas de alto valor ecológico ficou ainda maior, com o consequente aumento das taxas médias e totais de desmatamento não apenas nos biomas da Amazônia, mas em outras áreas ainda mais sensíveis tais como os do Cerrrado e da Caatinga. A consequência desse afrouxamento pode ser visto claramente na figura abaixo.

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