A lógica da guinada ultraneoliberal de Temer: privatização e precarização e o aumento da heteronomia

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Não sou ingênuo a ponto de acreditar de que todos aqueles cidadãos brasileiros de pele geralmente alva e cabelos claros que foram às ruas pedir a saída de Dilma Rousseff já se tocaram de que ajudaram o Brasil a recuar várias décadas em pouco menos de um mês no tocante do estabelecimento de mecanismos básicos de proteção social. E que a questão da corrupção não tinha realmente nada a ver com os movimentos financiados pelos partidos de oposição.

Aliás, se fosse para combater a corrupção, o presidente interino Michel Temer não teria nomeado pelo menos 10 ministros arrolados nas investigações da Lava Jato, e dois ministros já tivessem que ter sido sacados, justamente por articularem secretamente formas de impedir o avanço do trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

A coisa está se tornando tão escancarada que além de Temer ter aprovado um rombo bilionário de R$ 170 bilhões, implicando em aumentos salariais generosos para o judiciário e outros setores da burocracia estatal, ele terá que chancelar uma lei que aumenta o número de cargos federais em mais de 14.000 vagas.  

Outra via de expressão das reais intenções do governo interino de Temer é a sanha privatizadora que promete avançar sobre áreas estratégicas como a exploração do pré-sal de uma forma que deixará, caso se concretize, a privatização feita por FHC como um tímido ensaio da entrega das riquezas nacionais.  O negócio de Temer está claro: Brasil, heteronomia pouca é bobagem.

Tudo isso acontece nu momento em que até o Fundo Monetário Internacional (FMI) que as receitas do neoliberalismo têm trazido mais prejuízos do que soluções. Mas Temer parece, me desculpem-me o trocadilho, temer o julgamento da História. O negocio dele parece ser tornar o Brasil irremediavelmente dependente dos humores do mercado global, ainda que com isso tenha que recolocar milhões de brasileiros na pobreza extrema. E, pasmemos todos, sem que tenha tido que passar pelo crivo das urnas.