Tanto em Ilhéus como na Praia do Açu, um porto está na raiz da erosão costeira

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Praia do Açu: o que estava caindo em 2014, em 2023 sumiu totalmente da paisagem

O município de Ilhéus localizado no sul da Bahia está experimentando um processo acelerado de erosão costeira que, segundo pesquisadores, tem com um das causas a construção do Porto do Malhado que foi inaugurado em 1971.  Segundo matéria publicada pelo Portal G1, o processo de erosão está ameaçando a estabilidade da região litorânea de Ilhéus e coloca em risco o futuro de milhares de pessoas que ali se estabeleceram a partir da década de 1970.

Segundo o professor  José Maria Landim Dominguez, professor do Instituto de Geociências da UFBA e responsável pelo mapeamento da Bahia no estudo “Panorama da Erosão Costeira no Brasil”, do Ministério do Meio Ambiente, a estrutura portuária  impede a passagem da areia do lado sul para o lado norte da cidade, e causa o processo erosivo (ver imagem abaixo).

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Comparação da faixa de areia em 1960 e em 2012 — Foto: José Maria Landim Dominguez, professor do Instituto de Geociências da UFBA

Ao olhar a imagem acima, me veio imediatamente à mente uma análise que foi realizada no meu laboratório em 2014 sobre um processo semelhante, e que continua ocorrendo até hoje, na localidade de Barra do Açu. Em função disso, resolvi tentar uma comparação entre 2014 e 2023 na Praia do Açu para ver se houve alguma mudança visual na paisagem costeira (ver imagem abaixo).

açu 2014 2023

O que transparece dessas imagens é que, apesar de não estarmos experimentando a mesma redução observada na Bahia (provavelmente ao período comparado nos dois casos), é que a Praia do Açu está realmente “encolhendo” por causa do processo erosivo associado à implantação dos terminais do porto de Eike Batista. Para identificar isso, bastaria olhar para a linha de praia em 2014 quando existiam pequenos quiosques na extensão comparada, os quais hoje sumiram da paisagem. Além disso, como seria de se esperar, a área da “Avenida Atlântica” está praticamente toda coberta por areia em 2023, diferente do que estava em 2014.

Outra diferença notável está no tratamento que a Prefeitura Municipal de Ilhéus está dando ao problema em comparação ao que se pratica na sua congênere de São João da Barra. O fato é que neste momento a questão da erosão causada pelo Porto do Açu simplesmente sumiu da pauta não apenas da Prefeitura, mas também da Câmara de Vereadores de São João da Barra. Parece até que nada de diferente está ocorrendo na Barra do Açu e na praia que um dia foi o principal ponto de veraneio de muitas famílias campistas e sanjoanenses.

 

 

 

Jacques Wagner e o porto que exterminará 500 ha de Mata Atlântica no sul da Bahia

Construção do Porto Sul será no KM 10 da Rodovia Ilhéus – Itacaré. Foto: José Nazal.

A propensão de capas pretas petistas serem pegos em situações constrangedoras envolvendo megaempreendimentos portuários parece não ter fim. Agora foi o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner, a ser fisgado numa situação um tanto esquisita em relação às disputas envolvendo a construção do chamado Porto Sul em Ilhéus, obra que implicará na remoção de 500 hectares de vegetação de Mata Atlântica.

A rebordosa é tanta que quem está querendo explicações sobre a emissão de licenças ambientais é a  mais alta corte comercial da Inglaterra, a Queen’s Bench Division Commercial Court, que estranhou o fato de que Jacques Wagner conseguiu um um mísero dia revogar um parecer do Ibama que reprovava o empreendimento pelos graves danos à proteção da já diminuta área de Mata Atlântica que ainda existe na Bahia.

Ah, sim, os ingleses desconfiam que essa mudança repentina na posição do Ibama foi turbinada por pagamento de propina que teriam sido destinadas a Jacques Wagner pelos “bons serviços” prestados ao bilionário indiano Pramod Argawal que é um dos interessados diretos na construção do Porto Sul.

É interessante notar que no dia 17 de dezembro de 2017, a juíza federal substituta Leticia Daniele Bolsonario, da Vara Única da Justiça Federal em Ilhéus havia emitido uma decisão que proibia a supressão da vegetação da poligonal do Complexo Porto Sul  [Aqui!].

Imagem: portosulnao.org

EX-GOVERNADOR JACQUES WAGNER NA MIRA DA JUSTIÇA INGLESA

EX-GOVERNADOR JACQUES WAGNER NA MIRA DA JUSTIÇA INGLESA

O nome do ex-governador da Bahia, Jacques Wagner, foi parar na Queen’s Bench Division Commercial Court, a mais alta corte comercial da Inglaterra, informa a edição on line da Revista Isto É, em matéria divulgada no início da noite de ontem (18/05). A Corte inglesa quer saber como, em um único dia, o petista conseguiu reverter uma proibição do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) quanto à Construção do Porto Sul, em Ilhéus. A suspeita seria de que a revisão na decisão do órgão tenha sido decorrente do pagamento de propina.

Os ingleses entraram no caso por conta da presença de capital daquele país na construção, através da Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC), que detém sociedade com o bilionário indiano Pramod Argawal em investimentos no Porto Sul. “Na corte inglesa, discute-se como, em um único dia, reverteu-se um parecer do Ibama que reprovava o empreendimento. Existem veementes indícios de pagamento de propina tendo como endereço os aveludados bolsos do petista”, diz a Revista.

A ENRC cogitava comprar a totalidade do empreendimento. Porém, uma última parcela, de US$ 220 milhões, seria paga somente se Pramod Argawal conseguisse a licença do Ibama. Ele conseguiu – e, agora, a justiça inglesa investiga por quais caminhos o feito foi possível, sendo a opção mais cotada até o momento a injeção de propina para a resolução do caso.

A implantação do Porto Sul é tema de uma controvérsia que se estende por mais de dez anos, por conta do desmatamento de 500 hectares de Mata Atlântica, que seria necessário para a edificação do empreendimento. Em entrevista à Isto É, o diretor da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, disse que Jaques Wagner teria agido no episódio como um verdadeiro coronel no Sul da Bahia, quando envidou esforços para conseguir autorização para a obra. “Ele reclamava tanto de Antônio Carlos Magalhães que agiu de forma semelhante”, comparou Mantovani, referindo-se ao ex-senador e coronel baiano, falecido em 2007.

A reportagem tentou contato com a assessoria do ex-governador, mas, até o momento, não houve resposta.

FONTE: http://bahiaeconomica.com.br/wp/2018/05/19/ex-governador-jacques-wagner-na-mira-da-justica-inglesa/