Sigma Lithium tenta intimidar e censurar o Observatório da Mineração

Foto: operação da Sigma no Vale do Jequitinhonha / Rebeca Binda

Por Maurício Ângelo para o Observatório da Mineração 

A mineradora Sigma Lithium, empresa sediada no Canadá, enviou uma notificação extrajudicial ao Observatório da Mineração em 30 de abril após um pedido de posicionamento da nossa reportagem sobre uma nota técnica produzida por pesquisadores de universidades brasileiras e da Inglaterra.

Ao invés de responder aos argumentos dos pesquisadores, a Sigma optou, ao que parece, por manifestar conduta com fim de intimidar, ameaçar e tentar, inclusive, censurar previamente o Observatório da Mineração. A notificação enviada pelos advogados da mineradora pedia que a matéria publicada na quarta, 07 de maio, não fosse ao ar

“Caso a nota alegadamente técnica venha a ser tornada pública, a SIGMA adotará todas as medidas legais cabíveis com vistas à responsabilização dos envolvidos, incluindo-se a apuração de responsabilidade penal e o pagamento de indenização por danos morais e materiais eventualmente constatados”, afirma a notificação da mineradora.

A mineradora, por seus advogados, alega que o relatório dos pesquisadores, que pedem a suspensão das atividades da empresa no Jequitinhonha, seria “texto difamatório, que simula ser documento de natureza técnica, mas que é desprovido de subsídio científico e legal, e que visa unicamente a macular a imagem e a reputação da SIGMA”.

A referida nota técnica produzida por pesquisadores de renomadas instituições foi enviada para diversos veículos de mídia no Brasil e no exterior. Ao cumprir o dever de ouvir o outro lado, porém, o Observatório da Mineração acabou sendo alvo de intimidação e tentativa de censura por parte da Sigma.

Os advogados concluem reforçando que a mineradora “serve-se da presente para notificar V. Sas. para que se abstenham de divulgar o documento ou trechos de seu conteúdo, sob pena de serem adotadas as medidas legais cabíveis, incluindo-se o requerimento para apuração de responsabilidade penal e a condenação ao pagamento de indenização pelos danos causados”.

Chama a atenção que, até o momento, apenas o Observatório da Mineração foi alvo da mineradora, mesmo tratando-se de nota técnica destinada à divulgação pública e cuja autoria não contou com a participação da nossa equipe. O Brasil de Fato publicou na segunda, 05 de maio, uma matéria sobre a nota técnica e não foi alvo de intimidação por parte da Sigma, o que revela um direcionamento do ataque ao trabalho deste Observatório.

A notificação extrajudicial da Sigma ataca o direito à liberdade de expressão do Observatório da Mineração, que há 10 anos atua de forma independente e se tornou referência internacional na cobertura investigativa do setor mineral. 

A Sigma ataca ainda todos os veículos que produzem jornalismo sério, independente, crítico e rigoroso. 

A postura da mineradora também ataca a ciência brasileira e internacional, tentando desqualificar o trabalho de pesquisadores respeitados em suas áreas. 

Em resposta, o Observatório da Mineração enviou uma contranotificação para a Sigma preparada por nossa assessoria jurídica, publicou a matéria alvo de censura prévia, comunica à sociedade a intimidação feita pela Sigma e está acionando as entidades representativas de classe do jornalismo sobre o ocorrido.

Desde 2023 a atuação da Sigma no Vale do Jequitinhonha tem sido objeto de interesse pela mídia brasileira e internacional, incluindo o Observatório da Mineração, que foi um dos primeiros a reportar os impactos socioambientais causados pela atuação da empresa, ainda em julho de 2023.

Outras matérias se seguiram, incluindo a revelação, em outubro de 2024, de que a verba limite do Fundo Clima foi alterada para permitir um empréstimo de quase R$ 500 milhões do BNDES para a Sigma. 

Em todas as oportunidades, mesmo procurada por email, ligações, mensagens e até pessoalmente por nossa reportagem, os representantes da Sigma nunca responderam aos pedidos de comentário feitos pelo Observatório da Mineração.

Ao tentar agora, ao que parece, causar intimidação, e inclusive indicar forma que emula censura à atuação do Observatório da Mineração, a Sigma revela que opta pelo caminho evasivo e não por se posicionar diante dos legítimos questionamentos feitos por pesquisadores, por indígenas, quilombolas, a população das cidades afetadas em Minas Gerais e mesmo pelo Ministério Público.

O Observatório da Mineração está tomando e tomará todas as providências que se mostrem necessárias para assegurar o seu direito a um jornalismo investigativo independente que sempre visou e sempre visará o interesse público.


Fonte: Observatório da Mineração

G1: Equipe de TV é intimidada durante visita de Pezão a comunidade no Rio

Jornalista foi cercado por grupo que disse apoiar o candidato à reeleição.

Mesmo proibidas, faixas de Pezão estão espalhadas por postes da favela.

 Janaína Carvalho, Do G1 Rio

Uma equipe de TV que cobria a agenda do candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB) na Favela Tavares Bastos, na Zona Sul do Rio, foi intimidada nesta terça-feira (9) por um grupo com o pedido para não citar o nome de outro candidato ao Governo do Estado dentro da comunidade. O fato ocorre cinco dias após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter negado um pedido do Tribunal Regional do Rio (TRE) por reforço na segurança de 18 municípios do Rio de Janeiro durante as eleições de 2014.

Candidato à reeleição caminhou pela comunidade Tavares Bastos nesta terça (9) (Foto: Janaína Carvalho / G1)
Candidato à reeleição caminhou pela comunidade Tavares Bastos nesta terça (9) (Foto: Janaína Carvalho / G1)

“Cara, vou mandar um papo reto. Aqui dentro não pode falar o nome de outro candidato”, advertiu Cassiano da Silva, que se identificou como presidente da Associação de Moradores do Morro Santo Amaro, ao jornalista Guga Noblat, do programa “CQC”, da Band, que foi cercado por cerca de 10 homens que usavam adesivos da campanha e apoiam o candidato ao governo do Estado.

Questionado pelos repórteres sobre o direito à liberdade de imprensa, limitou-se a responder: “Aqui você está dentro de uma comunidade. Aqui no morro as regras são diferentes”.

Sobre a possibilidade de adversários de Pezão fazerem campanha na comunidade, Silva respondeu que um deles até tentou, mas que não havia conseguido porque não era “bem recebido” no local.

A confusão ocorreu após o repórter citar o nome de um adversário de campanha de Pezão ao fazer uma pergunta irônica ao candidato.

Questionada em relação a necessidade de reforço na segurança do período eleitoral, em nota, a assessoria de imprensa do candidato à reeleição alegou que a Secretaria de Segurança estabelece,  tecnicamente, o seu parecer sobre as questões de Segurança do estado – e assim fez em relação às tropas federais. “Assim vem sendo feito desde que o atual governo assumiu em 2007, sem que haja qualquer tipo de acordo com quem quer que seja”, afirmou em nota.

Pedido de reforço negado
Na decisão do TSE, do último dia 4, o ministro relator do processo, Henrique Neves, afirmou que o governador do Rio foi consultado pelo TRE antes de o regional aprovar o pedido de requisição da força e informou ao órgão que “até o presente momento” não havia necessidade de requisição de forças federais para garantir as eleições de 2014.

O TRE requisitou o envio de força federal para o municípios de Niterói, São Gonçalo, Belford Roxo e Duque de Caxias. Na capital, o pedido foi feito para Costa Barros, Madureira, São Conrado, Santa Cruz, Bangu, Rio Comprido, Santa Teresa, Lins de Vasconcelos, Penha, Jacarepaguá, Curicica, Senador Vasconcelos e Guaratiba.

Em relação à cidade do Rio, o ministro foi comunicado de que, nas localidades onde estavam instaladas as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), não haveria nenhuma dificuldade de realização dos atos normais de propaganda eleitoral.

Galhardetes em via pública
Apesar de ser proibida proibida pelo TSE a colocação de faixas e galhardetes em postes de via pública, material de campanha do candidato Pezão estavam fixados em inúmeros postes da comunidade. De acordo com o TRE, até o momento, foram apreendidas 70 toneladas de material irregular em vias públicas na capital. A campanha de Pezão informou que desconhecia e já determinou a retirada desse material.

Galhardetes do candidato Pezão em postes públicos da Tavares Bastos (Foto: Janaína Carvalho / G1)
Galhardetes do candidato Pezão em postes públicos da Tavares Bastos (Foto: Janaína Carvalho / G1)

A fiscalização tem o poder de polícia de fazer cessar irregularidades imediatamente, ou seja pode recolher o material colocada irregularmente em via pública e também notificar o candidato para fazê-lo em 24h.

Durante a visita na comunidade, Pezão afirmou que era um prazer estar no local que abriga o Batalhão de Operações Especiais, referindo-se ao fato do Bope ter ganho, há mais de 10 anos, uma sede no alto da comunidade. “É um prazer estar aqui numa comunidade que tem o Bope dentro dela, vendo o que a paz permitiu a toda essa região, continuar a investir fortemente no processo de pacificação, mas, principalmente, uma proposta que eu quero levar para toda a região metropolitana do Rio à todas as comunidades que é o ensino médio diurno. A gente viu os resultados que colhemos agora com o Ideb”, afirmou Pezão.

Cartazes de candidatos estavam espalhados em postes públicos da comunidade (Foto: Janaína Carvalho / G1)
Cartazes de candidatos estavam espalhados em postes públicos da comunidade (Foto: Janaína Carvalho / G1)
FONTE: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/eleicoes/2014/noticia/2014/09/equipe-de-tv-e-intimidada-durante-visita-de-pezao-comunidade-no-rio.html

 

Audiência Pública sobre TKCSA marcada por irregularidades em Santa Cruz

Houve tumulto, violência e intimidação aos que denunciavam a empresa.

Na última quinta-feira, 27 de Março, a Secretraria de Ambiente do estado do Rio de Janeiro (SEA) promoveu uma audiência pública no bairro de Santa Cruz, zona oeste da capital, com o objetivo de apresentar à população os resultados da auditoria contratada para acompanhar o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado entre a própria SEA e a empresa ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA).

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A TKCSA opera sem licença desde 2010 pois não conseguiu se adequar à legislação ambiental brasileira. O TAC funciona como improviso jurídico que permite a companhia manter-se aberta, irregularmente, ainda que sob protestos da população local atingida pelas “chuvas de prata” emitidas pela siderúrgica. O Ministério Público do estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que também esteve presente na audiência, já abriu dois processos criminais contra a TKCSA e negou-se a assinar o TAC.

Na audiência de quinta-feira, a empresa buscava mostrar à população que supostamente havia cumprido o TAC. No entanto, os próprios auditores contratados pela TKCSA foram obrigados a admitir que mais de 13 cláusulas do termo não foram cumpridas, mantendo-se como “oportunidades de melhoria”, eufemismo para acobertar o não-cumprimento do acordo.

Já o representante do MPRJ, promotor Sandro Machado, foi mais incisivo e lembrou dos processos abertos contra a empresa. Além disso, Sandro questionou a falta de ambiente democrático na audiência, pois o auditório estava repleto de funcionários uniformizados da TKCSA (e não de moradores de Santa Cruz) que gritavam e assediavam aqueles que buscavam denunciar as violações cometidas pela empresa e pelos órgãos ambientais. O promotor chegou a pedir o microfone para coibir a postura de uma pessoa da organização do evento – que estava com crachá de “Apoio” – e constantemente insulflava os funcionários para que não permitissem falas contrárias à empresa.

O clima de intimidação e coação durou do começo ao fim da audiência. Houve tumulto, violência e insultos quando uma parlamentar da Assembléia Legistlativa do Rio de Janeiro exigiu a palavra para denunciar a empresa e a falta de divulgação prévia da audiência. Funcionários da empresa, capangas e outros homens truculentos trocaram socos, empurrões e pontapés por quase 10 minutos, tirando qualquer possibilidade de uma atmosfera democrática se estabelecer.

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Mas não foi apenas na platéia (de funcionários) que a lisura e a imparcialidade da audiência foram desfeitas. No palco, diretores da empresa se confundiam com auditores e autoridades públicas que deveriam fiscalizá-la. Por mais de uma vez, tanto auditores quanto o representante da SEA consultaram o diretor da TKCSA para conseguir responder às perguntas de pesquisadores, moradores, pescadores e demais presentes que questionavam, perplexos, a farsa que estava ocorrendo.

Ao fim, o MPRJ retirou-se antes de terminar a audiência, que já varava a madrugada. Por questão de segurança, os moradores, pescadores, pesquisadores e demais ativistas da sociedade civil que questionavam a relação entre os órgãos públicos e a empresa tiveram que sair juntos, para evitar represálias.

Uma audiência pública que fez de tudo, menos ouvir o público. Impedido de se manifestar diante do verdadeiro rolo compressor (de democracia) preparado pela empresa, tanto o povo quanto as normas democráticas ficaram esquecidas em Santa Cruz. O próprio telão mostrava que as relações público-privadas estavam por demasiado embaralhadas, pois a logomarca da TKCSA ficou estampada como se fosse a própria empresa a organizadora da audiência. De fato, era.

A TKCSA está acostumada a se auto-fiscalizar e também a transformar em propaganda publicitária as violações que pratica.

No entanto, a farsa não conseguiu alcançar os mínimos contornos de democracia. O próprio diretor da empresa mostro-se várias vezes preocupado no palco, tentando orientar seus funcionários sobre que tipo de intimidações seriam toleradas pelas autoridades públicas e quais não seriam. É provável que o MPRJ, que presenciou todas as irregularidades, peça a anulação da audiência.

O TAC da TKCSA termina em 10 de Abril de 2014 e a empresa já estourou todos os prazos para seguir operando sem licença. Organizações da sociedade civil, moradores e pescadores prometem seguir na ofensiva denunciando os desmandos da empresa e a conivência do Estado com as violações de direitos praticadas em Santa Cruz e na Baía de Sepetiba.

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FONTE: http://www.pacs.org.br/2014/03/29/audiencia-publica-sobre-tkcsa-marcada-por-irreguralidades-em-santa-cruz-houve-tumulto-violencia-e-intimidacao-aos-que-denunciavam-a-empresa/