No Açu, em vez do mar virar sertão, a Avenida Atlântica é que virou praia

A profecia nordestina atribuída ao líder messiânico Antonio Conselheiro de que “o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão” acaba de ganhar uma forma bem particular de materialização bem aqui na Praia do Açu.

É que como bem mostram as imagens abaixo, a Avenida Atlântica que resistiu por décadas à ação das marés, hoje virou praia! E antes que venham dizer que a profecia realizada é fruto da ação da Natureza, eu digo que a primeira das imagens mostra o caminho para onde foi a areia que está faltando na Praia do Açu.

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E o mar voltou a invadir ruas na Barra do Açu

Após meses de agitação por causa da erosão da faixa central da Praia do Açu, os moradores da localidade de Barra do Açu estavam tendo um início calmo em 2015. A calma foi tanta que algum gaiato da Prefeitura de São João da Barra havia mandado recolocar os quiosques na praia, os quais haviam sido retirados quando o processo de erosão os colocou sob risco de cair no mar.

Pois bem, acabo de receber imagens tiradas há poucos minutos na Praia do Açu mostrando que a aparente calmaria das últimas semanas acabou, e as águas do mar voltaram a “escapar” para dentro das ruas próximas à zona de rebentação. Essa nova intrusão de águas deverá colocar novamente a preocupação dos habitantes da Barra do Açu, e reaviva a necessidade de que sejam tomadas efetivas acerca do prometido plano de recuperação das praias de São João da Barra. E nem é preciso dizer, creio eu, que quanto antes, melhor!

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Folha da Manhã notícia invasão do mar na Praia do Açu e descreve susto da população

Após invasão do mar, população assustada

Por Patrícia Barreto

Foto: Héllen Souza

Enquanto o rio Paraíba do Sul atinge a maior seca da história, o mar avança na praia do Açu, em São João da Barra. De acordo com a Defesa Civil do município, na quarta-feira (24) à tarde havia ainda a possibilidade da água invadir casas e comércios da rua Principal, como aconteceu na terça-feira (23), o que não aconteceu, para alívio da população local. Os cerca de 2 mil moradores da comunidade que dá nome ao Porto do Açu está cada vez mais preocupada. O fenômeno que vem se tornando constante nunca ocorreu antes. A água invadiu a rua da localidade por volta das 15h. Após uma hora de cheia, no momento de maré mais baixa, o mar deixou de jogar água na via. Até a manhã de quarta, a rua estava com muita lama. Especialistas apresentam diferentes análises sobre as possíveis causas para o problema. Uma delas seria consequência da construção dos terminais do Porto do Açu. Os moradores da localidade cobram a mobilização das autoridades para que os técnicos ajam sobre o problema e ao mesmo tempo identifiquem as causas. Quarta à tarde, após receber denúncias de moradores e saber da situação pela imprensa, uma equipe do Ministério Público Federal foi enviada pelo procurador Eduardo Santos Oliveira ao Açu para fazer se inteirar da situação, para definir se o órgão vai intervir.

A Câmara de Vereadores de São João da Barra arguiu a empresa Prumo Logística Global S.A., a partir da aprovação de um requerimento do vereador Frankis Arêas de Freitas. Assim, a Prumo confirmou a presença de representante numa reunião pública na sede do Legislativo Sanjoanense para dar informações sobre o tema. Inicialmente marcada para o dia 3 de setembro, a reunião acabou suspensa e depois adiada para a próxima quarta-feira, dia 1º de outubro. Neste intervalo a empresa Prumo entregou à Câmara um relatório elaborado pelo professor Paulo Cesar Colonna Rosman, do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ, através da Fundação Coopetec. A pedido do Ministério Público Federal, através de ofício do procurador da República, Eduardo Santos Oliveira, o professor Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) elaborou outro relatório sobre o assunto.

O Relatório do professor Pedlowski indica que em 2011 a área em questão estava em relativo equilíbrio sedimentar, entretanto, após a conclusão da abertura do canal de navegação em 2012, ocorreu uma forte perda de sedimentos, provocando a diminuição da faixa central da praia do Açu, indicando que um processo erosivo está em curso.

Defesa Civil diz que invasão era esperada

De acordo com o coordenador da Defesa Civil de SJB, Adriano Assis, o que está ocorrendo na praia do Açu era esperado, mas atípico. “O fenômeno pode ser passageiro, mas pode não ser. Não dispomos de uma série histórica de ressacas que possam nos ajudar, mas as empresas do Complexo Logístico Industrial Portuário (CLIPA) não podem simplesmente se omitir de participação maior no problema, como, por exemplo, implantar o prometido programa permanente de controle de alterações costeiras”.

Até a manhã de quarta-feira (24), nenhuma família precisou ser retirada de suas residências, assim como não houve registro de imóvel alagado. Ainda segundo o coordenador, os agentes da Defesa Civil do município estão em alerta para qualquer chamado ou solicitação, enquanto existir a previsão de novas cheias.

Morador comenta sobre situação da praia

Nem todos os moradores do Açu atribuem o avanço do mar às obras de construção do Porto. “Se isto fosse verdade era para Atafona e especialmente Grussaí estarem mais atingidas que o Açu. Além disso, também os terminais do próprio Porto do Açu estariam sofrendo tanto quanto a própria localidade”, argumentou o aposentado Durval da Silva, de 66 anos. Ele ainda ressaltou que, observando tudo que está sendo comentado, inclusive após a invasão da água na avenida Principal, na terça-feira (23), não há como a comunidade não ter o direito de participar ativamente do acompanhamento científico da movimentação e das alterações da linha da costa, a partir da construção dos terminais 1 e 2 do Porto do Açu. “Defendo o planejamento de medidas de prevenção e contenção dos problemas que já estão atingindo o balneário. Com certeza, estarei presente à reunião”, afirmou o aposentado.

FONTE: http://www.fmanha.com.br/geral/apos-invasao-do-mar-populacao-assustada