População não vacinada registra aumento no número de óbitos em Campos dos Goytacazes

Óbitos de pessoas mais jovens e que ainda não receberam imunização foram as únicas faixas etárias que registraram crescimento absoluto e percentual superior a 30% no número de mortes no mês de abril em relação à média no período da pandemia

cemiterio

O aumento percentual de mais de 30% no número de óbitos por COVID-19 de pessoas mais jovens, na faixa etária entre 30 e 69 anos e, queda, na faixa dos 70 aos 79 anos, contabilizados pelos Cartórios de Registro Civil de Campos dos Goytacazes no mês de abril, o pior desde o início da pandemia na cidade, são claros em apontar que a vacinação em massa de sua população é o melhor caminho para a crise de saúde pública causada pelo novo coronavírus.

Ainda aguardando o cronograma de vacinação para suas idades em Campos dos Goytacazes, a população mais jovem viu crescer os números absolutos e percentuais de óbitos no último mês, mesmo quando comparados a março deste ano, o mês que registrou o maior número de mortes causadas pelo novo coronavírus no País, e também em relação à média de mortes de sua faixa etária desde o início da pandemia.

Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil (http://transparencia.registrocivil.org.br/inicio), base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.

Na cidade de Campos dos Goytacazes, a faixa etária que registrou o maior percentual de aumento em relação à média desde o início da pandemia foi a da população entre 50 e 59 anos, com crescimento de 34% no número de óbitos em abril na comparação com o período que vai de março de 2020 a março de 2021. Os números absolutos de falecimentos desta faixa etária também aumentaram em abril, passando de 19 em março para 57 no último mês. Na sequência, a população com faixa etária entre 40 e 49 anos e 60 e 69 anos registrou aumento percentual de 28% nos óbitos por COVID-19, vendo os números absolutos saírem de 11 para 22 e 28 para 82 respectivamente.

Já a faixa etária que vai dos 30 aos 39 anos viu o aumento do número de óbitos crescer 19% em relação à média para esta faixa etária desde o início da pandemia. O crescimento também se deu nos números absolutos em relação a março, passando de 4 para 10.

Nas demais faixas etárias, já vacinadas, o número de óbitos caiu em relação à média desde o início da pandemia, reduzindo 13% na faixa entre 70 e 79 anos, 33% entre 80 e 89 anos, anos e 35% na faixa entre 90 e 99 anos.

Ranking Estadual

Os números do Estado do Rio de Janeiro estão à frente da média nacional em quase todas as faixas etárias. Entre a população da faixa etária de 20 a 29 anos, o crescimento percentual fluminense foi de 69%, enquanto no País foi de 38%. Na faixa que vai dos 30 aos 39, o Rio de Janeiro viu os óbitos crescerem 59%, enquanto o Brasil registrou aumento de 56%, cenário que se repetiu na faixa de 40 a 49 anos, 66% x 57%. Já na faixa etária de 50 a 59 anos, o Estado teve o mesmo crescimento percentual nacional, de 54%, estando abaixo do patamar do Brasil na população com idade de 60 a 69 anos, 21% a 22%.

Sobre a Arpen/RJ

A Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado do Rio de Janeiro (Arpen/RJ) representa os 179 cartórios de registro civil, que atendem a população em todos os 92 municípios do Estado, além de estarem presentes em todos os distritos e subdistritos, realizando os principais atos da vida civil de uma pessoa: o registro de nascimento, casamento e óbito.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Arpen Rio de Janeiro

Jovem, negro e pobre são alvos da violência no Brasil

Walmyr Junior *

O Brasil carrega a triste 7ª posição no ranking de países mais violentos do mundo. Os dados apontam que 56.337 pessoas perderam a vida assassinadas no país no ano de 2012, 7% a mais do que em 2011. O crescimento de 13,4% de registros desse tipo de morte, comparados ao ano de 2002, equivalem a um pouco mais que o crescimento da população total do país, que foi de 11,1%.

Com uma perspectiva de elucidar a identificação das causas da violência nas cidades, temos um instrumento que fala da triste constatação do genocídio da população negra no país. O Mapa da violência deste ano anuncia uma tragédia que atinge toda a população brasileira, mas os casos de homicídios relatados no documento só mostra o que temos anunciado há muito tempo.

Não somos números, estamos falando de um retrato cruel das diferenças raciais no Brasil e os problemas enfrentados por cada família negra brasileira. Estou me referindo ao assassinato de jovens negros entre 15 a 29 anos, que consolidam 30.072 mortos. O número representa 53,4% do total de homicídios do país.

Mas por que este índice de mortalidade só aumenta?

A sociedade brasileira está acostumada a naturalizar a violência e junto com essa lógica o racismo institucional é utilizado como ferramenta de manutenção dessa sociedade que não só mata, mas deseja banir a juventude negra dos espaços de sociabilidade. 

A política de segurança do Estado brasileiro corrobora com o sistema racista e faz da militarização da sociedade uma maneira de analisar o cidadão pela sua renda, por sua cor e por suas características físicas, interpretando assim quem é bandido ou não. 

Por isso é tão importante debater a desmilitarização da Polícia Militar (PM). Quem não se lembra dos 111 presos assassinados em 1992 durante o Massacre do Carandiru? E o desaparecimento do Amarildo? E o assassinato da Claudia, do Douglas (o DG) e tantos outros que sucumbiram por causa da violência e despreparo policial? Esses casos, somados aos inúmeros flagrantes de abusos durante as manifestações de junho/2013, nos faz pensar sobre a urgência da desmilitarização ou mesmo o fim da PM como uma das alternativas para acabar de vez com essa indústria da morte. 

Outra alternativa para conter o extermínio da juventude negra é a aprovação da Lei que implica no fim dos autos de resistência. Por conta do auto de resistência, que é uma forma de manter impune os policiais que reagem de forma violenta contra a população, o Estado mantem um aparelho policial que tem como método o fim de quem sofre a maior violência. O negro da favela, por possuir ‘o estereotipo subversivo’, é o maior perseguido pelos policiais que se beneficiam do esquema fraudulento dos autos de resistências. É através dessa proteção do Estado que o PM mata e não é julgado como criminoso. 

O projeto democrático e popular tem conseguido conquistas importantes no ultimo período, como o aumento da presença de jovens negros na universidade e ampliação da renda dos postos de trabalho formal e da renda media do trabalhador. As Leis de Cotas, o JUVENTUDE VIVA, o PRONATEC, o REUNE e o PROUNI, o BOLSA FAMÍLIA são algumas soluções temporárias que o governo tem pensado para incluir o jovem negro na dinâmica da ocupação do espaço social. Mas precisamos ir além, precisamos dar espaço para jovem negro buscar sua emancipação.

Quando o jovem negro é impedido de ocupar os mais variados espaços,quando não consegue um emprego ou um salário descente, quando não tem acesso a educação, saúde, moradia, lazer e tantas outras necessidades básicas,ele vai optar por assumir o discurso violento que a sociedade naturaliza e reproduz. Essa catarse de violência faz do oprimido o seu próprio opressor, ou seja, o jovem, pobre e negro acaba virando o vilão da sua própria gente, alimentando o Mapa da Violência e relatando que o fim do povo negro do Brasil pode estar próximo. 

* Walmyr Júnior Integra a Pastoral da Juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro, assim como a equipe da Pastoral Universitária Anchieta da PUC-Rio. É membro do Coletivo de Juventude Negra – Enegrecer. Graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ

Mais de um terço dos jovens das áreas com UPPs são ociosos

Paulo Virgilio,Repórter da Agência Brasil

UPPS

Rio de Janeiro – Cerca de 34% dos jovens de 18 a 29 anos de idade que moram em comunidades pacificadas do Rio de Janeiro, não trabalham nem estudam. O dado consta do estudo Somos os Jovens das UPPs, feito pelo Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) e divulgado hoje (27). Na faixa de 15 a 18 anos, o percentual dos jovens que não estudam e nem trabalham cai para 12%.

O levantamento foi feito com 1.652 jovens de 15 a 29 anos de sete comunidades com unidades de polícia pacificadora (UPPs) – Jacarezinho, Manguinhos, Mangueira, Prazeres/Escondidinho, São Carlos, Vidigal e Coroa/Fallet/Fogueteiro. São áreas nas quais a Firjan desenvolve o Programa Sesi Cidadania.

De acordo com a Firjan, os números apontados no estudo mostram a necessidade de investimento em educação nessas comunidades. Um dos dados revela que 46% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda não chegaram ao ensino médio, e dos que têm 18 anos ou mais, 57% não conseguem completar o ensino regular escolar.

Outros dados apontados no estudo mostram a precocidade com que os jovens das comunidades pesquisadas assumem responsabilidades de adultos: 17% dos que têm entre 15 e 29 anos tiveram filhos entre os 12 e os 17 anos, e 13% dos que estão na faixa de 15 a 17 anos já ajudam financeiramente suas famílias.

Segundo a Firjan, um fator positivo apontado no diagnóstico é o grande avanço dos jovens de hoje em relação à geração anterior. Enquanto 48% dos maiores de 21 anos pesquisados no estudo têm pelo menos o ensino médio completo, entre seus pais e mães essa escolaridade é bem menor, de 14% e 16%, respectivamente. Com relação ao ensino superior, apenas 3% dos pais chegaram à universidade, contra 12% de seus filhos maiores de 21 anos.

O estudo aponta ainda a importância dada à educação pelos jovens de hoje das comunidades contempladas com UPPs, mesmo entre aqueles que não conseguiram chegar ao ensino médio. Valorizado por 94% dos jovens, o fato de ter um diploma é considerado por 20% deles o aspecto mais importante para o mercado de trabalho.

FONTE: http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/125232/Mais-de-um-ter%C3%A7o-dos-jovens-das-%C3%A1reas-com-UPPs-s%C3%A3o-ociosos.htm