Ministério Público vai investigar Malan, Gracie e Tourinho no caso OGX

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RIO DE JANEIRO, SÃO PAULO E BRASÍLIA  –  O Ministério Público Federal vai investigar se os ex-ministros Pedro Malan, Ellen Gracie e Rodolpho Tourinho cometeram crime de “manipulação de mercado” e “falsificação de documentos” no período em que foram conselheiros da OGX, do empresário Eike Batista.

O caso envolve o compromisso de Eike de aportar US$ 1 bilhão na petroleira se houvesse necessidade — a chamada “cláusula put”. Os responsáveis por exigir que ele injetasse o dinheiro eram os conselheiros independentes: Malan, Tourinho e Gracie.

Malan e Tourinho foram ministros do governo FHC, ocupando, respectivamente, as pastas da Fazenda e de Minas e Energia. Gracie foi ministra do Supremo Tribunal Federal (STF).

Eike fez a promessa da “put” em outubro de 2012, em meio a crise de confiança que abalava a OGX e culminou em sua recuperação judicial. Mas nunca chegou a honrar o compromisso e hoje contesta o assunto num tribunal arbitral.

Os três ex-ministros renunciaram ao conselho em junho de 2013, antes que a OGX exigisse o dinheiro de seu controlador, o que só acabou ocorrendo meses mais tarde a pedido da administração da empresa.

De acordo com o procurador regional da República, Osorio Barbosa Sobrinho, há dúvidas que precisam ser investigadas se o contrato da “put” foi assinado retroativamente. “Se isso se comprovar, os conselheiros tinham obrigação de informar ao mercado que o contrato não tinha sido assinado”, diz.

Para Aurélio Valporto, acionista da OGX e membro da Associação Nacional de Proteção ao Acionista Minoritário, “os três notáveis conselheiros venderam nomes para dar credibilidade à fraude, tornando-se não só co-autores do crime, mas avalistas da put”.

Barbosa Sobrinho escreveu uma “notícia crime” sobre assunto, pedindo que o MPF do Rio investigue o caso. Até a tarde desta terça-feira (3), o processo ainda não havia sido distribuído. Procurados, Pedro Malan, Ellen Gracie e Rodolpho Tourinho não responderam aos pedidos de entrevista. 

(Folhapress )

FONTE: http://www.valor.com.br/empresas/3573420/ministerio-publico-vai-investigar-malan-gracie-e-tourinho-no-caso-ogx

Brasil 247: Malan e Ellen se calam sobre seus papéis na OGX

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Com remuneração de R$ 1,7 milhão anuais, ex-ministro da Fazenda foi o grande medalhão do Conselho de Administração da OGX entre junho de 2008 e julho de 2013; ex-presidente do STF entrou depois, mas saiu junto; hoje Pedro Malan integra a alta diretoria do Banco Itaú, enquanto Ellen Grace estuda convites para ser candidata às eleições de outubro; mas acionistas minoritários da holding de Eike Batista, cujas ações viraram pó, não estão tão felizes quanto eles; na Justiça, entraram com ação por ressarcimento de prejuízos contra Malan, Eike e a Comissão de Valores Mobiliários; ex-ministro tucano diz não ter nada a declarar; será mesmo?

247 – Entre junho de 2008 e julho de 2013, período em as ações da holding de Eike Batista, a OGX, saíram do ostracismo, ganharam credibilidade, conheceram a glória e, finalmente, viraram pó, um nome de peso fazia parte do seu Conselho de Administração. À vista de todos, como um medalhão na vitrine, aparecia Pedro Sampaio Malan, o mais longevo ministro da Fazenda do Brasil (1995-2002), nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique.

Chega a ser natural que, agora, acionista minoritários da OGX tenha entrada com uma ação de prejuízos materiais e morais não apenas contra Malan, mas também contra Eike e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cujas investigações sobre o que de fato aconteceu nas entranhas da quebra da OGX não são de conhecimento do público até agora.

Com um nada a declarar, Malan já procura se esquivar do caso, mas, para uma figura da sua dimensão, será difícil. O ex-ministro é um simbolo intocável do que melhor os tucanos produziram entre seus quadros econômicos. E justo ele, quase um santo entre seus colegas, se envolve, ainda que de camarote, como lhe cai bem, nesse caso vexaminoso. Sabe-se que a remuneração anual de um conselheiro de administração da OGX era de R$ 1,7 mihão.

Os minoritários alegam que um nome da expressão de Malan atrai acionistas para o negócio. É correto acreditar que, se um homem com a imagem dele, atual membro da alta diretoria do banco Itaú Unibanco, faz parte de um Conselho de Administração, lá é que a gestão deve mesmo ser limpa e cristalina. Uma garantia.

Mas não foi o que aconteceu. Quando os papéis da OGX estavam no chão, valando menos de R$ 1 depois terem experimentado cotação superior a R$ 23, Malan, acompanhado da ex-presidente do STF Ellen Grace e do ex-ministro das Minas e Energia Rodolpho Tourinho, fechou sua pasta e foi embora. O anúncio da saída deles do conselho da OGX, em julho de 2013, se deu de forma conjunta. Àquela altura, milhares de acionistas minoritários tinham perdido tudo o que haviam investido na companhia tão bem aquinhoada de nomes importantes da nossa sociedade.

Hoje soa ter sido uma estratégia de Eike Batista, que vivia criando fatos relevantes para inflar suas ações, reunir tanta gente famosa à sua volta a mesa principal da OGX. Mas isso não isenta de responsabilidade esses mesmos que lá estavam, cientes de informações estratégicas, se omitirem diante do caos anunciado. É o que alegam os minoritários que agora pedem a responsabilização de Malan, Eike e da CVM na quebra.

Enquanto Malan se vê incomodado – o que, é claro, ele detesta -, Ellen vive outra realidade. Há notas nos jornais informando que ela é cotada para concorrer ao governo do Rio de Janeiro pelo PSDB, que ficou se nome depois que o técnico Bernardino recusou a missão. Se não der certo, Ellen também aparece cotada, noutras fofocas políticas, para até mesmo ser  candidata a vice na chapa de Aécio Neves. Ela também avisa que nada tem a declarar sobre a OGX enquanto durarem as investigações da CVM.

No mesmo silêncio, destinos até aqui opostos no escândalo da quebra da OGX.

FONTE: http://www.brasil247.com/pt/247/economia/127790/Malan-e-Ellen-se-calam-sobre-seus-pap%C3%A9is-na-OGX.htm