“Marighella” já é o filme brasileiro mais visto desde o início da pandemia

Em uma semana, filme acumulou a marca de 100 mil espectadores em 300 salas por todo o país

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Primeiro longa-metragem de Wagner Moura como diretor, ‘Marighella’ estreou oficialmente nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 4 de novembro de 2021, exatamente 52 anos após o assassinato de Carlos Marighella pela Ditadura Militar Brasileira, em 1969. Desde então, o filme alcançou 100 mil espectadores em 300 salas, incluindo as sessões de pré-estreias.

A marca já é responsável por tornar ‘Marighella’ o filme brasileiro mais visto desde o início da pandemia, em março de 2020. O longa chegou ao Brasil depois de passar por importantes festivais mundo afora (Berlim, Seattle, Hong Kong, Sydney, Santiago, Havana, Istambul, Atenas, Estocolmo, Cairo, entre cerca de 30 exibições em países dos cinco continentes).

‘Marighella’ traz no elenco Seu Jorge, no papel-título, Bruno Gagliasso, Luiz Carlos Vasconcellos, Herson Capri, Humberto Carrão, Adriana Esteves, Bella Camero, Maria Marighella, Ana Paula Bouzas, Carla Ribas, Jorge Paz, entre outros. O filme conta a história dos últimos anos de Carlos Marighella, guerrilheiro que liderou um dos maiores movimentos de resistência contra a ditadura militar no Brasil, na década de 1960.

Comandando um grupo de jovens revolucionários, Marighella (Seu Jorge) tenta divulgar sua luta contra a ditadura para o povo brasileiro, mas a censura descredita a revolução. Seu principal opositor é Lucio (Bruno Gagliasso), policial que o rotula de inimigo público nº 1. Quando o cerco se fecha, o próprio Marighella é emboscado e morto – mas seus ideais sobrevivem nas ações dos jovens guerrilheiros, que persistem na revolução.

O filme tem produção da O2 Filmes e coprodução da Globo Filmes e Maria da Fé. A distribuição é da Paris Filmes e da Downtown Filmes.

Sinopse

1969. Marighella não teve tempo pra ter medo. De um lado, uma violenta ditadura. Do outro, uma esquerda intimidada. Cercado por guerrilheiros 30 anos mais novos e dispostos a reagir, o líder revolucionário escolheu a ação.

Em “Marighella”, o inimigo número 1 da Ditadura Militar tenta articular uma frente de resistência enquanto denuncia o horror da tortura e a infâmia da censura instalados por um regime opressor. Em uma experiência radical de combate, ele o faz em nome de um povo cujo apoio à sua causa é incerto — enquanto procura cumprir a promessa de reencontrar o filho, de quem por anos se manteve distante, como forma de protegê-lo.

Elenco

Seu Jorge como Marighella

Adriana Esteves como Clara

Ana Paula Bouzas como Maria

Bruno Gagliasso como Lúcio

Bella Camero como Bella

Herson Capri como Jorge Salles

Humberto Carrão como Humberto

Jorge Paz como Jorge

Luiz Carlos Vasconcelos como Branco

Equipe

Direção: Wagner Moura         

Produção: Bel Berlinck, Andrea Barata Ribeiro, Wagner Moura, Fernando Meirelles

Produtor Associado: Fernando Meirelles

Produtora Executiva: Cristina Abi

Roteiro: Felipe Braga e Wagner Moura

Direção de Fotografia: Adrian Teijido, ABC

Direção de Arte: Frederico Pinto, ABC

Produtor de Elenco: Hugo Aldado

Preparadora de Elenco: Fátima Toledo

Trilha: Antonio Pinto

Figurino: Verônica Julian

Maquiagem: Martin Macías Trujillo

Produtora: O2 Filmes

Coprodutoras: Globo Filmes e Maria da Fé

Distribuidoras: Paris Filmes / Downtown Filmes

Empresas associadas ao projeto

Com 30 anos de mercado, a O2 Filmes já produziu longas-metragens e séries que participaram e receberam prêmios nos principais festivais de cinema do mundo como Cannes, Berlim e Veneza, além premiações como o Emmy, Oscar e BAFTA. A produtora realiza projetos independentes e em parceria com grandes estúdios internacionais e emissoras de televisão, e hoje é considerada uma das mais criativas e importantes produtoras no mercado internacional, sendo a única do Brasil com 5 indicações ao Oscar. Com Wagner Moura, já realizaram filmes como “VIPs”, “A Busca”, “Trash” – e agora o épico “Marighella”.

Paris Filmes, empresa brasileira que atua no mercado de distribuição e produção de filmes, destacando-se pela alta qualidade cinematográfica. Além de ter distribuído grandes sucessos mundiais como as sagas “Crepúsculo” e “Jogos Vorazes”, o premiado “O Lado Bom da Vida”, que rendeu o Globo de Ouro®️ e o Oscar®️ de Melhor Atriz a Jennifer Lawrence em 2013 e “Meia-Noite em Paris”, que fez no Brasil a maior bilheteria de um filme de Woody Allen, a distribuidora também possui em sua carteira os maiores sucessos do cinema nacional, como as franquias “De Pernas Pro Ar”, “Até Que a Sorte nos Separe” e “DPA – O Filme”. Nos últimos anos a empresa esteve à frente de importantes lançamentos como “John Wick”, “La La Land – Cantando Estações”, “A Cabana”, “Extraordinário”, “Nada a Perder” e “Turma da Mônica – Laços”. Para os próximos lançamentos, a companhia aposta em um line-up diversificado, que inclui títulos como “Marighella”, “Turma da Mônica – Lições”, “A Sogra Perfeita”, “Detetives do Prédio Azul 3 – Uma Aventura no Fim do Mundo”, as sequências de “John Wick” e “Jogos Vorazes”, entre outros.

 A Globo Filmes atua como produtora e coprodutora de filmes brasileiros com foco na qualidade artística e na diversidade de conteúdos que valorizam a nossa cultura, maximizando a audiência no cinema e demais janelas.

Desde 1998, participou de mais de 400 filmes, levando ao público o que há de melhor do cinema brasileiro; comédias, romances, documentários, infantis, dramas e aventuras. Fazem parte de sua filmografia recordistas de bilheteria, como ‘Tropa de Elite 2’ e ‘Minha Mãe é uma Peça 3’ – ambos com mais de 11 milhões de espectadores –, sucessos de crítica e público como ‘2 Filhos de Francisco’, ‘Aquarius’, ‘Que Horas Ela Volta?’, ‘O Palhaço’ e ‘Carandiru’, e longas premiados no Brasil e no exterior, como ‘Cidade de Deus’ – com quatro indicações ao Oscar – e ‘Bacurau’, que recebeu o prêmio do Júri no Festival de Cannes. 

Material Adicional:

Trailer: https://youtu.be/bo5ohsd4T08

Comissão Arns lança nota cobrando punição contra ataque de jagunços no Assentamento Fábio Henrique no sul da Bahia

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A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns vem a público manifestar seu veemente repúdio ao ataque sofrido neste domingo, 31 de outubro, por trabalhadores rurais e suas famílias, no Assentamento Fábio Henrique, na cidade de Prado, sul da Bahia.

É inaceitável que um bando de 20 homens armados invada um assentamento onde agricultores vivem e produzem de modo pacífico, com o objetivo de atentar contra a vida e a liberdade de crianças, idosos, mulheres e homens da comunidade.

Casas depredadas, ônibus incendiados, veículos alvejados por disparos, danos a instrumentos de trabalho, entre outras graves ameaças contra sua integridade física e psicológica, fizeram dos trabalhadores ali reunidos reféns da barbárie.

Diante de violência tão inominável, a Comissão Arns, fiel ao seu compromisso de defesa dos direitos humanos, cobra ação rápida do governador da Bahia, Rui Costa, para a identificação e responsabilização de mandantes e executores do crime perpetrado contra a comunidade de Fábio Henrique.

O braço da lei deve impor a ordem constitucional, coibindo o banditismo desses agentes do atraso. Como jagunços de tempos arcaicos, a associação criminosa que ali atuou visa semear conflitos e mortes pela força das armas, escondendo-se sob capuzes que cobrem a vergonha da sua covardia.

Cobramos também a manutenção do reforço policial no local dos ataques, para garantir segurança às famílias que hoje vivem sob o trauma da violência sofrida. E, por fim, mas não por último, que essas famílias possam assistir neste sábado, 6 de novembro, em clima de paz, união e concórdia, ao filme “Marighella”, do diretor Wagner Moura, cuja exibição já estava prevista quando o atentado criminoso aconteceu.

Ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), que organizou este assentamento, transmitimos o nosso respeito e solidariedade, assim como abraçamos as vítimas das atrocidades.

São Paulo, 5 de novembro de 2021

Comissão Arns

Mário Magalhães e sua habilidade de resistir aos “brinquedos” de Eike Batista

O jornalista Mário Magalhães, autor do best seller “Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo” é um amigo de longa data. Sempre que posso encontrá-lo, trocamos longos papos sobre a vida, nossas trajetórias profissionais,  e outros “causos” que eventualmente tenham ocorrido desde o nosso último encontro.  A narrativa que ele compartilha em seu blog, e que posto abaixo, eu já havia ouvido pessoalmente pouco depois dos fatos acontecerem. 

E, olhando em retrospectiva o gesto do Mário de recusar um mimo oferecido por Eike Batista num momento em que se encontrava exercendo sua profissão, vejo como a força de caráter e a ética apurada sempre são companheiras daqueles que decidem ver e entender o mundo de forma autônoma e crítica. Por essa compreensão é que eu vejo que eu sou muito sortudo nos amigos que amealhei ao longo da vida. É que eles podem não formar uma multidão, mas sempre me deixam muito orgulhoso de poder chamá-los de amigos.

Dá para resistir aos ‘brinquedos’ de Eike Batista? Eu resisti…

Por Mário Magalhães

É, quem sabe, pode ser, corro o risco de ceder ao cabotinismo, mas as fotografias do juiz federal Flávio Roberto de Souza ao volante do Porsche Cayenne do empresário Eike Batista me trouxeram novamente à lembrança um episódio que contei de passagem aqui no blog, no post Retrato de Eike no auge: o dia, ou melhor, a noite, em que eu resisti a um brinquedo do ex-marido da Luma tão sedutor quanto os seus carrões.

(Claro que o digno magistrado só estava zelando pelo bem público, ao contrário do que pensam cabeças maliciosas e espalham línguas maledicentes…)

Pela altura de setembro, outubro de 2009, eu jantava com Eike e dois colaboradores dele no restaurante Mr. Lam, de propriedade do então postulante a terráqueo mais rico e ainda hoje a melhor cozinha asiática do Rio.

O dono apontou para o mezanino da casa à beira da lagoa Rodrigo de Freitas, onde ficava um adega metálica assim descrita no site do Mr. Lam:

“A adega Veuve Clicquot Vertical Limit da Porsche Design Studio é a única em restaurantes no mundo. Um objeto de arte nascido da tradição francesa em vinhos e a audácia inovadora de uma das líderes em design. Feita em aço escovado, mede 2,10m de altura por 60 cm de largura e possui doze prateleiras iluminadas individualmente. As portas e os ângulos são soldados à mão e é totalmente à prova de som e vibração. A temperatura é mantida constantemente a 12º, exatamente igual às adegas da Veuve Clicquot, em Reims, França”.

Isto é, outra obra-prima da Porsche, como confirma a imagem lá do alto.

Em 2007, foram produzidas, informou o fabricante, 15 unidades.

Com uma dúzia de garrafas magnum, as grandonas, em cada adega.

Só com champagne vintage, de safras supimpas, desde a década de 1950.

Adoro espumantes, tenho-os como bebida para cima, ao contrário de outras, derrubadoras e depressivas.

Não sou nenhum connaisseur de champagne-champagne, aqueles produzidos em determinado solo francês.

Mas já provei o suficiente para apreciar as viuvinhas brut, ou Veuve Clicquot, mais secas que, por exemplo, o champagne Cristal frutado que novos-ricos bebiam no Brasil do alvorecer da década de 1990, para imitar o presidente Collor.

E não é que o Eike Batista propôs que compartilhássemos uma garrafa?

Tudo porque, depois de ele falar sobre a adega, indaguei que conquista o faria abrir uma magnum.

No lançamento, em 2007, cobravam nos Estados Unidos 70 mil dólares por unidade da superadega Porsche com o líquido precioso incluído.

Não dava para aceitar o convite gentil do Mr. X.

Porque eu estava escrevendo um perfil dele para a “Folha”.

Evidentemente, baita desgraça, configuraria conflito de interesses.

Se tacasse o pau, poderiam dizer que era para mostrar independência, apesar do jabá.

Caso a reportagem soasse simpática, talvez insinuassem que eu me vendera por uns goles da safra 1955.

Questão de ética jornalística, em suma.

No final, fiquei sem passear de Porsche, ou seja, sem beber o champagne guardado noutra máquina Porsche.

Dá para resistir?

Dá, mantendo afiado o simancol, também conhecido como escrúpulos.

Por causa do passeio do juiz com o carrão, voltei a me perguntar: como deve ser uma viuvinha tão antiga?

Será que o velho espumante ainda borbulha?

Ironia: naquela noite de anos atrás, Eike Batista contou que não gosta muito de bebida alcoólica.

FONTE: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2015/02/26/da-para-resistir-aos-brinquedos-de-eike-batista-eu-resisti/

Mário Magalhães pergunta: PM apreende ‘Marighella’ em protesto. Queimará livros, como os nazistas?

Por Mário Magalhães

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Reprodução de tuíte da revista “Veja São Paulo” – 1º.julho.2014

Na versão do romance “A menina que roubava livros” para o cinema, as salas de exibição se iluminam com a luz das imagens das imensas fogueiras queimando livros na Alemanha nazista.

Nos tempos de barbárie, nos anos 1930 e 40, os mesmos algozes que incineravam seres humanos vivos em fornos dos campos de concentração eram os censores que destruíam bibliotecas inteiras e proibiam a leitura de um sem-número de obras.

Aqueles tempos se foram, mas parecem ter deixado saudade em alguns intolerantes.

Entre as 18h e as 19h desta terça-feira (1º de julho), a conta da revista “Veja São Paulo” (@VejaSP) no Twitter informou: “Livro encontrado pela polícia em mochila de manifestante na Praça Roosevelt”.

Abaixo da legenda, uma fotografia mostrava a biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”.

No fim da noite, o tuíte foi apagado pela @VejaSP. Entre as dezenas de pessoas que generosamente me informaram do episódio, houve quem copiasse e me enviasse a foto, reproduzida  lá em cima.

Escrito por mim e editado pela Companhia das Letras, o livro foi lançado em outubro de 2012. Já teve 38 mil exemplares impressos e recebeu seis prêmios literários e jornalísticos. Vai virar filme dirigido por Wagner Moura e produzido pelo diretor estreante e a produtora O2, de Fernando Meirelles.

Trocando em miúdos: durante um protesto pacífico, a Polícia Militar do Estado de São Paulo apreendeu a biografia “Marighella” que um manifestante carregava na mochila.

O ato na praça Roosevelt, na capital paulista, reuniu centenas de manifestantes que reivindicam a libertação de dois ativistas presos.

Apesar do caráter pacífico do protesto, a PM deteve dois advogados e no mínimo outras quatro pessoas, disparou balas de borracha, lançou bombas de gás e empregou, também contra repórteres, spray de pimenta (leia reportagem da ‘Folha’ clicando aqui).

Manifestantes tiveram as mochilas revistadas e o conteúdo exposto, inclusive o livro.

Por que os policiais militares procederam assim?

É crime ler a biografia de Carlos Marighella (1911-1969)?

Abre-se uma caça às bruxas a quem pretende, gostando ou não do personagem, conhecer a trajetória do revolucionário brasileiro?

Durante décadas, certa historiografia oficial se empenhou em eliminar Marighella da história do Brasil.

Mas livros sobre ele só eram apreendidos durante a ditadura instaurada em 1964.

A PM paulista poderia esclarecer se adotou a política _inconstitucional_ de recolher livros.

Em caso positivo, o que faz com os volumes? Queima-os, como os nazistas?

Ou o procedimento só se aplica à biografia de Marighella?

Se fosse outro o livro não teria sido subtraído do cidadão?

Quem determina, em flagrante ofensa à lei e à democracia, que livro é ou não autorizado?

Por que exibiram a biografia como “troféu de guerra”?

Não está em questão se o livro é bom, ruim ou mais ou menos _cada leitor tem sua opinião, legítima. Ou se o personagem vale ou não uma missa. Mas, sim, o direito à difusão de conhecimento histórico, bem como a liberdade de expressão e o acesso à informação.

Estamos em 2014, mas às vezes não parece.

FONTE: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/07/02/pm-apreende-marighella-em-protesto-queimara-livros-como-os-nazistas/

Do Blog do Mário Magalhães: Preso político que desafiou o delegado Fleury lança livro sobre tortura

Mário Magalhães

blog - livro eunicio precilio cavalcante

Um dos mais corajosos militantes de esquerda que combateram a ditadura imposta em 1964, Eunício Precílio Cavalcante lança nesta terça-feira (27 de maio) no Rio um livro que busca reconstituir a violência e a barbárie que vigoraram no Brasil durante 21 anos e cuja herança ainda nos castiga.

O lançamento de “Mergulho no inferno: Relatório sobre as torturas no Brasil” começa às 18h, na Livraria Leonardo Da Vinci (av. Rio Branco, 185, subsolo).

Hoje oficial reformado da Marinha, Cavalcante tem muita história para contar: do que viu, do que ouviu, do que pesquisou e sobretudo do que padeceu na própria pele.

Ele foi preso em São Paulo na manhã de 4 de novembro de 1969. Horas mais tarde, seu companheiro Carlos Marighella seria assassinado numa rua escura da cidade, em operação comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.

Antes da execução, passou-se um episódio na sede do Dops, a política política paulista, que eu incluí na biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras). Narrei-o assim, com base em várias entrevistas:

“Os presos superlotavam as celas e engarrafavam os corredores. Um deles era o paraibano Eunício Precílio Cavalcante, segundo-sargento do Corpo de Fuzileiros Navais expulso da Marinha em 1964. Era um dos raríssimos companheiros que Marighella levara no Rio à casa _e terreiro_ de Antônia Sento Sé.

Fleury provocou o militante da ALN:

‘Cadê o Marighella?’

‘Você não é macho? Vá buscar!’, desafiou o revolucionário.

Rose Nogueira testemunhou os socos e pontapés que o delegado desferiu no homem indefeso, gritando:

‘Pois eu vou mesmo! Hoje é o último dia do Marighella!”’

ALN era a Ação Libertadora Nacional, maior organização armada de oposição à ditadura. Lideravam-na Marighella e o jornalista Joaquim Câmara Ferreira.

Rose Nogueira é uma _brilhante_ jornalista que havia sido presa devido ao vínculo com a ALN e o próprio Marighella.

Antônia Sento Sé é mãe-de-santo e ex-cunhada de Marighella.

Logo depois da agressão a Cavalcante, Fleury participou do assassinato de Marighella: ao menos 29 policiais armados até os dentes fuzilaram um homem cercado e desarmado _o guerrilheiro não portava nem um canivete.

Eunício Precílio Cavalcante viveu aqueles dias ferozes, desafiou o facínora, mergulhou no inferno e sobreviveu para contar.

FONTE: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/05/25/preso-politico-que-desafiou-o-delegado-fleury-lanca-livro-sobre-tortura/

Carlos Marighella: nos 44 anos de seu martírio, a prova de que idéias são à prova de bala

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Há exatos 44 anos o aparelho repressivo da ditadura militar logrou abater uma das principais personalidades políticas brasileiros do Século XX, o líder revolucionário Carlos Marighella.  Após dedicar sua vida à libertação revolucionária dos trabalhadores, Marighella foi abatido em uma emboscada onde o número de tiros disparados pelos seus algozes expressava de forma cabal o medo que ele lhes inspirava.

Mas ao contrário do que o senso comum, a historiografia oficial e a mídia corporativa tentam pintar, Carlos Marighella não foi apenas um guerrilheiro. Na verdade, o tempo na guerrilha foi um ponto fora da curva de um militante político notável, tanto que foi deputado constituinte pelo PCB em 1946, quando ocupou um papel proeminente nos esforços de democratização da carta magna brasileira.

Marighella também foi um poeta profícuo, e mesmo durante o período mais intenso da repressão imposta pelos golpistas de 1964, ele não se absteve de escrever suas poesias e publicá-las, ainda que na clandestinidade.

Como aparece pela boca do personagem “V” de “V, de vingança”: “Idéias não são só carne e osso. Idéias são aprova de balas”. É por isso que nas manifestações recentes que varreram o Brasil a partir de junho, a face de Marighella apareceu de forma recorrente por todos os cantos deste país. É que apesar de toda as tentativas de mascarar a nossa realidade, a verdade está cada vez mais evidente, o que acaba gerando a necessidade de se recuperar a memória de pessoas que jamais traíram os seus ideais.  E, assim, mais do que nunca, Carlos Marighella está presente entre nós.