Há um velho ditado/conselho ´popular que diz que “o peixe morre pela boca” e que repetidamente é desconsiderado pelo atual ocupante da cadeira de presidente do Brasil, o senhor Jair Bolsonaro. Provavelmente movido pela certeza de que pode sempre falar o que bem entende, Bolsonaro soltou uma daquelas declarações de efeito em um podcast realizado na última 6a. feira na qual ele narrou uma estranha história envolvendo o encontro com meninas de 14 ou 15 anos, supostamente venezuelanas, em uma comunidade pobre de Brasília, reconhecendo ainda que teria “pintado um clima” forte o suficiente para levá-lo para o interior da residência das meninas (ver vídeo abaixo).
O que o presidente do Brasil não contava é que suas palavras (emitidas de livre e espontânea vontade) seriam tomadas ao pé da letra, levando a uma onda de condenações pelo evidente tom descabido que a narrativa dele ensejou. Na prática, Bolsonaro armou uma tsunami midiática contra ele mesmo, e que veio em uma péssima hora para quem corre atrás do prejuízo.
Em um reconhecimento óbvio de que propiciou armamento contra si mesmo, Jair Bolsonaro realizou uma “live” na madrugada deste domingo para atacar o Partido dos Trabalhadores (PT) por supostamente usar contra ele, algo que lembremos foi dito por ele mesmo de forma pública. A coisa tomou um tom bizarro, na medida em que um dos que saiu para prestar solidariedade a Bolsonaro foi o ex-vereador da cidade do Rio de Janeiro que teve seu mandato cassado por filmar e distribuir cenas de sexo, pasmem, com uma menor de idade (ver imagem abaixo).
A essas alturas do campeonato em que mais de 30 milhões de brasileiros passam fome é realmente difícil entender o que realmente Jair Bolsonaro pretendia com essa confissão bizarra. Acontece que a narrativa dele já se provou mentirosa em várias outras vezes, mas neste caso ganha ares grotescos. É que o site UOL publica uma reportagem neste domingo indicando que, na verdade, no local citado como possível prostíbulo de menores venezuelanas ocorria uma ação social promovida por uma estudante brasileira de estética que fora ali simplesmente para treinar suas habilidades com voluntárias.
Disto resulta que o presidente Jair Bolsonaro se utilizou de uma situação para mais uma vez atacar o governo de Nicolas Maduro (as meninas segundo ele seriam todas venezuelanas, lembram?), mas acabou enveredando por um caminho muito estranho em que a ele pode ser sim atribuída a pecha de pedófilo ou de mentiroso (aliás, escolher um caminho que mistura as duas coisas não é impossível).
Como não tenho a expectativa de que Jair Bolsonaro vá reverter suas práticas, o mais provável é que venha emitir outras “pérolas” até o dia do segundo turno. A ver!