Plágio em monografias, dissertações e teses: a face emergente do “trash science” no Brasil

plágio

No dia 07 de junho de 2015 postei aqui no blog uma postagem que atraiu grande atenção ao abordar a cassação de um título de mestre na Universidade Federal de Viçosa por graves violações contra a ética acadêmica por parte de seu autor (Aqui!). 

Pois bem, pouco mais de 90 dias depois a caixa de correio eletrônico do blog está sendo alimentada com diferentes casos de supostos plágios que estariam sendo flagrados em diferentes instituições federais de ensino superior, em algo que parece estar se constituindo numa verdadeira epidemia do “trash science”.

Confesso que, apesar de estar acompanhando o fenômeno do que eu chamo de “trash science”, o número de casos de plágio de monografias de conclusão de curso de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutoramento chega a me espantar. Ainda que eu estivesse ciente do papel nefasto que a internet cumpriu na disseminação da prática do plágio, o número crescente de casos de pessoas flagradas praticando plágios em níveis variados é realmente de espantar.

Uma das explicações para essa situação foi a dinâmica produtivista que se apossou de muitos professores/pesquisadores que, sob pressão de publicar, deixarem de cumprir alguns requisitos básicos no processo de acompanhamento de seus orientandos, o que facilitou a difusão das práticas antiéticas que comprometem a lisura do processo de produção científica.

Mas essa pode ser apenas uma explicação parcial, já que existem outros ingredientes importantes como é o processo de distribuição de fomento científico, seja na forma de projetos ou bolsas de produtividade. Além disso, o fato de que a produção de artigos acabou se tornando um elemento primário para valorização salarial, ficamos defrontados com a disseminação de práticas e costumes que podem até assegurar a melhoria salarial, mas que acabam bastardizando a produção científica.

De toda forma, se as evidências que estão surgindo em torno da multiplicação dos casos de plágio se confirmarem, o problema será como adotar práticas que controlem e revertam a predominância do trash science como fonte de obtenção de mérito. E baseado na minha parca experiência, conseguir isso não será tarefa nada fácil. Até porque mesmo o reconhecimento de que o problema existe está limitado, e a maioria prefere fingir que está tudo bem no Quartel de Abrantes.