Hoje se completam quatro anos desde o catastrófico incidente causado pela Mineradora Samarco (Vale+ BHP) no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana (MG), sem que qualquer dirigente das mineradoras envolvidas tenham sido responsabilizados civil e criminalmente pelo mais grave episódio de ruptura de barragens de rejeitos da mineração mundial.
Mas pior do que a a continuada liberdade dos dirigentes da Samarco, Vale e BHP são as crescentes evidências de que os efeitos crônicos da ruptura da barragem do Fundão continuam tendo efeitos devastadores sobre os ecossistemas do Rio Doce e seus tributários, bem como da população humana que vive ao longo do trajeto cumprido pelo Tsulama da Samarco desde Mariana até o distrito de Regência no município capixaba de Linhares.
Uma reportagem da Agência Pública, agora temos acesso a um relatório preparado a pedido da Fundação Renova que demonstra um processo de contaminação por diversos metais pesados, incluindo cádmio, níquel, zinco e cobre acima dos limites de segurança vigentes na legislação brasileira. Quando presentes em limites excessivos em organismos vivos, estes metais são responsáveis por desencadear uma série alterações que podem causar, inclusive, a morte.
Mas a contaminação ambiental é só uma das facetas do caos social causado pela Samarco em Bento Rodrigues, pois até hoje as comunidades atingidas continuam esperando pela reconstrução de suas moradias. O jornal Brasil de Fato mostra que pelo menos 430 famílias dos distritos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira, que foram atingidas pela lama de rejeitos após rompimento da barragem de Fundão, permanecem vivendo sob condições precárias, e sem a devida assistência da Fundação Renova e do governo de Minas Gerais.
Em uma demonstração que aquilo que está ruim pode sempre piorar, o jornal Estado de Minas publica hoje um artigo informando que o município de Mariana está sob a ameaça de ruptura de outras 10 barragens, o que poderia exponencializar os impactos já devastadores do incidente de Novembro de 2014.
Atingidos por Mariana fecham via no dia em que rompimento da barragem da Samarco completa 4 anos — Foto: MAB/Divulgação
Sabedores de que só a mobilização social vai poder impedir a repetição e até mesmo a ampliação dos episódios de Mariana e Brumadinho, o dia de hoje está sendo palco de manifestações por parte dos atingidos e por movimentos sociais. Os manifestantes protestam principalmente contra ,a volta da operação da mineradora Samarco sem que tenha sido feita a correta reparação socioambiental na bacia do Rio Doce e no litoral do Espírito Santo. O Portal G1 ao dar a notícia das mobilizações desta 3a. feira lembra que recentemente a Mineradora Samarco (Vale+ BHP) obteve a Licença de Operação Corretiva (LOC), liberada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais (Copam).