O incidente ambiental ocorrido no último dia 18 de Fevereiro causado pela mineradora norueguesa Norsk Hydro [1] em Barcarena (PA) que resultou na liberação de lançamento de efluentes não tratados do processamento industrial da bauxita acaba de ganhar um ingrediente de escândalo [2].
É que depois de negar que um incidente ambiental havia ocorrido, a Norsk Hydro acaba de ser confirmar que vinha utilizando uma tubulação clandestina para jogar material tóxico em um conjunto de nascentes do rio Muripi que atravessa o município. Isso é o que informa a rede BBC em uma longa reportagem [3] (ver imagem abaixo).
O curioso é que a Norsk Hydro tem como acionista majoritário e controlador o governo da Noruega, o que revela um duplo padrão utilizado pelo país nórdico no manejo de contaminantes no ambiente. É que dificilmente a Norsk Hydro utilizaria esse procedimento na Noruega, já que lá a legislação ambiental é bastante restritiva. Aliás, basta visitar a página oficial da empresa na internet para ver que, pelo menos na Noruega, a cartilha seguida (ao menos em discurso) de padrões estritos de governança corporativa.
Pelo jeito, o que é bom para os noruegueses não é necessariamente repassado para as operações de suas empresas nos países da periferia capitalista, como é o que caso do Brasil. Assim, enquanto na Noruega todos os cuidados são tomados para evitar que as atividades industriais comprometem os ecossistemas naturais e a população norueguesa, por aqui o que vale mesmo é a lei da fronteira, onde quem pode mais fica com toda a riqueza, deixando nos locais explorados apenas um rastro de destruição ambiental e pobreza.
Mas o péssimo exemplo dado pelo estado brasileiro que até hoje não tomou medidas efetivas para punir financeiramente a Mineradora Samarco (Vale+ BHP Billinton) pelo mega acidente ambiental ocorrido em Mariana (MG) está, como previsto, incentivando a que outras mineradoras ajam de forma displicente no cuidado com o ambiente e com as populações que vivem nas proximidades de suas operações.
De toda forma, mais esse incidente ambiental envolvendo uma mineradora deve servir de alerta para que as operações do setor sejam acompanhadas com “olhos de lince”. É que ficou mais uma vez óbvio que não há nenhuma disposição para adotar padrões mínimos de segurança e “compliance“.
[1] https://www.hydro.com/en/about-hydro/
[3] http://www.bbc.com/portuguese/brasil-43162472?ocid=socialflow_facebook