Estudante usa rede social para investigar as opiniões dos discentes da UENF sobre a Luta por Moradia Estudantil

Por Jéssica Matheus de Souza*

Esta pesquisa foi realizada visando estabelecer a situação causadora dos protestos estudantis, sendo que uma das reivindicações é auxílio-moradia, sendo justificada pela dificuldade dos alunos de arcar com suas despesas de estadia na cidade mesmo com o benefício das bolsas e cotas, o que causaria evasão. O questionário foi disponibilizado pela internet, contando com a participação de 226 alunos da UENF, e os resultados comprovam o que os estudantes já sabiam: existe grande disparidade entre as bolsas estudantis e os gastos arcados pelos alunos para se manter na faculdade.

A maioria dos estudantes vem de cidades distantes e, por isso, tem gastos como aluguel e outros itens, na grande maioria das vezes contando só com a quantia recebida na UENF. Entre os entrevistados, 78,7% afirmaram ter vindo de outra cidade para estudar. Sabe-se também que o valor atual tanto das cotas quanto o da bolsa de apoio acadêmico é de R$ 300,00, e as bolsas de IC, extensão e monitoria são remuneradas em R$ 420,00. Entre os alunos que responderam a pesquisa, 19,9% recebiam bolsa de apoio; 3,9% monitoria; 7,5% extensão; 33,3% IC, enquanto cotistas alcançaram 41,6%. Por mais que seja possível acumular a bolsa de cotas com uma das outras 3, somente 8,4% deles o fazem.

Em relação aos arranjos quanto à moradia, 19,9% moram com a família, 11,9% moram sozinhos, 7,5% moram com conhecidos e a grande maioria, 58,4% moram em repúblicas. Entre os estudantes que moram sozinhos, 40,7% pagam de R$ 500 a R$ 600 de aluguel. O total dessa despesa entre as repúblicas é em 51,5% dos casos entre R$ 600 e R$ 900, e em 23,5% é acima de R$ 900. O número médio de pessoas por república é de 3,6, e esses estudantes pagam cerca de R$ 315 pela sua parte no aluguel. Isso implica que para um cotista ou bolsista de apoio que mora atualmente em república, o que ele recebe ainda é menos que o aluguel, e essa não é sua única despesa, ele ainda precisa arcar com alimentação, transporte, farmácia e contas variadas.

Os gastos com alimentação também foram analisados. Os estudantes que moram sozinhos responderam que gastam em média R$ 292 com alimentação, contra R$ 233 gastos em média por cada pessoa que mora em república. Se se analisar a despesa a respeito de um morador de república e juntarmos o aluguel, soma-se R$ 548, uma quantia que um estudante que não recebe nada além de uma bolsa da UENF não conseguiria pagar. Ainda existe o fator que essas não são as únicas despesas, contas de luz, água, gás, transporte, internet e material de estudo aumentam ainda mais o valor total.

Por isso, para se manter, 8,4% dos entrevistados trabalham e 76,5% recebem auxílio da família. Como se sabe que por vezes os responsáveis não têm condição de contribuir, esses estudantes foram convidados a expressar o grau de dificuldade dessa ajuda, sendo 1 sem dificuldades e 10 extremamente difícil; a média foi 6,4, sendo que 50% deles deu de 7 a 10 em dificuldade.

Sobre a reivindicação dos estudantes de apoio em relação a moradia e em relação as formas de contribuição propostas pelos grevistas para a fixação do estudante na Universidade, 22,5% optaram pela construção de um alojamento, 66,3% preferiram auxílio moradia, e 6% optou por ‘outro’, sendo que parte deles queria os dois, assim ficaria por parte dos estudantes escolher um.

Os alunos foram perguntados sobre se apoiavam ou não a greve dos professores; 66% responderam que sim ou deveria durar o tempo que fosse necessário para que fossem cumpridas as reivindicações, 21,2% disseram que deveria durar pouco ou que já deveria ter acabado a fim de não prejudicar os estudantes, e apenas 6% se disse contra. Em relação a greve dos técnicos, esses números passam a ser 63,2%; 21,3% e 11%, respectivamente.

Por fim, os estudantes foram questionados sobre como eles avaliariam a atuação de certos órgãos da UENF, sendo que 0 representa completa ineficiência e 10 seria máxima eficiência. Quanto a reitoria, sua atuação quanto à defesa dos interesses e das necessidades e demandas dos estudantes, a média foi 2,5; em relação aos professores foi 3,5 e em prol dos técnicos a média foi 3,2. A atuação do DCE em relação aos interesses dos estudantes teve média 6,9; e da ADUENF em relação aos professores foi 7,1, ambas consideravelmente acima da reitoria.

Jéssica Matheus de Souza é estudante do curso de Ciências Sociais da UENF

Reitor reaparece para avisar que vai tomar medidas judiciais (contra estudantes?) para “proteger patrimônio” da UENF

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O reitor da UENF, Silvério Freitas, que estava meio que “missing in action” (desaparecido) desde o início da greve geral que abala a universidade por mais de 2 meses, acaba de reaparecer para assinar uma nota em que basicamente se libera de maiores responsabilidades sobre a grave questão da moradia estudantil na universidade da qual é o dirigente maior. De quebra, Silvério Freitas avisa que sua administração “está tomando todas as providências legais para a proteção do patrimônio público da Universidade”.

A questão que me parece no mínimo curiosa nessa situação é que quase todo uenfiano sabe que a empresa que hoje presta serviços de proteção patrimonial, a Hopevig, colocou todos os seguranças que protegem o patrimônio da UENF em aviso prévio que deverá se concretizar até meados de junho, e até agora não se ouviu de nenhuma medida para impedir isso!

Entretanto, quando se trata de estudantes que lutam por um direito básico para permanecerem dentro da UENF, ai saímos de velocidade de tartaruga de pata quebrada para lebre corredora. Não é nada, não é nada, é nada.

Eu queria ver tanta disposição para enfrentar o descaso do (des) governo do Rio de Janeiro para a UENF. Mas pelo que se tira dessa carta, desse mato não sai coelho (ou seria lebre?). 

Nota da Reitoria sobre ocupação de prédios

Em 12/05, em reunião na Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sect) com a participação de representantes da Reitoria e do DCE, o secretário Alexandre Vieira reafirmou o compromisso do Governo com a compra dos equipamentos e recursos para operacionalizar o Restaurante Universitário da UENF, bem como com o aumento das bolsas de auxílio-cota, garantindo ainda que a proposta de auxílio-moradia deverá ser avaliada pela Sect . Na UENF, foi criado um grupo de discussão, formado por representantes da Reitoria e do DCE, com a função de elaborar um projeto com o objetivo de conceder o auxílio-moradia aos estudantes em situação de carência.  Este projeto está praticamente finalizado, mas os estudantes não deram continuidade à negociação e partiram para invasão dos prédios da universidade.

Desta forma, a Reitoria vê com surpresa a ocupação pelos estudantes de prédios públicos com destinação específica localizados no campus da UENF, como é o caso do Centro de Convivência e do Pavilhão de Aulas (P-10). Há que se observar que a construção do P-10 foi o resultado de uma longa luta para a ampliação das salas de aula da UENF e que o prédio não foi planejado e não tem segurança para atender à função de moradia estudantil, uma vez que foi construído exclusivamente para abrigar salas de aula. Sua inauguração ainda não pôde ser concretizada porque o P-10 aguarda a complementação da infraestrutura e o imobiliário necessário para o seu funcionamento. Já o Centro de Convivência foi alvo de ação judicial até pouco tempo e aguarda os preparativos para nova licitação.

Tendo em vista a alegação dos estudantes de que não têm local para morar, a Reitoria destaca que não tratará desta questão pontualmente. Em toda a Universidade, há mais de mil alunos em situação de carência. Sendo assim, deverão ser estabelecidos critérios claros para a concessão do auxílio-moradia, visando atender a todos os estudantes que necessitam. Informamos que a Reitoria está tomando todas as providências legais para a proteção do patrimônio público da Universidade.

Finalmente, gostaríamos de destacar que a UENF sempre se pautou pela preocupação com a inclusão e permanência de seus estudantes. Trata-se de uma das universidades com maior oferta proporcional de bolsas para estudantes de graduação em todo o Brasil. No valor de R$ 300 (R$ 400 a partir do início das aulas), o auxílio-cota — destinado a todos os estudantes que ingressam na Universidade através da reserva de vagas — pode ser acumulado com bolsas concedidas por mérito acadêmico, como é o caso das bolsas de Iniciação Científica, Extensão e Monitoria, no valor de R$ 420. Se tiver um bom desempenho, portanto, o aluno cotista pode obter atualmente uma renda mensal no valor de R$ 820 (a partir do início das aulas).

Silvério de Paiva Freitas

Reitor da UENF

FONTE: http://www.uenf.br/dic/ascom/2014/05/21/nota-da-reitoria-sobre-ocupacao-de-predios/

Reitoria da UENF responde demandas por moradia estudantil com promessa de sindicância e pedido de reintegração de posse

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A reitoria da UENF não é conhecida por ser agressiva e contundente nas tratativas com os representantes do (des) governo do Rio de Janeiro, e a greve geral que sacode a instituição criada por Darcy Ribeiro é um exemplo disso. Tivesse sido a reitoria um pouco mais positiva é provável que não estivéssemos em meio a uma greve que ameaça completar três meses. Aliás, ao longo desse tempo todo, a reitoria não se deu ao trabalho de sequer convocar uma reunião extraordinária do Conselho Universitário para adotar respostas institucionais para um movimento que mobiliza todas as categorias que formam a comunidade universitária.

Mas bastou os estudantes organizados em torno do Diretório Central dos Estudantes entrarem num prédio que está sendo usado como depósito para a reitoria agir rápido para prometer respostas contundentes contra aqueles que reclamam a solução do grave problema causado pela falta de uma moradia estudantil no campus da UENF em Campos. Segundo me informou um dos estudantes que esteve reunido com a reitoria na noite de ontem (19/05), o vice-reitor Edson Correa da Silva teria informado que se os estudantes não saíssem das dependências do prédio “P-10”, a universidade entraria na justiça com um pedido de reintegração de posse. De quebra, os estudantes foram avisados que saindo ou não, os estudantes envolvidos na ocupação do “P-10” deverão ser submetidos a uma “comissão especial de sindicância” por supostos danos causados a 3 portas dentro do prédio.

Ai é que eu digo, se tanta destreza e contundência fossem usadas nas tratativas com os representantes do (des) governo do Rio de Janeiro, talvez não estivéssemos passando por uma crise tão profunda. Mas a mesma reitoria que ameaça estudantes que lutam por seus direitos é aquela que se comporta de forma para lá de conformada quando se trata de falar com o (des) governo estadual. É aquela coisa, aqui rosna como um leão, lá ronrona com um filhote de gato.

Mas pelo que eu conversei com os estudantes, a resposta a esse quadro de ameaças é de continuar lutando pela pauta estudantil. Pelo jeito, os estudantes ainda vão dar muitas aulas de política aos que hoje dirigem a UENF. Vamos ver se eles aprendem alguma coisa ou vão insistir na judicialização do processo político.

Frustrados com a falta de respostas para a questão da moradia, estudantes mantém ocupação da reitoria da UENF

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Se os membros da reitoria da UENF pensavam que o fim da greve de fome promovida pelos estudantes Luiz Alberto Araujo da Silva e Gustavo Frare do Valle significaria o fim dos seus problemas, melhor que pensem de novo! É que eu acabo de ser informado que os estudantes organizados do Diretório Central dos Estudantes da UENF decidiu manter o acampamento criado para suporte aos dois grevistas de fome por tempo indeterminado. Segundo um dos presentes no acampamento, a falta de sinalização para a solução dos graves problemas de moradia que afetam hoje centenas de estudantes enfrentam hoje não foi bem aceita, motivando assim a permanência da ocupação do pátio da reitoria.

Segundo o que me foi dito, os estudantes acampados estão necessitando doações de alimentos e água para poderem manter a ocupação e estão aceitando doações.

Em minha modesta opinião, os potenciais beneficiários de mais essa empreitada, que são os próprios estudantes, deveriam apoiar de forma decisiva a ação do seu DCE.